sábado, 8 de novembro de 2025

Em poucas palavras...

 


Cristãos: templo do Espírito Santo

“«Justificados pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo e pelo Espírito do nosso Deus» (1 Cor 611), «santificados e chamados a serem santos» (1 Cor 1,2) os cristãos tornaram-se «templo do Espírito Santo» (1 Cor 6, 19).

Este, que é o «Espírito do Filho», ensina-os a orar ao Pai (Gl 4,6) e, tendo-Se feito vida deles, impele-os a agir (Gl 5,25) para produzirem os frutos do Espírito (Gl 5,22) mediante uma caridade ativa.

Curando as feridas do pecado, o Espírito Santo renova-nos interiormente por uma transformação espiritual (Ef 4,23), ilumina-nos e fortalece-nos para vivermos como «filhos da luz» (Ef 5, 8) «em toda a espécie de bondade, justiça e verdade (Ef 5, 9).”   (1)

 

 

(1)  Catecismo da Igreja Católica – parágrafo n. 1695

Em poucas palavras...

 


Somos templos do Espírito Santo

“O Batismo não somente purifica de todos os pecados, como faz também do neófito «uma nova criatura» (2 Cor 5,17), um filho adotivo de Deus (Gl 4,5-7), tornado «participante da natureza divina» (2 Pd  1,4), membro de Cristo (1 Cor 6,15; 12,27) e co-herdeiro com Ele (Rm 8,17), templo do Espírito Santo (1 Cor 6,19).” (1)

 

(1) Catecismo da Igreja Católica – parágrafo n. 1265

Proximidade e separação

                                                          

Proximidade e separação

Maria viveu “uma mistura de
proximidade e de dolorosas separações”

Retomo parte da reflexão feita pelo Bispo Dom Bruno Forte, na 52ª Assembleia dos Bispos do Brasil (2014), em que retrata os diversos testemunhos da fé, dentre os quais Maria:

“Maria é capaz de um amor atento, concreto, alegre e terno... Maria se aproxima sob o signo da ternura, isto é, do amor que gera alegria, que não cria distâncias, que antes aproxima os distantes, fazendo com que se sintam acolhidos e os enche com o espanto e a beleza de descobrir-se objeto de puro dom...

Mãe atenta e terna, vive as expectativas, os silêncios, as alegrias e as provas que toda mãe é chamada a atravessar: é significativo que nem sempre compreenda tudo sobre Ele.

Mas vai adiante, confiando em Deus, amando e protegendo a seu modo aquele Filho, tão pequeno e tão grande, numa mistura de proximidade e de dolorosas separações, que a tornam modelo de maternidade: os filhos são gerados na dor e no amor por toda a vida”.

- Do que se trata esta mistura de “proximidade e dolorosas separações” com seu Filho, a partir do que nos dizem os Evangelhos?

- Quando aconteceu, nos diversos momentos, desde o anúncio do Anjo que Ela seria Mãe do Salvador por obra do Espírito, até a Morte do seu Filho?

Proximidade e separação, já subentendida no medo sentido e no diálogo, quando do anúncio do Anjo. Maria não deu ouvidos ao medo, mas confiou na promessa de Deus. Ele ficou tão próximo no ventre de Maria, mais do que em qualquer outra criatura, e ela teve que suportar a dolorosa separação, no momento ápice da Morte de Seu Filho.

Proximidade e separação, já experimentada na fuga para o Egito, ao lado do esposo José, na defesa do Menino, tão cedo, tão pequeno, tão frágil, mas já causando medo aos poderosos de Seu tempo.

Proximidade e separação, indiscutivelmente sentida, acolhida e meditada no silêncio do coração, quando da apresentação do Menino Jesus no templo, e as palavras do justo Simeão: “Quanto a você, uma espada há de atravessar-lhe a alma.” (Lc 2, 35).

Proximidade e separação, quando depois de três dias de procura O encontra discutindo com os doutores e sábios no Templo, e guarda, contemplativa, as Palavras do Filho no coração: “Por que me procuravam? Não sabiam que Eu devo estar na casa do meu Pai?” (Lc 2, 49).

Proximidade e separação, quando vê os parentes mais próximos e conterrâneos ficarem estupefatos e escandalizados pelos sinais que o Filho realizava: Esse homem não é o carpinteiro, o filho de Maria e irmão de Joset, de Judas e de Simão? E Suas irmãs não moram aqui conosco? E ficaram escandalizados por causa de Jesus.” (Mc 6, 3).

Proximidade e separação, quando começa a chamar discípulos para O seguirem; multidões arrebanhando, mas na hora decisiva, abandonado, negado, traído, solitário. Ela, porém, como Mãe inseparável, irredutível, acompanhando passo a passo o ápice da alma e do corpo vivido pelo Filho.

Proximidade e separação, acompanhada de lágrimas, dor tão intensa, profunda e indescritível. Como podem crucificar e matar o Amor que um dia se Fez Carne em Seu Ventre? Matam Aquele que se fez Carne em seu Ventre pela ação do Espírito Santo.

Proximidade, separação, pranto, lágrimas...
Quem suportaria tamanha dor?

Lá, ao pé da Cruz...
Proximidade do Filho para ouvir Suas últimas Palavras:
“Mulher, eis aí o seu Filho”; “Filho, eis aí a sua Mãe” (Jo 19, 26).

Desde então, Maria se tornou Mãe da Igreja e Mãe de toda a humanidade.

E lá, nas primeiras páginas dos Atos dos Apóstolos, encontramos Maria, tão próxima, novamente unida ao seu Filho, em Oração, junto com Seus Apóstolos: “Todos eles tinham os mesmos sentimentos e eram assíduos na Oração, junto com algumas mulheres, entre as quais Maria, mãe de Jesus, e com os irmãos de Jesus.” (At 1, 14).

Como a Igreja nos ensina, cremos que, se na proximidade suportou a separação, isto a fez merecedora de com Ele para sempre estar, na glória da eternidade, Assunta ao céu e Coroada Mãe e Rainha por toda a eternidade.

Com Maria aprendamos a viver imensurável proximidade, com a maturidade de também suportar a dor da separação, das renúncias, do peso e exigências da cruz cotidiana.

Tão somente assim, desejosos de um dia vê-la no céu, e o encontro definitivo com o Pai, o Filho e o Espírito Santo, comunhão profunda e eterna de amor viver, na plenitude de luz mergulhar, com os Anjos e Santos que nos precederam. 

Maria, sempre Maria!
Proximidade, separação, pranto, lágrimas...
Proximidade, comunhão, eterna e plena alegria.
Amém.

Quaresma: tempo de sermos mais fraternos

Quaresma: tempo de sermos mais fraternos

Na passagem da Carta de Paulo aos Coríntios (1 Cor 3,9c-11.16-17), o Apóstolo escrevendo a comunidade,   afirma que os cristãos são o templo de Deus onde reside o Espírito, e assim precisam viver uma nova dinâmica.

Em Corinto, cidade nova e muito próspera, servida por dois portos de mar, com característica de cidades marítimas, com população de todas as raças e religiões, também tinha comportamentos inapropriados.

É neste contexto que temos a comunidade de Corinto, uma comunidade viva e fervorosa, mas não livre destas influências.

Ela precisa aprofundar sua vivência na lógica de Deus, sem partidos, divisões, competições, e incoerências, dando melhor testemunho de Deus, vivendo a sabedoria de Deus que consiste na “loucura da Cruz” (cf. 1 Cor 1,17-31).

Como Edifício de Deus, precisa fortalecer os vínculos de fraternidade e unidade. 

Animadas pelo Espírito, são chamadas a esta dinâmica nova, seguindo Jesus no caminho do amor, da partilha, do serviço, da obediência a Deus e da entrega aos irmãos; deste modo, dará testemunho de que é templo de Deus, e nela reside o Espírito Santo que a conduz.

Nossas comunidades, portanto, precisam crescer em fraternidade, solidariedade, para o testemunho da “loucura da Cruz”, com gestos concretos de amor, de partilha, de doação, de serviço.

É preciso evitar todo tipo de fragmentação, divisão, contradições, e que jamais se sobreponham os interesses e vaidades pessoais.

Que nelas, se vivendo a “sabedoria de Deus”, não haja luta sem regras pelo poder, pela influência, pelo reconhecimento social, pelo bem-estar econômico, pelos bens perecíveis e secundários. Tão somente assim, poderá ser sinal e luz diante da “sabedoria do mundo”.

Fortaleçamos os “pilares” da comunidade

                                                        

Fortaleçamos os “pilares” da comunidade

Uma passagem que voltamos em nossas orações, é a Carta de Paulo aos Romanos (Rm 16,3-9.16.22-27), em que o Apóstolo Paulo saúda a comunidade com o beijo santo, em atitude de gratidão, delicadeza pessoal e estima de toda a Igreja no apostolado realizado, como colaboradores em Cristo.

Nota-se um tom familiar na longa série de saudações pessoais, não se tratando de nostalgia de “belos tempos passados”, pois bem mais profunda e intensa devem ser as dimensões da Igreja em sua ação evangelizadora.

No entanto, a Igreja, sobretudo nossas Paróquias, na missão de ser uma “comunidade de comunidades”, precisa intensificar as relações de seus membros, a fim de que sejam mais acolhedoras e fraternas.

A lista dos nomes mencionados na passagem evidencia uma Igreja apostólica, ministerial, solidária e firmada sobre a participação dos cristãos leigos e leigas, como denominamos hoje todas as lideranças e agentes de nossas comunidades.

Caminhando para o final de mais um ano Litúrgico, é oportuno que nossas comunidades façam as revisões necessárias dos trabalhos realizados, em sua missão de anunciar e testemunhar a Boa-Nova de Jesus Cristo.

Reflitamos:
- Qual a vitalidade e profundidade dos vínculos fraternos de nossas comunidades?
- De que modo nossas comunidades expressam gratidão e estima por todos os que dela participam e colaboram, como vemos na passagem bíblica?
- Nossas Paróquias são, de fato, “comunidade de comunidades”?
- Qual tem sido a atuação dos cristãos leigos e leigas dentro e fora de nossas comunidades?

Roguemos a Deus para que nossas comunidades façam progressos maiores ainda, e para tanto, é preciso que, conduzida e aberta ao Espírito, faça não apenas a revisão dos trabalhos realizados, mas elabore um Planejamento Pastoral, para que sejam cada vez mais evangelizadoras; e os pilares da Palavra, do Pão da Eucaristia, da Caridade e da ação Missionária, sejam cada vez mais fortalecidos, como tão bem nos orientam as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (2019-2023), que devem estar sempre em nossas mãos, planos e metas pastorais.

Concluindo, é sempre oportuno lembrar o Objetivo Geral das Diretrizes:

EVANGELIZAR no Brasil cada vez mais urbano, pelo anúncio da Palavra de Deus, formando discípulos e discípulas de Jesus Cristo, em comunidades eclesiais missionárias, à luz da evangélica opção preferencial pelos pobres, cuidando da Casa Comum e testemunhando o Reino de Deus rumo à plenitude”.


Fonte: Missal Cotidiano, Editora Paulus -  1997 – pp.1468-1469

sexta-feira, 7 de novembro de 2025

O soar do sino pelo cortejo da vida

 


O soar do sino pelo cortejo da vida


À tarde, como naquela tarde memorável dos discípulos de Emaús, ele veio, estilhaçado pela dor e pelo pranto, da páscoa de quem tanto se amou.
 
Olhou-me com olhar suplicante, não na esperança de uma volta, mas uma palavra para curar a dor cortante que deixa quem partiu cedo demais.
 
Sempre cedo demais será a partida de quem se amou em vida passageira.
Sem pseudos-remorsos, certos de que se fez o humanamente possível.
 
Passamos pelas páginas do Evangelho e pela ação humana e divina de Jesus.
Tão humana, marcada pela compaixão; tão divina, com poder sobre a morte.
 
Com a ressurreição do filho da viúva de Naim, inaugura o cortejo da vida.
Com a ressurreição da filha de Jairo nos devolve a vida e nos põe a caminho.
 
A ressurreição do amigo Lázaro, precedida de momentos de dor, compaixão, lágrimas da face do Senhor, a amizade chorada e a vida devolvida.
 
Jesus Cristo, nós Cremos, é a Ressurreição e a vida, e todo o que n’Ele crer
Não morrerá para sempre, à Marta e à nós Sua Palavra eternizou. Aleluia.
 
E com ele trocamos últimas palavras com olhares de esperança renovados:
O Senhor sempre nos mostra outra possibilidade, pois para Ele nada é impossível.
 
Ele sempre nos coloca de pé, e nos aponta um caminho a percorrer,
Não com facilidades, mas único caminho de felicidade que passa pela Cruz.
 
E assim concluímos fazendo um sagrado compromisso, gravado em papel frágil que se decompõe, mas no coração gravado, eternizado.
 
Lá fora, na capela, os sinos dobraram, na melodia de nossa conversa,
E, se pudesse traduzir em palavras seu som a soar pelas ruas e praças:
 
“Não deem passos cambaleantes nos cortejos da morte sem esperança,
Firmem seus passos no cortejo do Caminho, Verdade e Vida: Jesus. Amém.”


 
PS: Passagens do Evangelho:


- Ressurreição da filha de Jairo (Mc 5,21-43, Mt 9,18-26; Lc 8,40-56
- Ressurreição do filho da viúva de Naim (Lc 7,11-17)
- Ressurreição da Lázaro – (Jo 11, 1-46)
- Discípulos de Emaps – Lc 24,13-35
- Jesus é o Caminho, Verdade e Vida – Jo 14,6 

Não desistir diante das provações

                                               


                                            Não desistir diante das provações

Diante da história de todos nós, com suas páginas de provações, tribulações, dificuldades, tropeços e inquietações, como fazer a necessária superação?

Precisamos, a partir da fé, escrever novas páginas de paciência, esperança, perseverança, perfeição, integridade e de verdadeira alegria.

Como Igreja Sinodal, peregrinos de esperança, sejamos iluminados e fortalecidos pela Palavra de Deus, que é luz para o nosso caminho (Sl 119,105), no bom combate da fé (2 Tm 4,7-8).

Urge firmar nossos passos, escrevendo páginas de acrisolamento, amadurecimento, aperfeiçoamento, vivendo o Mistério da Paixão e Morte do Senhor, para com Ele Ressuscitar, e com Ele, sermos mais que vencedores:

– “Mas em todas estas coisas somos mais que vencedores por Aquele que nos amou. Pois estou convencido de que nem morte nem vida, nem anjos nem demônios, nem o presente nem o futuro, nem quaisquer poderes, nem altura nem profundidade, nem qualquer outra coisa na criação será capaz de nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus” (Rm 8,37-39).

O Apóstolo São Paulo também nos ajuda neste santo propósito, como peregrinos do Senhor que somos:

-  “Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo; pelo qual também temos entrada pela fé a esta graça, na qual estamos firmes, e nos gloriamos na esperança da glória de Deus.

E não somente isto, mas também nos gloriamos nas tribulações; sabendo que a tribulação produz a paciência, e a paciência a experiência, e a experiência a esperança. E a esperança não decepciona, porquanto o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Rm 5,1-5).

Por fim, acolhamos e aprofundemos nossa reflexão, à luz das palavras do Apóstolo São Tiago:

-  “Meus irmãos, quando deveis passar por diversas provações, considerai isso motivo de grande alegria, por saberdes que a comprovação da fé produz em vós a perseverança. Mas é preciso que a perseverança gere uma obra de perfeição, para que vos torneis perfeitos e íntegros, sem falta ou deficiência alguma.” (Tg 1,2-4)


Nota-se um itinerário que o cristão precisa percorrer, na vivência da fé:

1º - A provação, como motivo de grande alegria;

2º - A comprovação da fé;

3º - A perseverança na fé;

4º - A geração da obra de perfeição;

5º - A perfeição e integridade (sem falta ou deficiência alguma).

Concluindo, vejamos o que nos diz o Catecismo da Igreja Católica sobre o caminho da perfeição que devemos trilhar:

“O caminho da perfeição passa pela Cruz. Não existe santidade sem renúncia e sem combate espiritual. O progresso espiritual envolve ascese e mortificação, que levam gradualmente a viver na paz e na alegria das bem-aventuranças.” (1)

Façamos as renúncias necessárias, tomemos nossa cruz de cada dia e sigamos o Senhor (cf. Lc 9,23), cujo fardo é leve e o jugo é suave (cf. Mt 11,28-30), revitalizando-nos com o Pão da Palavra e o Pão da Eucaristia, que são os imprescindíveis e divinos Pães de nossa vida, no tempo presente e na eternidade. Amém.

 

(1) Catecismo da Igreja Católica – n. 2015 

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