sexta-feira, 7 de fevereiro de 2025

O Senhor é nosso único caminho

O Senhor é nosso único caminho

“Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida (Jo 14,6)

Em nossas atividades pastorais, é preciso lançar as redes em águas mais profundas (Lc 5,1-11), pois a evangelização prima pela superação da superficialidade e ativismo inconsequente; provoca-nos para respostas comunitárias, sem ações individualizadas, mas inseridas na Pastoral de Conjunto.

Precisamos buscar respostas evangélicas para os grandes desafios que enfrentamos na realidade urbana e pós-moderna:

- A realidade urbana: desafios e respostas;
- A evangelização da família;
- O resgate da pessoa humana no exercício de sua cidadania;
- O aprimoramento das atitudes de acolhida e fortalecimento dos vínculos de comunhão fraterna;
- O desafio da evangelização da juventude;
- Um projeto missionário que expresse a dimensão missionária de toda a Igreja;
- Presença evangelizadora nas escolas, universidades;
- Meios de comunicação social e a Evangelização;
- Fortalecimento das Pastorais Sociais;
- Formação bíblica e espiritualidade do Agente de Pastoral;
- Maior cuidado com os momentos litúrgicos, para que sejam momentos fortes de Oração e de espiritualidade.

Urge vocações leigas, alimentadas pela Palavra e Eucaristia, juntamente com padres, bispos, religiosos e religiosas, presentes nas diversas estruturas, organismos e pastorais, para que no espírito da comunhão e participação, e na evangélica opção preferencial pelos pobres, participemos da construção de uma sociedade justa, fraterna e mais solidária, a caminho do Reino definitivo.

Conduzidos pelas Diretrizes da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (2019-2023), não nos esqueçamos de que o Protagonista da evangelização é o Espírito Santo, de modo que a diversidade de carismas, dons e ministérios devem ser compartilhados, garantindo êxito na evangelização.

É tempo favorável para a evangelização, comunicando a luz do Ressuscitado em todos os momentos e em todos os âmbitos, e continuemos fiéis no Caminho que é o próprio Jesus, a Verdade que nos liberta e nos comunica vida plena e definitiva.

A manifestação do Espírito

                                                    

A manifestação do Espírito

Sejamos enriquecidos por uma das Homilias de um autor espiritual do quarto século, que nos fala da ação do Espírito Santo, para que sejamos plenificados com toda a plenitude de Cristo.

“Todos os que são considerados dignos de se tornarem filhos de Deus e renascerem do alto no Espírito Santo, trazendo em si a Cristo – que os ilumina e os regenera – são guiados de diversos modos pelo Espírito e conduzidos invisivelmente pela graça, tendo no coração a paz espiritual.

Às vezes, desfazem-se em lágrimas e gemidos pela humanidade, pelo gênero humano elevam preces e choram, ardendo de afeto por todos os homens.

Outras vezes, de tal maneira se inflamam pelo Espírito, com tamanho entusiasmo e amor, que, se possível fosse, acolheriam em seu coração todos os homens, sem distinção entre bons e maus.

Entretanto, outros, pela humildade dos seus espíritos, colocam-se abaixo de todos, julgando-se os mais abjetos e desprezíveis.

Por vezes, são guardados pelo Espírito numa alegria inefável.

Ora, eles são como um valente, que, revestido com toda a armadura do rei, desce para o combate e luta contra os fortes inimigos e os vence. Assim o homem espiritual, munido com as celestes armas do Espírito, ataca os adversários e, no fim da peleja, calca-os aos pés.

Ora, em absoluto silêncio, repousa a alma em paz e sossego, entregue unicamente ao gozo espiritual e a uma paz indizível, no perfeito contentamento.

Por vezes, por certa compreensão e sabedoria inefável e conhecimento secreto do Espírito, é instruído pela graça sobre coisas que a língua não consegue dizer.

De outras vezes, é como qualquer outra pessoa.

E assim a graça habita e age de várias maneiras na alma, renovando-a conforme a vontade divina, provando-a de modos diferentes para torná-la íntegra, irrepreensível e pura diante do Pai do céu.

Oremos, então, também nós a Deus, oremos no amor e imensa esperança de que ele nos concederá a celeste graça do dom do Espírito. A nós também o próprio Espírito nos governe e leve a realizar toda a vontade divina e nos restaure com a riqueza de Sua paz a fim de que, conduzindo-nos e fazendo-nos viver sempre mais em Sua graça e progresso espiritual, nos tornemos dignos de alcançar a perfeita plenitude de Cristo, segundo disse o Apóstolo: Para que sejais plenificados com toda a plenitude de Cristo”.

Vivendo a graça do discipulado, experimentamos constantemente a ação e presença do Espírito, como nos descreve o autor:

"E assim a graça habita e age de várias maneiras na alma, renovando-a conforme a vontade divina, provando-a de modos diferentes para torná-la íntegra, irrepreensível e pura diante do Pai do céu.".

Supliquemos a vinda e presença do Santo Espírito em socorro de nossa fraqueza, a fim de que na fidelidade ao Senhor e à Boa-Nova que Ele nos comunicou, como Igreja, participaremos da construção do Reino de Deus, pregrinando na esperança de um novo céu e uma nova terra (2 Pd 3,13).

"Vinde Espírito Santo! Enchei os coraçoes dos Vossos fiéis..."

“Faça bem e com amor o que lhe é próprio”

 


                      “Faça bem e com amor o que lhe é próprio”
 
Na ação evangelizadora é fundamental que retomemos as avaliações do ano que passou, com seus objetivos e estratégias, e ver o quanto nos falta fazer para que o Senhor cresça e seja conhecido e amado por todos.
 
Para o êxito da ação evangelizadora é fundamental a presença do Ressuscitado em nosso meio,  com Seu Espírito que repousa sobre nós e nos alcança a graça da paz necessária -  shalon, ou seja, a plenitude dos bens e graças divinas que nos enriquecem em todos os momentos e em todas as nossas  atividades dentro e fora dos espaços da Igreja.
 
Esteja sempre presente em nossos trabalhos o Princípio da Subsidiariedade, que tem seus momentos nascentes na Encíclica “Quadragesimo Anno” (1931), quando o Papa Pio XI chamava o mundo para a necessária busca de caminhos para uma verdadeira ordem internacional.
 
Este Princípio consiste, essencialmente,  em “cada um fazer bem e com amor o que lhe é próprio”, e deve nortear a ação da Igreja, pois se verdadeiramente vivido, a alegria, o amor, a gratidão, gratuidade, ardor, vigor, desprendimento, coragem, empenho, discernimento, sabedoria se farão presentes no coração de cada agente e firmaremos passos na edificação de uma Igreja autenticamente sinodal, caminhando sempre juntos.
 
Não haverá divisões nem cansaços inúteis na procura dos primeiros lugares, pois faremos do poder expressão de amor e serviço, a exemplo de Jesus que veio servir e não para ser servido, num permanente lava-pés com ressonâncias eucarísticas.
 
Que Jesus cresça, as pastorais se revigorem. Que avancemos para águas mais profundas (Lc 5,1-11) e não nos percamos com questões pequenas, insignificantes que nos desviam do essencial: “Ai de mim se eu não evangelizar“ (1Cor 9,16), pois “É necessário que Ele cresça” (Jo 3,30). 
 
A paz será notável em nossos corações e dentro das pastorais, ultrapassando  nossos espaços, estruturas, porque seremos como as primeiras comunidades, notabilizadas pela perseverança e fidelidade à Doutrina dos Apóstolos, à Comunhão Fraterna, à Fração do Pão e à Oração (At 2,42-47).
 
Crescerá a Igreja, assim como o nosso Batismo ganhará nova expressão, será fortalecida a Evangelização, que se renovará em expressões e métodos, e a Paz tão sonhada não será uma ilusão, mas um projeto, uma construção em mutirão, em que mãos e corações que amam se comprometem com a vida, da concepção ao declínio natural. Amém.

Em poucas palavras...

 


Jesus,  o homem perfeito

“Em toda a sua vida, Jesus mostra-Se como nosso modelo (Rm 15,5; Fl 2,5): é «o homem perfeito» (Gaudium et spes n.38), que nos convida a tornarmo-nos seus discípulos e a segui-Lo; com a sua humilhação, deu-nos um exemplo a imitar (Jo 13,15); com a sua oração, convida-nos à oração (Lc 11,1); com a sua pobreza, incita-nos a aceitar livremente o despojamento e as perseguições (Mt 5,11-12).” (1)

  

(1)        Catecismo da Igreja Católica – parágrafo n.520 

A caridade presente na ação evangelizadora

 


A caridade presente na ação evangelizadora
 
“Como são belos sobre os montes,
os pés do mensageiro que anuncia a paz” (Is 52,7)
 
A elaboração de Planejamento Pastoral  Paroquial é exigente e complexa, e se torna, cada vez mais,  um instrumento indispensável para que lancemos as redes em águas mais profundas (cf. Lc 5,1-11),  num trabalho de comunhão e participação,  na perspectiva da Pastoral de Conjunto.
 
Ressalta-se que a evangelização não é um ato individualista, mas em estreita vinculação com a caminhada e orientação do Magistério da Igreja com seus organismos, assessorias e serviços, na busca de ousadas e corajosas respostas evangélicas para os grandes desafios que enfrentamos na realidade urbana e pós-moderna.
 
Com a presença e ação do Espírito Santo, urge revigorar nosso peregrinar de esperança, vivendo a graça do Ano Jubilar, que nos desafia a atitudes de reconciliação, perdão, e revigoramento de nossa caminhada de fé.
 
Indispensável a vivência da caridade, como o princípio vital na caminhada da comunidade missionária eclesial, aonde todos os carismas, dons e ministérios sejam valorizados e colocados à serviço, e nos colocamos no caminho da perfeição:
 
“... já que o Cristo nos deu a escada da caridade pela qual todo cristão pode subir ao céu, conservai fielmente a caridade verdadeira, exercitai-a uns pra com os outros e, subindo por ela, progredi sempre mais no caminho da perfeição” (São Fulgêncio d. Ruspe, bispo séc. IV).
 
Em todo tempo, devemos juntos participar da construção da casa da paz, promover a vida e cuidar de nossa Casa Comum, fundados nos pilares da verdade, justiça, amor e liberdade (Papa São João XIII).
 
Firmemos nossos passos, como mensageiros da Boa Nova de Jesus Cristo, na prática da caridade, que o amor que nos impele (cf. 2 Cor 5,14), tornando nossas comunidades mais fraternas, solidárias e comprometidas com a Boa Nova do Reino de Deus (cf. At 2,42-47).

Correspondamos ao Amor de Deus!

                                                      

Correspondamos ao Amor de Deus!

Exigências no seguimento de Jesus...

Na Missa da quarta Sexta-feira do Tempo comum (ano ímpar) é proclamada a passagem de Hebreus (Hb 13, 1-8), e do Evangelho de Marcos (Mc 6,14-29), em que nos é apresentado o martírio de João Batista em tramas de um banquete de morte, que se opõe absolutamente ao Banquete de Jesus, o Banquete da Vida.

Cremos que “Jesus é o mesmo, ontem, hoje e por toda a eternidade” (Hb 13,8), e nos acompanha vivo e Ressuscitado, enquanto aguardamos Sua vinda gloriosa!

Na fidelidade ao Senhor, partícipes do Seu Banquete, ao contrário do banquete de Herodes, urge que perseveremos no amor fraterno, pois este tem primazia sobre tudo, porque é a essência do cristianismo.

Há um caminho a percorrer, e não há porque recuar e esforços por fazer para viver o acolhimento mútuo na comunidade e além de suas fronteiras, sendo mais acolhedores, fraternos. 

A solidariedade sempre seja expressa na ajuda mútua, de modo que exercida para com o outro é feita ao próprio Deus (Mt 25 e o julgamento final) com quem quis se identificar e fazer presença;

A santidade matrimonial também é uma exortação do autor da Epístola. Fidelidade, família como santuário da vida, espaço do aprendizado dos princípios e valores da fé... Escola de inesquecíveis e imprescindíveis aprendizados; eliminação de toda forma de imoralidade e adultério...

A vida simples, sem avareza, materialismos, consumismos – “Que o amor ao dinheiro não inspire a vossa conduta. Contentai-vos com o que tendes”.

A confiança no amor e presença divina. É próprio do amor de Deus jamais nos abandonar – “Eu nunca te deixarei, jamais te abandonarei”, de modo que podemos dizer – “O Senhor é meu auxílio, jamais temerei; que poderá fazer-me o homem?”, ou como o Salmista dizer “O Senhor é minha luz e salvação, a quem temerei?”;

Imitar aqueles que nos antecederam na fé no que eles deixaram de bom, seguindo as pegadas de pessoas que deixaram santos rastros luminosos. Quantas pessoas temos na memória e no coração, já não mais ao nosso lado, mas no mais profundo de nós, na comunhão dos santos, em saudosa e fecunda lembrança...

A coragem, a confiança, a coerência de João Batista são outras qualidades invejáveis que devem nos iluminar na fidelidade a Jesus. João não se curvou aos interesses de Herodes e sua corte. Prevaleceu a fidelidade aos preceitos divinos, a fidelidade à Aliança... Foi decapitado, mas sem trair a Lei Divina.

João Batista é sempre um exemplo admirável e encorajador, para que também firmemos nossos passos na missão de discípulos missionários do Senhor, sobretudo retomando nossas atividades pastorais e os compromissos com a Boa-Nova do Reino.

Renovemos também nossa fidelidade e correspondência ao amor de Deus, assumindo com coragem as exigências da missão. 

Sacerdotes, profetas e reis

                                                            

Sacerdotes, profetas e reis

Senhor, longo é o caminho e, por vezes, desafiadora é a missão que recebemos no dia de nosso Batismo. Por isto, como discípulos missionários Vossos, pedimos que nos conceda graça, sabedoria, luz e fortaleza para participarmos de Vossa missão e do tríplice múnus: sacerdotal, profético e real.

Como sacerdotes, participemos do Vosso sacerdócio, numa contínua e incansável busca da santificação pessoal e comunitária, iluminados e fortalecidos pela oração, intercessão e ajuda mútua no carregar de nossa cruz, para maior fidelidade a Vós e ao Vosso Projeto de Vida plena e feliz para todos.

Como profetas, participemos do Vosso múnus profético,  anunciando e testemunhando a Vossa Palavra, que é viva e eficaz, e não nos permite calar diante do que seja pecado, e também saibamos anunciar e testemunhar a Boa-Nova do Reino, sendo sinal de esperança de um novo céu e uma nova terra.

Como servidores, participemos do Vosso múnus régio, colocando nossa vida, dons, carismas a serviço de nossos irmãos e irmãs, sobretudo os que mais precisam de nossas obras de misericórdia corporais e espirituais, na plena certeza de que o bem que ao próximo fazemos é a vós que fazemos, porque neles e com eles Vos identificastes.

Vivendo nosso Batismo, como sacerdotes, profetas e reis, renovamos, Senhor, nosso compromisso com a verdade e os valores morais que garantem a dignidade e sacralidade da vida, desde sua concepção ao seu declínio natural, ainda que atraiamos a ira, incompreensão ou perseguição de quem seja  contrário aos Vossos divinos ensinamentos. Amém.



PS: Inspirado no Evangelho de São Marcos Mc 1;40-45; 6,14-29; Lc 4,21-30)

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG