segunda-feira, 1 de setembro de 2025

A eficácia da Palavra no caminho de conversão

                                                          

A eficácia da Palavra no caminho de conversão

A Palavra de Deus é fonte inesgotável de conversão para todos os cristãos e, sobretudo para nós, Presbíteros.

Como sermos autênticos discípulos missionários credíveis do Verbo que se fez Carne se não nos propusermos a trilhar o frutuoso caminho da conversão sincera, silenciosa, contínua...?

Para que possamos avançar neste santo e inadiável propósito é preciso dar passos firmes na acolhida sincera da “Verbum Domini”  Exortação Apostólica do Papa Bento XVI sobre a Palavra de Deus na vida e na Missão da Igreja   e, como presbíteros, termos a coragem de “puxar a fila” na certeza de que construiremos comunidades mais sólidas e instrumentos do Reino, porque firmadas e alimentadas pela Palavra Divina.

Neste caminho, temos que superar as tentações sedutoras, e aqui, lembramos as fundamentais e também nascentes de outras: ter, ser e poder, que bem sabemos o Senhor as venceu no deserto e nos ensinou que também nós podemos vencê-las.

Se a elas sucumbirmos esvaziaremos o sentido de nosso ministério, ofuscaremos inexoravelmente a face do Cristo que nos chamou,  consagrou e enviou com a força do Espírito.

Como amantes do Verbo que Se fez Carne, temos que encontrar na Palavra a fonte de conversão para todos nós... Nela inspirados e iluminados há de ser superado todo o cansaço; recuperadas as perdas de horizontes que nos motivam a caminhar partícipes da civilização do amor em prol da cultura da vida; estéreis fechamentos serão rompidos; esvaziamentos encontrarão seu conteúdo existencial e vital; compensações não serão necessárias; não correspondência ao que o rebanho de nós espera será impensável...

Vale ressaltar que muito do que me refiro aos presbíteros é absolutamente indispensável para todos os cristãos leigos. A conversão é, portanto, imperativo para todos!

Assim como pedimos o pão de cada dia na oração que o Senhor nos ensinou,  podemos intuir que a graça da conversão também é suplicada, para que melhor correspondamos à vontade de Deus.

Sendo a Palavra de Deus o centro e fonte de nossa espiritualidade e da ação evangelizadora, jamais poderemos separá-la da Eucaristia que celebramos, bem como não poderemos nos acomodar em seu conhecimento, acolhimento e vivência. Bem disse são Jerônimo: “Ignorar as Escrituras é ignorar o próprio Cristo”.

Palavra de Deus não apenas para ser conhecida, mas acolhida, encarnada e vivida, como sementes que se plantam para florescer já no tempo presente, reconstruindo o paraíso não como estéril saudosismo, mas como compromissos intransferíveis...

Urge que nos empenhemos arduamente e decididamente no caminho da conversão, que não consiste num ponto de chegada em si, mas como um caminho permanente a ser percorrido. Sempre alimentados pela Palavra Divina, daremos razão de nossa esperança ao mundo; artífices da caridade porque crentes em sua força, eficácia e penetração no mais profundo de nós mesmos (1Pd 3).

Supliquemos: “A conversão de cada dia nos dai hoje, Senhor!". Amém.

“O Magnífico jardim da Sagrada Escritura”

                                                     

“O Magnífico jardim da Sagrada Escritura”

Exposição da fé ortodoxa escrita pelo Presbítero e Doutor da Igreja, São João Damasceno (séc. VIII), sobre a importância da Sagrada Escritura, como fonte da espiritualidade cristã.

“Diz o Apóstolo: ‘Muitas vezes e de diversos modos Deus falou outrora por meio dos Profetas; mas nestes últimos tempos nos falou por meio do Filho’. Por meio do Espírito Santo falaram a lei e os Profetas, os evangelistas, os pastores e mestres. Por isso, ‘ toda Escritura é inspirada por Deus e útil’.

É, portanto, coisa bela e salutar investigar as divinas Escrituras. Como uma árvore plantada junto aos cursos d’água, assim a alma regada pela Sagrada Escritura cresce e traz o fruto ao seu tempo; a saber, a fé reta, e está sempre adornada de folhas verdes, isto é, de obras agradáveis a Deus.

Pelas Santas Escrituras, de fato, somos conduzidos para cumprir ações virtuosas e para a pura contemplação. Nelas encontramos o estímulo para todas as virtudes, e o afastamento de todos os vícios. Por isso, se aprendemos com amor, aprenderemos muito; pois mediante o empenho, o esforço e a graça de Deus que dá todas as coisas, obtém-se tudo: ‘aquele que pede, recebe; o que procura, encontra; a quem chama, lhe será aberto’.

Exploremos, portanto, este magnífico jardim da Sagrada Escritura, um jardim que é perfumado, suave, repleto de flores, que alegra os nossos ouvidos com o canto de variadas aves espirituais, plenas de Deus; que toca o nosso coração e o consola quando se encontra triste, o acalma quando se irrita, o enche de eterna alegria; que eleva o nosso pensamento sobre o dorso brilhante e dourado da divina pomba, que com suas asas majestosas nos leva até o Filho Unigênito e herdeiro do Senhor da vinha espiritual, e por meio d’Ele ao Pai das luzes.

Porém, não o exploremos desanimados, mas com ardor e constância; não nos cansemos de explorá-lo. Deste modo ele nos será aberto.

Se lemos uma vez ou outra uma passagem e não a compreendemos, não desanimemos; pelo contrário, temos de insistir, refletir, interrogar. De fato, está escrito: ‘interroga a teu pai e ele contará, aos teus anciãos, e eles te dirão. A ciência não é coisa de todos’.

Vamos à fonte deste jardim para tomar as águas puríssimas e perenes que brotam para a vida eterna. Gozaremos e nos saciaremos, sem saciar-nos, porque sua graça e inesgotável. Se podemos tomar algo de útil também dos profanos, nada nos proíbe; porém, comportemo-nos como expertos cambistas, que recolhem o ouro genuíno e puro, enquanto rejeitam o ouro falso.” (1)

Voltemo-nos sempre a este jardim da Sagrada Escritura, para explorá-lo, a fim de que a Palavra de Deus tenha centralidade em nossa vida, como fonte genuína de espiritualidade.

Sobretudo no Advento, prolonguemos o tempo da oração e intimidade com a Sagrada Escritura, vivenciando a riqueza da Leitura Orante, para que também se torne mais evidente e concreto nosso compromisso com a Boa-Nova do Reino.

Assistidos pelo Espírito Santo que repousa sobre nós, na fidelidade ao Filho, renovamos sagrados compromissos com um mundo novo querido pelo Pai de Misericórdia, nutridos e iluminados pela Santa Palavra, o “magnífico jardim” ao qual se referiu São João Damasceno.


(1) Lecionário Patrístico Dominical – Ed. Vozes, 2013 – PP.626-627

Sagrada Escritura: indispensável fonte de espiritualidade

                                                            


Sagrada Escritura: indispensável fonte de espiritualidade

Como Igreja, dedicamos o mês de setembro à Sagrada Escritura, dada sua importância em todo o tempo.

A Bíblia é a Palavra que irradia luz; é Pão que alimenta; Água cristalina para a sede de vida nova e amor saciar; Boa-Nova para o mundo reencantar e reinventar, e horizonte inédito poder encontrar.

O Papa São João Paulo II, no início do seu pontificado, disse: “Cristo Se faz presente pela Sua Palavra proclamada na assembleia e que é comentada na homilia: Tal Palavra deve ser ouvida com fé e assimilada na oração. Tudo isto há de resultar da dignidade do Livro e do lugar escolhido para a proclamação da mesma Palavra de Deus, da apresentação do leitor e da consciência que ele demonstra de sentir porta-voz de Deus diante de seus irmãos”.

O Bispo e Doutor da Igreja, Santo Agostinho, explicitou todo o esplendor e sua importância da mesma em nossa vida: “A Sagrada Escritura é para nos ajudar a decifrar o mundo; para nos devolver o olhar da fé e da contemplação, e transformar a realidade numa grande revelação de Deus”.

A Sagrada Escritura ajuda-nos a decifrar o mundo, com seus segredos, mistérios e desafios; buscar respostas para as questões humanas; alento nas questões que nos pedem esperança; certeza nas coisas que nos pedem unidade; instrumento precioso e indispensável no alimentar da caridade.

A Palavra de Deus lida, meditada e vivida, aponta novos caminhos, alarga horizontes mesquinhos; rompe o barulho da pós-modernidade, levando-nos ao mergulho no amor da Trindade.

Ouvida no silêncio, para melhor Deus escutar, é a Palavra útil, oportuna e necessária, para instruir, corrigir, animar e exortar.

A Sagrada Escritura nos devolve o olhar da fé e da contemplação: quando muitos em mais nada acreditam, ela emerge renovando a esperança, contra toda esperança humana.

Lida na perspectiva da fé, podemos transpor montanhas, inaugurar novos tempos e novos espaços; criar e fortalecer elos de comunhão, solidariedade, perdão, refazendo nossos sonhos.

Com ela deslumbramos o inédito no mundo, sem olhares pessimistas e derrotistas; e assim firmamo-nos na âncora da esperança – Jesus Cristo, que refaz nossas forças para o bom combate da fé.

Seja a Sagrada Escritura acolhida no mais profundo de nosso coração, para contemplarmos os mistérios de Deus, na busca constante e incansável de um novo olhar.

A Sagrada Escritura no coração enraizada, acompanhada de gestos concretos, transforma a realidade numa grande revelação de Deus: a Palavra que tem germe de transformação, força de mudança, acompanhada do apelo constante de conversão do pensamento e atitude, rompendo com toda e qualquer mesquinha omissão; e assim continuamos a participar da transformação da realidade e do mundo, conferindo ao nosso olhar o brilho de uma grande revelação.

Haverá de surgir um mundo mais justo e fraterno, em que “a verdade e o amor se encontrarão”; “justiça e paz se abraçarão”, de modo que não serão apenas as palavras e sonhos do salmista (Sl 85), mas a expressão mais pura e verdadeira presente em todo coração.

“Tua Palavra é luz para o caminho”

                                                         


“Tua Palavra é luz para o caminho”

 “A Sagrada Escritura é para nos ajudar a decifrar o mundo; para
nos devolver o olhar da fé e da contemplação, e transformar
a realidade numa grande revelação de Deus”.

No mês de setembro, mês especialmente dedicado à Sagrada Escritura, fomos enriquecidos pela reflexão do  Livro do Deuteronômio, o quinto Livro do Pentateuco.

É fundamental, sobretudo no momento que estamos vivendo, com a proximidade das eleições, refletir, discernir, escolher com sabedoria aqueles que vão exercer o poder político em nossos Municípios nos próximos quatro anos.

Voltemo-nos à afirmação do Papa São Paulo VI, que em 1971 nos dizia:  “A política é uma maneira exigente - se bem que não seja a única - de viver o compromisso cristão, ao serviço dos outros.” ( Carta Apostólica Octogesima Adveniens - n.46).
 
Também são oportunas as palavras dos Bispos na Conferência Nacional do Brasil, realizada de 2016, através das Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora: “Promova-se cada vez mais a participação social e política dos cristãos leigos e leigas nos diversos níveis e instituições, por meio de formação permanente e ações concretas.

Com a crise da democracia representativa, cresce a importância da colaboração da Igreja no fortalecimento da sociedade civil, na luta contra a corrupção, bem como no serviço em prol da unidade e fraternidade dos povos, em especial na América Latina.” (n.123).

Urge que, no testemunho da fé, como discípulos missionários do Senhor, vivamos a atuação e compromisso político, como concretização e promoção do bem comum, para que sejamos sal, fermento e luz. 

Como Igreja, não nos é permitido omissão nestes sagrados compromissos de participação da construção do Reino de Deus inaugurado por Jesus, com a força do Espírito Santo.

Embora a nossa participação política não se esgote no período eleitoral, este é um momento privilegiado, sobretudo considerando a nossa realidade nacional, marcada por vezes pelo descaso do poder público, precariedade de serviços necessários à população, desvios ou não aplicação de verbas para o que é de fato essencial, e outros tantos fatos que clamam por mudanças efetivas.

Se dificuldades existem, a Palavra de Jesus, ontem, hoje e sempre, nos renova para os sagrados compromissos: “Não temais, pequeno rebanho, porque foi do agrado de vosso Pai dar-vos o Reino” (Lc 12,32).

E para que superemos os nossos medos, na desafiadora e necessária participação política, Ele afirma ainda: “Coragem, Eu venci o mundo” (Jo 16,33).

Enfim, encorajados pela Palavra do Senhor, luz para nosso caminho, assim como o Povo de Deus viveu e celebrou a noite da libertação da escravidão do Egito e a celebrou com cantos e júbilo, também nós, partícipes da Nova e Eterna Aliança, revigorados pelo Banquete de Eternidade, nos empenhemos concretamente nesta noite de libertação que se repete ao longo da história, quando não nos omitimos e nos comprometemos no escrever de novas linhas da história com vida plena, digna, abundante e feliz para todos.


PS: Escrito em agosto de 2020

Sagrada Escritura: luz para o nosso caminho

                                                         

Sagrada Escritura: luz para o nosso caminho

“Tua Palavra é lâmpada para os meus pés
e  luz para o meu caminho” (Sl 119,105)

Como bem expressou o Salmista acima, é imensurável valor da Sagrada Escritura, que ilumina nossa vida, nosso caminho, em todo tempo e lugar.

Entretanto, tão doce e tão amarga é a Palavra, porque nos conforta, alimenta, sacia a nossa sede, nos orienta, mas também exige de nós compromissos irrenunciáveis na transformação da realidade, por vezes, difícil e sombria em que vivemos, como sal da terra, luz do mundo e fermento na massa.

