sexta-feira, 1 de agosto de 2025
“Deus na Cidade”
“Deus na Cidade”
Em agosto de 2015, participei, em Itaici, do Curso Teológico-Pastoral promovido pela Arquidiocese de São Paulo, com o tema “Deus na Cidade”, assessorado pelo Pe. Dr. Carlos Maria Galli.
Fomos iluminados pelas reflexões da V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe (Documento de Aparecida); e também pela Exortação Apostólica “Evangelii Gaudium”, pela Encíclica “Laudato Si”, ambas do Papa Francisco.
A reflexão partiu do parágrafo 514 do Documento de Aparecida: “A fé nos ensina que Deus vive na cidade, em meio às suas alegrias, desejos e esperanças, com também em meio às suas dores e sofrimentos. As sombras que marcam o cotidiano das cidades, como exemplo, a violência, pobreza, individualismo e exclusão, não podem nos impedir que busquemos e contemplemos a Deus da vida também nos ambientes urbanos.
As cidades são lugares de liberdade e de oportunidade. Nelas, as pessoas têm a possibilidade de conhecer mais pessoas, interagir e conviver com elas. Nas cidades é possível experimentar vínculos de fraternidade, solidariedade e universalidade. Nelas, o ser humano é constantemente chamado a caminhar sempre mais ao encontro do outro, conviver com o diferente, aceitá-lo e ser aceito por ele”.
Vimos a necessidade de repensar a Pastoral Urbana, neste contexto, para efetiva e afetiva presença da Igreja nas realidades mais desafiadoras:
- Como ser uma Igreja “em saída” verdadeiramente missionária?
- Como descobrir a presença de Deus com rosto humano e urbano, contemplando e anunciando a presença de Cristo presente no outro?
Para tanto, se faz necessária a conversão das estruturas e a conversão pessoal para uma nova Pastoral Urbana, em que a evangélica opção preferencial pelos pobres se torne uma realidade; pequenas comunidades, onde vínculos mais estreitos e fraternos sejam estabelecidos, superando toda forma de isolamento e anonimato.
Urge que passemos de uma pastoral de conversão para uma pastoral decididamente missionária; de uma pastoral estática para uma pastoral extática, colocando-se a serviço da vida plena para todos, a partir do encontro pessoal com Jesus, que traz um novo horizonte e um novo sentido para a própria existência de quem O encontrou.
Por este viés caminhou a reflexão: como ser uma Igreja urbana, e fazer de toda a ação eclesial na cidade uma ação evangelizadora urbana, porque a cidade é, de fato, um campo prioritário para a vida e a missão da Igreja, a partir dos subsídios apresentados, e do livro do assessor (Dios vive em la ciudade. Hacia uma nueva pastoral urbana a la luz de Aparecida y del proyeto missioneiro de Francisco – Buenos Aires – Ágape, 3.a Edición corregida y aumentada, 2014).
Como Igreja que somos, presentes na cidade, atentos aos clamores que sobem aos céus, não podemos nos acomodar, mas nos incomodar, com as sombras que pairam sobre a cidade, e ser presença iluminadora, como nos diz o Senhor, confiantes de que o Espírito Santo nos acompanha em nossa missão, para que vejamos Deus presente na cidade, ora com belos traços, ora nem tanto assim, porque há desfigurados, maltratados, maltrapilhos, nas ruas e praças, e em outros tantos lugares.
Continuemos, portanto, empenhados pela defesa da vida na cidade, em todos os aspectos, desde a concepção até seu declínio natural, eis a nossa missão e desafio, afinal Deus vive na cidade, e está presente em cada um que nela habita; como também na promoção da vida daqueles que nela moram, preservando a casa comum na qual todos moramos.
Em poucas palavras...
“A Igreja é, por sua própria natureza, missionária...”
“«Consumada a obra que o Pai confiou ao Filho para cumprir na terra, no dia de Pentecostes foi enviado o Espírito Santo para que santificasse continuamente a Igreja» (LG 4).
Foi então que «a Igreja foi publicamente manifestada diante duma grande multidão» e «teve o seu início a difusão do Evangelho entre os gentios, por meio da pregação» (AG 4).
Porque é «convocação» de todos os homens à salvação, a Igreja é, por sua própria natureza, missionária, enviada por Cristo a todas as nações, para de todas fazer discípulos (Mt 28,19-20; AG 2,5-6).” (1)
(1)Catecismo da Igreja Católica – parágrafo n.767
Vocação é graça e missão
Vocação é graça e missão “Corações ardentes, pés a caminho”(Cf. Lc 24,13-35)
Com Ele, vivamos.
Corações ardentes,
Olhos iluminados,
Pés a caminho.
Não permitir que frio, fique o coração,
Quando tudo parece perder real sentido,
Nem sonhos, nem esperanças sobrevividas,
Como que tudo a cinzas para sempre reduzidas.
Somente se d’Ele Palavra no caminho ouvida,
Possibilitando vislumbrar novos horizontes,
E para a vida, com o divino encontro, um novo sentido,
Inflamado o coração, forças revigoradas na Divina Fonte.
Corações ardentes, tão somente
Quando Sua Palavra é ouvida,
No mais profundo do coração,
Acolhida, acreditada, vivida.
Não permitir que os olhos percam o brilho,
Ainda que os fatos os queiram ofuscar,
É preciso n’Ele, a Luz que não se apaga,
Incansavelmente, e a cada instante confiar.
Com Ele, podemos sempre contar,
E o colírio da fé jamais há de nos faltar,
Para um olhar que transcenda o ilusório,
Olhar que ultrapassa o aparente e transitório.
Olhos que se abrem no partir do Pão,
Gesto que se repete em cada Eucaristia.
Pão partilhado, Sua Real presença,
Que nos alimenta e renova forças e alegria.
Não permitir que os pés se cansem no caminho,
Subindo montanhas, atravessando vales e campinas,
Confiantes que jamais nos faltará a Sua presença
Contemplada desde sempre na suave brisa divina.
Viver a graça da sinodalidade, como Igreja que somos,
Caminhar sempre juntos para mais longe chegar,
Com renúncias e sacrifícios necessários,
Sonhos e utopias que nos movem, compartilhar.
Pés a caminho, sem jamais desistir.
Quedas e cansaços inevitáveis, mas
Com a força da oração e da Eucaristia, e a
Presença da Estrela da Evangelização: Maria. Amém.
quinta-feira, 31 de julho de 2025
“Cuidemos de nossa casa comum”
“Cuidemos de nossa casa comum”
Em 2016, a Igreja no Brasil realizou a IV Campanha da Fraternidade Ecumênica, com um tema extremamente atual, complexo e desafiador: “Casa comum, nossa responsabilidade”, e o Lema: “Quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que não seca” (Am 5,24).
Retomamos a temática com a Campanha da Fraternidade deste ano (2025), com o tema - "fraternidade e Ecologia Integral", e com o lema -"Deus viu que tudo era muito bom" (cf. Gn 1,31).
Oportuno retomar os sete “erres” que, cada vez mais, devem fazer parte de nossa vida:
- Repensar os nossos hábitos de consumo e comportamentos. Vejamos onde podemos economizar e evitar a produção de lixo;
- Reduzir o consumo e o uso de embalagens e produtos não recicláveis;
- Reaproveitar materiais, papéis, embalagens etc., que muitas vezes vão para o lixo, mas que poderiam continuar sendo usados ou doados para outras pessoas;
- Reciclar, fazendo a separação/coleta seletiva do lixo; reciclá-lo ou doá-lo para quem o recicla (muitas pessoas ganham o próprio sustento e da família com este trabalho);
- Recusar produtos descartáveis como plásticos e outros produtos que prejudicam o ecossistema;
- Reparar produtos, prolongando sua vida útil;
- Reintegrar restos de alimentos e outros materiais orgânicos à natureza, através da compostagem.
Com estas ações, que não exigem grande esforço, ao mesmo tempo em que cuidamos do Planeta, estaremos fazendo bem a nós mesmos e aos outros, e, com isto, exercitando a caridade fraterna.
Cuidemos do nosso Planeta, nossa Casa Comum, com a consciência de que devemos preservá-lo para as gerações que virão. Se não nos convertermos no uso das coisas, na relação com elas, estaremos comprometendo não somente o futuro, mas já também o presente, haja vista os acidentes e tragédias ambientais que vemos nos noticiários e bem perto de nós.
A esperança da vida plena e feliz
A esperança da vida
plena e feliz
Sejamos
iluminados pelo início da chamada Carta de Barnabé (Séc. II), em que nos fala
da esperança da vida como o início e o fim de nossa fé.
“Saúdo-vos na paz, filhos e
filhas, em nome do Senhor que nos ama.
Por serem grandes e preciosas as
liberalidades que Deus vos concedeu, mais que tudo e intensamente me alegro por
vos saber felizes e esclarecidos. Pois assim acolhestes a graça do dom
espiritual, enxertada na alma. Por isto ainda mais me felicito com a esperança
de ser salvo, ao ver realmente derramado sobre vós o Espírito vindo da copiosa
fonte do Senhor.
Estou plenamente convencido e
consciente de que ao falar convosco vos ensinei muitas coisas, porque o Senhor
me acompanhou no caminho da justiça; e sinto-me fortemente impelido a amar-vos
mais do que a minha vida, porque são grandes a fé e a caridade que existem em
vós pela esperança da vida.
Tendo em consideração que, se é de
meu interesse por vossa causa partilhar convosco algo do que recebi, será minha
paga servir a tais pessoas. Decidi, então, escrever-vos poucas palavras, para
que, junto com a fé, tenhais perfeita ciência.
São três os preceitos do Senhor: a
esperança da vida, início e fim de nossa fé; a justiça, início e fim do
direito; caridade alegre e jovial, testemunho das obras de justiça.
Pelos profetas, o Senhor fez-nos
conhecer as coisas passadas, as presentes e deu-nos saborear as primícias das
futuras. Ao vermos tudo acontecer por ordem, tal como falou, devemos nós, mais
ricos e seguros, assimilar o Seu temor.
Quanto a mim, não como mestre, mas
como um de vós, mostrarei alguns poucos pontos, pelos quais vos alegrareis nas
circunstâncias atuais.
Nestes dias maus, Ele mostra Seu
poder; empenhemo-nos, pois, de coração em perscrutar os Mandamentos do Senhor.
Nossos auxiliares são o temor e a paciência; apoiam-nos a generosidade e a
continência que, aos olhos do Senhor, permanecem castas, no convívio da
sabedoria, inteligência, ciência e conhecimento.
Todos os profetas nos revelaram
não ter Ele necessidade de sacrifícios nem de holocaustos nem de oblações,
dizendo: ‘Que tenho a ver com a multidão de vossos sacrifícios? diz o Senhor.
Estou farto de holocaustos, de gorduras dos cordeiros; não quero o sangue de
touros e de cabritos, mesmo que venhais à minha presença. Quem exige isto de
vossas mãos? Não pisareis mais em meus átrios. Trazeis oblações de farinha?
Será em vão. O incenso me é abominável; vossos novilúnios e solenidades, não as
suporto (cf. Is 1,11-13)”.
Como
discípulos missionários do Senhor, empenhemo-nos em viver os três preceitos do
Senhor que Barnabé nos apresenta:
- “a esperança da vida, início e
fim de nossa fé”;
- “a justiça, início e fim do
direito”;
- “a caridade alegre e jovial,
testemunho das obras de justiça”.
Oremos:
Ó Deus de bondade,
ajudai-nos a fazer progresso no temor de Vós, com a paciência necessária
para que vejamos florir e frutificar frutos de amor e justiça no mundo em que
vivemos.
Concedei-nos a
generosidade e a continência, e que elas permaneçam puras, vivendo com
sabedoria, inteligência, ciência e conhecimento dos Vossos desígnios, ontem,
hoje e sempre.
Fortalecei a
esperança da vida plena e feliz, que é o início e o fim de nossa fé, quando
parecer não mais haver sinais de esperança, e não tenha a última palavra a
cultura da morte.
Ajudai-nos a buscar
primeiro o Vosso Reino e a justiça, e tudo o mais nos será acrescentado, fiéis
à fé que professamos e à Doutrina que nos conduz.
Revigorai em nossos
corações a caridade alegre e jovial, a fim de que elas sejam testemunhos
credíveis das obras de justiça dentro e fora da Igreja, em todos os âmbitos, na
fidelidade a Jesus e com o Santo Espírito. Amém.
“A montanha azul”
“A montanha azul”
Com passos firmes, subi à montanha azul, lugar que bem perto se pode encontrar.
Vencendo todo o cansaço e vozes que repetiam em coro: – “você não conseguirá”.
Mas, fôlego renovado, ao topo mais alto que se pode alcançar.
No cume da montanha, apenas o som do vento a escutar,
Ou quando muito, os passos trocados, de um lado para outro.
Olhos fixos no horizonte de um novo amanhecer,
Que não tardará por vir; ainda que as dificuldades pareçam a noite eternizar.
Páginas novas na planície serão escritas, com ousada teimosia,
Contra todos os cantos agourentos que, por vezes, parecem tornar impossíveis
Os mais belos sonhos que podemos ter; no secreto silêncio da alma sonhar.
Mas lá não se pode para sempre ficar; ainda que tentador,
É preciso pisar nos cacos de vidros da planície do cotidiano, com risco de se cortar,
Mas contar com a proteção que nos vem do alto, contra toda forma de perigo,
Pois Ele jamais se afasta daqueles que tanto ama, sendo em todo o tempo,
Nosso abrigo, refúgio, consolo, força e proteção, e jamais nos decepciona.
Cada um de nós precisa desta montanha azul, de momentos de restauração,
Em que nos colocamos despidos diante do Criador, com nossa miséria e limitação.
Envolvidos por Sua divina presença, impelidos a descer para o chão da realidade,
Sua luz irradiar, no testemunho de uma fé irmanada com a esperança e caridade.
PS: passagens bíblicas - Mt 5,1-12a; Cl 3,1-5.9-11
O Reino dos céus é como uma rede lançada ao mar
O Reino dos céus é como uma rede lançada ao mar
Na quinta-feira da 17ª Semana do Tempo Comum, ouvimos a passagem do Evangelho de Mateus (Mt 13,47-53), em que Jesus nos apresenta mais uma parábola, exclusiva deste Evangelista, sobre o Reino dos Céus: a parábola da rede lançada ao mar, e que recolhe todo tipo de peixe.
O Evangelista tinha diante de si uma comunidade imersa na monotonia, na falta de empenho, numa vivência morna da fé, logo, pouco exigente e comprometida.
Deste modo, era necessário buscar uma Palavra do Senhor, para que ela perseverasse diante das perseguições e hostilidades, enfrentando as dificuldades que vão se apresentando na caminhada da comunidade.
Nisto consiste a beleza das Parábolas: revigoram o ânimo, o entusiasmo, ajudam no discernimento e fortalecem no seguimento de Jesus.
A comunidade deve ver no Reino a grande pérola ou tesouro, pelo qual todo sacrifício deve ser feito e toda renúncia não será em vão.
É preciso rever a escala de valores que pautam nossa vida: o que nos seduz, o que consome nossas forças, nosso tempo; bem como refletir sobre a alegria que devemos ter por sermos instrumentos, colaboradores na realização do Reino.
A Parábola da rede e dos peixes leva a comunidade a refletir, mais uma vez, sobre a necessidade da paciência para ver o Reino de Deus acontecer (joio e trigo).
Deus não tem pressa de condenar e destruir. Ele não quer a morte do pecador, por isso, dá ao homem o tempo necessário e suficiente para amadurecer as suas opções e fazer suas escolhas.
Refletimos sobre a Misericórdia de Deus, que se manifesta na tolerância, paciência, sempre desejoso de que em nós aconteça a conversão e o amadurecimento.
Na conclusão da passagem do Evangelho, os discípulos são chamados a compreender e acolher o novo ensinamento proposto, num renovado compromisso e empenho.
Reflitamos:
- O que pedimos quando dizemos: “Venha a nós o Vosso Reino”?
- Como vivemos a paciência a serviço do Reino?
- Como Igreja, estamos a serviço do Reino. Temos consciência desta missão?
- Sentimos alegria contagiante ao trabalhar para que o Reino de Deus aconteça?
O melhor Ele já nos deu: O Espírito Santo e os sete Dons (Sabedoria, Entendimento, Conselho, Fortaleza, Ciência, Piedade e Temor de Deus). Empenhemo-nos, decididamente, na construção do Reino, o Espírito nos assiste, a Sabedoria nos é comunicada, incessantemente.
Como discípulos missionários do Senhor, renovemos nossa alegria de participar da realização do Reino de Deus, como herdeiros da graça em Cristo Jesus, pelo Espírito Santo, no amor do Pai.
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