domingo, 23 de fevereiro de 2025

Servidores da Paz e do Amor Pleno – Jesus (VIIDTCA)


Servidores da Paz e do Amor Pleno – Jesus

“...Bem-aventurados os mansos porque herdarão a terra...
Bem aventurados os que promovem a paz,
porque serão chamados filhos de Deus...”
(Mt 5,4.9)

A Liturgia do 7º Domingo do Tempo Comum (Ano A) nos faz um grande convite: trilhar o caminho cristão, que é inacabado e exige compromisso sério e radical em contínua conversão, progredindo a cada dia na prática da Lei divina, que o Senhor deu pleno cumprimento, pois quem ama como Jesus ama, cumpre plenamente a Lei.

Com os olhos fitos no Senhor que nos espera ao final da “viagem”, continuamos a refletir sobre o Sermão da Montanha, e seus desdobramentos em nossos relacionamentos.

A passagem da primeira leitura (Lv 9, 1-2;17-18) é um apelo veemente à santidade que passa pelo amor ao próximo – “Sede Santos, porque Eu, o Vosso Deus sou Santo” (v.2).

As Leis de Deus e seus Preceitos existem para que nos ajudem a viver em comunhão com Deus, que passa necessariamente na comunhão com o outro; iluminam a vida cultual e a vida social.

Arrancando as raízes do mal, que podem crescer em cada um de nós, haveremos de multiplicar esforços para permanecer no caminho da santidade, que exige um processo contínuo de conversão. Ser santo, portanto, é permitir que o Amor de Deus seja derramado através de nossos gestos e palavras.

Reflitamos:

- Em que consiste e como testemunhar a santidade no mundo hoje?
- O que ainda me impede de viver e dar um testemunho de santidade?

O Apóstolo Paulo, na passagem da segunda Leitura (1 Cor 3,16-23), continua nos ajudando a não viver pautados pela sabedoria humana, mas pela Sabedoria Divina, que passa inevitavelmente pela Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo, a máxima expressão de Amor, doação, entrega e serviço, que gera vida plena e faz nascer como criaturas novas no Ressuscitado.

Como templos onde Deus habita, temos que superar todos os conflitos, divisões, ciúmes, confrontos, pois não nos pertencemos, e tão pouco ao outro, pertencemos ao Senhor, como o próprio Apóstolo diz: “tudo é vosso, mas vós sois de Cristo, e Cristo é de Deus” (v.23).

O Apóstolo nos exorta ao testemunho que damos pessoalmente, fala de um Deus cheio de Amor e misericórdia que tem um Projeto de Salvação e Libertação para nos oferecer.

Viver a “loucura da cruz” com gestos de amor, partilha e doação, para que formemos e geremos Cristo em nós e no outro. Esforços sejam multiplicados para que se oriente a vida  pela Sabedoria de Deus ou viveremos a sabedoria do mundo, que muitas vezes se caracteriza pela luta sem regras pelo poder, pela influência, pelo reconhecimento social, pelo bem-estar econômico e pelos bens perecíveis e secundários.

Reflitamos:

- Nossa comunidade é uma comunidade fraterna e solidária, que dá o corajoso testemunho da “loucura da Cruz”?
- De que modo nosso viver revela que nossas palavras e ações são iluminadas e orientadas pela Sabedoria divina?

Com a passagem do Evangelho (Mt 5,38-48), continuamos a refletir sobre mais dois exemplos que nos desafiam para que, de fato, sejamos sal da terra e luz do mundo. Viver as Bem-Aventuranças implica em superar a "Lei do talião”, conhecida pela fórmula “olho por olho, dente por dente” (Ex 21,24; Lv 24,20; Dt 19,21)  e o maior de todos os desafios, amor aos inimigos.

Viver como Deus ama, eis o nosso mais belo e maior desafio, acabando com a espiral da violência, como tão bem viveu e testemunhou Nosso Senhor: um Amor sem medida, um amor que se estende aos inimigos.

Jesus nos revela a face misericordiosa de Deus, um amor universal que faz brilhar o sol e envia a chuva sobre os bons e os maus. E nos exorta a sermos perfeitos como O Pai Celeste é perfeito, superando a lógica legalista, casuística e fria que não cria proximidade e comunhão.

Para que se viva em comunhão total com Deus é preciso deixar que a vida e o amor  de Deus preencha nosso coração, resplandecendo Sua Luz no cotidiano, e tão somente assim seremos também o sal da terra e nisto consiste o embarcar na aventura do Reino que O Senhor nos convida.

Reflitamos:

- Como sal da terra e luz do mundo de que modo vivo a força desarmada do amor para que se instaurem novos relacionamentos humanos e fraternos, quebrando a espiral da violência?

- Como amar os inimigos, como o Senhor nos exorta?
- O que falta em nossa vida para que vivamos a perfeição do Pai Celeste?

Com a  presença e ação do Espírito Santo, continuemos trilhando o caminho da santidade, em permanente conversão, envolvidos pelo amor de Deus, pleno em nosso coração, para que jamais, como sal, percamos o sabor, e jamais percamos o brilho e o esplendor da Verdade de Deus. 


Tão somente assim, iluminados por Deus, iluminadores em situações mais obscuras seremos.

.Amor e liberdade somente no Senhor (VIIDTCB)

Amor e liberdade somente no Senhor

A Liturgia da Palavra do 7º Domingo do Tempo Comum (ano B) reflete sobre o Projeto de Salvação que Deus tem para toda a humanidade, e que se viu realizado na Pessoa de Jesus.

Entretanto, é preciso acolher este Projeto com fé. Por meio de Jesus – Caminho, verdade e vida – a humanidade pode se voltar novamente para Deus (reconciliação).

Em cada um de nós existe uma profunda necessidade de libertação do exílio de nós mesmos, das nossas múltiplas paralisias, do nosso afastamento de Deus (pecado).

O tema dominante da Liturgia é o perdão dos pecados, a verdadeira doença da humanidade que Jesus combate e derrota ao cuidar da pessoa humana em sua totalidade.

A passagem da primeira Leitura (Is 43,18-19.21-22.24b-25) faz parte do “Livro da Consolação”. Retrata a fase final do Exílio da Babilônia (entre 550-539). O povo de Deus exilado experimenta a frustração, a desorientação e, aparentemente, Deus parece ter dele Se esquecido.

O Profeta se dirige a um povo já extenuado pela experiência do exílio e anuncia a libertação como uma nova criação e um novo êxodo por intervenção divina, mas este povo precisará fazer um caminho de conversão, abandonando toda indiferença e infidelidade que o levou a tal desolação.

É preciso sempre reconhecer as faltas cometidas, as infidelidades multiplicadas. É preciso trilhar um caminho de conversão e renovação para acolher a libertação que Deus tem a nos oferecer.

É necessária a paciência para perceber a ação libertadora de Deus que não demora em atuar, mas não atua segundo a medida de nosso tempo e vontade. Crer no Deus cheio de solicitude e Amor que caminha com Seu povo se faz imperativo.

Somente Deus pode realizar algo completamente novo e atuar em qualquer situação, mesmo nas mais desesperadoras, como era a do exílio em que há muito tempo o povo se encontrava.

Para o Profeta, a lembrança do passado será válida para alimentar a esperança na preparação de um futuro novo. Isto vale para qualquer tempo em nossa vida.

A lembrança do passado só tem sentido se nos impulsiona para o novo que Deus sempre nos prepara. Aquele que crê tem que superar a instalação, o comodismo, ir sempre além, imprimindo um dinamismo para ser um Homem Novo, um Povo de Deus que ao Amor Divino corresponda.

Reflitamos:

- Somos capazes de olhar para trás, reconhecer os erros e dar passos largos na construção de um novo tempo, de uma nova realidade, de novos relacionamentos?

Na passagem da segunda Leitura (2Cor 1,18-22), o Apóstolo nos ensina pelo seu testemunho, ainda que não compreendido, a viver uma vida coerente com o Evangelho, marcada pela sinceridade, compromisso e desprovida de quaisquer subterfúgios ou outras motivações a não ser a pregação da Boa Nova do Evangelho de Jesus.

O Apóstolo foi acusado de volúvel e oportunista, mas tem consciência de que é fiel aos princípios verdadeiros e eternos do Evangelho. Aproveita a ocasião para afirmar a estabilidade de sua doutrina que não é flexível, flutuante, vulnerável, pois anuncia o Evangelho de Jesus Cristo pelo qual dá a própria vida.

Ele não se dobrou a verdades passageiras, ao modismo de seu tempo. Invoca o testemunho de Deus com serenidade, falando do seu testemunho e coerência vivida. Ele viveu adesão total a Cristo e tinha impresso no coração o penhor do Espírito.

