sexta-feira, 1 de novembro de 2024
Ó Mãe, o que seria de mim sem ti...
Ó Mãe, o que seria de mim sem ti...
A esmola, o bem e a semeadura
A
esmola, o bem e a semeadura
“Felizes os misericordiosos, porque alcançarão
misericórdia” (Mt 5,7)
“Amadíssimos,
que ninguém se vanglorie dos pequenos méritos de uma vida boa se lhe faltarem
as obras de caridade; nem se refugie na falsa segurança de sua pureza corporal,
quem não busca a sua purificação na esmola.
A
esmola apaga o pecado, mata a morte e extingue a pena do fogo eterno. Mas quem
estiver desprovido do fruto da esmola, também não poderá receber a indulgência
do remunerador, pois diz Salomão: Quem
fecha os ouvidos ao clamor do necessitado, não será escutado quando grite. Por isso Tobias dizia ao seu filho,
incutindo-lhe os preceitos da piedade: Dá
esmola dos teus bens e não sejas mesquinho. Se vês um pobre, não desvies o teu rosto,
e Deus não afastará sua face de ti.
Esta
virtude torna úteis todas as outras virtudes: sua união vivifica a própria fé,
da qual o justo vive, e que, se não tem obras, é considerada morta: mas se é
verdade que a fé é a razão de ser das obras, não é menos que as obras são a
força da fé. Por isso, como diz o apóstolo, enquanto temos oportunidade,
trabalhemos pelo bem de todos, especialmente pelo bem da família da fé.
Não nos cansemos de fazer o bem, que, se não esmorecermos, no tempo certo
colheremos.
A
vida presente é tempo de semeadura, e o dia da retribuição é tempo de colheita,
quando cada um recolherá uma colheita proporcionada à quantidade da semeadura.
Ninguém
ficará defraudado do rendimento desta messe, pois ali se atenderá tanto o
volume das contribuições como a qualidade das intenções; de maneira que se
equipararão os pequenos donativos procedentes de escassos rendimentos e os
suntuosos de fortunas imensas.
Em
consequência, amadíssimos, acatemos o que foi estabelecido pelos apóstolos. E
como no próximo domingo terá lugar a coleta, disponham-vos para a
voluntária devoção, para que cada um coopere, segundo as suas possibilidades,
para a sacratíssima oblação. Vossas próprias esmolas serão uma oração em vosso
favor, assim como para aqueles a quem ajudareis com vossa generosidade. Assim
estareis disponíveis para toda boa iniciativa, em Cristo Jesus, nosso Senhor,
que vive e reina pelos séculos dos séculos. Amém.”
Destaco
três trechos:
“A esmola apaga o
pecado, mata a morte e extingue a pena do fogo eterno”;
“Não nos cansemos de
fazer o bem, que, se não esmorecermos, no tempo certo colheremos.”;
“A vida presente é
tempo de semeadura, e o dia da retribuição é tempo de colheita, quando cada um
recolherá uma colheita proporcionada à quantidade da semeadura.”.
Como
Igreja sinodal que somos, caminhando juntos, peregrinando na esperança, nossas
orações devem ser acompanhadas por estas práticas: a esmola, a promoção do bem
e a participação na semeadura.
Oremos:
Ó Deus,
que jamais nos cansemos de fazer o bem, e saibamos vencer o mal com o bem,
multiplicando gestos de esmola, partilha, compaixão e solidariedade, alegres
discípulos missionários a cultivar o Vosso divino Jardim, com a semente do
Verbo, com a ação e presença do Santo Espírito. Amém.
(1)
Lecionário Patrístico Dominical – Editora Vozes – 2013 – pp.507-508
Generosa oferta da pobre viúva no templo
Generosa
oferta da pobre viúva no templo
Sejamos
enriquecidos pela Carta n.32 de São Paulino de Nola (séc.V).
“Tens algo - diz o Apóstolo - que não tenhas recebido? Portanto,
amadíssimos, não sejamos avaros de nossos bens como se eles nos pertencessem,
mas negociemos com eles como com um empréstimo.
Foi-nos
confiada a administração e o uso temporal dos bens comuns, não a eterna posse
de uma coisa privada. Se na terra a consideras tua somente temporalmente,
poderás torná-la tua eternamente no céu.
Se
recordares aqueles empregados do Evangelho que receberam alguns talentos de seu
Senhor e o que o proprietário, ao seu regresso, deu a cada um em recompensa,
reconhecerás quanto mais vantajoso é depositar o dinheiro na mesa do Senhor
para fazê-lo frutificar, que conservá-lo intacto com uma fidelidade estéril;
compreenderás que o dinheiro ciosamente conservado, sem o menor rendimento para
o proprietário, tornou-se para o empregado negligente em um enorme desperdício
e em um aumento de seu castigo.
Recordemos
também aquela viúva, que se esquecendo de si mesma e preocupada unicamente
pelos pobres, pensando somente no futuro, deu tudo o que tinha para viver, como
o testemunha o próprio juiz.
Os outros - diz - lançaram daquilo que tinham de sobra; porém esta, mais pobre talvez do
que muitos pobres - já que toda a sua fortuna se reduzia a duas moedas -,
mas em seu coração mais admirável que todos os ricos, posta sua esperança
somente nas riquezas da eterna recompensa e ambicionando para si somente os
tesouros celestiais, renunciou a todos os bens que procedem da terra e à terra
retornam.
Lançou
o que tinha, para possuir os bens invisíveis. Lançou o corruptível, para
adquirir o imortal. Aquela pobrezinha não menosprezou os meios previstos e
estabelecidos por Deus em vista da consecução do prêmio futuro; por isso o
legislador também não se esqueceu dela, e o árbitro do mundo antecipou sua
sentença: no Evangelho ele elogia aquela que corará no juízo.
Negociemos,
portanto, ao Senhor com os próprios dons do Senhor; nada possuímos que dele não
tenhamos recebido, sem cuja vontade nem sequer existiríamos. E, sobretudo, como
poderemos considerar algo nosso, nós que, em virtude de uma hipoteca importante
e peculiar, não nos pertencemos, e não só porque fomos criados por Deus, mas
por sermos redimidos por ele?
Congratulemo-nos
por sermos comprados a grande preço, ao preço do sangue do próprio Senhor,
deixando por isso mesmo de sermos pessoas vis e venais, já que a liberdade que
consiste em sermos livres da justiça é mais vil que a própria escravidão.
Aquele
que assim é livre, é escravo do pecado e prisioneiro da morte. Restituamos,
pois, ao Senhor os seus dons; demos a Ele, que recebe na pessoa de cada pobre;
demos, insisto, com alegria, para receber dele a plenitude da alegria, como Ele
mesmo disse.” (1)
“Lançou o que tinha,
para possuir os bens invisíveis. Lançou o corruptível, para adquirir o
imortal.”. Muito
temos que aprender com esta pobrezinha viúva no templo.
Peregrinando
na esperança, como discípulos do Senhor, temos que confiar na divina
providência, em alegre entrega do pouco que temos, para que aconteça o milagre
da partilha, e sejamos cumulados de todos bens e graças, e nada nos faltará.
De fato, a generosidade da viúva, sua humilde oferta, nos
questiona quanto à nossa colaboração na manutenção da ação evangelizadora em
todas as suas dimensões (religiosa, missionária, social e caritativa) (cf. Doc.
106 CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil).
(1) Lecionário
Patrístico Dominical, Editora Vozes, 2013 - pp. 502-503.
PS: Passagens do Evangelho – (Mc 12,38-44; Lc 21,1-4)
A misericórdia do Senhor ultrapassa as nossas “curtas medidas”
(1) Lecionário Comentado – Editora Paulus – Lisboa – 2011 - Vol. II - Tempo Comum - pág.680.
Mensagem do Santo Padre Francisco para o VIII Dia Mundial dos pobres (síntese)
Mensagem do Santo
Padre Francisco para o VIII Dia Mundial dos pobres (síntese)
No dia 17 de novembro de
2024, celebraremos o VIII Dia Mundial dos pobres, e mais uma vez o Papa
Francisco nos apresenta uma mensagem, que tem como inspiração bíblica o Livro
de Sirac – “A oração do pobre eleva-se até Deus” ( cf. Sir 21,5),
dentro do contexto do ano dedicado à oração, com vistas ao Jubileu Ordinário
2025.
No caminho para o Ano
Santo, nos exorta para que todos sejamos peregrinos da esperança,
promovendo sinais concretos de um futuro melhor.
Neste sentido, o papa
lembra que nossa oração chega à presença de Deus, mas não se trata de uma
oração qualquer, mas a oração do pobre.
Convida-nos ao
aprofundamento do livro de Ben-Sirá, o Livro do Eclesiástico, escrito no século
II a. C, que não é muito conhecido e merece ser descoberto pela riqueza dos
temas que aborda, sobretudo quando se refere à relação do homem com Deus e com
o mundo.
O autor aborda os
problemas nada fáceis da liberdade, do mal e da justiça divina, que hoje são de
grande atualidade também para nós, e pretende transmitir a todos o caminho a
seguir, para uma vida sábia e digna de ser vivida diante de Deus e dos irmãos.
Deste modo, um dos temas
a que este autor sagrado dedica mais espaço é a oração, pois “a oração do
humilde penetrará as nuvens, e não se consolará, enquanto ela não chegar até
Deus. Ele não se fastará, enquanto o Altíssimo não olhar, não fizer justiça aos
justos e restabelecer a equidade. O Senhor não tardará nem terá paciência com
os opressões” (Sir 35,17-19)
E ainda – “A oração,
por conseguinte, encontra o certificado da sua autenticidade na caridade que se
transforma em encontro e proximidade. Se a oração não se traduz em ações
concretas, é vã; efetivamente, «a fé sem obras está morta» (Tg 2, 26).”
O papa denuncia a
violência causada pelas guerras e a consequência de novos pobres, vítimas
inocentes produzidas por esta má política das armas, e não podemos recuar
diante desta realidade.
Afirma o papa: “Neste
ano dedicado à oração, precisamos de fazer nossa a oração dos pobres e rezar
com eles. É um desafio que temos de aceitar e uma ação pastoral que precisa de
ser alimentada. Com efeito, «a pior discriminação que sofrem os pobres é a
falta de cuidado espiritual....”.
Portanto, o Dia
Mundial dos Pobres tornou-se um compromisso na agenda de cada
comunidade eclesial, e deve nos envolver a todos – “É uma oportunidade
pastoral que não deve ser subestimada, porque desafia cada fiel a escutar a
oração dos pobres, tomando consciência da sua presença e das suas necessidades.
É uma ocasião propícia para realizar iniciativas que ajudem concretamente os pobres
e, também, para reconhecer e apoiar os numerosos voluntários que se dedicam com
paixão aos mais necessitados...”
Recorda dois grandes
testemunhos de amor e compromisso com os pobres: Madre Teresa de Calcutá, e São
Bento José Labre (1748-1783).
Finaliza
exortando para que sejamos amigos dos pobres, seguindo os passos de Jesus, o
primeiro a se solidarizar com os últimos, contando com a presença da Santa Mãe
de Deus, Maria Santíssima, que nos sustenta neste caminho, ela que é modelo de
confiança e solidariedade com os pobres.
PS: Se desejar, leia a
mensagem na íntegra:
Quem melhor que Nossa Senhora do Caminho?
Quem melhor que Nossa Senhora do Caminho?
Ó Deus, rico em
misericórdia, a Vós recorremos confiantes e suplicamos, pela gloriosa Virgem
Maria, Vossa Mãe e nossa, a quem invocamos como Nossa Senhora do Caminho.
Verdadeiramente
Nossa Senhora do Caminho, porque seu coração é imaculado, e jamais conheceu o
pecado e a desobediência à Vossa vontade e projetos.
Quem melhor que
Nossa Senhora do Caminho para:
- nos apontar
Jesus, o Caminho, a Verdade e a Vida, e nos fazer mergulhar no Mistério
profundo e imenso do Coração trespassado e ferido de amor do Seu Amado Filho?
- caminhar conosco, e nós, como os discípulos
de Emaús, sentirmos arder nosso coração como Seu Amado Filho fez ao revelar as
Sagradas Escrituras no caminho e reconhecido no partir do Pão (Lc 24,13-35)?
- nos ensinar a
falar com o coração para que no discipulado vivamos a necessária proximidade,
compaixão e ternura, sobretudo com os pobres, Vossos amados e preferidos?
- nos ensinar o
caminho de conversão, para que passemos de um mundo sem coração, para uma
civilização do amor, fraternidade e comunhão?
- nos ajudar a discernir
e nos comprometermos com novas posturas e mentalidades para curar a “Terra
ferida” pelo nossa arrogância, consumismo e autossuficiência, comprometidos com
uma necessária Ecologia integral, onde tudo está interligado?
- nos ajudar a
contemplar os Vossos Mistérios, meditando e guardando tudo no Coração, como
assim Ela o fazia, pois olhava com o coração, com olhar da contemplação?
- nos lembrar e
nos ajudar a redescobrir, na era da inteligência artificial, que não podemos nos
esquecer que a poesia e o amor são necessários para salvar o humano (Papa
Francisco)?
- nos ensinar a
confiar em Seu Filho, que viveu um amor apaixonado, que sofreu por nós, um
coração ferido de amor e por nós Se entregou para nossa redenção, e espera tão
apenas que sejamos uma resposta ao Seu divino amor, como um mendicante de nosso
amor?
- nos encorajar,
como peregrinos da esperança rumo à casa do Pai, mergulhados no Coração de
Cristo, a obra prima do Espírito Santo (Papa São João Paulo II)?
- fazer nosso
coração bater em uníssono com seu coração e o com o Sagrado Coração do Seu
Filho, o compêndio do Evangelho, para vivermos a ternura da fé e a alegria do
serviço, em sagrados compromissos comunitário, social e missionário?
- firmar nossos
passos, para que sejamos discípulos missionários e irradiar as chamas do amor
de Cristo, não nos perdendo com discussões secundárias, mas fazendo da vida uma
agradável oferenda e sacrifício de louvor a Deus?
- nos ajudar,
para que sejamos enamorados pelo Verbo que Se fez Carne, e a missão nossa de
cada dia não seja por obrigação ou dever, mas simplesmente por um amor que nos
envolve e nos enche de ternura, que se torna impossível conter?
- apontar o
Caminho, ainda que marcado por renúncias e cruz carregada cotidianamente, com
horizonte de eternidade, ela, que jamais nos apontaria caminhos e atalhos do
abismo do sofrimento sem esperança Amém.
Coisas de Deus...
Coisas de Deus...
Trabalhar na obra do Senhor é graça que recebemos desde o dia de nosso Batismo.
A recompensa, o prêmio é garantido sem nenhuma dúvida, sem nenhuma subtração…
A lei só tem sentido se estiver a serviço da vida.
Ontem e hoje o Senhor vem nos curar.