sábado, 5 de julho de 2025

“Nunc Dimittis”

                                                          


“Nunc Dimittis”

A Igreja reza à noite, todos os dias, a Oração das Completas, e nela está contido o “Nunc Dimittis” - "agora deixe partir",  rezado por Simeão, homem justo e piedoso, quando da apresentação do Senhor no Templo (Lc 2,29-32).

Cristo, Luz das nações e glória de Seu povo, é um cântico evangélico que pode também ser rezado por quantos puderem nas orações da noite, ao terminar um dia de intensas atividades, preocupações e eventual cansaço, para um bom descanso e um novo dia bem iniciado:

“Antífona: Salvai-nos, Senhor, quando velamos, guardai-nos também quando dormimos! Nossa mente vigie com o Cristo, nosso corpo repouse em Sua paz!

“–29 Deixai, agora, Vosso servo ir em paz,
conforme prometestes, ó Senhor.

30 Pois meus olhos viram Vossa salvação
31 que preparastes ante a face das nações:

32 uma Luz que brilhará para os gentios
e para a glória de Israel, o Vosso povo.”

– Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. 
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.

Antífona: Salvai-nos, Senhor, quando velamos, guardai-nos também quando dormimos! Nossa mente vigie com o Cristo, nosso corpo repouse em Sua paz!

Há momentos em que não sabemos o que dizer

 

 

Há momentos em que não sabemos o que dizer

 

Há momentos em que não sabemos o que dizer:

Quando de uma confidência de uma enfermidade,

Partida para a eternidade de quem tanto se amou,

perda súbita de algo que se tinha como precioso.

 

Há momentos em que não sabemos o que dizer:

Sobretudo quando ancorados na confiança de uma amizade,

Alimentada e solidificada na mesa da Palavra e Eucaristia,

Que nos revigoram em tantos momentos, em difíceis travessias.

 

Há momentos em que não sabemos o que dizer:

Que a Palavra de Deus venha em nosso socorro:

Silêncio, compaixão, escuta, ombro oferecido,

Forças somadas, ainda que poucas, multiplicadas.

 

Há momentos em que não sabemos o que dizer:

Que a Palavra fale nas entranhas do coração ferido:

“O homem sábio é forte, e o homem de conhecimento

consolida a força.” (1) , não se pode recuar, tão pouco desistir.

 

Mesmo em momentos em que não soubermos o que dizer,

Sigamos em frente, avancemos, sem vacilar ou esmorecer.

Se as palavras parecerem frágeis e insignificantes.

Saiba, que estou e estarei contigo em todos os instantes.

 

(1)             Pr 24,5

Em poucas palavras

 


“Os caminhos da missão”

“Os caminhos da missão. «O protagonista de toda a missão eclesial é o Espírito Santo» (São João Paulo II). É Ele que conduz a Igreja pelos caminhos da missão. E esta «continua e prolonga, no decorrer da história, a missão do próprio Cristo, que foi enviado para anunciar a Boa-Nova aos pobres.

É, portanto, pelo mesmo caminho seguido por Cristo que, sob o impulso do Espírito Santo, a Igreja deve seguir, ou seja, pelo caminho da pobreza, da obediência, do serviço e da imolação de si mesma até à morte – morte da qual Ele saiu vitorioso pela ressurreição» (Vaticano II – Ad Gentes). É assim que «o sangue dos mártires se torna semente de cristãos» (Tertuliano).”(1)

 

(1) Catecismo da Igreja Católica – parágrafo n. 852

Creio na Igreja santa, una, católica e apostólica (XIVDTCC)

 


Creio na Igreja santa, una, católica e apostólica

Sejamos enriquecidos pelo Tratado escrito por Tertuliano (séc. III), sobre a prescrição dos hereges:

“Cristo Jesus, nosso Senhor, durante a sua vida terrena, por Si mesmo ensinava em toda parte quem Ele era, o que tinha sido eternamente, qual era o desígnio do Pai que Ele realizava no mundo, qual deve ser a conduta do homem para que seja conforme a este mesmo desígnio; e algumas vezes o ensinava abertamente ao povo, outras à parte aos seus discípulos, principalmente aos doze que tinha escolhido para que estivessem junto d’Ele, e aqueles que tinha destinado como mestre das nações.

E assim, depois da apostasia de um deles, quando estava para voltar ao Pai, apos sua ressurreição, ordenou aos outros onze que fossem pelo mundo para ensinar aos homens e batizá-los em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.

Os apóstolos – palavra que significa ‘enviado’ -, depois de terem escolhido Matias lançando as sortes, para substituir a Judas e assim completar o número doze – apoiados para isto na autoridade de uma profecia contida em um salmo de Davi -, e depois de terem obtido a força do Espírito Santo para falar e realizar milagres, como o havia prometido o Senhor, primeiramente na Judeia deram testemunho da fé em Jesus Cristo e ali instituíram Igrejas, depois foram pelo mundo para proclamar às nações os mesmos ensinamentos e a mesma fé.

De maneira semelhante continuaram fundando Igrejas em cada povoação, de forma que as demais Igrejas fundadas posteriormente, para serem verdadeiras Igrejas, tomaram e seguem tomando daquelas primeiras Igrejas o rebento de sua fé e a semente de sua doutrina. Por isto também aquelas Igrejas são consideradas apostólicas, enquanto descendentes das Igrejas apostólicas.

É norma geral que todo objeto deve ser referido a sua origem. E, por isto, toda a multidão de Igrejas são uma com aquela primeira Igreja fundada pelos apóstolos, da qual procedem todas as outras.

Neste sentido são todas primeiras e todas apostólicas, enquanto que todas juntas formam uma só.

Desta unidade são prova a comunhão e a paz que reinam entre elas, assim como a sua mútua fraternidade e hospitalidade. Tudo o qual não tem outra razão de ser que sua unidade em uma mesma tradição apostólica.

A única maneira segura de saber o que foi pregado pelos apóstolos, ou seja, o que Cristo lhes revelou, é o recurso às Igrejas fundadas pelos próprios apóstolos, aquelas que ensinaram de viva voz e, mais tarde, por carta.

O Senhor tinha dito em certa ocasião: Muitas coisas me restam por dizer-vos, porém não podeis suportá-las agora; mas acrescentou em seguida: quando vier o Espírito da verdade, Ele vos guiará até a verdade plena.

Com estas palavras demostrava que nada lhes era oculto, já que lhes prometia que o Espírito da verdade lhes daria o conhecimento da verdade plena. E cumpriu esta promessa, já sabemos pelos Atos dos Apóstolos que o Espírito Santo realmente desceu sobre eles.” (1)

Tertuliano nos fala do início das primeiras comunidades em sua solidificação como Igreja apostólica, fundada por Nosso Senhor Jesus Cristo.

Continuamos hoje esta missão como Igreja que somos, na promoção e fortalecimento da comunhão fraterna, na alegre acolhida e hospitalidade, como ficou marcado o pontificado do Papa Francisco (2013-2025).

Roguemos a Deus para que o Papa Leão XIV, na condução da Igreja, tenha a sabedoria e as luzes do Espírito para nos confirmar na unidade e na tradição apostólica.

Professemos nossa fé:

“Creio em Deus Pai todo-poderoso... creio na Santa Igreja Católica...”

(1) Lecionário Patrístico Dominical – Editora Vozes – 2013 – pág. 673-674

Covardes e desertores, jamais!

                                                                  

Covardes e desertores, jamais!

Para que Discípulos Missionários do Senhor o sejamos, recorramos a um invejável Sermão do Presbítero Santo Antônio Maria Zacaria a seus confrades (Séc. XVI), à luz do Apóstolo Paulo em suas Cartas.

O que se pode esperar dos Discípulos de Jesus?

Compaixão, paciência e mansidão para com os que nos entristecem e nos decepcionam; para com os que não nos compreendem. Um desejo profundo de que se inflamem no Amor de Deus e não na gelidez de nossas indiferenças, rancores, julgamentos, sentenças condenatórias:

“Nós somos os tolos por causa de Cristo (1Cor 4,10), dizia de si, dos demais Apóstolos e de todos os que professam a Doutrina cristã e apostólica, o nosso santo guia e santíssimo patrono. Mas isto não é para admirar ou temer, irmãos caríssimos, pois o discípulo não está acima do mestre, nem o servo acima do seu senhor (Mt 10,24).

Quanto aos que se opõem a nós, devemos ter compaixão e amá-los, ao invés de detestá-los e odiá-los; pois fazem mal a si mesmos e atraem o bem sobre nós; contribuem para alcançarmos a coroa da glória eterna, ao passo que, sobre si, provocam a ira de Deus.

E mais ainda: devemos rezar por eles, e não nos deixarmos vencer pelo mal, mas vencer o mal pelo bem, amontoando atos de piedade como brasas acesas de caridade em cima de suas cabeças (cf. Rm 12,20-21), como ensina nosso apóstolo. Desta maneira, vendo a nossa paciência e mansidão, convertam-se a melhores sentimentos e se inflamem no Amor de Deus.”

O que mais se pode esperar dos Discípulos de Jesus?

Perseverar no serviço evangelizador, produzir abundantes frutos de caridade, alegria nas tribulações; para sermos merecedores da glória futura reservada para quem persevera até o fim.

Compaixão, paciência e mansidão para com os que nos entristecem e nos decepcionam; para com os que não nos compreendem, acompanhado de um desejo profundo de que se inflamem no Amor de Deus e não na gelidez de nossas indiferenças, rancores, julgamentos, sentenças condenatórias:

Apesar da nossa indignidade, Deus nos escolheu do mundo por sua misericórdia a fim de que, entregues ao seu serviço, vamos progredindo cada vez mais na virtude; e pela nossa paciência, possamos produzir abundantes frutos de caridade. Assim, alegremo-nos não apenas na esperança da glória dos filhos de Deus, mas também nas tribulações.”

Como comparar os Discípulos de Jesus?

São soldados de Cristo, comparativamente falando, empenhados no bom combate da fé para bem viver a vocação:

“Considerai a vossa vocação (cf. 1Cor 1,26), caríssimos irmãos.
Se quisermos examiná-la com atenção, veremos facilmente o que ela exige de nós: já que começamos a seguir, embora de longe, os passos dos Apóstolos e dos outros soldados de Cristo, não recusemos também participar dos seus sofrimentos.

Empenhemo-nos com perseverança no combate que nos é proposto, com os olhos em Jesus, que em nós começa e completa a obra da fé (Hb 12,1-2)".

O que jamais se pode esperar dos Discípulos de Jesus?

A covardia e a deserção; o abandono ou o recuo nos santos propósitos, no caminho de santidade na construção do Reino, de modo que não apenas estejamos na Igreja, mas Igreja o sejamos, de fato:

“Nós que escolhemos um tão grande Apóstolo como guia e pai, e fazemos profissão de imitá-lo, esforcemo-nos para que a nossa vida seja expressão da sua doutrina e do seu exemplo. Pois não seria conveniente que, sob as ordens de tão insigne chefe, fôssemos soldados covardes e desertores, ou que sejam indignos os filhos de um tão ilustre Pai.”

É sempre tempo de revermos nossa vida batismal, nossa fidelidade no carregar da cruz, para que testemunhas credíveis do Ressuscitado sejamos.

Reflitamos:

- O Senhor conta conosco, embora não precise, e qual é a nossa resposta?

Se dificuldades houver, se provações se multiplicarem, apenas supliquemos:

Da covardia, da deserção, da fuga e da omissão, livrai-nos, Senhor, a cada dia, para que seduzidos, apaixonados e enraizados em Vosso Amor, tornemos Seu nome conhecido, Seu Evangelho acolhido e vivenciado; uma Igreja mais Santa e um mundo fraterno e renovado. Amém!

Pai Nosso que estais nos céus... 

Testemunhemos a alegria Pascal

                                                             

Testemunhemos a alegria Pascal

Como discípulos missionários do Senhor, é nossa missão testemunhar a alegria Pascal, como refletimos à luz da passagem do Evangelho de Mateus (Mt 9,14-17).

Ontem presente fisicamente junto aos Seus discípulos, hoje também presente,  Ressuscitado, como professamos pela fé: Ele está vivo e presente entre nós, desde aquela madrugada da Sua Ressurreição, e depois com a descida do Espírito Santo, os mensageiros de Cristo levarão seu anuncio de alegria a todos as partes do mundo.

Acabara o tempo da espera, não era mais tempo de jejuar, pois Ele, o “noivo esperado” Se fez presente.

Assim entendemos as Suas Palavras: “Por acaso, os amigos do noivo podem estar de luto enquanto o noivo está com ele”?

Reflitamos:

- Está o mundo cristão em festa pela presença do Ressuscitado?
- Esta verdade alimenta suficientemente a nossa vida?

- Por que não são, por vezes,  os cristãos portadores da paz?
- O que fazer para nos tornarmos semeadores de verdadeira alegria?

Examinemos nossa fé e a nossa vida, conscientes de que como cristãos não vivemos fora do tempo, tão pouco fugimos aos graves problemas do mundo, mas renovamos sagrados esforços e compromissos com a Boa Nova do Reino.

Renovemos, na Eucaristia que celebramos, a alegria e presença de Jesus Cristo Ressuscitado, que caminha e está conosco!

Coração novo, vinho novo

                                                               

Coração novo, vinho novo

 “O Amor de Deus foi
derramado em nossos corações.”

Ouvimos no 13º sábado do Tempo Comum a passagem do Evangelho de Mateus (Mt 9,14-17) em que Jesus nos questiona: “Por acaso, os amigos do noivo podem estar de luto, enquanto o noivo está com eles?”; E nos disse: “Vinho novo se coloca em odres novos, e assim os dois se conservam”.

Sejamos enriquecidos por um dos Sermões de um autor anônimo do século VI, que nos leva a refletir sobre a unidade da Igreja que, recebendo o dom do Espírito Santo, fala todas as línguas, de modo que todos se comunicam e se entendem.

“Os Apóstolos começaram a falar em todas as línguas. Aprouve a Deus, naquele momento, significar a presença do Espírito Santo, fazendo com que todo aquele que O tivesse recebido, falasse em todas as línguas.

Devemos compreender, irmãos caríssimos, que se trata do mesmo Espírito Santo pelo qual o Amor de Deus foi derramado em nossos corações.

O amor haveria de reunir na Igreja de Deus todos os povos da terra. E como naquela ocasião um só homem, recebendo o Espírito Santo, podia falar em todas as línguas, também agora, uma só Igreja, reunida pelo Espírito Santo, se exprime em todas as línguas.

Se por acaso alguém nos disser: ‘Recebeste o Espírito Santo; por que não falas em todas as línguas?’ devemos responder:

‘Eu falo em todas as línguas. Porque sou membro do Corpo de Cristo, isto é, da Sua Igreja, que se exprime em todas as línguas. Que outra coisa quis Deus significar pela presença do Espírito Santo, a não ser que Sua Igreja haveria de falar em todas as línguas?’

Deste modo, cumpriu-se o que o Senhor tinha prometido: Ninguém coloca vinho novo em odres velhos. Vinho novo deve ser colocado em odres novos. E assim ambos são preservados (cf. Lc 5,37-38).
       
Por isso, quando ouviram os Apóstolos falar em todas as línguas, diziam alguns com certa razão: Estão cheios de vinho (At 2,13).

Na verdade, já se haviam transformado em odres novos, renovados pela graça da santidade, a fim de que, repletos do vinho novo, isto é, do Espírito Santo, parecessem ferver ao falar em todas as línguas.

E com este milagre tão evidente prefiguravam a universalidade da futura Igreja, que haveria de abranger as línguas de todos os povos.

Celebrai, pois, este dia como membros do único Corpo de Cristo.

E não o celebrareis em vão, se realmente sois aquilo que celebrais, isto é, se estais perfeitamente incorporados naquela Igreja que o Senhor enche do Espírito Santo e faz crescer progressivamente através do mundo inteiro.

Esta Igreja Ele reconhece como Sua e é por ela reconhecida como seu Senhor. O Esposo não abandonou sua esposa; por isso ninguém pode substituí-la por outra.

É a vós, homens de todas as nações, que sois a Igreja de Cristo, os membros de Cristo, o corpo de Cristo, a esposa de Cristo, é a vós que o Apóstolo dirige estas palavras:

Suportai-vos uns aos outros com paciência, no amor. Aplicai-vos em guardar a Unidade do Espírito pelo vínculo da paz (Ef 4,2-3).

Reparai como, ao lembrar o Preceito de nos suportarmos uns aos outros, falou-nos do amor, e quando Se referiu à esperança da unidade, pôs em evidência o vínculo da paz.

Esta é a casa de Deus, edificada com pedras vivas. Nela o Eterno Pai gosta de morar; nela Seus olhos jamais devem ser ofendidos pelo triste espetáculo da divisão entre Seus filhos.”

Somos exortados a acolher o dom do Espírito Santo, e com Ele o Amor de Deus, que é derramado em nossos corações; somos membros do único Corpo de Cristo, e assim devemos viver e agir.

Somos membros de uma Igreja, edificada com pedras vivas, e todo esforço deve ser feito para que se supere o “triste espetáculo da divisão entre Seus filhos”, como refletimos na conclusão do Sermão.

Envolvidos pelo Amor de Deus derramado em nossos corações pelo Espírito Santo, que preenche nossos corações, com coragem e ousadia, sejamos arautos contumazes e intrépidos da “Alegria do Evangelho”, eternos aprendizes da mais bela linguagem universal: a linguagem do Espírito Santo, a linguagem de Deus, que consiste na linguagem do Amor.

Com o coração renovado, a cada dia, acolhamos o Vinho Novo do Amor de Deus e, uma vez transbordante, seja derramado a quantos precisarem, porque sedentos de amor, vida, alegria e paz.

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG