terça-feira, 23 de dezembro de 2025

Em poucas palavras... (Natal do Senhor)

 


Vem Senhor, vem nos salvar!

“Em hebraico, Jesus quer dizer «Deus salva». Quando da Anunciação, o anjo Gabriel dá-Lhe como nome próprio o nome de Jesus, o qual exprime, ao mesmo tempo, a sua identidade e a sua missão (Lc 1,31).

Uma vez que «só Deus pode perdoar os pecados» (Mc 2, 7), será Ele quem, em Jesus, seu Filho eterno feito homem, «salvará o seu povo dos seus pecados» (Mt 1, 21). Em Jesus, Deus recapitula, assim, toda a sua história de salvação em favor dos homens.” (1)

 

(1) Catecismo da Igreja Católica – parágrafo n. 430

Em poucas palavras... (Natal do Senhor)

 


O indizível e imenso amor de Deus por nós

“O amor de Deus para com Israel é comparado ao amor dum pai para com o seu filho (Os 11,1). Este amor é mais forte que o de uma mãe para com os seus filhos (Is 49,14-15).

Deus ama o seu povo, mais que um esposo a sua bem-amada (Is 62,4-5); este amor vencerá mesmo as piores infidelidades (Ez 16; Os 11); e chegará ao mais precioso de todos os dons: «Deus amou de tal maneira o mundo, que lhe entregou o seu Filho Único» (Jo 3, 16).” (1)

 

(1) Catecismo da Igreja Católica – parágrafo n.219

Natal: Envolvidos pelo Amor da Santíssima Trindade

                                                                  


Natal: Envolvidos pelo Amor da Santíssima Trindade 

“Creiamos no Pai como Ele quer ser acreditado;
glorifiquemos o Filho como Ele quer ser glorificado;
e recebamos o Espírito Santo como Ele quer Se dar a nós”

Celebrando o Natal do Senhor, sejamos iluminados pelo Tratado do Presbítero Santo Hipólito contra a heresia de Noeto (séc. III), contemplemos o Mistério escondido, e sejamos envolvidos pelo Amor da Santíssima Trindade, pela qual tudo foi criado:
 
“Único é o Deus que conhecemos, irmãos, e não por outra fonte que não seja a Sagrada Escritura. Devemos, pois, saber o que ela anuncia e compreender o que ensina.
 
Creiamos no Pai como Ele quer ser acreditado; glorifiquemos o Filho como Ele quer ser glorificado; e recebamos o Espírito Santo como Ele quer Se dar a nós. Consideremos tudo isso, não segundo nosso próprio arbítrio e interpretação pessoal, nem fazendo violência aos dons de Deus, mas como Ele próprio nos ensinou pelas santas Escrituras.
 
Quando só existia Deus, e não havia ainda nada que existisse com Ele, decidiu criar o mundo. Criou-o por Seu pensamento, Sua vontade e Sua Palavra; e o mundo começou a existir como Ele quis e realizou. Basta-nos apenas saber que nada coexistia com Deus. Não havia nada além d’Ele, só Ele existia e era perfeito em tudo. N’Ele estava a inteligência, a sabedoria, o poder e o conselho. Tudo estava n’Ele e Ele era tudo. E quando quis e como quis, no tempo que havia estabelecido, manifestou o Seu Verbo, por quem fez todas as coisas.
 
Deus possuía o Verbo em Si mesmo, e o Verbo era imperceptível para o mundo criado; mas fazendo ouvir Sua voz, Deus tornou-O perceptível. Gerando-O como luz da luz, enviou como Senhor da criação Aquele que é Sua própria inteligência. E este Verbo, que no princípio era visível apenas para Deus e invisível para o mundo, tornou-Se visível para que o mundo, vendo-O manifestar-Se, pudesse ser salvo.
 
O Verbo é verdadeiramente a inteligência de Deus que, ao entrar no mundo, Se manifestou como o servo de Deus. Tudo foi feito por Ele, mas Ele procede unicamente do Pai. Foi Ele quem deu a Lei e os Profetas; e ao fazê-lo, impulsionou os Profetas a falarem sob a moção do Espírito Santo para que, recebendo a força da inspiração do Pai, anunciassem o Seu desígnio e a Sua vontade.
 
O Verbo, portanto, Se tornou visível, como diz São João. Este repete em síntese o que os Profetas haviam dito, demonstrando que Aquele era o Verbo por quem tinham sido criadas todas as coisas: ‘No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus; e o Verbo era Deus. Tudo foi feito por Ele e sem Ele nada se fez’ (Jo 1,1.3). E, mais adiante, prossegue: ‘O mundo foi feito por meio d’Ele, mas o mundo não quis conhecê-Lo. Veio para o que era Seu, os Seus, porém, não O acolheram’ (Jo 1,10-11)”. (1)
 
À luz da fé, a Festa do Natal é a celebração do nascimento d’Aquele por meio do qual Deus tudo criou, que já existia com Deus em comunhão com o Espírito Santo.
 
O invisível Se fez visível. O intangível nos permitiu que O tocássemos.
 
É sempre Natal, quando percebemos a presença do Senhor em nosso meio, como “Emanuel”, o “Deus conosco”, nosso Salvador que, por amor, lenhos distintos assumiu: da Manjedoura, da Barca e da Cruz.
 
Ofereceu-nos a Cruz como condição para segui-Lo com necessárias renúncias. É nesta mesma Cruz que o Sangue, por amor, derramou, e com Deus nos reconciliou e, ao mundo, a mais bela lição de humildade, amor, e doação deixou.
 
Celebrando o Natal do Senhor, não separemos o Menino da Manjedoura do Homem Jesus de Nazaré que morre na Cruz, o nosso Redentor, o Salvador de toda humanidade.
 
O Senhor armou Sua tenda entre nós, e que em nosso coração encontre morada, como o mais belo Hóspede de nossa alma, então a Luz do Natal resplandecerá mais forte e iluminará todo o mundo. 
 
Deste modo, celebrar o Natal do Senhor consiste em mergulhar neste amor profundo e intenso da Santíssima Trindade.
 
Quanto mais nos deixamos envolver pelo amor Trinitário, mais luz, sabedoria, graça, força, ternura alcançamos.
 
Quanto mais intensamente celebrarmos o Mistério da Encarnação do Verbo, que veio e vem fazer morada em nós, acompanhado da fidelidade à Palavra que nos anunciou, mais revigoradas serão as nossas mãos, mais fortalecidos serão os nossos joelhos, com os olhos, pelo colírio da fé, iluminados, e curados de toda a surdez para ouvir o Senhor, que nos fala no silêncio e através de fatos e de pessoas que nos cercam.
 
Quanto mais em Deus crermos, o Filho glorificarmos e do Espírito Seus dons recebermos, mais firmaremos nossos passos no caminho da santidade, sendo sinal de Deus para quantos precisarem.
 
Tão somente assim celebramos o verdadeiro Natal: fazer nascer e renascer o melhor de Deus no coração de todas as pessoas, porque também desejamos e nos preparamos para que isto acontecesse na manjedoura de nosso coração. Amém. 


(1) Liturgia das Horas - Volume Advento/Natal - pp.333-335

Tempo do Advento: Ele virá ao nosso encontro

                                                    


Tempo do Advento: Ele virá ao nosso encontro
 
“Irmãos, ficai firmes até à vinda do Senhor.
Vede o agricultor: ele espera o precioso fruto da terra e fica firme até cair a chuva do outono ou da primavera.
Também vós, ficai firmes e fortalecei vossos corações,
porque a vinda do Senhor está próxima.
 Eis que o juiz está às portas.” (Tg 5,7-8.9b)

No Tempo do Advento beleza, leveza e suavidade se encontram,
Entrelaçam-se de  tal modo, que é impossível separá-las.
 
Mas trazem implícita a necessária mudança e conversão:
“Preparai os caminhos do Senhor” clama o Profeta.
 
Trazem, sem ruídos indesejáveis a alegre notícia:
Em breve, celebraremos o Mistério da Divina Encarnação.
 
Um Deus se fará um frágil doce e terno Menino,
Fragilidade na manjedoura será nossa divina luz.
 
Na fome, a experimentar como toda criança,
Será Pão da Vida para humanidade alimentar.
 
Seu sangue, circulando em tão frágeis veias,
Será o Sangue da Redenção na Divina Ceia.
 
Advento: a esperança de que a escuridão do pecado
Cederá lugar à luz, pelo Verbo entre nós encarnado.
 
Advento: alegre anúncio de uma vinda iminente,
Sua presença será, tão somente, pelos pobres testemunhada.
 
É tempo de dobrarmos nossos joelhos por um tempo,
Mas, renovados, continuar o longo caminho.
 
Advento: contas do Rosário desfiadas,
Mistérios contemplados, fé, esperança e caridade renovadas.
 
Preparar para celebrar a primeira vinda do Senhor;
Aguardar a segunda, viver com zelo a intermediária.
 
Advento: Ele veio, Ele vem, Ele há de vir!
Natal: a alegria e o amor em nosso coração a transbordar...

Natal: manjedoura, barca e cruz

 


Natal:  manjedoura, barca e cruz

 

“Temos no texto de hoje,
três agentes que participam nesse milagre da vida:
o Espírito Santo que gera, Maria que dá à luz, José dá o nome.” (1)
 

Que o Natal seja a Festa do Eterno Amor (o Espírito Santo), que veio ao encontro da humanidade por meio do Eterno Amado (Jesus Cristo), comunicador do pleno e infinito amor do Pai (o Eterno Amante).

Aprendamos com Maria e José a abertura aos desígnios divinos, que ultrapassam sempre nossos possíveis mesquinhos projetos e medidas bem como os horizontes.

Obediência à vontade divina, é critério incondicional para o autêntico Natal: nascimento da Vida, do Amor, da Luz que veio ao nosso encontro, ao Se fazer Deus Menino, e ao encarnar-Se, igual a nós, exceto no pecado.

Ele, Jesus na barca, à beira da praia, na montanha, na planície, sempre na proximidade e compaixão para com os pobres, nos ama, nos chama, nos envia, e a nós confia o Fogo e a Luz da Eterna Chama: o Santo Espírito do Pai, enviado para continuar Sua divina missão.

No Mistério da Encarnação, na manjedoura, lugar do alimento dos animais, foi posto; depois no Mistério de nossa Redenção, antes de ser glorificado, quis, para sempre, no altar, dar-Se em Comida e Bebida, Pão da Vida, Bebida de Imortalidade: A Santa Eucaristia. Amém.

 

(1)    Comentário de Pe Nilo Luza, ssp – Liturgia Diária – dezembro 2025 – p. 75

Natal: Não será apenas mais uma noite...

                                                     


Natal: Não será apenas mais uma noite...


“O anjo então lhes disse: ‘Não temais! Eu vos anuncio uma grande alegria, que será também a de todo o povo: hoje, na cidade da Davi, nasceu para vós o Salvador, que é o Cristo.”      (cf. Lc 2,10-11)
 
Natal não será apenas mais uma noite como todas as outras,
Se não sequestrarmos seu autêntico conteúdo e sentido.
 
Será a celebração do nascimento do Verbo, Deus-Menino,
Que, fazendo-Se  Carne, vem redimir a humanidade e a história.
 
Emanuel, Deus-conosco, virá conosco caminhar,
Aprenderá com José e Maria os primeiros passos.
 
A noite escura de pecado para sempre iluminada será,
A graça, a paz, a luz aos pobres, pequeninos a comunicar.
 
Pulsará mais forte nosso pulso, e o coração a palpitar;
Com os anjos, glória a Deus, um hino haveremos de cantar.
 
A voz proclamou no deserto que Ele, Jesus, haveria de chegar;
A Palavra desde o princípio, em nossos corações, alegre acolhida.
 
Uma noite de alegre saudação, por todos os dias a se repetir:
Não seja reduzida à formal saudação, mas comunicação de amor.
 
Feliz Natal não reduzidos às luzes de vitrines, casas ou praças,
Mas expressão de amor e fidelidade à Palavra que não passa.
 
Que nosso Natal tenha matizes pascais,  alegria de Ressurreição.
Na fidelidade ao Senhor, na maceração, flagelação, mortificação.
 
Natal: renovemos a alegria incontida de discípulos missionários,
Do Senhor, intrépidas testemunhas com ardor a missionar.
 
Natal: nascimento do Verbo celebrado no altar,
Fé, esperança e caridade a vida toda a pautar. Amém.


Contemplemos o indizível Mistério do Natal

                                                  


Contemplemos o indizível Mistério do Natal
 
Natal do Senhor, um acontecimento que irrompe com sua força e beleza, que arranca dos Anjos cantos de alegria, e em todos os que creem no indizível Mistério: O Eterno assumiu a temporalidade, entrou em nosso tempo, sem jamais deixar de ser eterno.
 
Ele que era invisível tornou-se visível aos nossos olhos! A intocabilidade de Deus foi superada, pois Ele tornou isto possível no Deus Menino, que é o mesmo da Cruz e da glória da Ressurreição.
 
Natal: Grande acolhida de Deus, numa manjedoura chamada coração humano!
 
Contemplemos a beleza do Natal a partir de três grandes Santos da Igreja:
 
- “Ele (Jesus), portanto, foi pequeno, foi criança, para que possais vós, ser perfeitos adultos; Ele foi envolvido em faixas, para que sejais, vós, libertados das garras da morte; Ele, na manjedoura, para vos por sobre o altar; Ele, na terra, para que estejais vós entre as estrelas; não havia lugar para Ele na sala comum, para que tenhais vós várias moradas na casa do Pai”. (Santo Ambrósio, bispo e doutor da Igreja- séc. IV). 
 
- “Desperta, ó homem: por tua causa Deus Se fez homem. Desperta, tu que dormes, levanta-te dentre os mortos e sobre ti Cristo resplandecerá (Ef 5,14). Por tua causa, repito, Deus Se fez homem.
 
Estarias morto para sempre, se Ele não tivesse nascido no tempo. Jamais te libertarias da carne do pecado, Se ele não tivesse assumido uma carne semelhante à do pecado.
 
Estarias condenado a uma eterna miséria, se não fosse a Sua misericórdia. Não voltarias à vida, se Ele não tivesse vindo ao encontro de tua morte. Teria perecido, se Ele não te socorresse. Estarias perdido, se Ele não viesse salvar-te.
 
Celebremos com alegria a vinda da nossa salvação e redenção. Celebremos este dia de festa, em que o grande e eterno Dia, gerado pelo Dia grande e eterno, veio a este nosso dia temporal e tão breve…
 
A verdade brotou da terra porque o Verbo Se fez Carne (Jo 1,14). E a justiça olhou do alto do céu porque todo o dom precioso e toda dádiva perfeita vêm do alto (Tg 1,17)… ” (Santo Agostinho,  Bispo e Doutor da Igreja - séc. V).
 
- “Hoje, amados, filhos, nasceu o nosso Salvador. Alegremo-nos. Não pode haver tristeza no dia em que nasce a vida; uma vida que, dissipando o temor da morte, enche-nos de alegria com a promessa de eternidade…
 
Exulte o justo, porque se aproxima da vitória; rejubile o pecador, porque lhe é oferecido o perdão; reanime-se o pagão, porque é chamado à vida…
 
Toma consciência, ó cristão, da tua dignidade. E já que participas da natureza divina, não voltes aos erros de antes por um comportamento indigno de tua condição…
 
Pelo Sacramento do Batismo te tornaste templo do Espírito Santo. Não expulses com más ações tão grande Hóspede, não recaias sob o jugo do demônio, porque o preço de tua salvação é o sangue de Cristo”(Papa São Leão Magno (séc. V).
 
A cada Natal, Ele vem para fazer morada em cada pessoa humana, desde a concepção até o seu declínio natural.
 
Vida humana portadora de dignidade e sacralidade! Pensemos o Natal a partir do Verbo que Se fez Carne e veio morar entre nós (cf. Jo 1,14).
 
O Verbo foi um dia plantado no ventre de Maria. Hoje o Verbo quer ser acolhido e germinar no coração de toda a humanidade.
 
Há sementes que o Verbo nos concede que devem ser plantadas, cuidadas com carinho, para que floresçam e frutifiquem no tempo certo: amor, esperança, fé, alegria, fidelidade, verdade, santidade, bondade, ternura.
 
Plantar e cuidar, sem pressa de colher, na oração, vivência Eucarística, sob a necessária luz do Espírito e da Água da Vida, que somente Ele tem para dar. Adubar com a caridade que veio ao mundo testemunhar.

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