quinta-feira, 20 de novembro de 2025

O tempo é breve: Sabedoria em nossas escolhas

                                                         


O tempo é breve: Sabedoria em nossas escolhas 

A passagem do Evangelho da quinta-feira da 34ª Semana do Tempo Comum (Lc 21, 20-28) nos fala do fim dos tempos, e Jesus alerta: “Jerusalém será pisada pelos infiéis, até que o tempo dos pagãos se complete.”. 

No Comentário do Missal Cotidiano lemos:

“Salvação ou condenação, ruína ou libertação, felicidade ou desespero – a escolha faz-se agora, no tempo, com toda a nossa vida”

Lucas nos apresenta um discurso escatológico de Jesus, ou seja, sobre o fim dos tempos e a Sua volta para o julgamento final de todos.

Há implícita uma verdade que nos ilumina: se O procuramos como nosso amigo e Senhor, de fato o encontraremos com alegria e confiança.

De outro lado, se O ignoramos, descuramos, desprezamos em Sua Pessoa ou presença nos irmãos, nosso encontro com Ele será de medo e de dor.

Em cada instante estamos fazendo escolhas, tomando decisões, dando um matiz Pascal ou não a nossa vida. E, dependendo destas, encaminhamos nossa existência para o desabrochar na plenitude do Amor de Deus ou para o mergulho na escuridão eterna, onde haverá “choro e ranger de dentes”, como já nos alertara O Senhor.

Que Deus ilumine nossos pensamentos, palavras e ações, e nos conceda a sabedoria para fazermos escolhas corretas, determinando todo o nosso existir.

Oportunas são as palavras do Apóstolo Paulo (Rm 4,18): Temos que aprender como Abraão, o Pai da fé: “Ele, esperando contra toda a esperança, creu e tornou-se assim pai de muitos povos, conforme lhe fora dito: ‘Tal será tua descendência”.

Ainda peregrinos que somos, esperemos o Senhor que vem gloriosamente, e que já conosco caminha, sem vacilar na fé, firmando nossos passos. 

Esperamos Sua vinda, solidificando nossa esperança, com a eterna chama viva da caridade que se plenifica na eternidade, confiantes de que um dia O encontraremos e O contemplaremos face a face.


(1) Missal Cotidiano - pág. 1547.       

Em poucas palavras... (Cristo Rei)

 


Jesus Cristo, Rei  do Universo

Oremos:

“Deus eterno e todo-poderoso que dispusestes restaurar todas as coisas em vosso amado Filho, Rei do universo, concedei benigno que todas as criaturas, libertas da escravidão, sirvam à vossa majestade e vos glorifiquem sem cessar. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus, e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos. Amém.” (1)

 

 

(1)Oração da Coleta da Missa - Jesus Cristo, Rei do Universo

Jesus, o Senhor e o centro de nossa vida (Cristo Rei - Ano C)

                                                              

Jesus, o Senhor e o centro de nossa vida

Ao celebrar a Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo (ano C), a Liturgia nos convida a refletir sobre o modo diferente de Sua realeza.

A realeza de Jesus se expressa numa vida marcada pelo amor vivido, no serviço, na doação de Sua vida e no perdão, concedido a quem se põe numa atitude sincera de arrependimento e conversão.

Com a Festa de Cristo Rei, celebramos a festa da soberania de Cristo sobre a comunidade que n’Ele professa a fé, em total e incondicional adesão, tornando-se, como Ele, servidora do Reino, para  com Ele também reinar.

Na primeira Leitura, ouvimos uma passagem do Livro de Samuel, que nos apresenta Davi, como o rei de Israel, e um tempo marcado pela felicidade, abundância e paz (2 Sm 5,1-3).

Tempos depois, o Povo de Deus viveria situações totalmente adversas, e, com isto, o anúncio profético da vinda de seu descendente, que devolveria a este a alegria, a vida e a paz: o próprio Jesus.

Na segunda Leitura, ouvimos a passagem da Carta de Paulo aos Colossenses (Cl 1, 12-20), que nos apresenta a soberania de Jesus Cristo sobre toda a criação, sendo Ele a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda criatura (herdeiro principal), e também a fonte de vida plena para toda a humanidade, porque n’Ele, por Ele e para Ele, todas as coisas foram criadas.

Com isto, podemos afirmar que Jesus deve ter a centralidade em nossa vida, e n’Ele crer, implica numa nova conduta, novos pensamentos e sentimentos, porque a Ele totalmente configurados.

Na proclamação do Evangelho, ouvimos a passagem de Lucas (Lc 23, 35-43), com a realização da promessa que fora feita desde os tempos dos Profetas: Jesus é o Messias, o Rei, o enviado por Deus que vai transformar a realidade do povo, inaugurando o Reino de Deus, não edificado sobre a força, a violência, na lógica do extermínio, tão pouco na imposição, mas tem como pilares o amor, o perdão e o dom da vida.

A narrativa de Lucas nos apresenta Jesus crucificado entre dois malfeitores, e, diante de Si, um povo silencioso, perplexo, e sobre Sua Cruz a inscrição:

“Este é o rei dos judeus”: “Ele não está sentado num trono, mas pregado numa Cruz; não aparece rodeado de súditos fiéis que o incensam e adulam, mas dos chefes dos judeus que o insultam e dos soldados que O escarnecem. Ele não exerce autoridade de vida ou de morte sobre milhões de homens, mas está pregado numa Cruz, indefeso, condenado a uma morte infamante... Não há aqui qualquer sinal que identifique Jesus com poder, com autoridade, com realeza terrena” (1).

É exatamente na Cruz que Jesus manifesta plenamente a Sua realeza. A Cruz é o Seu trono. Reinar com o Senhor implica também que os discípulos tenham a coragem de tomar a sua cruz cotidiana, com as renúncias necessárias, para segui-Lo com disponibilidade, fidelidade.

Reinar com Jesus é experimentar a força desarmada do amor, e tão somente assim se torna digna e frutuosa a celebração da Solenidade de Cristo, Rei e Senhor do Universo.

Finalizando, é preciso repensar nossa existência como discípulos missionários do Senhor.

Reflitamos:

- Como testemunhamos Jesus, um rei despojado de tudo e pregado numa Cruz?
vivemos um discipulado despido de pretensões de honras, glórias, títulos, aplausos, reconhecimento, ibope, glamour?

Uma vez que proclamamos Jesus como nosso Rei e Senhor, reinemos com Ele, no amor, no perdão e na entrega da vida, em sincera e frutuosa doação em favor da vida plena e feliz para todos.

Reinemos com Jesus, fazendo d’Ele e de Sua Palavra o centro de nossa vida.


Cristificar, eis a nossa missão! (Cristo Rei)

                                                            


Cristificar, eis a nossa missão!

Cristificar, mais que um
verbo a conjugar, pelo Verbo viver…

Ser cristão é "Cristificar".

Mas, este verbo não existe, dirão, devaneios da mente, loucura, algo sem absoluto sentido…

Cristificar é um neologismo, não procure no dicionário. Importa, porém, que nos leva a pensar...

Não nos percamos no secundário, procuremos na realidade que nos cerca significados para “cristificar”:

Cristificar é em primeiro momento tornar-se Cristo, a tal ponto que possamos dizer como o Apóstolo Paulo: Já não sou quem vivo, é Cristo quem vive em mim (cf. Gl 2,20).

Tornando-se Cristo, e Ele vivendo em nós, ser sinal de Sua presença no mundo. Torná-Lo visível, crível, tocável, presente, solidário, deve ser nossa missão permanente.

Cristificar é deixar-se conduzir pela Sua Palavra, pelo Seu ensinamento, acolher e viver a Boa Nova do Evangelho (Cf. Lc 4,16-21).

Cristificar é tornar-se semelhante a Ele, configurar-se a Ele, tendo d’Ele mesmos sentimentos (cf. Fl 2,5).

Cristificar é completar em nossa carne o que falta a Sua Paixão por amor a Sua Igreja (cf. Cl 1,24).

Cristificar é ser misericordioso como o Pai (Lc 6,36).

Cristificamos quando prolongamos no dia a dia a Eucaristia que celebramos e o Cristo que comungamos.

Cristificamos quando o Mistério no Altar Celebrado, crido, adorado, sem medo, por absoluto amor, nas mais diversas situações testemunhado.

Cristificamos quando o Pão no Altar for, por todos, partilhado, renova-se o compromisso com a paz e justiça, aurora de um mundo transformado.

Cristificamos quando assumimos nossa condição de fermento na massa levedando o mundo, para que acorde numa nova aurora de esperança.

Cristificamos quando assumimos a missão de ser sal para dar sabor à vida, gosto de Deus à humanidade, construindo laços de amizade/fraternidade.

Cristificamos quando não deixamos apagar a Luz de Deus que em nós habita, numa fé que não esmorece diante das provações da vida.

Cristificar solidificando a família, tendo Jesus como rocha, pedra fundamental sobre a qual se edifica a Igreja doméstica, onde o amor, lei maior, jamais pode faltar (cf. Mt 7).

Cristificar cultivando o jardim de Deus, não com saudades do paraíso, mas como um alegre, incansável e inadiável compromisso.

Cristificar não erigindo a torre de Babel para chegar aos céus, mas na cruz cotidiana carregada fortalecer laços de partilha e comunhão, no amor a Deus e a toda Sua criação.

Cristificar não permite o furtar-se de compromissos em todos os âmbitos de nossa vida.

Cristificar não nos permite da luta fugir; lutando sempre na ousadia e teimosia de quem sabe pela defesa da sagrada vida resistir.

Cristificar não nos permite indiferenças, acomodações, discriminações, alienações. Não nos permite braços cruzar, na espera de um amanhã melhor, como se Deus de nós não quisesse precisar. Não nos é permitido das responsabilidades múltiplas, esquivar, renunciar.

Cristificar é ser outro Cristo para tantos outros Cristos que nos rodeiam: famintos, analfabetos, idosos, desamados, desesperançados, abandonados, encarcerados, mutilados, nos porões da humanidade condenados…

Cristificar, repito, é tornar-se outro Cristo! Fácil? Absolutamente não! Mas, o verdadeiro cristão sabe que não encontrará facilidades; sabe que o verdadeiro cristianismo não se vive sem o Mistério da Cruz, pela qual o Amor veio e entrou no mundo.

Cristificar é, enfim, renunciar a si mesmo, tomar a sua cruz de cada dia, e seguir o Senhor. A vida consumir, numa alegre e esperançosa entrega da glória eterna. A cruz é inevitavelmente, em sua exata medida, instrumento de libertação, quer para o tempo presente, quer para a glória dos céus.

Em todo tempo, inclusive na pós-modernidade em que estamos inseridos, é preciso aprender a conjugar o verbo cristificar.

Cristificar, mais que um verbo a conjugar, pelo Verbo viver…



PS: Apropriado para a Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo; bem como quando na Liturgia se proclama a passagem do Livro do Gênesis (Gn 11,1-9) sobre a torre de Babel

Jesus, um Rei diferente (Cristo Rei)

                        

Jesus, um Rei diferente

Reflitamos a passagem do Evangelho (Lc 23, 35-43) proclamado na Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo (ano C).

Voltamos ao tema da conversão, que é tão importante para a teologia de Lucas, e que sobressai tão fortemente na narração da Paixão do Senhor.

A narração da Paixão não é para que tenhamos pena de Jesus, tão pouco compaixão pelas Suas dores. Somente isto não basta:

"A melhor atitude é ter consciência dos próprios pecados, arrepender-se deles e tirar da Cruz de Jesus, a coragem e a força para mudar de vida” (1).

Isto é o que aprendemos com um dos crucificados ao lado de Jesus (Lc 23,40-42) ao se dirigir ao outro crucificado: 

“'Nem sequer temes a Deus, tu que sofres a mesma condenação. Para nós é justo, porque estamos recebendo o que merecemos; mas Ele não fez nada de mal’. E acrescentou: ‘Jesus lembra-Te de mim quando entrares no Teu reinado’”.

Oremos:

Honra, glória, poder e louvor a Jesus, nosso Rei e Senhor!
Ontem, hoje e sempre, porque sois verdadeiramente Homem e Deus e Reina possibilitando-nos a graça da conversão;

Honra, glória, poder e louvor a Jesus, nosso Rei e Senhor!
Ontem, hoje e sempre, porque sois verdadeiramente Homem e Deus e Reina salvando-nos e o céu abrindo-nos.

Honra, glória, poder e louvor a Jesus, nosso Rei e Senhor!
Ontem, hoje e sempre, porque sois verdadeiramente Homem e Deus e Reina amando-nos.

Honra, glória, poder e louvor a Jesus, nosso Rei e Senhor!
Ontem, hoje e sempre, porque sois verdadeiramente Deus e Reina, e pela causa deste Reino, a morte de cruz vivendo, gloriosamente Ressuscitando.

Honra, glória, poder e louvor a Jesus, nosso Rei e Senhor!
Ontem, hoje e sempre, porque sois verdadeiramente Deus e Reina no consumando amor até o fim no Trono Glorioso da Cruz.

Honra, glória, poder e louvor a Jesus, nosso Rei e Senhor!
Ontem, hoje e sempre, porque sois verdadeiramente Homem e Deus e Reina dando-Se a Si mesmo.

Honra, glória, poder e louvor a Jesus, nosso Rei e Senhor!
Ontem, hoje e sempre, porque sois verdadeiramente Homem e Deus e Reina “perdendo” a Sua vida para que o mundo possa viver.

Honra, glória, poder e louvor a Jesus, nosso Rei e Senhor!
Ontem, hoje e sempre, porque sois verdadeiramente Homem e Deus e inverte a lógica do ter, poder e ser, vivendo a partilha, o serviço e a humildade.

Honra, glória, poder e louvor a Jesus, nosso Rei e Senhor!
Ontem, hoje e sempre. Amém.

  
(1)         Lecionário Comentado – Ed Paulus – Lisboa -2010 - p.863

Cristo Reina quando nosso coração se inflama de amor (Cristo Rei)

                                                                   

Cristo Reina quando nosso coração se inflama de amor

Chegando ao final de mais um Ano Litúrgico, celebramos, com toda a Igreja, a Solenidade de Cristo Rei do Universo, proclamando ao mundo que Ele é o Senhor de nossa vida.

Com júbilo, renovamos nosso compromisso de discípulos missionários do Senhor, amando como Ele ama. Um amor incondicional que ama até o fim e, de modo especial, os mais empobrecidos com os quais se identifica.

Reinar com Jesus é fazer d’Ele e de sua Palavra o centro de nossa vida, pautar nossa existência, todo nosso pensar, sentir e agir à luz de Seus ensinamentos. 

Trilhando o caminho da fé, ancorados pela esperança e inflamados pelo fogo da caridade, seremos iluminados pela verdade, teremos a vida plena prometida abundantemente. É preciso ter coragem de carregar o trono de Jesus, que aos olhos do mundo nada tem de encantador, ao contrário. Carregar o trono onde Ele foi entronizado e coroado: a Cruz! Expressão que nos inquieta: a Cruz é o trono do Senhor!

Um longo caminho percorremos e reinamos com o Senhor no realizar de  cada pequeno gesto, sempre acompanhado de muito amor e que, portanto, aos olhos de Deus tornam-se grandes.

Coroamos o Senhor como servos inúteis que somos com o nosso trabalho, portanto, não podemos ser econômicos em descobrir modos e expressões efetivas e afetivas para coroá-Lo; amando a Deus sobre todas as coisas, com nossa alma, força, mente e entendimento e ao nosso próximo como Ele nos amou. 

Quem a Deus ama, reina com o Senhor servindo alegremente. Que continuemos coroando o Senhor, resistindo às tentações que nos acompanham a todo instante, sem jamais sucumbir a elas, vigilantes e pacientes nas tribulações e adversidades, pois tudo podemos n’Aquele que nos fortalece e, na mais bela expressão de gratidão e gratuidade.

A Ele todo o louvor e glória. Tão somente assim O coroamos e O proclamamos Rei do Universo e  Senhor de nossa vida.

Em poucas palavras... (Cristo Rei)

 

 


       “....Quando Eu coloquei os meus pobrezinhos na terra...”

“Todo o mal que os maus fazem é registrado – e eles não o sabem. No dia em que ‘Deus virá e não se calará’ (Sl 50, 3) [...]. Então, Ele Se voltará para os da Sua esquerda: ‘Na terra, dir-lhes-á, Eu tinha posto para vós os meus pobrezinhos, Eu, Cabeça deles, estava no céu sentado à direita do Pai – mas na terra os meus membros tinham fome: o que vós tivésseis dado aos meus membros, teria chegado à Cabeça.

Quando Eu coloquei os meus pobrezinhos na terra, constituí-os vossos portadores para trazerem as vossas boas obras ao meu tesouro. Vós nada depositastes nas mãos deles: por isso nada encontrais em Mim’” (1).

(1)         Sermão de Santo Agostinho (séc V)– cf. Catecismo da Igreja Católica n. 1039

 

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