quarta-feira, 24 de dezembro de 2025

Jesus, o Shalom, a nossa Paz, está para chegar! (Natal do Senhor)

                                                   


Jesus, o Shalom, a nossa Paz, está para chegar!

Celebraremos jubilosos o maior acontecimento da História: A Encarnação do Verbo em nosso meio.

Ele, Jesus, nossa paz, nosso Shalom, plenitude de vida vem ao nosso encontro, assumindo nossa humanidade, fragilidade, para nos presentear com a Sua divindade. 

Em Sua humanidade contemplamos a Sua divindade que Se revela. Sua realidade divina é impossível ser eclipsada por tamanha humanidade.

Assim é Jesus:
Verdadeiramente Deus, verdadeiramente Homem! O humano e o divino n’Ele se encontram e se abraçam para sempre!

Natal é acolher na nossa humanidade pobre, pecadora, Sua divina presença!

O Cardeal J. Suenens com palavras simples, curtas, belas e precisas nos revela Jesus, Homem-Deus, um de nós:

“Jesus teve fome e sede (Mt 4,2; 21,18); (Jo 4,7; 19,28), é sujeito ao cansaço (Jo 4,6), faz amizades, chora Lázaro ( Jo 11,35), tem compaixão das multidões (Mt 10,36), ou Se enche de alegria diante das manifestações de amor do Pai (Lc 10,21).

Aproxima-Se dos homens com uma simplicidade e uma autoridade impressionantes: os pecadores, os doentes, os que sofrem, n'Ele encontram a compreensão que buscam e ao mesmo tempo o apelo enérgico que os converte.

Entrega-Se, cada dia, à missão que Lhe foi confiada pelo Pai, desde a tentação no deserto até a suprema entrega no Horto das Oliveiras, onde contemplamos a profundidade humana de Seu sofrimento e de Sua adesão ao Pai e a Sua vontade”. (1)

Contemplamos a vida e ação de Jesus que faziam resplandecer Sua divindade, assim como manifestavam Sua humanidade.

Reflitamos:

-  Quais são os traços da pessoa de Jesus que me chamam atenção?
-  Quais são Seus traços que ainda não Se visibilizam em mim?

-  O que significa celebrar o Nascimento de Jesus?
-  O que a Festa de Natal trará de novo em minha vida espiritual?

- Minha vida possibilita que as pessoas vejam Deus em mim?

Que Deus nos conceda a graça de corajosas respostas, a fim de que acolhamos o Deus Menino na manjedoura de nosso coração e celebrar um Santo Natal de amor e paz! 

Afinal, Ele, Jesus, é a Nossa Paz!


(1) Missal Dominical - Editora Paulus - pág.72

Exultemos pelo Mistério da Encarnação (Natal do Senhor)

                                                        


Exultemos pelo Mistério da Encarnação

Sobre o Mistério da Encarnação do Senhor, Mistério indizível e inesgotável de um Deus que Se fez homem para que o homem se tornasse Deus, é enriquecedor retomar o Sermão do Bispo Santo Agostinho (Séc. V).

Nosso Senhor Jesus Cristo, que é, desde a eternidade, o Criador de todas as coisas nasceu de uma mulher, como afirmou Paulo (Gl 4, 4-5). E assim, expressando Seu Amor, na Cruz, nos deu Sua mãe como a nossa.

O Senhor nasceu, por própria vontade, na plenitude do tempo, a fim de nos conduzir à eternidade do Pai:

Por isto, “Deus Se fez homem para que o homem se tornasse Deus. Para que o homem comesse o Pão dos Anjos, o Senhor dos Anjos Se fez homem”.

E ainda, o Bispo nos convida à exultação diante da ação de Deus;

“As leis da natureza são alteradas no homem. Deus nasce, uma virgem concebe e unicamente a palavra de Deus fecunda a que não se uniu a homem algum.

É ao mesmo tempo mãe e virgem; mãe que conserva a integridade virginal, virgem que gera um filho; permanece intacta, porém não infecunda. Só nasceu sem pecado Aquele que não foi gerado por homem nem pela concupiscência da carne, mas pela obediência do Espírito”

Afirma a realização da profecia neste dia em que o Verbo Se fez Carne:

“Céus, deixai cair orvalho das alturas, e que as nuvens façam chover o justo; abra-se a terra e germine o Salvador” (cf. Is 45,8).

Contemplemos extasiados tão grande Mistério: O Criador que Se torna criatura para nos encontrar, porque perdidos estávamos pelo pecado:

“Por isso, o homem confessa nos Salmos: Antes de ser humilhado, eu pequei (cf. Sl 118,67). O homem pecou e tornou-se culpado; Deus nasceu como homem para libertar o culpado. O homem caiu, mas Deus desceu. O homem caiu miseravelmente, Deus desceu misericordiosamente; o homem caiu por orgulho, Deus desceu com a sua graça”.

Celebrando o tão belo Mistério da Encarnação, sentimos que de fato Ele está presente entre nós, comunicando-nos Sua graça, bondade, força, luz e paz.

Silenciemo-nos diante desta expressão augusta de misericórdia  e caminhemos com o Emanuel, o Deus conosco, multiplicando pequenos e grandes gestos, testemunhando que Ele encontrou lugar em nosso coração, irradiando a alegria de Sua presença, que Se fez morada em nós e entre nós, em todos os momentos, bons e maus, sombrios ou não, pautando a nossa vida pelo Evangelho que Ele nos comunicou.

Natal: gratidão e louvor a Deus Natal (Natal do Senhor)

                                                 

Natal: gratidão e louvor a Deus

Aproxima-se o momento de celebrarmos o Natal do Senhor, e não apenas comemorar, porque a comemoração não esgotará jamais a beleza da Festa do Natal, correndo mesmo o perigo de até esvaziar o seu sentido autêntico.

Natal é tempo favorável para agradecer e louvar a Deus, que nos deu, por amor, o Seu Filho Unigênito, não O retendo para Si.

Ana e Maria, na liturgia do dia 22 de dezembro (1 Sm 1,24-28; Lc 1, 46-56), são as mais belas expressões de agradecimento e louvor a Deus.

Ambas louvam a Deus com expressões semelhante, pelas maravilhas que Deus nelas realizou. Ana apresentou a Deus a sua esterilidade; Maria, por sua vez, a sua pobreza e a sua humildade:

“Hoje Maria e Ana entregam-nos uma mensagem de alegria e de esperança. Seja qual for a condição em que nos encontremos, mesmo a mais desesperada, podemos experimentar a força do ‘braço do Todo-poderoso’; basta que nos abandonemos com confiança a Ele, reconhecendo a nossa pobreza, a nossa miséria, e o Seu amor” (1).

São duas criaturas que têm o senso de Deus, de Sua misericórdia e de Sua grandeza, e encontram-se na alegria porque vivem a vida como dom de Deus.

Os agradecimentos que brotam de suas bocas e coração não são apenas um ímpeto de puríssima adoração, mas uma exata avaliação das coisas.

Cultivam a virtude teologal da caridade em sua expressão mais estritamente teológica: a primeira acompanha o agradecimento com um dom; ela que tinha suplicado tanto a Deus para ter um filho; recebeu-o como um dom de Deus: “Por isso também eu o dou em troca ao Senhor”, e para sempre” (1 Sm 1,24-28).

Maria, por sua vez, compreendeu que “o Senhor não ama quem merece, mas sim quem precisa do Seu amor; não quer bem a alguém porque é bom, mas é Ele que o torna bom amando-o. Maria deu-se conta da gratuidade de Deus e por isso tinha as disposições requeridas para ser enriquecida por Ele” (2).

Deste modo, Maria também fez a mesma experiência, ou até mais profunda, porque acompanhou seu Filho em todos os momentos, até o fim, suportando o ápice da dor, ao ver a agonia de seu Filho no Mistério de Sua Paixão e Morte, aos pés da Cruz, na qual Ele foi crucificado, e acolhendo-O em seus braços, na mais indizível dor que possa ser mencionada.

Outra mulher deu grande testemunho de agradecimento e louvor a Deus: Santa clara. Ao sentir que estava para morrer, dirigiu a Deus sua última prece, e a ouviram murmurar: “Senhor, agradeço-te por me teres criado”. Não foi o grito do desespero, mas o grito de uma alma que sabe o valor da gratidão em total confiança e entrega nas mãos de Deus.

Seja para nós a Festa do Natal uma oportunidade de agradecimento e louvor a Deus pelas maravilhas que Ele nos concede, e pelo mais precioso presente a nós oferecido: o Menino Jesus.

Seja o Natal:

- a acolhida da graça de Deus, que é derramada sobre os humildes, e não acolhida pelos soberbos; sobre os humildes, mas desperdiçadas pelos orgulhosos; sobre os famintos, e lamentavelmente ignorada pelos saciados;

- a graça de nos colocarmos de joelhos diante do Menino Deus, pois “o homem em adoração encontra-se em seu verdadeiro lugar, dá o sentido da proporção e da medida, afirma que nada é e que Deus é tudo. E é pura verdade e justiça. A Sua misericórdia sobre aqueles o temem” (3);

- a graça de retribuirmos a Deus, com a oferta de nossa vida a Ele, acompanhada de gestos de partilha, comunhão e solidariedade para com nosso próximo.

Agradeçamos a Deus e o louvemos, pois o Natal é a Festa do Nascimento do Menino Deus; a Festa do renascimento da esperança em nossos corações, em que a Luz de Deus brilhará mais forte iluminando nossos caminhos.


(1)         Lecionário Comentado – Editora Paulus – Lisboa – p.212-213
(2)        Idem p. 212
(3)        Missal cotidiano – Editora Paulus – p.94

Natal: compromisso amoroso no cuidado da vida! (Natal do Senhor)

                                                          

Natal: compromisso amoroso no cuidado da vida!

Uma data tão festiva como o Natal anuncia o tempo da graça e da fecundidade; tempo de avaliação, planejamento e redirecionamento...

Com a riqueza das celebrações litúrgicas, somos mais que enriquecidos, nutridos; passos fortalecidos; mãos generosas, mais abertas e solidárias; coração de amor plenificado; olhares de esperança renovados; ouvidos ao Espírito mais atentos...

Indubitavelmente, temos a graça de olhar o caminho trilhado, as sementes que foram lançadas, esperançosos de que algumas venham a dar frutos, que outras continuem frutificando...

Graça também de avaliar a caminhada pastoral com seus erros e acertos (felizmente com mais acertos), conscientes de nossa limitação, com a assistência do Espírito, reafirmar metas e objetivos, rever e propor sábias estratégias para que a Palavra Divina seja anunciada e a missão do Senhor continuada – “O Espírito do Senhor repousa sobre mim, enviou-me para proclamar a boa nova aos pobres...” (cf. Lc 4,16-21).

Evidentemente, podas foram feitas e será sempre necessário fazê-las, como o próprio Senhor nos falou na Parábola da Videira (Jo 15). 

Natal não pode se reduzir à festa do consumo, das luzes artificiais, dos meninos de gesso em presépios feitos por mãos humanas, das trocas de cartões de amigos-secretos que não estabeleceram vínculos mais profundos e sinceros de amizade; da troca de presentes sem presença afetiva, amiga e sincera; tampouco ocasião de mesas, às vezes fartas, mas esvaziadas de presenças, e por vezes com presenças de corações vazios do essencial, o amor.

Urge que o Natal seja a celebração do nascimento do Verbo na manjedoura do coração humano. Se católicos, que seja precedido por atitudes penitenciais, de vigilância, oração, confissão, e assim seremos purificados pela divina misericórdia, e inexoravelmente inebriados pelo seu imenso amor.

Católicos ou não, que o Natal seja a festa da fraternidade, da comunhão, da solidariedade, da alegria, do amor e da paz.  Um verdadeiro “Shalom” - plenitude dos bens divinos a todos oferecidos, porque é próprio do Amor de Deus a ninguém excluir de Sua infinita bondade.

Deste modo, a celebração do nascimento da daquela frágil Criança nos levará a multiplicar atitudes amorosas, ternas, confiantes de cuidado. Natal é o despertar do desejo e compromisso amoroso no cuidado da vida.

Cuidar da própria vida, com equilíbrio, justiça e piedade (Tt 2,12); cuidar da vida do outro, para que tenha vida e vida abundante; cuidar do espaço em que vivemos, nos movemos e somos, cuidados ecológicos, com o meio ambiente,  mais do que emergentes.

Cuidar da própria história e da grande História universal da qual somos um capítulo, uma página, uma palavra, uma letra, um ponto apenas... Não importa, para Deus mais que precioso.

Quanto carinho e cuidado tiveram Maria e José com o Deus Menino, acompanhando cada momento de sua vida até o limite máximo, diante do crudelíssimo momento da Cruz. Cuidado recompensado com a Sua gloriosa Ressurreição naquela madrugada sombria e inauguradora de esplendor que jamais se ofusca, porque Deus é plenitude de amor e luz.

Feliz Natal! Cuidemos, com amor, da vida e da vida de Deus em cada irmão e irmã, da sua concepção ao seu declínio natural, como nos ensina, com sabedoria e autoridade, a Igreja.

“Por que Jesus Se fez Criança?” (Natal do Senhor)

                                                            

“Por que Jesus Se fez Criança?”

Era a noite do dia 24 de dezembro. Celebrávamos o Natal do Senhor, com toda a beleza própria da Missa: Liturgia da Palavra, simbolismo do Presépio, o clima natalino pulsava fortemente nos corações, o esplendor da Liturgia Eucarística e a participação no mais belo e precioso Banquete, no qual nos alimentamos da Verdadeira Comida, Verdadeira Bebida: Jesus.

Presidir a Celebração Eucarística é ter sempre na mente e no coração a fome do Pão da Palavra e da Eucaristia que todos devemos ter, de tal modo que, ressoa em meu coração aquela noite: a Missa, a Assembleia orante... Aquela fome de Deus, fome de amor, alegria, luz e paz.

Na Homilia fiz uma pergunta contemplando Jesus, o recém-nascido por amor da humanidade: “Por que Deus , na pessoa de Jesus, Se fez criança?”

Pouco tempo depois, recebi de um Círculo do ECC (Encontro de Casais com Cristo da Paróquia, onde era Pároco), um e-mail com várias respostas:

“Jesus Se fez criança para restabelecer a obra da criação, e contou com uma figura especial: Maria;

Jesus Se fez criança simples para mostrar que Deus não é um privilégio dos ricos, mas sim que Ele está no meio de todos nós (ricos e pobres);

Jesus Se fez criança simples para mostrar que a simplicidade e a humildade é o meio de atingirmos o Reino de Deus, porque o caminho que Ele fez até nós e por nós é o mesmo caminho que nos leva até Ele;

Jesus Se fez criança para mostrar que todos nós podemos atingir o Reino de Deus através dos Seus ensinamentos: amar e servir;

Jesus Se fez criança para mostrar que todos nós somos criança na espiritualidade, e para que através dos Seus ensinamentos possamos conquistar nossa maturidade e sermos adultos na espiritualidade e na fé como comentou o Apóstolo Paulo: ‘Quando eu era criança, falava como criança, pensava como criança, raciocinava como criança. Depois que me tornei adulto, deixei o que era próprio de criança’ (1Cor 13, 11);

Jesus Se fez criança para que possamos ver em cada criancinha a Sua imagem e o Seu amor, e assim consigamos agir com caridade e compaixão;

Jesus Se fez criança para que os pais possam receber os filhos com Amor (que é Jesus);

Jesus Se fez criança para que possamos a exemplo de São José e de Nossa Senhora cuidar dos nossos filhos assim como Ele foi cuidado."

Coisas simples como este e-mail são os sinais do Natal que procuramos. Encontra quem cultiva a sensibilidade do Verbo no mais profundo do seu ser, lá onde Ele habita. Feliz Natal do Senhor!

Natal: Deus veio ao nosso encontro por amor (Natal do Senhor)

                                                         

Natal: Deus veio ao nosso encontro por amor

Para bem celebrarmos Natal do Senhor, vejamos o que nos diz o poeta Charles Péguy, em “Le mystère des Saints Innocentes”:

“Fala-se sempre, diz o Senhor da ‘imitação de Jesus Cristo’ que é a imitação, a fiel imitação do meu Filho por parte dos homens...

Mas não se deveria esquecer que meu Filho tinha começado com aquela imitação singular do homem.

Particularmente fiel. Aquela foi levada até a perfeita identidade. Quando tão fielmente, tão perfeitamente assumiu a sorte dos mortais. Quando tão fielmente, tão perfeitamente ele imitou o nascer. E o sofrer. E o viver, e o morrer” (1)

Não estranhamos quando ouvimos que devemos imitar Jesus Cristo; o que não está errado. Porém, antes, o poeta acena para algo a ser contemplado em silêncio orante, diante de um possível presépio, onde vemos representado, entre riquezas de símbolos, a imagem de uma frágil Criança.

Verdadeiramente, Ele veio ao nosso encontro na forma de uma Criança e se submeteu a toda fragilidade.

Meditando os Mistérios da Salvação, que nos veio pela Encarnação do Verbo, Jesus Cristo, vejamos o que nos diz este trecho do Sermão do Abade São Bernardo (séc. XII):

“O Santo, que nascer de ti, será chamado Filho de Deus (cf. Lc 1,35), fonte de sabedoria, o Verbo do Pai nas alturas! Este Verbo, através de ti, Virgem santa, Se fará Carne, de modo que Aquele que diz: Eu no Pai e o Pai em mim (Jo 10,38), dirá também: Eu saí do Pai e vim (Jo 16,28).

No princípio, diz João, era o Verbo. Já borbulha a fonte, mas por enquanto apenas em si mesma. Depois, e o Verbo era com Deus (Jo 1,1), habitando na luz inacessível.

O Senhor dizia anteriormente: Eu tenho pensamentos de paz e não de aflição (cf. Jr 29,11). Mas teu pensamento está dentro de ti, ó Deus, e não sabemos o que pensas; pois quem conheceu a mente do Senhor ou quem foi seu conselheiro? (cf. Rm 11,34).
  
Desceu, por isto, o pensamento da paz para a obra da paz: O Verbo Se fez Carne e já habita em nós (Jo 1,14). Habita totalmente pela fé em nossos corações, habita em nossa memória, habita no pensamento e chega a descer até a imaginação.

Que poderia antes o homem pensar sobre Deus, a não ser talvez fabricando um ídolo no coração? Era incompreensível e inacessível, invisível e inteiramente impensável; agora, porém, quis ser compreendido, quis ser visto, quis ser pensado.

De que modo, perguntas? Por certo, reclinado no presépio, deitado ao colo da Virgem, pregando no monte, pernoitando em Oração; ou pendente da Cruz, pálido na morte, livre entre os mortos e dominando o inferno; ou ainda ressurgindo ao terceiro dia, mostrando aos Apóstolos as marcas dos cravos, sinais da vitória, e, por último, diante deles subindo ao mais alto do céu.

O que não se poderá pensar verdadeira, piedosa e santamente disto tudo? Se penso algo destas realidades, penso em Deus e em tudo Ele é o meu Deus. Meditar assim, considero sabedoria, e tenho por prudência renovar a lembrança da suavidade que, em essência tão preciosa, a descendência sacerdotal produziu copiosamente, e que, haurindo do alto, Maria trouxe para nós em profusão.”

Deste modo, Aquele que “era incompreensível e inacessível, invisível e inteiramente impensável; agora, porém, quis ser compreendido, quis ser visto, quis ser pensado”; e veio ao nosso encontro.

Jesus veio nos imitar, como disse o poeta. Agora, ao celebrar o Seu Nascimento, imitemo-Lo!

“... reclinado no presépio, deitado ao colo da Virgem, pregando no monte, pernoitando em oração; ou pendente da Cruz, pálido na morte, livre entre os mortos e dominando o inferno; ou ainda ressurgindo ao terceiro dia, mostrando aos Apóstolos as marcas dos cravos, sinais da vitória, e, por último, diante deles subindo ao mais alto do céu”.

Imitemos Aquele que, antes, nos imitou, assumindo nossa condição, verdadeiramente homem, verdadeiramente Deus. Fez-se um de nós, experimentou tudo o que possamos experimentar, exceto o pecado, para dele nos libertar, em imerecida redenção.

Imitemos Aquele que, antes, nos imitou... Afinal, Deus, por meio de Jesus veio ao nosso encontro, e para sempre ficou com o Seu Espírito. Amém.



(1) Citado por Raniero Cantalamessa, em o Verbo Se faz Carne – Editora Ave Maria – 2013 - p.242.

Natal: O Verbo fará morada em nós (Natal do Senhor)

                                                           

Natal: O Verbo fará morada em nós

O tempo de Natal e a própria Festa do Natal hão de ter sempre um tom alegre, com conotação religiosa profunda para todos os cristãos, libertos de todo tom consumista e passageiro, que esvaziam o seu verdadeiro sentido.

Trata-se da Festa do Nascimento de Jesus Cristo, Deus feito homem, que toma as condições e os limites da natureza humana; Se humaniza e possibilita a divinização da pessoa humana, realiza-se então a profecia de Isaías, ao dizer que “De uma virgem nasceria o Emanuel” (Is 7,14).

Na Encarnação do Verbo, Deus mostrou que Ele mesmo Se envolveu na história da humanidade, assumindo-a com a disposição divina de conduzi-la ao seu destino verdadeiro, agindo dentro dela e respeitando sua dinâmica humana própria.

O nascimento de Jesus não significou o esgotamento da esperança, nem o fim da promessa velada até o tempo dos Profetas (Antigo Testamento). O Reino inaugurado pelo mais importante de todos os  nascimentos, testemunhado pelos pobres marginalizados (pastores), ainda continua sua trajetória, e conta com a nossa participação consciente e comprometida.

O Natal tem três tempos: ontem, hoje e amanhã. O ontem, na humilde gruta, com todas as suas vicissitudes e poesia da acolhida no despojamento. O amanhã da segunda vinda gloriosa, que vigilante esperamos, quando dizemos na Missa, ao proclamar o Mistério de nossa Fé: “Anunciamos, Senhor, a Vossa morte, e proclamamos a Vossa Ressurreição, vinde Senhor Jesus!”. E tem o hoje; o hoje do nosso sim, da nossa participação ativa, consciente e piedosa.

Por tamanha riqueza, a Festa do Natal não se esgota num dia, como a beleza de uma vida não se alcança apenas de um pôr do sol ao outro, por isso é preciso uma acolhida eterna e amorosa da semente do Verbo, para que  a alegria, a bondade, a ternura, a justiça, a graça, verdade, a paz, o amor e a luz resplandeçam em nós.

Que, a cada dia, do sol nascente ao sol poente, estejamos indo sempre ao encontro do Verbo, para que nossa esperança se traduza em compromissos sagrados com a vida. Amém.

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