segunda-feira, 1 de setembro de 2025

Vivamos a caridade, a plenitude da Lei! (1)

                                         

Vivenciamos a caridade, a plenitude da Lei!

Para o Apóstolo Paulo, a morte não teve sua última palavra. O Amor que nos amou até o fim venceu. A vida venceu a morte, a fim de que a humanidade nunca mais fique mergulhada na escuridão.

O abismo da morte recebeu a visita do Redentor, para que fizesse triunfar a Sua missão.

Celebra-se o mais belo triunfo: a vitória do amor. A partir da Páscoa, a Lei se condensa no amor; no amor aprendido com o Amor: Jesus.

Ele que fez dom de Si mesmo, num amor incondicional até o extremo: Amor misericordioso, vivido intensamente na fidelidade ao Pai, sob a ação do Espírito na defesa e promoção da vida, portadora da sacralidade divina.

Paulo nos exorta a “Viver a Caridade, que é a plenitude da Lei”, a plenitude do Amor (Rm 13,8-10). Quem ama cumpre plenamente a Lei.

O próprio Jesus nos disse: “ninguém tem amor maior do que Aquele que dá a vida pelos Seus amigos”  (Jo 15,13).

Quanto mais progredirmos no amor de Deus, mais humanos nos tornaremos. O caminho da humanização passa pela prática do amor, concretizada no Amor a Deus e no amor ao próximo.

Santo Irineu disse: “Deus Se fez humano para que nos tornássemos divinos…”

E, como disse Santo Agostinho: “Ame e faça o que quiseres”.

A Cruz teve aparência de derrota, na perspectiva da fé é vitória. Jesus morrendo, matou em Si a morte e, nós, por Sua morte somos libertados da morte.

Assumir a cruz de cada dia é contemplar e testemunhar o Amor da Trindade ali presente: Um Deus (Pai) que é eterno Amante, fiel ao eterno Amado (Jesus) em comunhão com o eterno Amor (Espírito Santo), como também nos falou Santo Agostinho.

Somente trilhando O Caminho, acolhendo A Verdade, teremos A Vida; vida plena e abundante, nutrida e movida pela caridade, que consiste na expressão madura da liberdade.

Verdade, caridade e liberdade devem nos acompanhar em todo tempo, para que a alegria da Ressurreição celebrada no Altar possa o mundo contagiar. Eis a Boa Nova a anunciar, testemunhar:  “Naqueles dias, Jesus foi à montanha para orar e passou a noite inteira em Oração a Deus. Depois que amanheceu, chamou os discípulos e dentre eles escolheu doze, aos quais deu o nome de Apóstolos” (Lc 6,12-13).

O Verbo, na montanha, passou a noite inteira em Oração…
Ao amanhecer chama os Seus…

Contemplemos esta noite memorável.

Reflitamos:

-  Quais teriam sido as Palavras do Filho dirigidas ao Pai?
-  Quais teriam sido as Palavras do Pai dirigidas ao Filho?

Lá estava também O Espírito, como elo de Amor, comunicação do Pai e do Filho.

Montanha, lugar da manifestação do Deus, que é diálogo, discernimento, intimidade, recolhimento…

Montanha, lugar da comunicação, da abertura, da proximidade, Palavra de Luz para todo momento.

Planície, lugar aonde Jesus e os Seus escolhidos desceram, para levar a Palavra, cura, libertação, paz, vida nova e alegria; sinais do Reino que se anuncia, que a tudo se renuncia, no fiel seguimento, inaugurando novo dia…

Planície, lugar aonde Jesus e os Seus escolhidos desceram, para proclamar ao mundo o Projeto das Bem-Aventuranças, Caminho da plena felicidade, que se contrapõe aos planos de uma velha humanidade…

Na Escola do grande Mestre, temos muito a aprender com aqueles que fizeram da Oração o Alimento indispensável da existência, lâmpada para a escuridão da noite, Estrela que se vislumbra em cada amanhecer até o escurecer.

Aprendamos com aqueles que descobriram a vitalidade da Oração, não como evasão do tempo presente, mas como inserção no mesmo.

Que o amor aprendido com o Amor, que nos amou até o fim, Jesus, possamos viver.

Ao Amor que se renova na Fonte do Amor, renovemos o nosso testemunho mais intenso, ardoroso e com vigor!

Jesus, o Amor que cura, salva e liberta. Amor que se vivido, é verdadeiramente o cumprimento alegre e rejuvenescedor de toda Lei, porque se nutre da Fonte do Amor que Se nos revela em todo o Seu esplendor. Amém! 

Rezando com os Salmos - Sl 75 (76)

 


Aguardamos a vinda gloriosa do Senhor

 “–1 Ao maestro do coro.
Com instrumentos de corda. Salmo de Asaf. Cântico.

–2 Em Judá o Senhor Deus é conhecido,
e seu nome é grandioso em Israel.
–3 Em Salém ele fixou a sua tenda,
em Sião edificou Sua morada.

–4 E ali quebrou os arcos e as flechas,
os escudos, as espadas e outras armas.
–5 Resplendente e majestoso apareceis
sobre montes de despojos conquistados.

=6 Despojastes os guerreiros valorosos
que já dormem o seu sono derradeiro,
incapazes de apelar para os seus braços.
–7 Ante as Vossas ameaças, ó Senhor,
estarreceram-se os carros e os cavalos.

–8 Sois terrível, realmente, Senhor Deus!
E quem pode resistir à Vossa ira?
–9 Lá do céu pronunciastes a sentença,
e a terra apavorou-se e emudeceu,
–10 quando Deus se levantou para julgar
e libertar os oprimidos desta terra.

–11 Mesmo a revolta dos mortais Vos dará glória,
e os que sobraram do furor Vos louvarão.
–12 Ao Vosso Deus fazei promessas e as cumpri;
Vós que o cercais, trazei ofertas ao Terrível;
–13 ele esmaga os reis da terra em seu orgulho,
e faz tremer os poderosos deste mundo!”

O Salmo 75(76) é uma ação de graças pela vitória:

“Ação de graças depois de esplêndida vitória devida à intervenção de Deus libertador. Deus aparece em Sião, os inimigos são aniquilados. O povo é convidado a louvá-Lo e a oferecer sacrifícios.” (1)


Concluindo, reflitamos sobre a intervenção de Deus na história, e vinda gloriosa do Filho do Homem (Mt 24,29-31), como lemos no versículo 30:

“Aparecerá, então, no céu, o sinal do Filho do Homem vindo sobre as nuvens do céu, com grande poder e glória.”

 

(1) Comentário da Bíblia Edições CNBB pág. 790

Acolhamos a Palavra do Senhor, com humildade e afeição íntima

                                                   


Acolhamos a Palavra do Senhor, com humildade e afeição íntima

Sejamos enriquecidos com um texto do Livro da Imitação de Cristo (séc XV):

“Ouve, filho, minhas palavras suavíssimas, que superam toda a ciência dos filósofos e sábios deste mundo. Minhas palavras são espírito e vida (cf. Jo 6,63), não ponderáveis por humanas inteligências. 

Não devem ser puxadas para a vã complacência, mas escutadas em silêncio, acolhidas com total humildade e afeição íntima. 

Eu disse: Feliz a quem instruis, Senhor, e lhe ensinas tua lei para que o alivies nos dias maus (Sl 93,12-13) e para que não se sinta abandonado na terra. 

Eu, diz o Senhor, ensinei no início aos profetas e até hoje não cesso de falar a todos. Porém muitos, à minha voz, são surdos e endurecidos. 

Muitos se comprazem em atender ao mundo mais que a Deus; com maior facilidade seguem os apetites de sua carne do que a vontade de Deus. 

O mundo promete coisas temporárias e pequeninas e é servido com imensas cobiças. Eu prometo bens sublimes e eternos e se entorpecem os corações dos mortais. 

Quem me serve e obedece com tanto empenho em todas as coisas, quanto se serve ao mundo e aos seus senhores?

Cora de vergonha, servo preguiçoso e descontente, porque aqueles estão mais prontos para se perderem do que tu para viveres.

Mais se alegram aqueles com a vaidade do que tu com a verdade. 

E, no entanto, por vezes se frustra sua esperança, ao passo que jamais falha a alguém minha promessa, nem sai de mãos vazias quem em mim confia. 

O que prometi, darei; o que falei, cumprirei. 

Sou eu o remunerador dos bons e inabalável acolhedor de todos os fiéis. 

Escreve minhas palavras em teu coração e rumina-as com cuidado; serão muito necessárias no tempo da tentação.

O que não entendes ao ler, entenderás quando te visitar. 

Costumo visitar de dois modos meus eleitos: pela tentação e pela consolação. 

E lhes leio diariamente duas lições: uma, arguindo seus vícios; outra, exortando a progredir na virtude. 

Quem tem minhas palavras e delas faz pouco caso, terá quem o julgue no último dia (cf. Jo 12,48).”

Vivendo o mês de setembro, de modo especial dedicado ao mês da Bíblia, intensifiquemos e aprofundemos a oração, com a Sagrada Escritura.

Seja a Leitura Orante (leitura, meditação, oração e contemplação) um modo privilegiado para que nossa oração nos ajude a viver mais configurados a Jesus Cristo (Fl 2,1-11).

Que a Palavra de Deus seja para nós, como foi para todos os profetas, como assim o foi para Jeremias:

“Quando encontrei tuas palavras, alimentei-me; elas se tornaram para mim uma delícia e a alegria do coração, o modo como invocar eu nome sobre mim, Senhor Deus dos exércitos” (Jr 15,16).

A Sagrada Escritura e a missão de cada dia

                                                       


A Sagrada Escritura e a missão de cada dia

A Sagrada Escritura, se lida, meditada e, no coração, acolhida, é indispensável em nossa caminhada de fé, pois brilha como um farol na escuridão da noite, tornando-a clara como a luz do dia.

Ontem, hoje e sempre, ecoa a palavra do Papa São Paulo VI, que nos leva a refletir sobre a missão do cristão leigo e de todo batizado no mundo:

“Os leigos, a quem a sua vocação específica coloca no meio do mundo e à frente de tarefas as mais variadas na ordem temporal, devem também eles, através disso mesmo, atuar uma singular forma de evangelização...

O campo próprio da sua atividade evangelizadora é o mesmo mundo vasto e complicado da política, da realidade social e da economia, como também o da cultura, das ciências e das artes, da vida internacional, dos "mass media" e, ainda, outras realidades abertas para a evangelização, como sejam o amor, a família, a educação das crianças e dos adolescentes, o trabalho profissional e o sofrimento.”. (Evangelli Nuntiandi, n.º 70)

Somos pessoas da “montanha sagrada”, na escuta atenta do Filho Amado - Jesus, pessoas da contemplação, da oração, da espera de um novo céu e de uma nova terra. Mas, como cristãos, somos também “cidadãos na planície”, no anúncio e no testemunho, no serviço à vida a fim de que a vida plena não seja promessa apenas para a eternidade: o céu começa aqui!

Bíblia na mão, na mente e no coração. A genuína espiritualidade cristã não nos dispensa de reais e efetivos compromissos, para que um de tantos divórcios não se repita e nem se multiplique: o divórcio entre a fé e a cidadania.

Anunciar a Boa Notícia do Senhor em todo e qualquer lugar, porque ela é a luz indispensável, sobretudo os momentos difíceis e sombrios que estamos vivendo.

Que o Espírito do Senhor nos acompanhe, para que, a partir da Sagrada Escritura, saibamos reler os fatos e trilhar os caminhos que promovam a dignidade da vida, para que  o pranto da tarde nosso combate seja acompanhado pela alegria que nos vem saudar no amanhecer, como tão bem expressou o Salmista (Sl 29/30):

“Eu Vos exalto, ó Senhor, pois me livrastes,
e preservastes minha vida da morte!...” 

Um olhar transcendente

                                                                      

Um olhar transcendente

Caminhando pela praça, meus olhos se fixam ao que me toca a alma. Em um cenário diferenciado, com um chão tortuoso, tendo o cuidado para não tropeço descuidado, volto meu olhar de modo especial sobre aqueles que edificam e fazem iluminar minha alma, e me levam a voos diferenciados às alturas de um céu azulado.

Meus pensamentos voam contemplando as crianças correndo ao encontro dos braços da mãe, e por elas fotografadas, deitadas na cama que a natureza nos presenteia: a grama do jardim, roseada pelas pétalas do ipê caídas depois do tempo útil e necessário, num eterno círculo de reflorescimento: cair, morrer, fecundar, e um tempo depois novamente vir a florescer e florir.

Na praça, por vezes, somos surpreendidos com pessoas, que rompendo o anonimato, se aproximam, para uma informação ou com o simples propósito de conversar, ainda que aparentemente futilidades, podendo até mesmo vincular relacionamentos, acolhida, orientação, palavras partilhadas, renovando-se para pôr-se a caminho.

Outras vezes os pensamentos voam contemplando pessoas trêfegas, cansadas, agitadas, depois de um dia extenuante, que não percebem que o sol está se pondo no horizonte, para um novo amanhecer, com seus raios e luz que virão nos iluminar e aquecer; e num retorno em meio ao tráfego, quando o semáfaro que não abre, embora  programado, como que tivesse que se esperar uma eternidade.

Olho a praça como lugar do aprendizado da expressão da beleza da vida, da convivência harmoniosa, para além das diferenças e anonimatos a serem rompidos. Meus olhos, pela natureza encantados, pelo canto dos pássaros, meus ouvidos e alma tocados.

A sensibilidade para os mínimos acontecimentos nos dão a devida dimensão da grandiosidade e sacralidade e dignidade da vida humana e o zelo pela totalidade da divina criação.

Urge que nossas praças sejam mais valorizadas e cuidadas; um lugar agradável de caminhadas, para cuidado do corpo e do espírito, dos sonhos, dos encontros e reencontros, do refazer-se para o árduo caminho; espaço da convivência, das manifestações, da cordialidade e fortalecimentos de vínculos de justiça, paz e fraternidade.

Enfim, seja a praça a prefiguração da praça celestial, o novo céu e a nova terra, onde caminharemos entre anjos e santos, com a graça da comunhão plena de vida e de amor, em que o Senhor reinará no coração de toda a humanidade, quando o Filho, Jesus, submeterá Àquele que tudo lhe submeteu, para que Deus seja tudo em todos.

“E quando todas as coisas lhe tiverem sido submetidas, então o próprio Filho Se submeterá àquele que tudo lhe submeteu, 
para que Deus seja tudo em todos. 
E quando todas as coisas lhe tiverem sido submetidas, 
então o próprio Filho se submeterá Àquele 
que tudo lhe submeteu, 
para que Deus seja tudo em todos”

(1 Cor 15,28).

Caminhando sobre as pétalas dos ipês

 


     Caminhando sobre as pétalas dos ipês

“Permanecei inabaláveis e firmes na fé,

sem vos afastardes da esperança que vos dá o Evangelho,

que ouvistes, que foi anunciado a toda criatura debaixo do céu.” (1)

 

Manhã de primavera, caminhando sobre as pétalas,

que anunciam uma nova estação começada.

Pensamentos elevados aos céus, em súplicas.

 

Relembro pequenos gestos contemplados,

mãos enrugadas pelo tempo, trêmulas estendidas,

Aos pés de uma cruz, braços estendidos suplicantes...

 

Na sala de espera de um hospital, notícia recebida

Lágrimas copiosas vertidas, ainda pude ouvir:

“nossa bela criança para Deus voltou, partiu...”

 

Paisagens cortantes da alma, de cinzas pelos campos,

Árvores queimadas, vidas sacrificadas, fumaça asfixiante,

Talvez por fatalidade, talvez por desejos insanos.

 

As criaturas e a criação gemendo em dores de parto,

De novos tempos, numa necessária ecologia integral.

Do contrário, futuro comum ameaçado, o que esperar?

 

Ouço canções que me devolvem a confiança e esperança,

De novos amanheceres possíveis, não há que desistir

Mantenhamos a fé inabalável, não nos afastemos da esperança.

 

O amor de Deus nos impele para não nos curvarmos.

As estações se sucederão e novas primaveras virão.

As pétalas caem em gesto último, beleza ao chão pisado.

 

Novas primaveras hão de vir.

Não podemos jamais desistir.

Peregrinos da esperança a caminho.

 

(1) Cl 1,23

Como amo Tua Palavra, ó Senhor!

                                                          

Como amo Tua Palavra, ó Senhor!

Como amo Tua Palavra, Senhor! Luz para nossos passos,
Palavra que é o fundamento de nossa fé cristã (1Cor 12, 27-28).

À Tua Palavra, lida e meditada em comunidade, que respondemos
Com a nossa vida como um grande “Amém” (Ne 8,6)

Glorificamos a Ti, Senhor, pela comunidade que participamos,
Lugar onde, dia a dia, ritualizamos e celebramos o “sim” dado a Ti.

Não permitas, Senhor, que nossa comunidade se fracione, se disperse,
Ou que seja apenas uma simples coexistência, sem a Tua Palavra.

Afasta o perigo de acolhermos a Tua Palavra,
Mas não vivê-la com autenticidade e não comunicá-la ao mundo.

Dá-nos Teu Espírito para que vivamos o “amém”, o “sim” à Tua Palavra,
Palavra do Pai que Tu és e revelaste aos humildes e pequeninos (Mt 11, 25).

Concede-nos a graça de ouvir a Tua Palavra e vivê-la alegremente,
Na graça da Missão, do anúncio acompanhado do testemunho.

Revigorados pelo Pão de Tua Palavra e nutridos pelo
Pão da Eucaristia, no qual estás verdadeiramente presente:
Verdadeira Comida, Salutar Bebida. Amém.

Quem sou eu

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG