sexta-feira, 14 de fevereiro de 2025

Lírios manchados... até quando?

Lírios manchados... até quando?

"A voz do sangue do teu irmão 
está clamando por mim, da terra" (Gn 4,10)

Até quando:

- Lírios manchados pela violência doméstica e intrafamiliar por meio dos membros de uma família ou que ocupam o mesmo espaço, com intolerância, abusos, agressão e dominação de modo especial contra a mulher, criança, jovens e idosos?

Lírios manchados pela violência criminal, que é pratica de agressão grave às pessoas; pelo atentado à vida e aos seus bens?

Lírios manchados pela multiplicação do ódio e intolerância entre as pessoas, levando à morte por agressões corporais, armas brancas ou de fogo?

Lírios manchados pela violência da exploração do trabalho escravo,  infantil e juvenil?

Lírios manchados pelo tráfico de pessoas, drogas e armas que proliferam e crescem absurdamente?

Lírios manchados pela violência estrutural e sistêmica, gerando uma sociedade injusta e desigual, entre culturas, gêneros, faixas etárias e grupos étnicos?

Lírios manchados pela violência institucional por meio de suas regras, normas de funcionamento, com relações burocrática e políticas, perpetuando estruturas e comportamentos injustos?

Lírios manchados pela miséria, fome, submissões, exploração e repressões com faces diferenciadas?

Lírios manchados pela violência interpessoal para a superação de conflitos expressos em atitudes de prepotência, intimidação, discriminação, raiva, vingança e inveja?

Lírios manchados pelos danos morais, psicológicos e físicos, e por meio de ameaça, insultos, chantagens, constrangimentos, humilhação, manipulação, vigilância permanente, ridicularização, perseguição e tantas outras formas, causando danos e doenças emocionais e psíquicas, chegando à sua máxima expressão que é a morte?

Lírios manchados pela violência autoinfligida, com seus atos suicidas, automutilações, que crescem cada dia, e de modo acentuado, entre a juventude?

Lírios manchados pela violência étnico-racial, contra pessoas negras, indígenas, migrantes e refugiados?

Lírios manchados pela violência de gênero, multiplicado por atitudes de opressão e crueldade pelo fato do outro ser mulher, homem ou de outra orientação sexual?

Lírios manchados pela violência sexual, que leva alguém a presenciar, manter ou participar de relação sexual não desejada por meio da intimidação, ameaça, coação ou uso da força, como o assédio sexual, estupro, prostituição forçada, tráfico de pessoas para fins de exploração sexual?

Lírios manchados pela violência praticada por redes de exploração sexual, que agem vitimando crianças e adolescentes no mundo inteiro?

Lírios manchados pela violência simbólica, por meio de diferentes modos: arte, religião, mídia e outros sistemas simbólicos, reforçando relações assimétricas e hegemônicas, desqualificações, preconceitos?

Lírios manchados pela violência cultural, expressa por meio de valores, crenças, mitos, práticas, reproduzidos e naturalizados, com preconceitos que prejudicam e oprimem, por vezes, os diferentes?

Lírios machados pela mentira difundida, palavras impronunciáveis, pensamentos execráveis, olhares condenatórios ou de indiferença?

Lírios manchados por sentimentos cultivados, que são incompatíveis com a beleza e sacralidade da vida, e de modo especial, com os ensinamentos da Sagrada Escritura?

Lírios manchados pela violência religiosa, motivada pela intolerância e fanatismo, fundamentalismo, que não geram a comunhão e a fraternidade, a religação das pessoas entre si e com Deus?

Lírios manchados por causa da violação do Planeta Terra, nossa casa comum, por causa da depredação, ambição, consumo sem escrúpulos e destruição?

Lírios manchados por violências de tantos outros nomes:

Lírios manchados desde os primeiros momentos, a partir do pecado de nossos pais no Paraíso, em atitude autossuficiência, e rompimento da amizade divina.

Lírios manchados pelo sangue de Abel derramado, vítima da inveja de seu irmão, que ontem e hoje se repete, clamando aos céus.

Lírios manchados dos profetas e mártires de todos os tempos.

Divino Lírio manchado, Jesus, chagado, sangue derramado, na Cruz crucificado.

Divino Lírio manchado, Jesus, com Seu Sangue derramado, mundo novo reconciliado, nós amados e perdoados.

Divino Lírio manchado, Jesus, crucificado para crucificar e acabar com toda morte e violência, que atente contra a vida da humanidade.

Até quando os lírios serão manchados pelas lágrimas e sangue por causa da violência?

O que fazemos para que os lírios da paz floresçam no jardim que Deus nos colocou?

Ressoe em nosso coração o que o Senhor nos disse, e haveremos de, definitivamente, aprender: “Vós sois todos irmãos” (Mt 23,8).

Basta de lírios manchados, lírios manchados de lágrimas e sangue!
Não manchemos os lírios com nossas palavras, pensamentos, omissões e atitudes!

Fraternidade e superação da violência; cultura de vida e de paz.


Fontes de pesquisa:
Texto base da Campanha da Fraternidade 2018;
“Fraternidade e a superação da violência, um caminho de justiça e misericórdia” - Ir. Eurides Alves de Oliveira - Revista Convergência n.508 - janeiro/fevereiro 2018- ano LIII

Para reflexão da passagem do Livro de Gênesis (Gn 4,1-15.25)


quinta-feira, 13 de fevereiro de 2025

Perfeitamente unidos aos sofrimentos de Cristo

                                                    

Perfeitamente unidos aos sofrimentos de Cristo

À luz das Cartas escritas pelo Presbítero São João de Ávila (Séc. XVI), reflitamos sobre a vida de Jesus, a fim de esta seja manifestada em nossos corpos.

“’Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai das misericórdias e Deus de toda a consolação. Ele nos consola em todas as nossas aflições, para que, com a consolação que nós mesmos recebemos de Deus, possamos consolar os que se acham em toda e qualquer aflição. Pois, à medida que os sofrimentos de Cristo crescem para nós, cresce também a nossa consolação por Cristo’ (2Cor 1,3-5).

Estas palavras são do Apóstolo Paulo. Por três vezes foi batido com varas, cinco vezes açoitado, uma vez apedrejado até ser deixado como morto; foi perseguido por todo tipo de gente e atormentado por toda espécie de flagelos e sofrimentos, não uma ou duas vezes, mas, como ele mesmo diz em outro lugar: ‘Somos continuamente entregues à morte, por causa de Jesus, para que também a vida de Jesus seja manifestada em nossos corpos’ (2Cor 4,1).

Em todas essas tribulações não murmura nem se queixa de Deus, como costumam fazer os fracos; não se entristece, como aqueles que amam a glória e o prazer; não roga a Deus que o livre dos sofrimentos, como os que não o conhecem e, por isso, recusam deles compartilhar; não os julga pouca coisa, como quem não lhes dá valor; mas, pondo de lado toda ignorância e fraqueza, bendiz a Deus no meio destas aflições e agradece a quem lhas dá.

Reconhece nelas não pequena mercê e considera-se feliz por poder sofrer algo, em honra d’Aquele que tantas ignomínias suportou para libertar-nos dos vexames a que estávamos sujeitos pelo pecado. Por Seu Espírito e pela adoção de filhos de Deus, Ele nos cobriu de beleza e de honra, dando-nos também o penhor e a garantia de gozarmos com Ele e por Ele no céu.

Oh! irmãos meus, muito queridos! Abra Deus os vossos olhos para que vejais quanta recompensa existe para nós naquilo que o mundo despreza; quanta honra recebemos ao sermos desonrados por buscarmos a glória de Deus; quanta glória nos está reservada por causa da humilhação presente; como são carinhosos e amigos os braços que Deus nos abre para receber os que foram feridos nos combates por Sua causa; sem dúvida, a doçura desses braços é incomparavelmente maior do que todo o mel que os esforços deste mundo podem dar. E se algum entendimento há em nós, havemos de desejar ardentemente esses braços; pois quem não deseja Aquele que é a plenitude do amor, senão quem não sabe verdadeiramente o que é desejar?

Pois bem, se vos agradam aquelas festas e se as desejais ver e gozar, tende por certo que não há caminho mais seguro do que o sofrimento. É este o caminho por onde passaram Cristo e todos os Seus. Ele o chama caminho estreito, mas é o que conduz diretamente à vida. Ensina-nos também que, se queremos chegar onde ele está, devemos seguir o mesmo caminho que percorreu. Não convém que, tendo o Filho de Deus passado pelo caminho da ignomínia, sigam os filhos dos homens pelo caminho das honras; porque ‘o discípulo não está acima do mestre, nem o servo acima do seu Senhor’ (Mt 10,24).

Queira Deus que neste mundo a nossa alma não encontre outro descanso nem escolha outra vida, que não sejam os sofrimentos da Cruz do Senhor”.

Oportuna esta Carta para nossa meditação, sobretudo quando passarmos por momentos de dificuldades e sofrimento, dos quais ninguém está imune.

É preciso que completemos em nossa carne o que falta à Paixão de Cristo por amor à Sua Igreja, como nos falou o Apóstolo Paulo na Carta aos Colossenses – “Agora me alegro nos sofrimentos suportados por vós. O que falta às tribulações de Cristo, completo na minha carne, por Seu corpo que é a Igreja” (Cl 1,24).

Roguemos a Deus a assistência do Espírito Santo, para que continuemos trilhando nosso caminho, com total fidelidade no carregar da cruz de cada dia, com as renúncias necessárias.

Oração pura, confiante e sincera

                                                               

Oração pura, confiante e sincera

Na passagem do Evangelho (Mc 7,24-30), temos a súplica da mulher pagã que se dirige a Jesus pedindo para que Ele libertasse sua filha possuída por um espírito impuro.

Jesus, depois da súplica insistente da mulher, realizou o que ela pedira, mandando que esta voltasse para casa, pois o demônio já havia saído de sua filha: “Ela voltou para casa e encontrou sua filha deitada na cama, pois o demônio já havia saído dela” (Mc 7, 30).

A súplica desta mulher nos ensina como deve ser a verdadeira Oração: expressão de fé; feita com humildade; com sinceridade; de coração puro; perseverante e confiante.

O Bispo Santo Agostinho (séc. IV) nos ensina que se nossa Oração não for escutada por Deus,  deve-se a três razões:

- 1.º -  porque não somos bons, nos falta pureza no coração ou retidão na intenção;
- 2º -  porque pedimos mal, sem fé, sem perseverança, sem humildade;
- 3º -  porque pedimos coisas más, isto é, o que não nos convém, o que nos pode fazer mal ou desviar-nos do nosso caminho. (1)

A Oração não é eficaz quando não é verdadeira Oração, mas quando verdadeira ela será infalivelmente eficaz, como afirmou São Tomás de Aquino (séc XIII) (2).

Concluo com as palavras do Bispo São Pedro Crisólogo (séc. V), que nos ajuda neste aprofundamento:

“Há três coisas, meus irmãos, três coisas que mantém a fé, dão firmeza à devoção e perseverança à virtude. São elas a Oração, o Jejum e a Misericórdia. O que a Oração pede, o Jejum alcança e a Misericórdia recebe".

Aprendamos com a mulher pagã e com a Tradição da Igreja, para que nossa Oração seja a expressão de nossa fé, que busca um sincero diálogo com Deus.

Deste modo, nossas súplicas, feitas com humildade e confiança, e de coração puro e sincero, saberemos o que pedir, e Deus, no seu tempo, saberá como e quando nos atender.

1 - cf. Santo Agostinho, Sobre o sermão do Senhor no monte, II, 27, 73)
2 - cf. São Tomás, Suma Teológica, 2-2, q. 83, a. 2.

Aprendamos com a súplica da mulher pagã

                                                

Aprendamos com a súplica da mulher pagã

Na passagem do Evangelho proclamada na Quinta-feira da quinta semana do Tempo comum  (Mc 7, 24-30), vemos uma pagã que suplica a Jesus para que libertasse sua filha de um espírito impuro.

Há algumas coisas que ressaltam nesta ação libertadora de Jesus: Ele havia Se retirado para oração...

-    Quantas vezes queremos ficar diante de Deus e não conseguimos meditar?
-    Quantos são os apelos que nos vêm na hora em que nos   colocamos em oração?
- Quantos pedidos, telefonemas, encaminhamentos, emergências, inúmeros compromissos?

Mas Jesus nos ensina que o clamor dos sofredores deve tocar nosso coração, e não adiar a resposta solidária, expressão concreta de amor.

Cada pessoa tem que descobrir o tempo e o modo de se alimentar, para não se esvaziar na missão de cada dia.

A espiritualidade nutrida é fonte de partilha e solidariedade. A falta da oração esvazia o coração e esfria a compaixão.

A mulher pagã nos ensina coisas maravilhosas:
- Ela não foi indiferente quando ouviu falar de Jesus.
- Ela sabia que Ele não a decepcionaria.

Vai até Jesus não para pedir para si mesma, mas para a filha. Súplica que se abre a realidade do outro, que não reza tão apenas para si mesma…

Ela dirigindo-se a Jesus cai aos Seus pés, em absoluta atitude de humildade e confiança, suplicando como que as migalhas  que caem da mesa: Atitude de humilhação.

Mas nós não ganhamos migalhas de Deus.
Deus não nos criou para vivermos de migalhas.
Deus sempre nos deu o melhor Pão do mundo.
Deus nos deu o melhor do melhor, do melhor...
O Melhor: Jesus, o Pão da Vida!

Porque Ele não quer ver ninguém na miséria, sobretudo condenado à miserável condição de pecador, excluído de Sua misericórdia e da vida plena!

Esta passagem do Evangelho nos ensina que quando acorremos a Deus com sinceridade, confiança e humildade, somos atendidos.

Há muito que aprender com a atitude desta mulher que nos fala o Evangelho.

Reflitamos:

  - Dirigimo-nos a Deus com humildade, confiança e sinceridade?
  - Quais são os conteúdos de nossas súplicas?

  - Pedimos somente para nós ou, em nossas orações, o outro ocupa lugar privilegiado?

  - De que modo vivemos a atitude de agradecimento, diante de Deus, pelo Pão da Vida que nos oferece em cada Eucaristia e em todos os dias de nossas vidas?

- Como rezamos?
- Onde rezamos?

- O que rezamos?
- Para quem rezamos?

- Por que rezamos?
- Qual o valor da Celebração Eucarística em minha vida?

- Qual a consequência, em minha vida, ao me alimentar do Pão da Vida?
- Ofereço o melhor de mim mesmo, ou apenas ofereço migalhas, a quem de mim se aproxima?

Mais uma vez aprendemos com uma pagã, uma estrangeira, a nos colocarmos diante de Deus; a rezarmos de modo que nossa oração possa tocar o coração de Deus, porque fruto da humildade, confiança e sinceridade.

Seja nossa oração a expressão da confiança de que, com a força de Deus, tudo faremos melhor! E, assim, a liberdade e o amor tornar-se-ão, em tudo e em todos, realidade!

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2025

Religião pura e agradável a Deus

                                                             

Religião pura e agradável a Deus

Na quarta-feira da 5ª Semana do Tempo Comum, ouvimos a passagem do Evangelho de Marcos (Mc 7,14-23), e somos convidados a refletir sobre a verdadeira religião agradável a Deus.

Esta pressupõe o contínuo esforço de conversão para que tenhamos pureza de coração, pois como o próprio Senhor disse “somente os puros de coração verão a Deus” (Mt 5,8).

Na passagem do Livro do Deuteronômio (Dt 4,1-2.6-8), Moisés já acentuara o compromisso do Povo com a Palavra de Deus e Sua Aliança, numa sincera acolhida e vivência de Sua Lei.

A Lei Divina deve ser vivida como expressão de gratidão a Deus; ainda mais porque ela é garantia de felicidade e liberdade, para concretizar os sonhos e esperanças do Povo Eleito e amado por Deus.

Não se pode adulterar a Palavra de Deus ao sabor dos interesses pessoais, bem como, não se pode adaptar, amenizar, suprimir e nada acrescentar à Palavra de Deus.

Alguns perigos que nos acompanham:

- o esvaziamento da radicalidade da Palavra;
- cortar (omitir) seus aspectos mais questionadores;
- fazermos ou dizermos coisas que não procedem de Deus;
- de cair num ativismo em que sacrificamos o tempo do silêncio orante diante de Deus, na acolhida de Sua Palavra;
- esvaziamento de seu conteúdo por causa do cansaço, da perda do sentido e consequente falta de espiritualidade e intimidade com a Palavra de Deus.

Encontramos na Carta de São Tiago uma passagem  (Tg 1,17-18.21-22.27), que fortalece esta inseparável relação entre fé e obras. 

A fidelidade aos ensinamentos de Cristo nos compromete com o próximo (representado na figura do órfão e da viúva). E nisto consiste a verdadeira religião, pura e sem mancha: solidariedade vivida e vigilância, para não se contaminar com os contravalores que o mundo apresenta.

É necessária a superação da frieza, do legalismo e do ritualismo religioso, procurando viver uma Religião comprometida com o Reino por Jesus inaugurado.

O autor da Carta nos exorta a não sermos meros ouvintes da Palavra, mas praticantes da mesma, não nos enganando a nós mesmos.

A Palavra de Deus quer encontrar no coração humano a frutuosa acolhida, portanto, há um itinerário da Palavra: acolher, acreditar, anunciar e testemunhar a Palavra de Deus, que nos garante vida e felicidade plena.

Voltando à passagem do Evangelho que nos convida à pureza de coração, vemos que discípulo de Jesus não pode tão apenas “parecer” é preciso “ser” sinal vivo da presença de Deus. 

Não basta parecer justo, tem que ser justo; não basta parecer piedoso, tem que ser piedoso; não basta parecer verdadeiro, tem que ser verdadeiro...

Mais que uma “carapaça exterior” é preciso de uma “coluna vertebral interior”. 

A verdadeira religião não vive de aparências, e exige de cada crente uma sólida e forte estrutura para suportar o peso da cruz, a coragem do testemunho, a coerência de vida, o esforço contínuo de conversão, a solidariedade constante, caminho que não tem volta e tem apenas um destino: o céu.

Os mestres da Lei e os fariseus tinham aproximadamente 613 preceitos a cumprir (365 proibições e 248 prescrições). O povo simples, por não os conhecer, nem os praticar, era considerado impuro, e este será um tema de grande polêmica entre Jesus e os fariseus em vários momentos.

Para Jesus importa a pureza interior, a pureza do coração que é a sede de todos os sentimentos, desejos, pensamentos, projetos e decisões.

Jesus afirma: o que torna o homem impuro é o que sai de seu coração (apresenta uma longa lista) e não o que entra pela sua boca.

É do coração humano puro que nasce uma autêntica religião, a religião do coração, da intimidade profunda com Deus.

As Leis da Igreja não têm fins em si mesmas, mas garantem a nossa comunhão com Deus e com o próximo, na concretização do Reino.

Dando os primeiros passos do ano Litúrgico, cultivemos maior intimidade e compromisso com a Palavra de Deus para que produzamos os frutos por Deus esperados.

É preciso dar mais tempo à Palavra de Deus, em frutuosa Oração e reflexão, que fará brotar novas atitudes e compromissos com Deus e o Seu Projeto para a Humanidade.


PS: Fonte de pesquisa - ww.Dehonianos.org/portal

Fortalecei-nos, Senhor, na graça da missão

                                                     

Fortalecei-nos, Senhor, na graça da missão

 

“Meu filho, sê vigilante em todas as tuas obras e mostra-te prudente em tua conversação. Não faças a ninguém o que para ti não desejas.

 

Dá de teu pão a quem tem fome, e de tuas vestes aos que estão despidos. Dá de esmola todo o teu supérfluo.

 

Bendize o Senhor em todo o tempo, e pede-lhe para que sejam retos os teus caminhos e tenham êxito todos os teus passos e todos os teus projetos”. (1)

 

Pela graça do Batismo, nos tornamos discípulos missionários do Senhor Jesus, incorporados à Igreja, membros do Povo de Deus e partícipes da divina missão, como sacerdotes, profetas e reis.

 

Segundo a condição própria de cada um neste corpo, somos homens e mulheres da Igreja no coração do mundo e homens e mulheres do mundo no coração da Igreja, conduzidos, iluminados e alimentados pela Palavra que que é Pão, a Palavra Sagrada.

 

Fundamentais são os divinos Mandamentos, sobretudo os Mandamentos do Amor a Deus e ao próximo, inseparavelmente, a fim de que vivamos com fidelidade incondicional a Eterna Aliança de Amor conosco selada pelo Sangue do Redentor derramado, que recebemos em cada Eucaristia celebrada, e vivenciada em pensamentos, palavras e gestos concretos de amor e solidariedade.

 

Consagremo-nos a Deus de coração puro todo o nosso viver em honra da Ressurreição do Senhor Jesus Cristo, em plena comunhão com o Espírito, todos os dias de nossa vida, de modo que O santifiquemos com nossos trabalhos e testemunho.

 

Que a cada amanhecer, sejamos um sinal do Amor Divino,  para nossa alegria e salvação, reconhecendo a presença da Trindade Santa que age no silêncio em nosso favor, e encontrando de modo especial nos pobres e mais vulneráveis. 

 

Empenhemo-nos para que jamais sejamos sinais de discórdia, mas vivamos em paz com todos e a ninguém paguemos o mal com o mal. 

 

Oremos:

 

Deus de Misericórdia e bondade, que nos gerastes filhos da luz, ajudai-nos a viver como seguidores da justiça e praticantes da verdade, para sermos Vossas testemunhas em todos os lugares e realidades, ainda que desafiadoras para nossa fé, tornando credível nossa esperança, na expressão genuína da caridade que inflama cotidianamente nosso coração. Por N.S.J. C. Amém.

 

Fonte inspiradora: Livro de Tobias - Tb 4,14b-15a.16ab.19a - 

terça-feira, 11 de fevereiro de 2025

Nossa Senhora de Lourdes

                                                     


Nossa Senhora de Lourdes

Nossa Senhora de Lourdes, e de tantas denominações, a ti volto meu olhar e coração com toda a humildade e confiança, e contemplo tua imagem, tão rica e expressiva de significados que aquecem e elevam nossa alma.

Contemplo a alvura de tua túnica; a cor branca que, desde o Antigo Testamento, é símbolo da pureza, santidade e inocência.

Contemplo esta brancura, símbolo da paz que tanto precisamos, acompanhada da pureza de coração e da santidade que todos devemos procurar, pois criados e predestinados à santidade por Deus, Altíssimo a quem amaste e serviste.

Contemplo teu cinto azul amarrado à túnica branca, ligado a ela: azul que nos remete ao céu onde estás, na vida eterna, na plena e íntima comunhão com Deus, acenando para nós o nosso destino.

Contemplo tuas mãos postas em oração, que representa o pedido insistente da Mãe do Céu, para que rezemos pela nossa salvação e a de toda a humanidade, e empenhemos esforços para que isto aconteça.

Contemplo o terço pendurado em teu braço direito, em complemento às tuas mãos postas para a oração, que pediste que também façamos: rezar o Santo Rosário, para que sejam evitadas grandes catástrofes, e para que muitas almas não se percam.

Contemplo o teu véu branco, que significa que pureza, santidade e paz, que devem estar também sobre nossa cabeça e em nossa mente; de modo que nossas forças intelectuais devem também ser puras, promovendo a paz, e sempre alimentadas com a Palavra que sai da boca de Deus.

Contemplo as duas rosas sobre teus pés, que representam a promessa messiânica,  a promessa que Deus fez de enviar um Salvador ao mundo.

Contemplo as rosas postas sobre os teus pés, significando, também, os teus passos de Mãe que nos levam para o Salvador, teu Filho Jesus.

Contemplo o fato de que nunca apontaste para ti mesma, pois não precisas de glórias, por isto apontas sempre para Jesus, o único que pode nos salvar.

Contemplo os doze raios saindo de tua cabeça, que representam as graças que a humanidade recebe a partir da Doutrina da Igreja, alicerçada sobre os doze Apóstolos.

Contemplo com isto, que tua aparição se dá em nome da Igreja de Cristo, e com ela, uma mensagem essencial e vital para toda a humanidade.

Contemplo as palavras sobre tua cabeça: 'Je suis L'immaculée Concepcion' ('Eu sou a Imaculada Conceição').

Contemplo que foste concebida sem o pecado original, porque inteiramente para Deus, virgem e pura, como deveria ser a Mãe do Salvador, pura e sem mancha, desde o momento em que foste concebida no ventre materno.

Nossa Senhora de Lourdes, nós te contemplamos, e a ti recorremos em oração:

“Ó Virgem Puríssima, Nossa Senhora de Lourdes, que vos dignastes aparecer a Bernadette, no lugar solitário de uma gruta, para nos lembrar que é no sossego e recolhimento que Deus nos fala, e nós falamos com Ele. 

Ajudai-nos a encontrar o sossego e a paz da alma, que nos ajudam a conservar-nos sempre unidos em Deus. Nossa Senhora da gruta, dai-me a graça que vos peço e tanto preciso, (pedir a graça). Nossa Senhora de Lourdes, rogai por nós. Amém.”


PS: Nossa Senhora de Lourdes, cuja memória celebramos no dia 11 de fevereiro, é uma das invocações marianas atribuídas à Virgem Maria e que surgiu com base nos relatos das aparições que foram presenciadas por Santa Bernadette Soubirous, numa gruta de Lourdes, na França em 1858.

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