quinta-feira, 20 de junho de 2024

“As três ou quatro Palavras” que o Senhor nos ensinou..."

                                                     

“As três ou quatro Palavras” que o Senhor nos ensinou..."

Nas passagens bíblicas do Evangelho (Mt 6,7-15; Lc 11,1-4), Jesus ensina os discípulos a rezar.

Para o aprofundamento da referida passagem, ofereço esta reflexão do poeta e cristão Charles Péguy (1873-1914):

"Eu sou o Pai deles, diz Deus.
Pai nosso que estais nos céus (...)
Sabia bem o que fazia aquele dia meu Filho que os ama muito.
Quando colocou esta barreira entre eles e mim.

Pai nosso que estais nos céus, estas três ou quatro Palavras.
Esta barreira que minha cólera e talvez a minha justiça não transpõem nunca.
Bem-aventurado aquele que adormece sob a proteção destas 
três ou quatro Palavras.
Essas Palavras que caminham na frente de qualquer oração,
como as mãos de quem suplica caminham diante de Sua face...

Estas três ou quatro Palavras que avançam como uma ponta aguda
na frente de um pobre navio.
E que fendem a onda da minha cólera
E quando essa ponta aguda passou, o navio passa, e atrás dele toda a frota.

Agora, diz Deus, é assim que os vejo...
Como a esteira de um belo barco vai se alargando até desaparecer e perder-se.
Mas começa com uma ponta que é a ponta mesma do barquinho.
Assim a esteira imensa dos pecadores se alarga até 
desaparecer e perder-se.
Mas começa com uma ponta, e é esta ponta que vem na minha direção...
E o barquinho é o meu mesmo Filho, 
carregado de todos os pecados do mundo.
E a ponta do barquinho são as duas mãos juntas de meu Filho.

E diante do olhar da minha cólera e diante do olhar da minha justiça, esconderam-se todos atrás dele.
E todo este imenso cortejo de orações, toda esta esteira imensa se alarga até desaparecer e se perder.
Mas começa com uma ponta e é esta ponta que está voltada para mim.
Que avança em minha direção.

E esta ponta são estas três ou quatro Palavras:
Pai nosso que estais nos céus;
Meu Filho na verdade sabia o que fazia...
Pai nosso que estais nos céus.
Evidentemente quando um homem assim começou...
Depois pode continuar, pode me dizer o que quiser.
Vós compreendeis, estou desarmado.
E meu Filho o sabia bem.
Ele que tanto amou estes homens”. (1)

A Oração do "Pai-Nosso", quando rezada com o coração sincero, alcança imediatamente o coração de Deus, pois são as Palavras ditas pelo próprio Filho, e nós suplicamos em comunhão com o Espírito Santo e por meio d’Ele, pois “O Espírito vem em auxílio à nossa fraqueza; porque não sabemos o que devemos pedir, nem orar como convém, mas o Espírito mesmo intercede por nós com gemidos inefáveis” (Rm 8, 26).

Bem afirmou Santo Agostinho, grita em vão “Abbá” qualquer pessoa sem o Espírito Santo.

Agora, rezemos juntos as “três ou quatro Palavras” que o Filho nos ensinou:

“Pai nosso que estais nos céus...”

(1) O Verbo Se faz Carne - Raniero Cantalamessa - Editora Ave Maria - 2013 - pp. 692-693 - 

quarta-feira, 19 de junho de 2024

Não sejamos palco para nós mesmos!

                                                      

Não sejamos palco para nós mesmos!

Tudo deve ser feito para que
nos coloquemos em perfeita comunhão com o Pai...

A Liturgia da quarta-feira da 11ª semana do Tempo Comum nos apresenta a passagem do Evangelho de São Mateus (Mt 6,1-6;16-18), que nos fala da prática da esmola, da Oração e do jejum.

Muito mais que uma exortação feita por Jesus, para que os discípulos vivam estas práticas, é uma indicação da autêntica maneira de realizá-las, numa verdadeira e frutuosa religiosidade, fundada na sinceridade daquilo que se faz.

Tudo deve ser feito para que nos coloquemos em perfeita comunhão com o Pai, sob Seu olhar, em profunda intimidade com Ele, jamais acompanhadas de atitudes que revelem um coração duplo e hipócrita.

Jamais praticar obras de modo à obtenção da aprovação dos outros, ou até de si mesmos. Se o coração do discípulo estiver em íntima comunhão com o Pai, tudo fará para que seja visto tão apenas por Ele que dará a Sua recompensa, que é o próprio Jesus, que nunca Se separa de quem O procura com sinceridade e abertura total.

Atuar em segredo exige muito mais, pois podemos nos tornar palco de nós mesmos, requerendo reconhecimento e gratidão, acompanhados de autoelogios, autoaplausos acompanhados do vácuo de humildade.

É preciso tão apenas nos tornamos o que, de fato, somos, fazendo brotar, no mais profundo de nosso eu, uma autenticidade sem interesses duvidosos. 

Cada palavra, pensamento ou obra deve ser a pura expressão do amor, experimentado na relação com Deus em favor do outro, da mais frutuosa, piedosa e ativa atitude de quem crê no que celebra em cada Eucaristia, e do que vive e prolonga em cada gesto do cotidiano.

Que a Oração nos coloque em mais intensa comunhão, intimidade e amizade com Deus, para que saibamos viver o autêntico jejum, a morte de toda e qualquer expressão de egoísmo, que consiste na ausência de liberdade, acompanhado de gestos múltiplos, pequenos ou grandes de caridade.

Assim vividas, a Oração e a caridade, a esmola edifica e promove o outro, sem vínculos de dependência de uma das partes, ou  sobressair-se sobre a miséria do outro, da parte de quem a oferece.

O silêncio orante nas decisões

                                                 

O silêncio orante nas decisões

Depois daquele silêncio orante,
A confiança em Deus se renovou.
Presença de amor constante,
que jamais, os Seus escolhidos abandona.

Depois daquele silêncio orante,
o sim para uma nova missão foi dado,
Inspirando no sim de Maria para o Mistério da Encarnação,
Para viver plena fidelidade aos compromissos de minha Ordenação

Depois daquele silêncio orante,
Como indigno servo, Bispo nomeado,
Aprofundar a comunhão com o Amor, o Amante e o Amado,
Trindade Santa, a quem tudo deve ser creditado.

Depois daquele silêncio orante,
Missão de santificar, ensinar e governar;
Aprendizado e adaptação a todo instante,
Presença do Bispo Pastor, a luz divina comunicar.

Depois daquele silêncio orante,
Fortalecer vínculos de amizades conquistados,
Novos relacionamentos a serem iniciados.
Cativando e cultivando novos relacionamentos.

Depois daquele silêncio orante,
Empenho em fazer crescer, na Igreja Particular de Guanhães,
Comunhão diocesana tão importante,
Na Palavra e Eucaristia, que são as divinas fontes.

Depois daquele silêncio orante,
Um caminho que por muitos foi percorrido,
Mas há muito mais nos esperando adiante,
Com Deus, desafios serão sempre vencidos.

Depois daquele silêncio orante,
Um amor novo já nasce em meu coração:
Devoção ao Arcanjo Gabriel, mensageiro celestial,
Companheiro no bom combate, na luta contra o mal.

No silêncio, pelo sim dado,
Novos horizontes alargados foram.
À Trindade Santa toda a honra merecida!
Confiante, em Suas mãos, entrego toda a minha vida.


PS: Escrito quando de minha nomeação como Bispo da Diocese de Guanhães - MG - 19 de junho de 2019

Carta ao Povo de Deus: Diocese de Guanhães - MG

                                             

 

“PARA MIM O VIVER É CRISTO”
- “MIHI VIVERE CHRISTUS EST” (Fl 1,21).
 
 
Querido Povo de Deus,
Graça e Paz da parte de Nosso Senhor Jesus Cristo
 
Com o coração transbordante de alegria, saúdo o Povo de Deus que se encontra nesta Igreja Particular: Ministros Ordenados (Padres, Diáconos), Religiosos/as, Seminaristas) e todos os homens e mulheres que lutam por justiça e paz.
 
Desde o dia 10 de junho, consultado pela Nunciatura para assumir o pastoreio desta Diocese, com a nomeação pelo Papa Francisco, e tendo dado meu SIM, motivado pela resposta livre e alegre que Maria, a Mãe de Jesus, deu ao Mistério da Encarnação e à vontade de Deus, tenho elevado ao Pai orações de súplica e gratidão pelo dom que me foi confiado na missão de acolher, cuidar, acompanhar e servir o Povo de Deus.
 
Peço que se unam a mim nestas orações, para que eu possa viver e testemunhar o meu Lema Episcopal - “PARA MIM O VIVER É CRISTO” - “MIHI VIVERE CHRISTUS EST” (Fl 1,21), na tríplice missão de santificar, ensinar e governar.
 
Desde já, convido a todos para a Celebração Eucarística do início do meu Ministério Episcopal, em Guanhães – MG, no dia 14 de setembro, às 9h30min, presidida por Dom Darci Nicioli, Arcebispo de Diamantina – MG.
 
Permaneçamos vigilantes e orantes, contando sempre com a proteção e as bênçãos de Maria, Mãe da Igreja e do Arcanjo São Miguel.
 
Rogo a Deus bênçãos copiosas sobre todos os que o Senhor me confiou, a fim de que possam irradiar a luz de Cristo, sendo sal e fermento do Reino.
  
 
PS: Após cinco anos deste acontecimento marcante em minha vida, louvo e glorifico a Deus pela graça de exercer o meu Ministério Episcopal junto a este povo sempre tão caloroso, acolhedor e sedento da Palavra de Deus.

Súplica ao Senhor Bom Jesus do Matosinhos

 


Súplica ao Senhor Bom Jesus do Matosinhos

Óh! Senhor Bom Jesus, que estais neste Santuário de braços abertos para acolher com paternal bondade os vossos devotos e derramar sobre todos a plenitude de misericórdia, eis-me aqui para oferecer-Vos, com o tributo de minhas homenagens e adoração, o meu mais profundo sentimento de dor e arrependimento pelos meus pecados que tantas vezes Vos ofenderam.

Óh! Senhor, tudo neste Santuário atesta a Vossa infinita bondade em ouvir as súplicas daqueles que se dirigem à Vós com fé e confiança, tudo neste lugar proclama a Vossa incomensurável compaixão nunca desmentida, mas sempre eficaz, sempre ativa. Animada por tantas provas de ternura paternal e compaixão extrema, venho lançar-me a Vossos pés implorando a graça que ardentemente desejo (pede-se a graça). E Vós, Virgem Santíssima, Mãe de Deus e também Mãe Nossa, a quem o Bom Jesus nada recusa, alcançai-me estas graças pela Vossa intercessão. Amém.

Reze: 5 “Pai-Nossos”, 5 “Ave-Marias”, 5 Glória ao Pai.

 

PS: Oração exposta na Capela do Santuário Bom Jesus do Matosinhos - Conceição de Mato Dentro - MG. - Autoria desconhecida.

 

Em poucas palavras...

 


Peregrinações

“Os tempos e os dias de penitência no decorrer do Ano Litúrgico (tempo da Quaresma, cada sexta-feira em memória da morte do Senhor) são momentos fortes da prática penitencial da Igreja. Estes tempos são particularmente apropriados para os exercícios espirituais, as liturgias penitenciais, as peregrinações em sinal de penitência, as privações voluntárias como o jejum e a esmola, a partilha fraterna (obras caritativas e missionárias).”

 

(1)        Catecismo da Igreja Católica - parágrafo n. 1438

Em poucas palavras...

 


Promessas

promessas a Deus. O Batismo e a Confirmação, o Matrimônio e a Ordenação comportam sempre promessas.

Por devoção pessoal, o cristão pode também prometer a Deus tal ou tal ato, uma oração, uma esmola, uma peregrinação, etc.

A fidelidade às promessas feitas a Deus é uma manifestação do respeito devido à majestade divina e do amor para com o Deus fiel.”  (1)

 

(1) Catecismo da Igreja Católica - parágrafo n. 2101

Quem sou eu

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG