domingo, 23 de junho de 2024

Vençamos o medo na travessia (XIIDTCB)

                                              

Vençamos o medo na travessia

“‘Silêncio! Cala-te!’ O vento cessou e houve uma grande calmaria. Então Jesus perguntou aos discípulos:
“Por que sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?” (Mc 4, 39-40)

Com a Liturgia do 12º Domingo do Tempo Comum (ano B), refletimos sobre a necessária confiança na presença e ação de Deus, que jamais nos abandona na realização de Seu Projeto de vida plena e salvação para a humanidade, bem como a realidade do sofrimento, das dificuldades e das adversidades presentes em nossa vida, e a manifestação amorosa de Deus, que quer de nós confiança e entrega total em Suas mãos, com toda humildade.

Na passagem da primeira Leitura (Jó 38,1.8-11), refletimos sobre o sofrimento de Jó e a inquietante interrogação: onde Deus está no sofrimento do inocente?

“Jó é convidado a aceitar que um Deus de quem depende toda a criação, que até submete o mar, que cuida da criação com cuidados de pai, sabe o que está a fazer e tem uma solução para os problemas e dramas do homem...

O homem, na situação de criatura finita e limitada, é que nem sempre consegue ver e perceber o alcance e o sentido último dos projetos de Deus... só Deus tem todas as respostas; ao homem resta reconhecer os seus limites de criatura e entregar-se nas mãos desse Deus onipotente e majestoso, que tem um projeto para o mundo. Ao homem finito e limitado resta confiar em Deus e ver n’Ele a sua esperança e salvação” (1)

A fé vivida por Jó nos permite afirmar que fé em Deus é compromisso contínuo, e não a busca de Deus como consolação imediata. É preciso entregar-se, abandonar-se nas mãos de Deus e não se isolar do mundo:

“O verdadeiro crente é aquele que, mesmo sem entender totalmente os projetos de Deus, aprende a entregar-se a Ele, a obedecer-lhe incondicionalmente, a vê-lO como a razão última da sua vida e da sua esperança”. (2)

A confiança em Deus não nos coloca numa postura de espera passiva, de modo que todos os problemas (terrorismo, violência, doenças, catástrofes, injustiças, insegurança etc.) devem nos inquietar em busca de respostas e saídas. Deus, que nos conduz através das armadilhas da história, nos ilumina nesta procura para que tenhamos vida plena e definitiva.

Na passagem da segunda Leitura (2 Cor 5,14-17), o Apóstolo Paulo nos apresenta o amor de Deus, que não nos abandona  e, por meio de Jesus, nos dá a vida nova: Deus não é indiferente, mas interveniente em nossa história, porque nos ama, e está presente ao nosso lado, indicando-nos o caminho da vida plena e feliz: Homens Novos e Nova Humanidade.

O Apóstolo, embora não tenha conhecido o Jesus histórico, fez a experiência do amor de Cristo Ressuscitado e deixou-se absorver por esse Amor, que o impeliu na missão, com coragem, ousadia e total fidelidade, até o extremo, no martírio.

Paulo consome-se em comunicar este Amor de Cristo a todas as pessoas, em todos os lugares, por isto é reconhecido como Doutor e Evangelizador das nações.

“Cristo morreu por todos, a fim de que os homens, aprendendo a lição do amor que se dá até as últimas consequências, deixassem a vida velha, marcada por esquemas de egoísmos e de pecado. Contemplando o Cristo que oferece a sua vida ao Pai e aos irmãos, os homens não viverão, nunca mais, fechados em si mesmos, mas viverão, como Cristo, com o coração aberto a Deus e aos outros homens”. (3)

Este encontro que o Apóstolo fez com o Senhor, é o mesmo que fizemos e que mudou a nossa vida, redimensionou nossos horizontes, como tão bem expressou o Papa Bento XVI:

Ao início do ser cristão, não há uma decisão ética ou uma grande ideia, mas o encontro com um acontecimento, com uma Pessoa que dá à vida um novo horizonte e, desta forma, o rumo decisivo”.

Reflitamos:

- Qual é a profundidade de nosso amor por Jesus?
- Quando se deu este encontro?
- Como O anunciamos e O testemunhamos?

Na passagem do Evangelho (Mc 4,35-41), refletimos sobre a caminhada dos discípulos e as dificuldades encontradas: os discípulos nunca estão sozinhos no enfrentar das tempestades, que se levantam na travessia do mar da vida.

Não há nada a temer, porque Cristo está presente com Sua Pessoa e Palavra, e com Ele pode-se vencer as forças e ventos contrários, que se contrapõem ao Projeto de Salvação que Deus tem para a humanidade.

A simbologia do mar é sempre muito forte na mentalidade judaica: “para falar de realidade assustadora, indomável, orgulhosa, desordenada onde residiam os poderes caóticos que o homem não conseguia controlar e onde estavam os poderes maléficos que queriam destruir os homens...

Só Deus, com o Seu poder e majestade, podia por limites ao mar, dar-lhe ordens e libertar os homens dessas forças descontroladas do caos que o mar encerrava” (4).

Deste modo, a passagem do Evangelho é uma página catequética, em que a partir dos elementos simbólicos (mar, barco, tempestade, noite e o sono de Jesus), nos fala da comunidade dos discípulos de Jesus em sua desafiadora caminhada na história, haja vista que Marcos escreve o Evangelho numa época em que a Igreja estava enfrentando sérias “tempestades” e a mais desafiadora de todas, a perseguição de Nero, somado aos problemas internos causados pela diferença de perspectivas entre judeus-cristãos e pagãos-cristãos.

Voltemo-nos para a simbologia:

Barco - na catequese cristã, é o símbolo da comunidade de Jesus que navega pela história.

Barco rumando para a outra margem, ao encontro das terras dos pagãos: a salvação se destina a todos os povos - universalidade da salvação.

O sono de Jesus - aparente ausência.

A tempestade - dificuldades, perseguição e hostilidades, que os discípulos terão de enfrentar ao longo do caminho até o fim dos tempos.

Jesus acalmando a fúria do mar e do vento com a Sua Palavra - manifestação da presença divina em sua Pessoa e Palavra.

Portanto, a grande pretensão do Evangelista é apontar o caminho da fé, que se expressa em total confiança na presença e Palavra do Senhor para enfrentar as “tempestades”, e em todos os tempos: a comunidade é chamada a fazer a experiência de adesão, confiança, obediência, em entrega total e incondicional nas mãos de Deus, que conduz a história.

A comunidade dos discípulos de Jesus, em plena fidelidade e confiança n'Ele, deve passar para a outra margem, ou seja, aqui é a dimensão missionária da Igreja que não pode se acomodar, mas deve se colocar a serviço da transformação do mundo, superando todo medo e acomodação como tão bem expressou o Papa Francisco:

Prefiro uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter saído pelas estradas, a uma Igreja enferma pelo fechamento e a comodidade de se agarrar às próprias seguranças. Não quero uma Igreja preocupada com o ser o centro, e que acaba presa num emaranhado de obsessões e procedimentos.” (n.49 – Alegria do Evangelho).

Reflitamos:

- Quem é Jesus para mim?
- Sinto a presença de Jesus na comunidade que participo?

- Confio na Palavra do Senhor para enfrentar as “tempestades” e os ventos contrários do dia a dia na travessia para a outra margem?
- Sinto a força divina que nos anima em todas as dificuldades?

- Como é minha adesão ao Senhor e acolhida de Sua Palavra?
- Acredito que, com a Pessoa de Jesus e Sua Palavra, as forças do mal não têm a última palavra?

Finalizando, é preciso encontrar-se com o Senhor e deixar-se transformar por Ele, numa relação de amor e confiança total n’Ele, para que assim vençamos todo medo e enfrentemos todas as “tempestades”, e a pior de todas as tempestades: não sentir a presença e o Amor de Deus, ou prescindir do Seu divino Amor.


Fonte inspiradora e citações (1) (2) (3) (4):
http://www.dehonianos.org/portal

Coragem na travessia (XIIDTCB)

Coragem na travessia

“Quem é este homem,
que até o vento e o mar lhe obedecem” 
(Mc 4,41)

No 12º Domingo do Tempo Comum, ouvimos a passagem do Evangelho de Marcos (Mc 4,35-41), que nos apresenta a ação de Jesus que, com Sua Palavra, acalma o vento e o mar – “Silêncio! Cala-te!” (Mc 4,39).

Para aprofundamento e enriquecimento, ofereço dois comentários para reflexão:

- “O Mistério da Encarnação renova-se na História da Igreja: nesta permanece a força invisível (instituída na fé e na esperança) de um povo de pobres, chamado a atravessar as vagas e as tempestades da História numa barca exposta às forças da intempérie.

A fraqueza, a precariedade dos instrumentos e dos meios escolhidos para testemunhar o Reino torna-se o lugar privilegiado, no qual se manifesta o poder de um Outro” (1);

- “O ser da Igreja é, em seu aspecto humano, um ser ameaçado. E não pode ser de outra maneira, porque Deus ainda não é tudo em todos. Em relação à cabeça a Igreja é de natureza claramente divina; como Corpo desta Cabeça, é incontestavelmente de natureza humana.

A Igreja, na medida em que faz depender seu ser de Deus, do evento de Sua Palavra e de Seu Espírito é subtraída às ameaças, justificada, santificada, purificada, preservada do Maligno.

Em seu Senhor Jesus Cristo encontra sua garantia única; somente d’Ele recebe a promessa, somente olhando para Ele adquire a  segurança de sua existência. A fidelidade de Deus lhe promete e lhe garante essa existência. Por parte dos homens que a constituem não existe, de fato, nenhuma garantia no gênero para a Igreja.

Permanece sempre, ao lado da fé, a possibilidade da incredulidade, da heresia, da superstição, como também da ignorância, indiferença, ódio, desespero, até à impotência de sua oração; e isso enquanto durar o tempo, enquanto a manifestação final da vitória de Jesus não tiver dissipado também esta sombra”.

Os ventos fortes e mares agitados continuam a nos atemorizar na ação evangelizadora. Incontáveis desafios, inumeráveis clamores sobem aos céus e pedem nossa resposta solidária, como expressão da compaixão e ternura que devem nos impulsionar constantemente.

Conscientes de nossas fraquezas, limites, imperfeições, empenhemo-nos sempre a fazer o melhor, a serviço da vida e da esperança de novos tempos, novas realidades.

E avancemos nesta travessia, com a certeza de que o Senhor Se encontra em nossa barca, em Sua Igreja, e com Sua Palavra e presença, com a ação do Espírito, experimentemos a bondade e onipotência de Deus, que jamais nos desampara e nos abandona.

A Palavra do Senhor nos acompanha e nos dá segurança nesta necessária travessia: “Silêncio! Cala-te!”.



(1)         Lecionário Comentado – Tempo Comum – Vol. I – Editora Paulus – p.153
(2)        Missal Cotidiano – Editora Paulus – p.704

Testemunhar a fé em todo o tempo (XIIDTCB)

 


Testemunhar a fé em todo o tempo

 

Sejamos enriquecidos pelo Sermão Escrito por Orígenes (séc. III):

 

Senhor, salva-nos, que estamos perecendo. Era tanto o temor que tinham, estavam tão perturbados e tão fora de si, que chegaram ao Senhor com grande alteração, sem descanso nem sossego, mas muito apressados, e lhe disseram assim: Senhor, salva-nos, que estamos perecendo.

 

Ó bem-aventurados e verdadeiros discípulos de Deus! Tendes convosco ao verdadeiro Senhor e Salvador do mundo, e temeis algum perigo? Tendes convosco a vida, e temeis a morte? Tendes presente ao Criador do mar, e lhe despertais com medo da tempestade? Como? Pois não basta seu poder, mesmo que com o corpo durma, para amansar as ondas e aplacar a tempestade?

 

Mas a isto responderão estes santos e tão amados discípulos: ‘Agora nós somos pequenos, somos fracos, não estamos fortificados na fé, e por isso tememos, ainda não vimos a cruz do Senhor; ainda não fomos confirmados na gloriosa Paixão e triunfante Ressurreição; na sua maravilhosa Ascensão aos céus; não nos visitou com a vinda do Espírito Santo sobre nós, e desta forma não vos maravilheis de que sejamos fracos e temamos, e por isso mesmo ouvimos muitas vezes que, repreendendo-nos, o Senhor nos chama homens de pouca fé, e tudo o sofremos com amor e humildade para segui-Lo’.

 

Por que estais tão medrosos, homens de pouca fé? Por que não tendes fortaleza? Por que não tendes perfeita confiança e segurança? Como?

 

E se a morte vos viesse, não seria motivo que com muita constância a sofrêsseis? Não sabeis que a fortaleza é virtude necessária para sofrer tudo o que nos sobrevém?

 

Qualquer perigo e tribulação, até a própria morte se sofre com a fortaleza: a fortaleza também é útil contra os prazeres, riquezas e honras do mundo, porque com ela nos defendemos para não nos ensoberbecermos, para não desvanecermos.

 

Porque a fortaleza nos ensina a não menosprezar aos nossos inimigos, nem ter em pouca consideração aos pobres humildes; ensina-nos como não devemos esquecer-nos de Deus, nem desamparar ao nosso Criador, nem ser-lhe ingratos; e de uma coisa vos aviso: que se é necessária a virtude da fortaleza para combater as adversidades e as dificuldades, para armar-se da fé e sofrer tudo por Deus, não é menos necessária para saber usar das honras, riquezas e prosperidades que o mundo nos dá, para que não nos sirvam de ciladas em que o diabo nos amarre.

 

Portanto, por que estais perturbados, ó homens de pouca fé? Se crestes que Eu sou verdadeiramente Deus, Criador de todas as coisas, e por isso me seguistes e me tomastes por Mestre, como duvidais que o que Eu criei esteja em meu poder e ao meu comando? Por que duvidastes, ó homens de pouca fé? Não sabeis que está escrito que aquele que pouco crê será repreendido; e o que nada crê, será menosprezado? Os fracos na fé serão repreendidos, os que forem completamente alheios à fé serão castigados.

 

Então, levantando-se, ordenou aos ventos e ao mar, e houve grande calmaria. O grande profeta disse: E levantando-se o Senhor como quem dormia, ou como um poderoso embriagado por vinho, feriu a todos os seus inimigos nas costas; agora, levantando-se, ordenou aos ventos e ao mar, e houve grande calmaria. Ordenou aos ventos e ao mar como seu Criador que era: ordenou aos seus como poderoso, ordenou aos ventos como seu Senhor, e ordenou-lhes antes por seus discípulos, para que eles, vendo-o, fossem confirmados na fé.” (1)

 

Também nós, podemos passar por momentos difíceis, em que devemos testemunhar nossa fé em Deus, e n’Ele colocar toda a nossa confiança.

 

Urge que não vacilemos na fé, nem esmoreçamos na esperança e não esfriemos na caridade, a fim de que sejamos resistentes na tentação, pacientes na tribulação e agradecidos a Deus nos mais preciosos sinais de prosperidade.

 

 

 

(1) Lecionário Patrístico Dominical - Editora Vozes - pp. 412-414

A força indispensável da oração (XIIDTCB)

                                                                

A força indispensável da oração

Ó Deus, rico em misericórdia, muitas vezes nossa vida é uma “luta”, como lemos nas Sagradas Escrituras, quando contemplamos a figura de Jó, exemplo de coragem, fé e fidelidade, e podemos repetir, que de fato, “A vida do homem é uma luta” (Jó 7,1).

Ó Deus, consolação dos aflitos, contemplamos Vosso Filho que, em diálogo contínuo convosco encontrou força para aceitar a incompreensão, as humilhações, traições, sofrimentos, que lhe ofereceram em paga de Seu amor.

Ó Deus, divina fonte de ternura, contemplamos Vosso Filho, sempre confortado pela oração, e refeito por esta comunhão íntima convosco, comunica coragem aos discípulos e os tornam prontos e disponíveis para o Reino, a fim de que não naufraguem na travessia do mar da vida.

Ó Deus, refúgio e proteção, Adoramos e aprendemos com Vosso Filho que orava constantemente, para que, como nosso Divino Mestre, não apenas nos dando exemplo, mais ainda, porque Se sentia verdadeiro homem, necessitado, portanto, desse contato permanente Convosco.

Ó Deus, plenitude de bondade, quantas vezes nos sentimos fatigados pela labuta cotidiana, pela desilusão, desconfiança, incompreensões, provocações que a vida nos reserva, sacudidos pelo vento de tendências opostas, ideologias contrárias, paixões violentas...

Ó Deus, a quem recorremos em todos os momentos, agora suplicamos a presença constante do Vosso Filho na barca de Vossa Igreja, e que ouçamos de Seus lábios as palavras pronunciadas naquele dia, hoje e sempre: “Coragem, sou Eu, não tenhais medo!” (Mc 6,50).

Ó Deus, que estais nos céus, queremos santificar Vosso nome, pedindo para que não nos deixeis cair em tentação, nem nos deixeis naufragar no mar dos perigos e adversidades, e tenhamos sempre as mãos estendidas do Vosso Filho e a presença do Santo Espírito, que vem em nosso socorro de nossa fraqueza. Amém.


Fonte inspiradora: Comentário do Missal Quotidiano – Editora Paulus – pp.152-153 – sobre a passagem do Evangelho de Marcos  6,45-52 proclamada na quarta-feira, após a Epifania do Senhor.

Medos paralisantes?! Jamais! (XIIDTCB)

                                           

                                           

Medos paralisantes?!

Jamais!


Medos que nos submetem à inércia.

Medos que nos fazem inoperantes,

Longe daquilo que mais ansiamos: a própria liberdade,

Por falta de objetivos, submersos na mediocridade.

 

Medos paralisantes?!

Jamais!


Medo do congelamento da ética e dos bons princípios,

Que faz sucumbir vorazmente humanidade e planeta.

Medo que rarefaz as mais belas utopias;

Que faz naufragar belos sonhos e fantasias.

 

Medos paralisantes?!

Jamais!


Medos mórbidos que enfraquecem a luta.

Medos sórdidos que fazem perder o brilho da alma.

Medos que nos apequenam e nos fazem decrépitos.

Medos a serem vencidos, se formos intrépidos.

 

Medos paralisantes?!

Jamais!


Medos que desde o ventre nos acompanham,

Enfrentados, quotidianamente, permitem crescimento,

Com a virtude da fé, divina virtude por Deus concedida,

Exorciza o que nos paralisa, tornando bela a vida.

 

Medos paralisantes?!

Jamais!


Medos existem para serem enfrentados.

Se presente a virtude da fé, última palavra, medo, não será!

Se presente a esperança, mais do que superável;

Concretiza-se a caridade mais que desejável: indispensável!

 

Medos paralisantes?!

Jamais!

Com Ele a Palavra, a última Palavra:

“Não tenhais medo!”

(Mt 10,26-33). 



PS: apropriado para reflexão da passagem do Evangelho de Mateus (Mt 14,22-33; Mc 4,35-41; Jo 6,16-21)

Silêncio e contemplação (XIIDTCB)

                                                

Silêncio e contemplação

“Deus faz ouvir Sua voz no vértice do furacão”

A Liturgia da Sexta-feira da 26ª semana do Tempo Comum (ano par) nos apresentará a passagem do Livro de Jó (38,1.12-21; 40, 3-5).

Vejamos o que diz a reflexão do Missal Cotidiano:

“Deus faz ouvir Sua voz no vértice do furacão. Jó ousou interrogar a Deus (13, 13-25); responda agora, se pode, às perguntas que lhe dirige o Onipotente.

Jó, porém, não responde. Sente-se pequenino diante de Deus e reconhece haver falado como insensato.

Deus reconduz Jó a justas medidas de indagação. Como poderia perceber o mistério do mal, se é incapaz de descobrir o das coisas e na natureza?

A Jó cabe unicamente conservar a atitude de silêncio porque este é o lugar do encontro com Deus. O silêncio é sabedoria e contemplação.

O homem deve aceitar que haja zonas de mistério no conhecimento das coisas. Hoje, reduzindo tudo à utilidade, à funcionalidade, perdemos o sentido do mistério.

Ao lado da coerência das leis físicas, existe a angústia do desconhecido e, além da angústia, a expectativa de um ‘ainda mais’ de cada coisa, de um horizonte sem limites.

Este horizonte é o Inteiramente Outro, o Absoluto, que Cristo nos mostra ser um Pai que ama e ressuscita Seus filhos”. (1)

Também podemos passar por momentos difíceis e no “vértice do furacão”, no momento ápice destas dificuldades, como Jó, é melhor tomar a atitude do silêncio para o necessário encontro com Deus, que nos permite abertura e acolhida da sabedoria, em frutuosa contemplação.

Nada somos para questionar a onipotência e a onisciência de Deus, uma vez que é onipotente e misericordioso, que nos amou e nos ama para além de quaisquer limites e parâmetros que possamos conceber.

Há momentos que é melhor nos calarmos diante dos mistérios que envolvem a nossa vida, e mergulhar intensamente no Mistério insondável de Deus, para um reencontro conosco mesmos, e com Ele que habita no mais profundo de nós.

Haveremos de, como Jó, nos reconhecermos pequeninos e insensatos diante de Deus, rompendo nossa surdez e cegueira às manifestações do Amor de Deus, que não nos trata segundo a lógica da utilidade e da funcionalidade das coisas, como é próprio que o façamos.

Nem tudo pode ser explicado pela lógica humana. A lógica de Deus, que em muito a ultrapassa, é sempre um desafio e um convite para nós, como foi para Jó.

Calemos e silenciemos contemplativamente diante dos Mistérios de Deus para que descubramos, ouçamos, acolhamos e vivamos Sua Palavra, que requer de nós abertura e confiança plenas.

Creiamos no Senhor, que morreu e Ressuscitou, o verdadeiro Vinhateiro da única vinha de Deus.

Aprendamos com Jó este caminho; dificílimo, mas não impossível para que nos refaçamos diante dos tropeços, quedas e reerguimentos necessários para que vivamos com alegria a Missão que Deus nos confia, como alegres trabalhadores de Sua vinha. 

(1) Missal Cotidiano - Editora Paulus - pág. 1340

Jó: modelo de confiança e serenidade (XIIDTCB)

Jó: modelo de confiança e serenidade

Na sexta-feira da 26ª Semana do Tempo Comum (ano par), ouviremos a passagem do Livro de Jó (Jó 38,1.12-21;40,3-5).

Reflitamos sobre a necessária confiança na presença e ação de Deus, que jamais nos abandona na realização de Seu Projeto de vida plena e salvação para a humanidade, bem como a realidade do sofrimento, das dificuldades e das adversidades presentes em nossa vida, e a manifestação amorosa de Deus, que quer de nós confiança e entrega total em Suas mãos, com toda humildade.

É o que compreendemos ao refletir sobre a pessoa de Jó, o seu sofrimento e a inquietante interrogação: onde Deus está no sofrimento do inocente?

“Jó é convidado a aceitar que um Deus de quem depende toda a criação, que até submete o mar, que cuida da criação com cuidados de pai, sabe o que está a fazer e tem uma solução para os problemas e dramas do homem...

O homem, na situação de criatura finita e limitada, é que nem sempre consegue ver e perceber o alcance e o sentido último dos projetos de Deus... só Deus tem todas as respostas; ao homem resta reconhecer os seus limites de criatura e entregar-se nas mãos desse Deus onipotente e majestoso, que tem um projeto para o mundo. Ao homem finito e limitado resta confiar em Deus e ver n’Ele a sua esperança e salvação” (1)

A fé vivida por Jó nos permite afirmar que fé em Deus é compromisso contínuo, e não a busca de Deus como consolação imediata. É preciso entregar-se, abandonar-se nas mãos de Deus e não se isolar do mundo:

“O verdadeiro crente é aquele que, mesmo sem entender totalmente os projetos de Deus, aprende a entregar-se a Ele, a obedecer-lhe incondicionalmente, a vê-lO como a razão última da sua vida e da sua esperança” (2)

A confiança em Deus não nos coloca numa postura de espera passiva, de modo que todos os problemas (terrorismo, violência, doenças, catástrofes, injustiças, insegurança etc.) devem nos inquietar em busca de respostas e saídas. Deus, que nos conduz através das armadilhas da história, nos ilumina nesta procura para que tenhamos vida plena e definitiva.



Fonte inspiradora e citações (1) (2):

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