O Apóstolo morreu na fidelidade ao Senhor, fiel ao Projeto de Salvação que Deus lhe confiou: coerente, sincero, verdadeiro. Morreu porque em seus olhos brilhava e reluzia a verdade. Ao cristão Paulo deixa uma mensagem: Ele deve fazer este mesmo caminho da coerência, fidelidade e sinceridade.

Reflitamos:

- É este o caminho que percorremos?
- O que o testemunho do Apóstolo nos questiona?
- Se animadores de comunidade, temos as marcas da coerência, sinceridade na vivência do Evangelho que anunciamos e que temos que dar testemunho?
- Quais são os valores que nos moldam, nos impulsionam? Serão os valores do Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo?

Na passagem do Evangelho (Mc 2,1-12), contemplamos Jesus, a manifestação da bondade, da misericórdia e do Amor divino que liberta o homem de toda paralisia, de todo pecado. 

Começa a ser desenhado um conflito que o levará à Cruz, por ação e rejeição das autoridades constituídas.

Lembramos que Marcos não faz uma reportagem jornalística. Trata-se de uma autêntica catequese sobre a pessoa e a missão de Jesus, que deverá ser por sua vez a missão de todo aquele que O seguir.

Um paralítico é levado por quatro homens e introduzido pelo telhado na casa onde Jesus Se encontrava. Ele será liberto e perdoado manifestando o poder que Jesus possuía, pelo Pai confiado.

Quatro homens significa a humanidade solidária com quem sofre, e vai ao encontro d'Aquele que tem a última Palavra, a resposta, a libertação.

O paralítico sem nome é a mesma humanidade sedenta de vida, liberdade, movimento, dinamismo, enfim, de uma nova possibilidade.

Também revela que a Salvação de Jesus não é somente para a comunidade judaica, mas para a humanidade inteira. Os esforços feitos para que o paralítico chegasse até Jesus retratam os esforços que devemos fazer para chegarmos até Jesus.

Nada pode impedir nosso encontro com a Fonte da Vida e da Liberdade. Tudo se torna nada, para conhecê-Lo, encontrá-Lo. Os esforços são a revelação da ânsia por libertação. Normalmente Jesus Se revela precisamente em nossas fraquezas, temores, cansaços, incertezas.

Ele tem a Palavra e a resposta. Ele é a própria Palavra que cura, liberta, perdoa, porque a plena manifestação do Amor de Deus.

O perdão que Jesus nos concede, a oportunidade do começo de uma nova vida, ao mesmo tempo revela o poder divino que possui, pois é Deus, e somente Deus pode perdoar (aqui o grande conflito: as autoridades reagem dizendo tratar-se de blasfêmia).

A grande mensagem catequética do Evangelista: Jesus tem autoridade para trazer a vida em plenitude. 

A humanidade que percorre diariamente as estradas de sofrimento e angústia encontra em Jesus uma resposta, uma palavra de Libertação e Vida plena. Somente Ele pode colocar a humanidade numa órbita de vida nova, e sem Ele nada pode ser feito:  por meio de palavras e gestos Jesus ama, salva, perdoa, liberta.

O pecado redimido deixa a lembrança no coração do pecador perdoado, não para imobilizá-lo, mas para que relembre sempre a história de um amor vivenciado, de uma nova oportunidade encontrada. Recorda-se como uma História de Salvação, como que um sigilo de um amor que foi e continua a ser maior do que qualquer enfermidade, qualquer pecado, quaisquer deslizes ou infidelidades.

O perdão purifica e renova. No coração de quem foi perdoado, por um pecado cometido, fica a  lembrança do amor vivido; força impulsionadora para um novo modo de ser e agir, para a não repetição indesejável das mesmas faltas.

Reflitamos:


- Quem nós conduzimos até Jesus?
- Quem recebe da Igreja a solidariedade necessária para o encontro da vida digna e plena?

- Procuramos superar a cada instante o perigo de uma forma de vida cômoda, instalada, medíocre?
- Testemunhamos nossa fé no Senhor, com coragem para a transformação em todos os níveis?

- Quais são as paralisias que nos roubam o compromisso com a construção do Reino?
- Quais são os pecados assumidos, para que confessados diante da misericórdia de Deus mereçam o perdão?

- Antes de nosso pedido de perdão chegar até Deus, quais são os esforços que fazemos para alcançá-lo?

Concluindo, afirmamos que a Face misericordiosa de Deus Se revela em Sua ternura, solidariedade, fidelidade, perdão, liberdade e vida plena para todos.

Pertencemos ao Senhor (VIIDTCA)

                                         


Pertencemos ao Senhor
“Vós sois de Cristo, e Cristo é de Deus”

Reflitamos sobre a passagem da segunda leitura proclamada no 7º Domingo do Tempo Comum (ano A), em que o Apóstolo Paulo conclui dizendo: “Portanto, que ninguém ponha a sua glória em homem algum. Com efeito, tudo vos pertence: Paulo, Apolo, Cefas, o mundo, a vida, a morte, o presente, o futuro; tudo é vosso, mas vós sois de Cristo, e Cristo é de Deus” (1 Cor 3,16-23).

Vejamos duas afirmações do Lecionário Comentado, sobre esta passagem:

“O pregador que amarra as pessoas a si mesmo não constrói em Cristo; comportando-se deste modo destrói o Templo de Deus e atrai sobre si uma grande responsabilidade”;

- A fé não está e não pode estar apoiada no prestígio ou na autoridade do evangelizador. O cristão deve apoiar a sua fé só na pessoa de Cristo. A expressão ‘Vós sois de Cristo’ (v.23) não tem apenas um sentido afirmativo, mas também exclusivo, e significa: ‘Vós pertenceis somente a Cristo e a ninguém mais”. (1)

Aqui está o grande desafio da evangelização: quem evangeliza, não evangeliza para si, e tão pouco anuncia suas ideologias. Não reproduz nos fiéis a sua identidade.

Ao contrário, quem evangeliza, é alguém que se encontrou com o Senhor, e professa a fé, não como um conjunto de ideias, como tão bem expressou o Papa Bento de forma emblemática:

“Ao início do ser cristão, não há uma decisão ética ou uma grande ideia, mas o encontro com um acontecimento, com uma Pessoa que dá à vida um novo horizonte e, desta forma, o rumo decisivo” (Deus Caritas Est 1).

Tendo encontrado o Senhor, levará aqueles a quem evangeliza ao mesmo encontro, não se apropriando nem da Palavra que anuncia, tão pouco daqueles que ouvem e acolhem esta mesma Palavra.

Urge evitar qualquer possibilidade de fazer da evangelização fonte de enriquecimento, ou mesmo do envaidecimento pessoal, marcado pela fama, prestígio, honras e glórias, que tão somente ao Senhor pertencem.

Também é necessário que os que ouvem e professam a fé, não fundamentem a existência e seus compromissos movidos pelos sentimentos subjetivos que possa despertar aquele que o evangelizou.

Não seguirá até o fim o Senhor, quem por Ele, e tão somente por Ele, tenha seu coração seduzido.

Deste modo, com a fé fundamentada na pessoa de Cristo e Sua Palavra, terá coragem para o seguimento e viverá fidelidade e disponibilidade plena no discipulado, e suportará o peso da cruz, acompanhado das renúncias que se fazem necessárias.

Evidentemente que isto não dispensa aos que evangelizam, o zelo pelo anúncio, a criação de laços afetivos de amizade e eternos, que possam no altar do Senhor ser celebrados, assim como Senhor soube e fez com todos que quiseram se pôr a caminho com Ele.

Evangelizamos verdadeiramente quando nos encontramos com o Senhor e permitimos que Ele nos transforme a todo momento, e esta transformação leva a outros a quererem o mesmo encontro fazer, e mesmo apaixonamento pelo Senhor viver, numa resposta inflamada e eterna de amor.



(1) Lecionário Comentado - Volume Tempo Comum I - Editora Paulus - Lisboa - 2010 - pp. 304-305

sábado, 22 de fevereiro de 2025

A família e o aprendizado da misericórdia

                                                            

A família e o aprendizado da misericórdia
            
“Toda casa é um candelabro”
(Jorge Luíz Borges)

“Toda família deve ser como um berço da misericórdia”, em que todos procurem aprender e se empenhar para serem “Misericordiosos como o Pai” (Lc 6,36).

Sendo a família uma espécie de Igreja Doméstica, como nos ensina a “Lumen Gentium” (n.11), urge que se criem momentos intensos e enriquecedores de oração diária, com a Leitura Orante da Palavra de Deus, fortalecendo os vínculos da comunhão, nutrindo-se da Ceia Eucarística, para que ela seja um templo onde habita o Espírito Santo.

Deste modo, as famílias se tornam “berço da misericórdia”, onde se vive o amor, compreensão, diálogo, paciência, carinho, acolhida, perdão, solidariedade, mansidão, paciência e quanto mais se possa dizer, para que ela se edifique na solidez da Palavra de Deus.

Não podemos ver a família como “problema”, mas como uma “oportunidade” de santificação e participação na construção da civilização do amor.

Famílias que perseveram na participação da Mesa Sagrada da Palavra e da Santa Eucaristia renovam no coração a chama ardente do primeiro encontro, que o Senhor acendeu, a ser eternizada no Céu, onde contemplaremos o Fogo Eterno do Amor de Deus, que jamais se apaga e se consome, e que, por enquanto, apenas experimentamos.

Sejamos perseverantes na edificação de nossa família, santuário da vida, lugar em que a vida não seja apenas gerada, mas cuidada, resplandecendo a luz de Deus no mundo, como precioso candelabro divino.

“Tu és Pedro. Eu te darei as chaves do Reino dos Céus”

“Tu és Pedro. Eu te darei as chaves do Reino dos Céus”

No dia 22 de fevereiro, celebramos a Festa da Cátedra de São Pedro Apóstolo, e ouvimos a passagem do Evangelho de Mateus (Mt 16, 13-19) em que Jesus pergunta aos discípulos: “Quem dizem os homens ser o Filho do Homem?” e “E vós, quem dizeis que  Eu sou?” (Mt 16,13.15).

Sejamos enriquecidos pela reflexão que São Gregório de Nazianzeno (séc. IV), somando à resposta revelada por Deus Pai a Pedro, como o próprio Senhor o disse: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo.” (Mt 16,16).

“Foi envolvido em panos, porém, ao ressuscitar, lançou as vendas da sepultura.

Foi reclinado em um presépio, mas depois foi celebrado pelos Anjos, assinalado pela estrela e adorado pelos magos.

Por que te maravilhas do que viste com os olhos, enquanto não observas o que é percebido com a inteligência e com o coração?

Foi obrigado a fugir do Egito, porém transforma em fuga o andar errante dos egípcios.

Não tinha nem aspecto nem beleza humana entre os judeus, porém, segundo Davi, era belo de rosto acima dos filhos dos homens; e também no cume do monte, como esplendor, resplandece e chega a ser mais luminoso que o sol, vislumbrando, desta forma, e esplendor futuro.

Foi batizado como homem, mas alcançou a vitória como Deus. Ordena-nos ter confiança n’Ele como n’Aquele que venceu o mundo.

Sofreu fome. Mas saciou a muitos milhares de pessoas, e Ele mesmo tornou-Se Pão que dá vida e o céu.

Padeceu sede, mas exclamou: se alguém tem sede, venha a mim e beba; e também prometeu fazer manar, para aqueles que têm fé, fontes de água viva.

Experimentou o cansaço, mas Se fez repouso daqueles que estão cansados e oprimidos.

Sentiu-Se extenuado pelo sono, porém caminha ligeiro sobre o mar, repreende aos ventos e salva Pedro que estava a ponto de ser submergido pelas ondas.

Paga os impostos com um peixe, porém é rei dos arrecadadores. É chamado samaritano e possuído pelo demônio, mas leva a salvação àquele que, descendo de Jerusalém, foi assaltado por alguns ladrões.

É reconhecido pelos demônios, porém expulsa aos demônios e impele as legiões de espíritos malignos para precipitarem-se ao mar, e vê ao príncipe dos demônios, quase como um relâmpago, precipitar-se do céu.

É agredido com pedras, mas não é preso. Suplica, porém acolhe aos demais que pedem. Chora, mas enxuga as lágrimas.

Pergunta onde foi sepultado Lázaro, pois realmente era homem, mas ressuscita Lázaro da morte à vida, porque de fato era Deus.

É vendido e por pouco preço: por trinta moedas de prata, mas, entretanto, redimia ao mundo a grande preço: com o Seu Sangue.

É conduzido à morte como uma ovelha, mas Ele apascenta a Israel e agora também ao mundo inteiro.

Está mudo como um cordeiro, mas Ele é o próprio Verbo, anunciado no deserto pela voz daquele que clamava.

Foi abatido e ferido pela angústia, mas vence toda enfermidade e sofrimento.

É tirado do lenho onde foi suspenso, mas nos restituiu a vida com o lenho, e concede a Salvação também ao ladrão – que pende do lenho –, e ignora-se tudo o que se revela.

É-lhe dado a beber vinagre, e Se nutre com fel, mas para quem? Para Aquele que transformou a água em vinho. Saboreou aquele gosto amargo, Aquele que era o próprio deleite e todo apetecível.

Confia a Deus a Sua alma, porém conserva a faculdade de tomá-la novamente.

O véu se rasga – e as potências superiores se manifestam -, e as pedras se despedaçam, porém os mortos ressuscitam.

Ele morre, porém devolve a vida e derrota a morte com Sua morte.
É honrado com a sepultura, mas ressuscita do sepulcro.

Desce aos infernos, mas acompanha as almas ao alto e sobe ao céu, e virá para julgar os vivos e os mortos, e para examinar as palavras dos homens.” (1)

A pergunta de Jesus continua sendo dirigida a todos nós, e é imprescindível a nossa resposta: cremos em Jesus, Verdadeiramente Homem, Verdadeiramente Deus.

Professamos nossa fé em Jesus, que Se fez Carne e habitou entre nós, tão igual a nós, exceto no pecado, para nos redimir e nos conceder vida plena e eterna.

A profissão de fé, assim feita, torna impossível a concepção de uma religião alienante, sem verdadeiros e sagrados compromissos com a vida da humanidade, como tão sabiamente expressou a Igreja na introdução da “Gaudium Et Spes”:

As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo; e não há realidade alguma verdadeiramente humana que não encontre eco no seu coração.

Porque a sua comunidade é formada por homens, que, reunidos em Cristo, são guiados pelo Espírito Santo na sua peregrinação em demanda do Reino do Pai, e receberam a mensagem da salvação para a comunicar a todos. Por este motivo, a Igreja sente-se real e intimamente ligada ao gênero humano e à sua história.” (n.1)

Celebremos esta Festa elevando a Deus orações  pelo Papa Francisco, para que continue conduzindo a Igreja em sua missão de anunciar e testemunhar a Boa-Nova de Jesus a todos os povos.

Que o Espírito do Senhor repouse sobre ele, para que a sua missão de manter a unidade e a catolicidade da Igreja seja realizada com coragem e fecundidade.

Por fim, renovemos em nós o ardor necessário para a graça de viver e testemunhar o nosso Batismo, seduzidos por um amor incondicional ao Senhor Jesus, na fidelidade ao Deus Pai, com a luz e o sopro do Espírito Santo.



(1) Lecionário Patrístico Dominical - Editora Vozes - 2013 - pp. 202-204.

Em poucas palavras...

                                   


“O ódio voluntário é contra a caridade”

“O ódio voluntário é contra a caridade. Odiar o próximo, querendo-lhe mal deliberadamente é pecado. É pecado grave, quando deliberadamente se lhe deseja um mal grave. «Eu, porém, digo-vos: Amai os vossos inimigos e orai por aqueles que vos perseguem, para serdes filhos do vosso Pai que está nos céus...» (Mt 5, 44-45).” (1)

 

(1)        Catecismo da Igreja Católica – parágrafo n. 2303

É próprio do amor de Deus...

                                                               

É próprio do amor de Deus...
 
Mais do que falar do amor de Deus, é preciso vivê-lo intensamente, escrevendo memoráveis páginas de resposta ao Seu amor.
 
Mergulhemos no mar da misericórdia de Deus e a felicidade pura, verdadeira, encontraremos.
 
É próprio do amor de Deus:
 
Amar até mesmo os inimigos; amor sem limites, barreiras, méritos, conceitos.
 
Falar no mais profundo de nós, dando a nós o melhor d’Ele, para que sejamos melhores a cada dia.
 
É próprio do amor de Deus doer até as entranhas do coração em intensa compaixão, agindo em nós ainda que não o percebamos ou não nos predisponhamos, pois Seu amor é persistente.
 
É próprio do amor de Deus fazer-se presente quando menos imaginamos, e quando mais precisamos.
 
É próprio do amor de Deus abrir-se ao novo, e de forma diferente, encaminhando luz a quem precisa, mas não dispensa nossas renúncias para nos oferecer algo infinitamente maior e melhor.
 
É próprio do amor de Deus vir em nosso socorro em necessários discernimentos. 
 
É próprio do Amor de Deus suportar a rejeição, para que sejamos mais bem aceitos, porque regenerados, ainda que não merecedores, nos ama ainda que não saibamos ou não percebamos, ou até mesmo O ignoremos.
 
É próprio do amor de Deus se expressar com faces de misericórdia, em atitudes de perdão que possibilitam sempre um novo recomeço, deixando marcas para sempre lembradas.
 
É próprio do amor de Deus...
 


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