quinta-feira, 6 de março de 2025

Quaresma: Tempo de “apreender e aprender” o querer de Deus


Quaresma: Tempo de “apreender e aprender” o querer de Deus

A Quaresma é tempo favorável de conversão e graça, quando somos convidados à reconciliação com Deus e com o próximo, rompendo todo sinal de autossuficiência, assumindo nossa condição de finitude, marcada pelas limitações e indigência.

A prática de exercícios próprios deste tempo: oração, jejum e esmola, com atitudes de renúncia, penitência, reconciliação, purificação, santificação, acolhida da misericórdia divina, nos possibilitarão celebrar, com exultação, a indescritível alegria Pascal.

Retomo duas breves citações da Mensagem do Papa Bento XVI para a Quaresma de 2011, que teve como inspiração bíblica os versículos da Carta de Paulo aos Romanos (3,21-22): “A justiça de Deus está manifestada mediante a fé em Jesus Cristo”.

Segundo ele, a justiça de Cristo é, antes de qualquer coisa, a justiça que vem da graça, onde não é o homem que repara, que cura a si mesmo e os outros: 
                                                 
“Converter-se a Cristo, acreditar no Evangelho, no fundo significa precisamente isto: sair da ilusão da autossuficiência para descobrir e aceitar a própria indigência – indigência dos outros e de Deus, exigência do Seu perdão e da Sua amizade”.

Deste modo, para nós cristãos, afirmou o Papa:

 “... A Quaresma culmina no Tríduo Pascal, no qual também este ano celebraremos a justiça divina, que é plenitude de caridade, de dom, de salvação. Que este tempo penitencial seja para cada cristão tempo de autêntica conversão e de conhecimento intenso do mistério de Cristo, que veio para realizar a justiça.”

Urge dar passos mais decididos nesta longa travessia do deserto, como nos propõe a quaresma: Lutar e vencer as tentações do maligno (ter, poder e ser), como Jesus o fez e nos ensinou.

Subir a montanha sagrada para contemplar a manifestação de Deus em nossa vida, para Seu Filho Escolhido e Amado ouvir, para que, sem medo, num progresso contínuo de conversão, à planície do cotidiano descer, carregando nossa cruz e testemunhando nossa fé mais nutrida, com esperança incentivada e caridade mais fortalecida!

Romper as montanhas da autossuficiência, reconhecendo nossa indigência, carências múltiplas, limitações, em abertura indispensável ao outro (próximo) e ao absolutamente indispensável (Deus).

Aproveitemos cada momento que a Igreja nos oferece, nutrindo-nos com a Palavra Divina, na necessária concretização de nossa fé, numa permanente apreensão e aprendizado do querer de Deus.

Intensifiquemos nossa participação nas Missas, vias sacras, grupos de reflexão, aprofundamento da temática da Campanha da Fraternidade, momentos pessoal de silêncio orante, preparando-nos para uma bela e frutuosa confissão.

Culminaremos na Semana Santa, a grande Semana de nossa vida, que haverá de ser marcada por uma espiritualidade mais autêntica, mais presencial da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor.

Assumiremos, assim, inadiáveis compromissos com o Seu Reino, para que os votos de Feliz Páscoa, não sejam a multiplicação de palavras inócuas, vazias, mas expressão de verdadeiros compromissos com Cristo, a mais bela e perfeita alegria!

Somente vivendo uma profunda e sincera Quaresma, chegaremos a uma transbordante e fecunda Alegria Pascal! 

Meditação Quaresmal: Família, espaço de santificação


Meditação Quaresmal: Família, espaço de santificação

Vivendo o Tempo da Quaresma, é muito oportuno que se favoreça momentos de oração em família, para uma frutuosa experiência de Leitura Orante da Palavra de Deus (leitura, meditação, oração e contemplação), à luz da passagem da Carta de Paulo aos Colossenses (Cl 3,12-21).

O Apóstolo Paulo, depois de apresentar Jesus Cristo como Aquele que nos faz homens e mulheres renovados, porque ocupa lugar proeminente na criação e na redenção da humanidade, exorta sobre o novo modo de relacionamento na família, onde os esposos e aos filhos cristãos vivem a vida familiar como se já vivessem na família do Pai celeste.

Revestidos do “Homem novo”, as relações são marcadas pela misericórdia, bondade, humildade, doação, serviço, compreensão, respeito pelo outro, partilha, mansidão, paciência e perdão.

Eis um convite para revisão dos relacionamentos familiares, e do quanto eles têm favorecido a santificação de todos os seus membros.

Reflitamos:

- Como estão os relacionamentos em nossas famílias?

- Quais são os sinais que clamam por conversão?

- Quais são os propósitos que podem ser feitos e vividos, para bem celebrarmos a Páscoa do Senhor?

Oremos:

“Ó Deus de bondade, que nos destes a Sagrada Família como exemplo, concedei-nos imitar em nossos lares as suas virtudes para que, unidos pelos laços do amor, possamos chegar às alegrias da Vossa casa. Por N.S.J.C. Amém. 

Em poucas palavras...

 


              A Misericórdia veio ao encontro de nossa miséria

 

“O homem pecou e tornou-se culpado; Deus nasceu como homem para libertar o culpado. O homem caiu, mas Deus desceu. 


O homem caiu miseravelmente, Deus desceu misericordiosamente; o homem caiu por orgulho, Deus desceu com a Sua graça.” (1)

 

(1)Sermão do Bispo Santo Agostinho” (séc. V):

 

Deus é a Verdade e o Amor


Deus é a Verdade e o Amor

Amamos e adoramos a Deus, “Aquele que É”, que Se revelou a Israel como Aquele que é cheio de misericórdia e fidelidade.

Amamos e adoramos a Deus, “Aquele que É” Amor e Verdade, suprema benevolência e bondade, pleno de graça, luz.

Amamos e adoramos a Deus, a quem podemos nos entregar, com toda a confiança e em todas as coisas, à verdade e à fidelidade da Sua Palavra.

Amamos e adoramos a Deus, e cremos na verdade de Deus que é a Sua Sabedoria, que comanda toda a ordem da criação e governo do mundo.

Amamos e adoramos a Deus, que é igualmente verdadeiro quando Se revela: todo o ensinamento que vem de Deus é “doutrina de verdade” (Ml 2, 6).

Amamos e adoramos a Deus, que quando enviar o Seu Filho glorioso ao mundo, será para “para dar testemunho da verdade” (Jo 18, 37).

Amamos e adoramos a Deus, que é Amor, que no decorrer da história permitiu a Israel descobrir Sua presença e ação constante.

Amamos e adoramos a Deus, que tinha somente uma razão para ter Se revelado ao Seu Povo e o ter escolhido, de entre todos os povos:  Seu amor gratuito.

Amamos e adoramos a Deus, por ter feito Israel compreender, graças aos seus profetas, que foi também por amor que Deus não deixou de salvá-lo e de lhe perdoar a sua infidelidade e os seus pecados.

Amamos e adoramos a Deus, que amou Israel com um amor comparado ao amor de um pai para com seu filho.

Amamos e adoramos a Deus, cujo Amor é mais forte que o de uma mãe para com os seus filhos.

Amamos e adoramos a Deus, que ama o Seu povo, mais que um esposo a sua bem-amada.

Amamos e adoramos a Deus, que nos ama, e com um amor que vence mesmo as piores infidelidades.

Amamos e adoramos a Deus, que chega ao mais precioso de todos os dons: “Deus amou de tal maneira o mundo, que lhe entregou o seu Filho Único” (Jo 3, 16).

Amamos e adoramos a Deus, que nos ama como amor eterno: “Ainda que as montanhas se desloquem e vacilem as colinas, o meu amor não te abandonará” (Is 54, 10).

 Amamos e adoramos a Deus, que não somente nos ama com amor eterno, mas nos guarda com predileção e carinho: “Amei-te com amor eterno: por isso, guardei o meu favor para contigo” (Jr 31, 3).

Amamos e adoramos a Deus, que é Amor, como nos falou o Apóstolo São João: “Deus é Amor” (1 Jo 4, 8, 16).

Amamos e adoramos a Deus, que tem por própria essência o Amor, e que nos enviará, na plenitude dos tempos, o Seu Filho único e o Espírito de Amor.

Amamos e adoramos a Deus que nos revela o Seu segredo mais íntimo: Ele próprio é eternamente permuta de amor com o Filho e Espírito Santo; e nos destinou a tomar parte nessa comunhão. Amém.


PS: livre adaptação nn.  214-221 do Catecismo da Igreja Católica

Evangelizar é missão de todos nós!

Evangelizar é missão de todos nós!

Estamos dando os primeiros passos na caminhada Quaresmal, revigorando nossas forças no carregar da cruz, renovando e fortalecendo compromissos com os desfigurados, na escuta do Filho Amado do Pai, transfigurando a realidade pessoal, familiar, eclesial e social, na qual estamos inseridos.

Precisamos reavivar sempre a chama, que em cada coração foi acesa no dia do Batismo (2Tm 1,6), de quem O encontrou, O ouviu e por Ele foi amado para viver a tríplice missão da Igreja e do Pastor: santificar, ensinar e governar a Igreja.

É tempo de percebermos o que está bom ou não, e  não medir esforços para melhorar, corrigir, aperfeiçoar, avançar. Naquilo que está bom, recuar jamais e, no que nos desafia, avançar, buscar saídas.

Como afirmou o Papa Bento XVI em uma de suas mensagens para a Quaresma, “na vida de fé, quem não avança, recua”.

Agora, está em nossas mãos, com a força do Espírito, trilhando o Itinerário Quaresmal, transformar os sinais de morte em sinais de vida, para que o esplendor da Páscoa nos alegre e ilumine, nos revitalize no ardor da evangelização.

Mais do que nunca, a cidade e seus inúmeros desafios estão em nossa mente e coração: a desafiadora realidade da saúde, como a Campanha da Fraternidade nos lembra; a missionariedade, que clama por sair das paredes da Igreja e ir ao encontro dos que estão indiferentes ou até mesmo afastados; o longo caminho a ser percorrido, enquanto acolhida sincera e fraterna, em todos os espaços da comunidade, nas pastorais e serviços, na secretaria; também a preocupação do anúncio da Boa-Nova nas escolas, condomínios e o necessário fortalecimento dos pequenos grupos de reflexão.

Continuemos em direção da cruz, e não somente, mas carregando-a com coragem, com imprescindíveis renúncias, despojamentos, amadurecimentos, somente assim alcançaremos a glória da eternidade.

Há um mundo desfigurado, triste, enfermo, mergulhado no pecado, que precisa ser transfigurado. Que a experiência do Monte Tabor, a contemplação do Cristo Glorioso, Transfigurado, d’Aquele que deu pleno cumprimento à Lei e à Profecia (Moisés e Elias), seja um momento de esplendor da luz divina.

Que toda a Igreja, na atenta escuta da Palavra do Filho Amado do Pai, na montanha do recolhimento, silêncio e Oração, na planície do cotidiano a coloquemos em prática, pois “nem todo aquele que me diz Senhor, Senhor! entrará no Reino dos Ceús...” (Mt 7,21).

Quaresma: fortaleçamos a prática da Caridade Operosa


Quaresma: fortaleçamos a prática da Caridade Operosa

Quaresma como Tempo do recolhimento e reflexão sobre o próprio tempo do existir; graça para reorientar os passos para maior fidelidade a Jesus no carregar da cruz.

Vivemos o tempo intermediário entre a Páscoa de Jesus e a Sua segunda vinda, o Seu regresso como Esposo.

Por ora, o necessário jejum, com matizes novos, como um meio de nos privarmos de algo para manifestar inteira liberdade e fidelidade ao Senhor.

Jejum bem vivido implica na prática de uma verdadeira caridade operosa, em que não podemos minimizar esforços para a libertação do fermento do pecado. Precisamos ser fermento na massa, levedando um tempo novo.

O Jejum, acompanhado da Oração, há de culminar na caridade operosa, nas boas obras multiplicadas. A vivência do amor implica em renúncias, empenho, trabalho, podas necessárias, maturidade no carregar da cruz, enxertados em Cristo, para que os frutos saborosos por Deus queridos e esperados sejam mais que uma realidade.

O Jejum frutuoso nos favorece na compreensão e consciência de que não somos escravos de nada e de ninguém e que somente a Deus pertencemos. Só por Ele queremos nos consumir, como bem expressa um canto muito conhecido:
“Só por Ti Jesus, Quero me consumir...
Como vela que queima no altar
Me consumir de amor...”
Empenhemo-nos na prática da caridade operosa, incansavelmente. Somente assim estaremos rumando para a celebração da Páscoa com sinais desejáveis de Eternidade. Amém!  

Quaresma: Urge ir à Fonte das fontes...


Quaresma: Urge ir à Fonte das fontes...

Quaresma, 
tempo em que urge a recuperação de nossas energias 
para o bom combate da fé. 

Quaresma é Tempo favorável da graça.

Urge irmos às “fontes”.
À Fonte das fontes: Jesus!

Assim O encontraremos:

Na fonte da Palavra:
Para saciar nossa sede com água cristalina, que jorra para a vida eterna;

Na fonte da Eucaristia:
Que é Pão Vivo descido do céu que nos alimenta e fortalece, Bebida que nos redime, inebria;

No alto da montanha:
Meio caminho entre o céu e a terra para o Encontro com o Deus que nos revela Sua presença e nos convida à escuta de Seu Filho amado.

Na vida da Comunidade:
Em momentos de oração, espiritualidade, vias sacras, confissões, compromissos solidários e fraternos.

Quaresma é tempo de renovarmos e revigorarmos nossa aliança e confiança em Deus como Abraão, modelo de crente, o fez. É tempo de nos tornamos amigos da cruz, que exige mudança, que passa pelo coração, e não pela exterioridade, redimensionando a nossa vida.

A provisoriedade e precariedade de nosso corpo são revitalizadas, para que um dia alcancemos, pela glória da Ressurreição, o corpo glorioso, o corpo celestial e incorruptível. Antes é preciso passar pelo caminho da cruz, inevitavelmente, com sinais pascais já contemplados.

O escândalo da cruz não pode nos amedrontar e intimidar. O peso da cruz, se suportado cotidianamente com fé, é certeza de que alcançaremos o esplendor da luz, junto do Cristo Ressuscitado: Na escuta e fidelidade à Sua Palavra, na perfeita configuração a Ele, com mesmos sentimentos (Fl 2,5).

Quaresma, tempo de sentir antecipadamente a alegria da Vitória Pascal, que passa pela obediência ao Pai e fidelidade irremovível no carregar da Cruz.

Quaresma é o tempo do silêncio, do recolhimento, da Oração, da intimidade, da contemplação, da escuta...

Quaresma é tempo de subir, contemplar, escutar o Filho Amado, e  ao mesmo tempo, o imperativo de descer a montanha para irrenunciáveis e inadiáveis compromissos com a justiça e a fraternidade, testemunhando a bondade, fidelidade e amor de Deus.

Contemplá-Lo transfigurado no monte santo, para compromisso com Ele mesmo, em tantos rostos desfigurados que nos interpelam, nos questionam e por vida digna clamam.

Tantos rostos, crudelissimamente desfigurados, nos desafiam... O que podemos fazer?

Sem dúvida, se cada um fizer um pouco por amor, com Deus a transfiguração há de acontecer, bem como há de se permanecer firme e inabalável na fé.

Quaresma:
Tempo de vivermos mais intensamente a doçura, a mansidão e a serenidade do Cristo Bom Pastor que deu Sua vida por amor de nós:

“Pois Deus amou tanto o mundo, que entregou o
Seu Filho único, para que todo o que
Nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3,16).

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG