terça-feira, 4 de fevereiro de 2025

A chama do Divino Amor

                                                            

A chama do Divino Amor

Na terça-feira da quarta Semana do Tempo Comum (ano ímpar), ouvimos a passagem da Epístola aos Hebreus (Hb 12,1-4), e temos a possibilidade de refletir sobre a radicalidade da missão, como discípulos missionários do Senhor, na vivência da vocação profética que Ele nos confiou.

Assim também foram os Profetas, e um dos exemplos é o Profeta Jeremias (Jr 38,4-6;8-10), com a missão de testemunhar a ação de Deus e a necessária fidelidade a Ele, à luz da verdade e com coerência, pois Ele tem um Projeto de vida para humanidade.

Esta missão, no entanto, atraiu dos chefes do povo o ódio e a desconfiança. No entanto, confiando em Deus, não se omite em sua missão, ainda que pague com o preço da própria vida (abandono, solidão, tradição, desolação...).

A atividade profética de Jeremias se deu numa época muito complicada em termos históricos (a partir de 627 a.C.) até bem depois da queda de Jerusalém em 586 a.C.).

A sua vida foi constantemente arriscada por causa da Palavra de Deus e de sua missão profética, por isso é modelo do Profeta que  dá sua própria vida para que a Palavra de Deus ecoe no mundo e na vida da humanidade.

O Profeta, como Jeremias, sabe que Deus está sempre ao lado dos que anunciam e testemunham fielmente a Sua Palavra, de modo que suportam perseguição e marginalização pelo mundo e pelos poderosos. Assim é a história de Jeremias: incompreendido, humilhado, esmagado, abandonado (não por Deus, que é sempre presença amiga e reconfortante).

De fato, o caminho percorrido pelo Profeta: “não é um percurso fácil, nem carreira recheada de êxitos humanos, nem um caminho atapetado pelo entusiasmo e pelas palmas das multidões; mas é um caminho de cruz, de sofrimento, de incompreensão, com o poder daqueles que pretendem construir o mundo sobre valores de egoísmo, de prepotência, de orgulho, de morte” (1)

Reflitamos:

- O que tenho a aprender com o Profeta Jeremias?
- Como vivo a vocação profética?
- Sinto a presença de Deus em todos os momentos da minha vida?

Assim também aconteceu com os primeiros cristãos como vemos na mencionada Epístola. Daqui decorre a necessidade de uma mensagem dirigida a uma comunidade cansada, acomodada, desanimada diante das dificuldades e do aparente fracasso da missão.

A comunidade vivia num contexto de hostilidade e o autor exortou para que os cristãos corram, incansável e determinantemente, para a meta, que é o próprio Cristo, e assim alcançará a vitória, a Salvação.

Para tanto, os cristãos precisam despojar-se do fardo do pecado (egoísmo, comodismo, autossuficiência), tendo Jesus Cristo como modelo fundamental, pois Ele enfrentou a Cruz e sentou-Se à direita do trono de Deus:

“O caminho do cristão não é um passeio fácil e descomprometido, mas um caminho duro e difícil que não se compadece com ‘meias tintas’ nem com compromissos mornos e a ‘meio gás’. Exige coragem para vencer os obstáculos, capacidade de luta para enfrentar a oposição, compromissos profundos e radicais.” (2)

Reflitamos:
- Como está a vida de fé de nossa comunidade?
- Quais os obstáculos que encontramos no caminho, na vivência de nossa fé?
- Como testemunho com radicalidade o amor de Deus?

Que o nosso coração seja inflamado pelo fogo purificador do amor do Senhor, tão somente assim, seremos verdadeiros discípulos Seus, e viveremos, com ardor e coragem, a vocação profética que Ele nos confia.

Acendei, Senhor, em nós a chama do Vosso divino amor!


(1) (2) cf. www.dehonianos.org.br

O desafio da evangelização na cidade

                                                         

O desafio da evangelização na cidade

 “Ai de mim se eu não anunciar o Evangelho
(1 Cor 9,16)

Como anunciar a Palavra de Deus numa cidade marcada por desafios, contrastes, situações que nos inquietam (fome, desemprego, violência, droga...)?

Sejamos iluminados pela passagem da Carta do Apóstolo Paulo na aos Coríntios (1 Cor 9,16-19.22-23).

Contemplamos a ação evangelizadora de Paulo, feita na liberdade, fidelidade, gratuidade e obediência incondicional.

Quando alguém, como Paulo, encontra Cristo e se torna Seu discípulo não pode ficar parado, tem que dar testemunho, incansavelmente. Por amor a Deus e aos irmãos, estar sempre pronto a tudo sacrificar, e até mesmo se sacrificar.

Paulo por excelência é aquele que a Cristo encontrou, por Ele se apaixonou e daí o imperativo da evangelização que sai de sua boca, porque antes se encontra impresso na alma, nas entranhas de seu coração – “ai de mim se eu não evangelizar” (1 Cor 9,16).

Quando o Amor de Deus é absoluto em nossa vida, o tempo é uma figura que passa, as coisas têm o seu exato sentido e tamanho.

Em nossas comunidades eclesiais, na vida da Igreja, muitos problemas deixariam de existir ou tornar-se-iam menores, se nossa paixão por Jesus fosse maior.

O amor é o bem maior, pelo qual se renuncia aos bens menores, por causas maiores que nos desafiam: uma delas é ser sinal do Reino na sombria cidade, com seus clamores que sobem aos céus, com rostos e nomes, ou mesmo num triste anonimato.

Reflitamos:

Não nos falta uma verdadeira paixão por Jesus?
- Não nos falta uma paixão mais sincera, mais inflamada, mais comprometida pela causa do Reino? 

- Como proclamamos a Boa-Nova de Jesus na cidade?
- Quais são os clamores da cidade que sobem aos céus, e que não podemos deixar de ouvir e procurar respostas para superá-los?

- O que o Apóstolo tem a nos ensinar nesta missão?

Aprendamos com o Apóstolo a fazer da vida um dom a Cristo, ao Reino, aos irmãos, para que nossos projetos pessoais sejam subordinados aos Projetos divinos.

Somente quando a nossa vontade corresponde à vontade de Deus, e não impomos a Ele a nossa vontade, poderemos rezar com autenticidade a Oração do Pai Nosso que o Senhor nos ensinou.

Evangelização e acolhida do sopro do Espírito

             
Evangelização e acolhida do sopro do Espírito

“Ai de mim se seu não evangelizar” (1 Cor 9,16).

A Evangelização na cidade tem inúmeros e grandes desafios, de modo que, tão somente abertos à acolhida do sopro do Espírito, se é capaz de dar respostas sólidas, enfrentando-os na planície do cotidiano, atentos à voz do Filho Amado que precisa ser escutado.

Abertos a este sopro, a Igreja precisa multiplicar ações diante da violação da dignidade da pessoa humana e na profética defesa da vida, desde a concepção até o seu declínio natural.

Seremos assim uma Igreja mais viva, participativa, dinâmica, renovada e com fortalecimento dos ministérios e o surgimento de novos, edificando uma Igreja verdadeiramente sinodal.

Permanece forte o apelo da Conferência de Aparecida (2007), para a conversão das estruturas paroquiais e serviços, bem como de todos que se encontram inseridos e comprometidos com a evangelização.

Abertos ao Sopro do Espírito, é mais do que emergente a multiplicação do trabalho e iniciativas diversas para a santificação e solidificação da família, que passa por sérios momentos de desestruturação por diversos motivos (inúmeros são os ventos e tempestades enfrentados pela mesma).

O Espírito Santo também conduz no fortalecimento da dimensão missionária da Igreja – urge ir ao encontro dos católicos afastados, mas sem se esquecer de enraizar e solidificar os que nela já estão participando, fortalecendo laços sinceros de amizade, comunhão e solidariedade, superando toda e qualquer forma de anonimato numa bela e alegre atitude de acolhida mútua, que vai muito além de um seja bem-vindo!

Este Sopro nos pede mais ousadia nos meios de comunicação social, para que possamos comunicar a todos a Boa-Nova do Evangelho em novos areópagos, chegando às escolas, às universidades, ao mundo do trabalho, às instâncias de decisões que afetam substancialmente a vida do Povo de Deus. A Comunicação não pode ficar restrita ao espaço de nossas salas e Igrejas.

O sopro do Espírito também nos inquieta e nos desinstala para que nos empenhemos na transformação da sociedade, com a superação da apatia e indiferença diante da política, não perdendo a esperança, não permitindo apagar a chama profética que todo batizado recebe no dia de seu Batismo, para ser sal da terra e luz do mundo.

Deste modo, não ficaremos indiferentes diante da necessária inclusão social em todas as suas formas e dimensões, como expressão da evangélica opção preferencial pelos pobres, que jamais pode ser esquecida pela Igreja, na fidelidade à prática de Jesus Cristo na realização do Reino de Deus.

E, assim, sempre atentos a estes sopros, edificaremos uma Igreja do anúncio, testemunho, serviço e diálogo, fortalecendo os pilares da Palavra, da Eucaristia, da Caridade e da Ação Missionária.

Com a abertura e acolhida do sopro do Espírito, cresçamos na  fidelidade à Palavra do Senhor, com aquela inquietante preocupação do Apóstolo Paulo, que deve ser de todos nós: “Ai de mim se seu não evangelizar” (1 Cor 9,16).

Em poucas palavras...

                                                        


A Fraternidade Humana

“A Fraternidade leva-nos a abrirmo-nos ao Pai de todos e a ver no outro um irmão, uma irmã, com quem partilhar a vida ou apoiar-se mutuamente para amar, para conhecer” (1)

 

 

(1)Papa Francisco – motivação para a Celebração do 1º Dia Internacional da Fraternidade Humana – 4 de fevereiro de 2021

“Encontramos o Messias” - O Cristo

                                                      

“Encontramos o Messias” - O Cristo
 
“Encontramos o Messias” (Jo 1,41), Aquele que veio para:
 
- Salvar toda a humanidade, todos os povos;
 
- Vencer o poder do mal e libertar-nos dos espíritos impuros, de modo que nada pode opor-se à Sua Palavra e ação;
 
- Revelar a todos nós a importância e beleza da vida, com sua sacralidade;
 
- Devolver a alegria da missão e anunciar ao mundo as maravilhas que Deus realiza
 
- Revelar o rosto misericordioso do Pai - “Sede misericordiosos como o Pai” (cf. Lc 6,36);
 
- Ensinar a viver a compaixão, no temor, piedade, e solidariedade para com o outro.
 
- Curar nossas enfermidades, físicas e espirituais, como o fez curando a mulher com hemorragia;
 
- Comunicar e nos envolver com o Seu amor, que acolhe, perdoa e dá nova vida;
 
- Alcançar para nós, por Sua Morte e Ressurreição, a nossa Ressurreição;
 
- Morrer, ressuscitar e enviar do Pai o Espírito, para nos acompanhar na missão, e não tem Ele, o Senhor, outro plano – quer contar conosco, com nossos limites...
 
Tendo encontrado o Messias, renovemos a cada dia a graça deste encontro na Celebração da Eucaristia, crendo em Sua real presença, piamente; celebrando piedosamente e vivendo intensamente.
 
Ressoem as palavras de Santo Anselmo (séc. XII):
 
“Ensinai-me a Vos procurar e mostrai-Vos quando Vos procuro; não posso procurar-Vos se não me ensinais nem encontrar-Vos se não Vos mostraisQue desejando eu Vos procure, procurando Vos deseje, amando Vos encontre,  e encontrando Vos ame”.
 
Fontes inspiradoras:
- Liturgia da segunda-feira da quarta semana do tempo comum (ano par): 2 Sm 15,13-14.30; 16,5-13a; Sl 3; Mc 5,1-20.
- Liturgia da terça-feira da quarta semana do tempo comum (ano par): 2 Sm 18,9-10.14b.24-25a.30-19,3; Sl 85; Mc 5,21-43.

A liberdade cristã na evangelização


A liberdade cristã na evangelização

À luz da passagem da Carta de Paulo aos Coríntios (1Cor 9,16-19.22-23) contemplemos a ação evangelizadora de Paulo, feita na liberdade, fidelidade, gratuidade e obediência incondicional:

“Ele sabe que a salvação é gratuita e que sua tarefa é anunciá-la gratuitamente. A opção de se fazer livremente servo de todos comporta uma metodologia pastoral constante: viver a adaptação aos destinatários, a partilha, a condescendência para com eles, como prolongamento da Encarnação de Jesus Cristo” (1).

Quando alguém como Paulo encontra Cristo e se torna Seu discípulo não pode ficar parado, mas tem que dar testemunho, incansavelmente. Por amor a Deus e aos irmãos está sempre pronto a tudo sacrificar e até mesmo se sacrificar.

Paulo por excelência é aquele que a Cristo encontrou, por Ele se apaixonou, e daí o imperativo da evangelização que sai de sua boca, porque antes se encontra impresso na alma, nas entranhas de seu coração, com a consciência de que a origem do seu ministério não é fruto de uma decisão humana – “Ai de mim se eu não evangelizar” (1Cor 9,16).

O Apóstolo é convicto de que a pregação do Evangelho é uma necessidade da qual não tem como se omitir, renunciar, porque é condição para a sua salvação e participação nas promessas de eternidade contidas no Evangelho do Senhor, que anuncia e testemunha com a própria vida.

Quando o Amor de Deus é absoluto em nossa vida, o tempo é uma figura que passa, as coisas têm o seu exato sentido e tamanho.

Em nossas comunidades eclesiais, na vida da Igreja, muitos problemas deixariam de existir ou se tornariam menores se nossa paixão por Jesus fosse maior. O amor é o bem maior pelo qual se renuncia aos bens menores.

Há sempre muito para se aprender com o Apóstolo, para fazermos de nossa vida um dom a Cristo, ao Reino, aos irmãos.

Aprender a subordinar nossos projetos pessoais aos Projetos divinos, de modo que a nossa vontade seja a de Deus, e não imponhamos a Deus a nossa vontade.

Assim como o amor de Cristo foi a força que lhe permitiu colocar a sua liberdade ao serviço de todos, também o amor de Cristo seja a nossa força, pois “A liberdade cristã nasce do amor e se exerce no amor, por sua vez, realiza-se no dom, no serviço que prolonga o de Jesus” (2).

Reflitamos:

- Não nos falta uma verdadeira paixão por Jesus?
- Não nos falta uma paixão mais sincera, mais inflamada, mais comprometida...?

Concluindo, peçamos a Deus o amor e a gratuidade nos acompanhem na missão evangelizadora; que sejamos sempre iluminados pela Palavra divina que ressoa em toda a Igreja, que é para nós a verdadeira fonte de sabedoria e norma de nossa vida, para compreendermos e amarmos nossos irmãos como Deus ama, e assim sejamos incansáveis servos da bondade e da paz, tudo fazendo, como o Apóstolo, para ganhar alguns a todo custo para Jesus Cristo.


(1) Lecionário Comentado - Editora Paulus - Lisboa - pág.323.
(2) Idem – p.324.

Dificuldades e tentações na oração

                                                                   

Dificuldades e tentações na oração

Às vezes, ouvimos alguns dizerem que encontram dificuldades na oração, e que as tentações se fazem presentes neste momento.

No Catecismo da Igreja Católica, encontramos a apresentação de duas dificuldades principais na oração, que consistem na distração e na aridez.

As tentações frequentes são a falta de fé e a acídia, ou seja, uma forma de depressão devida ao relaxamento da ascese, que leva consequentemente ao desânimo.

Diante da dificuldade da distração, é preciso persistir, sem jamais desanimar, numa atitude de vigilância na procura da sobriedade do coração, reorientando para Deus nossos pensamentos e sentidos, colocando-nos totalmente em Suas mãos.

Quanto à dificuldade da aridez, esta acontece quando nosso coração se encontra desanimado, sem gosto com relação aos pensamentos, às lembranças e aos sentimentos, mesmo os espirituais – “é o momento da fé pura que se mantém fielmente com Jesus na agonia e no túmulo. ‘Se o grão de trigo que cai na terra morrer, produzirá muito fruto’ (Jo 12,24)”  (CIC n. 2731).

Se esta aridez for por falta de raiz, exigirá o combate no propósito da conversão, porque a Palavra de Deus terá caído sobre as pedras, afirma o Catecismo (CIC n.2731).

Quanto à tentação da falta de fé, é a mais comum e a mais oculta, e que se exprime não tanto por uma incredulidade declarada, quanto por uma opção de fato. Ao começar a orar, vem a preocupação com os trabalhos, que julgamos urgentes, prioritários, mas revelam que ainda não temos a disposição de coração humilde que reconheça as palavras que o Senhor nos disse – “Sem mim, nada podeis fazer” (Jo 15,5).

Finalmente, a tentação da acídia (também chamada de “preguiça”), que se trata de uma porta aberta pela presunção: uma forma de depressão devida ao relaxamento da ascese; diminuição da vigilância; e negligência do coração. Com humildade, precisa-se reconhecer a própria miséria, passando-se a ter mais confiança, com perseverança na constância.

Concluindo, é sempre tempo favorável para a oração, vencendo as distrações e tentações possíveis.

Fazer da oração momento de profunda intimidade e amizade com Deus, em Suas mãos depositando nossas alegrias e tristezas, angústias e esperanças; fracassos e vitórias; o “dia mais belo e iluminado bem como as noites escuras de nossa fé”.

Vigiar e orar na espera do Senhor que vem ao nosso encontro.
Vigiar e orar na espera do Amado que vem e bate em nossa porta, a porta do coração. 


Fonte de pesquisa: Catecismo da Igreja Católica (CIC) nn.2729-2733; 2754-2755

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