sábado, 8 de novembro de 2025

As quatro portas do Templo

                                                                    

As quatro portas do Templo

“Eu sou a porta. Quem entrar por mim será salvo;
 entrará e encontrará pastagem” (Jo 10, 9)

Bem sabemos que a função essencial de uma porta é entrada e saída. Valendo-se de uma linguagem figurada, o Evangelista João nos apresenta Jesus como “a Porta”.

A Parábola adaptada de “Henri Denis”, muito pode nos ajudar a renovar o dinamismo da nossa vocação:

A Igreja é um templo com quatro portas:
Jesus de Nazaré, o Cristo, é a sua pedra angular.

O templo do Deus Vivo (Igreja) foi edificado com pedras vivas, e os alicerces colocados sobre esta Pedra são:
A fé de Maria, o ensino dos Apóstolos.  
Esta construção é permanente. 

A entrada no templo se dá através de duas portas:
Mistério e Instituição.

Porém, quem entra no templo, é logo convidado a sair, de modo que as portas de saída também são duas:
Missão e Reino.

O Templo não é um cofre, nem uma arca, nem um “bunker”, e nele se entra para sair e se sai para entrar.

Não é também um paraíso, nem uma mera ponte ou um edifício ornamental. Nele notamos admirável dinamismo, onde se harmoniza o aparentemente contraditório, de modo que todos estão a caminho, em permanente movimento.

No templo, há dois eixos:
- O centrípeto, para o qual conduzem as portas de entrada
(criam comunhão e identidade);
- O centrífugo, para o qual conduzem as portas de saída (responsável pela dispersão da Igreja e sua missão no mundo).

Cada um pode escolher, para começar, a porta de que mais gostar, a que lhe pareça mais fácil e acessível, mas com a condição de ir buscar em seguida as chaves das outras portas.

Um templo com quatro portas, assim é a Igreja:
Mistério, Instituição, Missão e Reino.

Como Igreja por Cristo edificada sobre a fé de Pedro (Mt 16,18),  celebramos o Mistério maior da presença de Deus em nosso meio, e o Seu Amor Eterno, na Nova e Eterna Aliança celebrada na Eucaristia.

Como Igreja, somos enviados em missão, com a presença e ação do Espírito Santo, como nos enviou do Pai, o Ressuscitado para participar da construção do Reino de Deus:

Um Reino de amor, justiça, paz, fraternidade, verdade, liberdade, santidade e paz...

Oremos:

“Velai com solicitude, ó Bom Pastor, sobre o Vosso rebanho
e concedei que vivam nos prados eternos as ovelhas
que remistes pelo Sangue do Vosso Filho.
Que vive e reina para sempre. Amém”


Em poucas palavras...

 


Templo: lugar do encontro com Deus

Jesus subiu ao templo como quem sobe ao lugar privilegiado de encontro com Deus.

O templo é para Ele a casa do seu Pai, uma casa de oração, e indigna-Se com o fato de o átrio exterior se ter tornado lugar de negócio (Mt 21,13).

Se expulsa os vendilhões do templo é pelo amor zeloso a seu Pai: «Não façais da casa do meu Pai casa de comércio». «Os discípulos recordaram-se de que estava escrito: "O zelo pela tua casa devorar-me-á" (Sl 69, 10)» (Jo 2, 16-17).

Depois da ressurreição, os Apóstolos guardaram para com o templo um respeito religioso (At 2,46; 3.1; 5,20-21; etc).” (1)

 

(1) Catecismo da Igreja Católica – parágrafo n. 584

Em poucas palavras...

 


“Cristo é o verdadeiro Templo de Deus” 

“Cristo é o verdadeiro Templo de Deus, «o lugar em que reside a sua glória»; pela graça de Deus, também os cristãos se tornam templos do Espírito Santo, pedras vivas com que se constrói a Igreja.” (1)

 

(1) Catecismo da Igreja Católica – parágrafo n. 1197

Comunidades em permanente conversão

 


               Comunidades em permanente conversão
 
Na passagem da Carta de Paulo aos Coríntios, (1 Cor 3,9c11.16-17), o Apóstolo Paulo afirma que os cristãos são o templo de Deus onde reside o Espírito, e assim precisam viver uma nova dinâmica.
 
Em Corinto, cidade nova e muito próspera, servida por dois portos de mar, com característica de cidades marítimas, com população de todas as raças e religiões, também tinha comportamentos inapropriados.
 
É neste contexto que temos a comunidade de Corinto, uma comunidade viva e fervorosa, mas não livre destas influências, com a necessidade de aprofundar a sua vivência na lógica de Deus, sem partidos, divisões, competições, e incoerências, dando melhor testemunho de Deus, vivendo a sabedoria de Deus que consiste na “loucura da Cruz”.
 
Como Edifício de Deus, animadas pelo Espírito, precisa fortalecer os vínculos de fraternidade e unidade, vivendo uma dinâmica nova, seguindo Jesus no caminho do amor, da partilha, do serviço, da obediência a Deus em favor dos irmãos, num autêntico testemunho.
 
Urge que nossas comunidades cresçam em fraternidade, solidariedade, para o testemunho da “loucura da Cruz”, com gestos concretos de amor, de partilha, de doação, de serviço, evitando todo tipo de fragmentação, divisão, contradições, e jamais sobrepor os interesses e vaidades pessoais.
 
Vivendo a “sabedoria de Deus”, não rompam as relações de fraternidade na busca do poder; a tentação do prestígio e reconhecimento social; discernindo quais são os bens perecíveis e secundários.
 
Deste modo, em permanente atitude de conversão, serão sinal e luz diante da “sabedoria” do mundo, irradiando a verdadeira e eterna luz divina.

Que nosso coração seja puro e luminoso

                                                           

Que nosso coração seja puro e luminoso

“... Não manches tua alma
com as nódoas do pecado...”

Acolhamos o Sermão do Bispo São Cesário de Arles, quando da Celebração desta Festa da Basílica do Latrão (séc. IV), no dia 09 de novembro.

“Celebramos hoje, irmãos diletos, com exultação jubilosa e com a Bênção de Cristo, o natalício deste templo. Nós, porém, é que temos de ser o verdadeiro templo vivo de Deus. Todavia é com muita razão que os povos cristãos observam com fé a solenidade da Igreja-mãe, por quem reconhecem ter nascido espiritualmente. Pois pelo primeiro nascimento éramos vasos da ira de Deus; pelo segundo, foi-nos dado ser vasos da Sua misericórdia. O primeiro nascimento lançou-nos na morte; e o segundo, chamou-nos de novo à vida.

Todos nós, caríssimos, antes do Batismo fomos templos do demônio; depois do Batismo, obtivemos ser templos de Cristo. E se meditarmos com atenção sobre a salvação de nossa alma, reconheceremos que somos o verdadeiro templo vivo de Deus. Deus não habita somente em construções de mão de homem (At 17,24) nem em casa feita de pedras e madeira; mas principalmente na alma feita à imagem de Deus e edificada por mãos deste Artífice. Desse modo pôde São Paulo dizer: O templo de Deus, que sois vós, é santo (1Cor 3,17).

E já que Cristo, quando veio, expulsou o diabo de nossos corações para preparar um templo para Si, quanto pudermos, esforcemo-nos com Seu auxílio para que em nós não sofra injúria por nossas más obras. Pois quem proceder mal, faz injúria a Cristo. Como disse acima, antes que Cristo nos redimisse, éramos casa do diabo; depois foi-nos dado ser casa de Deus. Deus Se dignou fazer de nós Sua casa.

Por isso, diletos, se queremos celebrar na alegria o natalício do templo, não devemos destruir em nós, pelas obras más, os templos vivos de Deus. E falarei de modo que todos compreendam: cada vez que entramos na igreja, queremos encontrá-la tal como devemos dispor nossas almas.

Queres ver bem limpa a Basílica? Não manches tua alma com as nódoas do pecado. Se desejas que a Basílica seja luminosa, também Deus quer que tua alma não esteja em trevas, mas que em nós brilhe a luz das boas obras, como disse o Senhor, e seja glorificado Aquele que está nos céus. Do mesmo modo como tu entras nesta Igreja, assim quer Deus entrar em tua alma, conforme prometeu: E habitarei e andarei entre eles (cf. Lv 26,11.12)”.

Basílica do Latrão foi “... um dos primeiros templos que os cristãos puderam erguer depois da época das perseguições. Foi consagrada pelo Papa Silvestre no dia 9 de novembro de 324. 

A festa, que a princípio era celebrada apenas em Roma, passou a ser festa universal no rito romano, em honra dessa Igreja chamada 'Mãe e Cabeça de todas as Igrejas de Roma e de todo o mundo' (Urbis et orbis), como sinal de amor e de unidade para com a Cátedra de São Pedro. A história desta Basílica evoca a chegada à fé de milhares de pessoas que ali receberam o Batismo”.

Tomemos consciência de nossa condição pecadora e na acolhida da misericórdia e luz divinas que nos purificam e nos iluminam, e também para que nos tornemos menos impuros para acolhida de Deus em nós, uma vez que o Batismo nos torna templos de Deus.

Acompanhe-nos, todos os dias,  a Oração, a vigilância, a conversão e a penitência para que sejamos pedras vivas na Igreja, tendo Cristo como a Pedra principal, e os Apóstolos como seus fundamentos.

Sejamos uma comunidade eclesial, onde favoreça o encontro pessoal com o Senhor, num processo de formação permanente, para que vivendo a dimensão missionária não nos omitamos no anúncio do Evangelho a todos os povos.

Purifiquemos nosso coração, pois como o próprio Senhor disse no Sermão da Montanha: “Bem -aventurados os puros de coração porque verão a Deus” (Mt 5,8).

Um canto para finalizar:

“Senhor, quem entrará no Santuário para te louvar?
Quem tem as mãos limpas e o coração puro...”

Em poucas palavras...

 


Igreja: templo do Espírito Santo

A Igreja é o Templo do Espírito Santo. O Espírito é como que a alma do Corpo Místico, princípio da sua vida, da unidade na diversidade e da riqueza dos seus dons e carismas.” (1)

 

(1)               Catecismo da Igreja Católica – parágrafo n. 809

Rezando com os Salmos - Sl 73 (74)

 


Deus jamais nos decepciona e escuta nossos lamentos

“–1 Ó Senhor, por que razão nos rejeitastes para sempre
e Vos irais contra as ovelhas do rebanho que guiais?
=2 Recordai-Vos deste povo que outrora adquiristes,
desta tribo que remistes para ser a Vossa herança,
e do monte de Sião que escolhestes por morada!

–3 Dirigi-Vos até lá para ver quanta ruína:
no santuário o inimigo destruiu todas as coisas;
–4 e, rugindo como feras, no local das grandes festas,
lá puseram suas bandeiras os ímpios inimigos.

–5 Pareciam lenhadores derrubando uma floresta,
6 ao quebrarem suas portas com martelos e com malhos.
–7 Ó Senhor, puseram fogo mesmo em Vosso santuário!
Rebaixaram, profanaram o lugar onde habitais!

–8 Entre si eles diziam: 'Destruamos de uma vez!'
E os templos desta terra incendiaram totalmente.
–9 Já não vemos mais prodígios, já não temos mais profetas,
ninguém sabe, entre nós, até quando isto será!
–10 Até quando, Senhor Deus, vai blasfemar o inimigo?
Porventura ultrajará eternamente o Vosso nome?
–11 Por que motivo retirais a Vossa mão que nos ajuda?
Por que retendes escondido Vosso braço poderoso?
–12 No entanto, fostes Vós o nosso Rei desde o princípio,
e só Vós realizais a salvação por toda a terra.

–13 Com Vossa força poderosa dividistes vastos mares
e quebrastes as cabeças dos dragões nos oceanos.
–14 Fostes Vós que ao Leviatã esmagastes as cabeças
e o jogastes como pasto para os monstros do oceano.
–15 Vós fizestes irromper fontes de águas e torrentes
e fizestes que secassem grandes rios caudalosos.

–16 Só a Vós pertence o dia, só a vós pertence a noite;
Vós criastes sol e lua, e os fixastes lá nos céus.
–17 Vós marcastes para a terra o lugar de seus limites,
Vós formastes o verão, vós criastes o inverno.

–18 Recordai-Vos, ó Senhor, das blasfêmias do inimigo
e de um povo insensato que maldiz o Vosso nome!
–19 Não entregueis ao gavião a Vossa ave indefesa,
não esqueçais até o fim a humilhação dos Vossos pobres!

–20 Recordai Vossa Aliança! A medida transbordou,
porque nos antros desta terra só existe violência!
–21Que não se escondam envergonhados o humilde e o pequeno,
mas glorifiquem Vosso nome o infeliz e o indigente!

–22 Levantai-Vos, Senhor Deus, e defendei a Vossa causa!
Recordai-Vos do insensato que blasfema o dia todo!
–23 Escutai o vozerio dos que gritam contra Vós,
e o clamor sempre crescente dos rebeldes contra Vós!”

O Salmo 73(74) é uma profunda lamentação sobre o templo devastado:

“Depois da destruição do Templo e da Cidade Santa (586 a.C.), o povo eleito está prostrado. Mas a recordação das maravilhas de Deus na Criação e na História faz crer que Deus não esquecerá seu povo.” (1)

Também podemos viver situações desoladoras, tanto pessoal como social. No entanto é preciso manter viva a fé, dando razão de nossa esperança, perseverando na prática da caridade, e contanto com a intervenção e manifestação da onipotência do amor de Deus que jamais nos abandona ou nos decepciona.


(1) Comentário da Bíblia Edições CNBB – pág. 788

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