Por isso é necessário que nos empenhemos em conhecer cada vez mais a Sagrada Escritura, não o conhecimento pelo conhecimento, não apenas como assíduos ouvintes, mas colocando em prática seus ensinamentos, como afirmou São Tiago (cf. Tg 1,22)

E indispensável para conhecer e praticar os ensinamentos bíblicos, é a Leitura Orante, tesouro da Tradição de nossa Igreja, com seus passos: leitura, meditação, contemplação, oração e ação.

Deste modo, nutridos pela Palavra, viveremos o que afirmou o Bispo Santo Agostinho (séc. V):

A Sagrada Escritura é para nos ajudar a decifrar o mundo; para nos devolver o olhar da fé e da contemplação, e transformar a realidade numa grande revelação de Deus”.

De fato, a Palavra de Deus sendo acolhida como luz, tudo faremos para que surja um mundo mais justo e fraterno, onde “a verdade e o amor se encontrarão”; “justiça e paz se abraçarão”, tornando realidade, a mais pura verdade, porque as palavras e sonhos do salmista estarão presentes também em nosso coração.

Iluminados e alimentados pela Palavra de Deus, num contínuo processo de conversão, vivamos de tal modo que a nossa chama profética possa reluzir cada vez mais forte; e a chama do primeiro amor do encontro pessoal com Jesus, que deu novo sentido à nossa vida e alargou nossos horizontes fique para sempre acesa, até que possamos contemplar o esplendor da luz eterna.

Urge que ampliemos os horizontes da evangelização!

                                                   

Urge que ampliemos os horizontes da evangelização!

De modo especial, dedicamos o mês de setembro à Sagrada Escritura. Procuremos valorizá-la cada vez mais em nossas comunidades, sobretudo ao celebrarmos o Banquete da Eucaristia; bem como nos momentos de profunda intimidade pessoal com Deus e sua Leitura Orante, que tão bem faz a quem neste caminho se propõe.

Neste sentido, é sempre oportuno lembrar o Objetivo Geral apresentado pelas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (2019-2023): 

“EVANGELIZAR no Brasil cada vez mais urbano, pelo anúncio da Palavra de Deus, formando discípulos e discípulas de Jesus Cristo, em comunidades eclesiais missionárias, à luz da evangélica opção preferencial pelos pobres, cuidando da Casa Comum e testemunhando o Reino de Deus rumo à plenitude”.

Com o aprofundamento das Diretrizes podemos ultrapassar as fronteiras da Igreja, dada a sua importância, como valioso instrumento para que, à luz da Palavra de Deus, possamos todos nos empenhar na construção de uma sociedade mais justa e fraterna. 

No entanto, seu estudo, além de necessário e enriquecedor, é também um forte apelo de conversão e renovado compromisso com Jesus, para que sejamos uma Igreja testemunha, e para tanto, que antes se faça discípula, deixando-se iluminar pela fonte da Palavra Divina, ricamente anunciada e proclamada nas Missas e Celebrações.

Uma Igreja verdadeiramente Eucarística, que se nutre da Palavra Divina, renova e empenha toda sua força e vida, à luz da evangélica opção preferencial pelos pobres, para assim evangelizar e se evangelizar, na mais perfeita expressão e concretização da caridade.

As Diretrizes insistem no sentido de formarmos uma paróquia, comunidade de comunidades, comunidades eclesiais missionárias, superando todo anonimato, superficialismo na fé, individualismo. 

Como nos propõem as novas Diretrizes, sejam nossas comunidades como que uma casa com quatro pilares indispensáveis: a Palavra, o Pão, a Caridade e a Ação Missionária,

Renova-se o compromisso com a vida, em todos os seus aspectos, da concepção ao seu declínio natural, acompanhado também do apelo do cuidado da vida do planeta em que habitamos, nossa Casa Comum, na superação de toda falta de consciência ecológica, por atitudes comprometidas de sustentabilidade.

Sem dúvida, na evangelização, somente teremos êxito se:

- ficarmos atentos aos clamores do povo de Deus;
- vivermos a fidelidade a Deus e à Sua Palavra;
- não olvidarmos as Diretrizes que a Igreja nos apresenta.

Que as palavras do Apóstolo Paulo ecoem sempre em nossos corações na graça da missão evangelizadora:“Ai de mim se eu não evangelizar!” (1Cor 9,16).

Em poucas palavras...

                                             


Os efeitos da Palavra de Deus

 

“Agradecemos a Deus sem cessar por vós terdes acolhido a pregação da palavra de Deus, não como palavra humana, mas como aquilo que de fato é: Palavra de Deus, que está produzindo efeito em vós que abraçastes a fé.” (1 Ts 2,13)

 

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