segunda-feira, 1 de setembro de 2025

Como amo Tua Palavra, ó Senhor!

                                                          

Como amo Tua Palavra, ó Senhor!

Como amo Tua Palavra, Senhor! Luz para nossos passos,
Palavra que é o fundamento de nossa fé cristã (1Cor 12, 27-28).

À Tua Palavra, lida e meditada em comunidade, que respondemos
Com a nossa vida como um grande “Amém” (Ne 8,6)

Glorificamos a Ti, Senhor, pela comunidade que participamos,
Lugar onde, dia a dia, ritualizamos e celebramos o “sim” dado a Ti.

Não permitas, Senhor, que nossa comunidade se fracione, se disperse,
Ou que seja apenas uma simples coexistência, sem a Tua Palavra.

Afasta o perigo de acolhermos a Tua Palavra,
Mas não vivê-la com autenticidade e não comunicá-la ao mundo.

Dá-nos Teu Espírito para que vivamos o “amém”, o “sim” à Tua Palavra,
Palavra do Pai que Tu és e revelaste aos humildes e pequeninos (Mt 11, 25).

Concede-nos a graça de ouvir a Tua Palavra e vivê-la alegremente,
Na graça da Missão, do anúncio acompanhado do testemunho.

Revigorados pelo Pão de Tua Palavra e nutridos pelo
Pão da Eucaristia, no qual estás verdadeiramente presente:
Verdadeira Comida, Salutar Bebida. Amém.

Vossa Palavra ilumina nossos passos

                                                            

Vossa Palavra ilumina nossos passos

Ó Deus, não permitais que apenas estudemos a Sagrada Escritura, compreendendo-a como tão apenas um livro pertencente ao passado, como uma história distante da nossa, mas que a compreendamos entrelaçada com a nossa, hoje, iluminando e abrindo caminhos novos para a construção de Vosso Reino, e melhor correspondermos aos Vossos desígnios de amor para com toda a humanidade.

Ó Deus, ensinai-nos o verdadeiro e fecundo modo de leitura da Sagrada Escritura, de Vossas Santas Palavras, sobretudo os Evangelhos, a fim de torná-los sempre uma Boa Notícia para o mundo, anunciando e testemunhando a Vida Nova do Ressuscitado, e a vida nova do Espírito, viver e comunicar, para que sejam transformadas todas as marcas do pecado, e vivamos na plena vida e liberdade que somente Vós podeis nos conceder.

Ó Deus, ajudai-nos a redescobrir sempre a atualidade da Mensagem do Vosso Filho, o Cristo Vivo, Glorioso e Ressuscitado, com a assistência de Vosso Santo Espírito, a partir da situação concreta do mundo no qual estamos inseridos e somos chamados a ser sal, fermento e luz, procurando saídas e respostas para os problemas que a todos nos afligem, sem jamais perdermos a luminosidade da fé, a perenidade da esperança e a eterna caridade. Amém.


Fonte de inspiração: At 13,13-25 e Comentário do Missal Cotidiano – Editora Paulus – p. 415-416

Silenciemo-nos para a divina escuta

                                                        

Silenciemo-nos para a divina escuta

Senhor, como tantos que, na história de fé, sentiram a verdadeira necessidade de “permanecer no deserto” para renovar as reservas de força e serenidade, e não ceder às tentações, assim também nós a mesma necessidade sentimos.

Senhor, por vezes é forte e aparentemente insuportável a pressão do mundo em que vivemos, e sucumbiríamos sem forças, com sonhos desfeitos, utopias rarefeitas, se não pusermos em nosso caminho faixas de silêncio, de absoluto recolhimento para Vos escutar.

Sobretudo quando vemos multiplicar gestos de arrogância e violência, que desprezam os direitos fundamentais do homem e da mulher, maculando a beleza da vida, sua dignidade inviolável, desde a concepção até o seu natural declínio.

Senhor, bem sabemos que não fostes assim, e nem se alegraria se vivêssemos uma fé acompanhada da indiferença ou expressa em total apatia e impotência, escondendo-nos  sob as cortinas da covardia, dizendo que não é problema nosso e que o mundo foi sempre assim.

Senhor, concedei-nos a sabedoria, para que tomemos consciência da parte de responsabilidade que temos no combate à violência e à injustiça, bem como do esforço para tornar o mundo mais humano, a exemplo de Matatias, como nos revelam as Sagradas Escrituras.

Senhor, que a Vosso corajoso exemplo, recusemos queimar incenso ante os ídolos, pela conveniência ou pelas paixões individuais ou de grupo, tão pouco nos sacrificarmos aos “modernos ídolos” do bem- estar, da carreira, da posição, da fama, do prestígio a qualquer preço.

Senhor, permanecendo no deserto, e com coragem de seguir o caminho, concedei-nos pequenos oásis em que possamos recuperar nossas forças, e continuarmos, intrépidos, nossa caminhada, no bom combate da fé, até que consigamos fazer a grande travessia por Vós desejada. Amém.

Fonte inspiradora: 1 Mc 2, 15-29 - Missal Cotidiano - Editora Paulus - pág.1515

A eficácia da Palavra no caminho de conversão

                                                          

A eficácia da Palavra no caminho de conversão

A Palavra de Deus é fonte inesgotável de conversão para todos os cristãos e, sobretudo para nós, Presbíteros.

Como sermos autênticos discípulos missionários credíveis do Verbo que se fez Carne se não nos propusermos a trilhar o frutuoso caminho da conversão sincera, silenciosa, contínua...?

Para que possamos avançar neste santo e inadiável propósito é preciso dar passos firmes na acolhida sincera da “Verbum Domini”  Exortação Apostólica do Papa Bento XVI sobre a Palavra de Deus na vida e na Missão da Igreja   e, como presbíteros, termos a coragem de “puxar a fila” na certeza de que construiremos comunidades mais sólidas e instrumentos do Reino, porque firmadas e alimentadas pela Palavra Divina.

Neste caminho, temos que superar as tentações sedutoras, e aqui, lembramos as fundamentais e também nascentes de outras: ter, ser e poder, que bem sabemos o Senhor as venceu no deserto e nos ensinou que também nós podemos vencê-las.

Se a elas sucumbirmos esvaziaremos o sentido de nosso ministério, ofuscaremos inexoravelmente a face do Cristo que nos chamou,  consagrou e enviou com a força do Espírito.

Como amantes do Verbo que Se fez Carne, temos que encontrar na Palavra a fonte de conversão para todos nós... Nela inspirados e iluminados há de ser superado todo o cansaço; recuperadas as perdas de horizontes que nos motivam a caminhar partícipes da civilização do amor em prol da cultura da vida; estéreis fechamentos serão rompidos; esvaziamentos encontrarão seu conteúdo existencial e vital; compensações não serão necessárias; não correspondência ao que o rebanho de nós espera será impensável...

Vale ressaltar que muito do que me refiro aos presbíteros é absolutamente indispensável para todos os cristãos leigos. A conversão é, portanto, imperativo para todos!

Assim como pedimos o pão de cada dia na oração que o Senhor nos ensinou,  podemos intuir que a graça da conversão também é suplicada, para que melhor correspondamos à vontade de Deus.

Sendo a Palavra de Deus o centro e fonte de nossa espiritualidade e da ação evangelizadora, jamais poderemos separá-la da Eucaristia que celebramos, bem como não poderemos nos acomodar em seu conhecimento, acolhimento e vivência. Bem disse são Jerônimo: “Ignorar as Escrituras é ignorar o próprio Cristo”.

Palavra de Deus não apenas para ser conhecida, mas acolhida, encarnada e vivida, como sementes que se plantam para florescer já no tempo presente, reconstruindo o paraíso não como estéril saudosismo, mas como compromissos intransferíveis...

Urge que nos empenhemos arduamente e decididamente no caminho da conversão, que não consiste num ponto de chegada em si, mas como um caminho permanente a ser percorrido. Sempre alimentados pela Palavra Divina, daremos razão de nossa esperança ao mundo; artífices da caridade porque crentes em sua força, eficácia e penetração no mais profundo de nós mesmos (1Pd 3).

Supliquemos: “A conversão de cada dia nos dai hoje, Senhor!". Amém.

“O Magnífico jardim da Sagrada Escritura”

                                                     

“O Magnífico jardim da Sagrada Escritura”

Exposição da fé ortodoxa escrita pelo Presbítero e Doutor da Igreja, São João Damasceno (séc. VIII), sobre a importância da Sagrada Escritura, como fonte da espiritualidade cristã.

“Diz o Apóstolo: ‘Muitas vezes e de diversos modos Deus falou outrora por meio dos Profetas; mas nestes últimos tempos nos falou por meio do Filho’. Por meio do Espírito Santo falaram a lei e os Profetas, os evangelistas, os pastores e mestres. Por isso, ‘ toda Escritura é inspirada por Deus e útil’.

É, portanto, coisa bela e salutar investigar as divinas Escrituras. Como uma árvore plantada junto aos cursos d’água, assim a alma regada pela Sagrada Escritura cresce e traz o fruto ao seu tempo; a saber, a fé reta, e está sempre adornada de folhas verdes, isto é, de obras agradáveis a Deus.

Pelas Santas Escrituras, de fato, somos conduzidos para cumprir ações virtuosas e para a pura contemplação. Nelas encontramos o estímulo para todas as virtudes, e o afastamento de todos os vícios. Por isso, se aprendemos com amor, aprenderemos muito; pois mediante o empenho, o esforço e a graça de Deus que dá todas as coisas, obtém-se tudo: ‘aquele que pede, recebe; o que procura, encontra; a quem chama, lhe será aberto’.

Exploremos, portanto, este magnífico jardim da Sagrada Escritura, um jardim que é perfumado, suave, repleto de flores, que alegra os nossos ouvidos com o canto de variadas aves espirituais, plenas de Deus; que toca o nosso coração e o consola quando se encontra triste, o acalma quando se irrita, o enche de eterna alegria; que eleva o nosso pensamento sobre o dorso brilhante e dourado da divina pomba, que com suas asas majestosas nos leva até o Filho Unigênito e herdeiro do Senhor da vinha espiritual, e por meio d’Ele ao Pai das luzes.

Porém, não o exploremos desanimados, mas com ardor e constância; não nos cansemos de explorá-lo. Deste modo ele nos será aberto.

Se lemos uma vez ou outra uma passagem e não a compreendemos, não desanimemos; pelo contrário, temos de insistir, refletir, interrogar. De fato, está escrito: ‘interroga a teu pai e ele contará, aos teus anciãos, e eles te dirão. A ciência não é coisa de todos’.

Vamos à fonte deste jardim para tomar as águas puríssimas e perenes que brotam para a vida eterna. Gozaremos e nos saciaremos, sem saciar-nos, porque sua graça e inesgotável. Se podemos tomar algo de útil também dos profanos, nada nos proíbe; porém, comportemo-nos como expertos cambistas, que recolhem o ouro genuíno e puro, enquanto rejeitam o ouro falso.” (1)

Voltemo-nos sempre a este jardim da Sagrada Escritura, para explorá-lo, a fim de que a Palavra de Deus tenha centralidade em nossa vida, como fonte genuína de espiritualidade.

Sobretudo no Advento, prolonguemos o tempo da oração e intimidade com a Sagrada Escritura, vivenciando a riqueza da Leitura Orante, para que também se torne mais evidente e concreto nosso compromisso com a Boa-Nova do Reino.

Assistidos pelo Espírito Santo que repousa sobre nós, na fidelidade ao Filho, renovamos sagrados compromissos com um mundo novo querido pelo Pai de Misericórdia, nutridos e iluminados pela Santa Palavra, o “magnífico jardim” ao qual se referiu São João Damasceno.


(1) Lecionário Patrístico Dominical – Ed. Vozes, 2013 – PP.626-627

Sagrada Escritura: indispensável fonte de espiritualidade

                                                            


Sagrada Escritura: indispensável fonte de espiritualidade

Como Igreja, dedicamos o mês de setembro à Sagrada Escritura, dada sua importância em todo o tempo.

A Bíblia é a Palavra que irradia luz; é Pão que alimenta; Água cristalina para a sede de vida nova e amor saciar; Boa-Nova para o mundo reencantar e reinventar, e horizonte inédito poder encontrar.

O Papa São João Paulo II, no início do seu pontificado, disse: “Cristo Se faz presente pela Sua Palavra proclamada na assembleia e que é comentada na homilia: Tal Palavra deve ser ouvida com fé e assimilada na oração. Tudo isto há de resultar da dignidade do Livro e do lugar escolhido para a proclamação da mesma Palavra de Deus, da apresentação do leitor e da consciência que ele demonstra de sentir porta-voz de Deus diante de seus irmãos”.

O Bispo e Doutor da Igreja, Santo Agostinho, explicitou todo o esplendor e sua importância da mesma em nossa vida: “A Sagrada Escritura é para nos ajudar a decifrar o mundo; para nos devolver o olhar da fé e da contemplação, e transformar a realidade numa grande revelação de Deus”.

A Sagrada Escritura ajuda-nos a decifrar o mundo, com seus segredos, mistérios e desafios; buscar respostas para as questões humanas; alento nas questões que nos pedem esperança; certeza nas coisas que nos pedem unidade; instrumento precioso e indispensável no alimentar da caridade.

A Palavra de Deus lida, meditada e vivida, aponta novos caminhos, alarga horizontes mesquinhos; rompe o barulho da pós-modernidade, levando-nos ao mergulho no amor da Trindade.

Ouvida no silêncio, para melhor Deus escutar, é a Palavra útil, oportuna e necessária, para instruir, corrigir, animar e exortar.

A Sagrada Escritura nos devolve o olhar da fé e da contemplação: quando muitos em mais nada acreditam, ela emerge renovando a esperança, contra toda esperança humana.

Lida na perspectiva da fé, podemos transpor montanhas, inaugurar novos tempos e novos espaços; criar e fortalecer elos de comunhão, solidariedade, perdão, refazendo nossos sonhos.

Com ela deslumbramos o inédito no mundo, sem olhares pessimistas e derrotistas; e assim firmamo-nos na âncora da esperança – Jesus Cristo, que refaz nossas forças para o bom combate da fé.

Seja a Sagrada Escritura acolhida no mais profundo de nosso coração, para contemplarmos os mistérios de Deus, na busca constante e incansável de um novo olhar.

A Sagrada Escritura no coração enraizada, acompanhada de gestos concretos, transforma a realidade numa grande revelação de Deus: a Palavra que tem germe de transformação, força de mudança, acompanhada do apelo constante de conversão do pensamento e atitude, rompendo com toda e qualquer mesquinha omissão; e assim continuamos a participar da transformação da realidade e do mundo, conferindo ao nosso olhar o brilho de uma grande revelação.

Haverá de surgir um mundo mais justo e fraterno, em que “a verdade e o amor se encontrarão”; “justiça e paz se abraçarão”, de modo que não serão apenas as palavras e sonhos do salmista (Sl 85), mas a expressão mais pura e verdadeira presente em todo coração.

“Tua Palavra é luz para o caminho”

                                                         


“Tua Palavra é luz para o caminho”

 “A Sagrada Escritura é para nos ajudar a decifrar o mundo; para
nos devolver o olhar da fé e da contemplação, e transformar
a realidade numa grande revelação de Deus”.

No mês de setembro, mês especialmente dedicado à Sagrada Escritura, fomos enriquecidos pela reflexão do  Livro do Deuteronômio, o quinto Livro do Pentateuco.

É fundamental, sobretudo no momento que estamos vivendo, com a proximidade das eleições, refletir, discernir, escolher com sabedoria aqueles que vão exercer o poder político em nossos Municípios nos próximos quatro anos.

Voltemo-nos à afirmação do Papa São Paulo VI, que em 1971 nos dizia:  “A política é uma maneira exigente - se bem que não seja a única - de viver o compromisso cristão, ao serviço dos outros.” ( Carta Apostólica Octogesima Adveniens - n.46).
 
Também são oportunas as palavras dos Bispos na Conferência Nacional do Brasil, realizada de 2016, através das Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora: “Promova-se cada vez mais a participação social e política dos cristãos leigos e leigas nos diversos níveis e instituições, por meio de formação permanente e ações concretas.

Com a crise da democracia representativa, cresce a importância da colaboração da Igreja no fortalecimento da sociedade civil, na luta contra a corrupção, bem como no serviço em prol da unidade e fraternidade dos povos, em especial na América Latina.” (n.123).

Urge que, no testemunho da fé, como discípulos missionários do Senhor, vivamos a atuação e compromisso político, como concretização e promoção do bem comum, para que sejamos sal, fermento e luz. 

Como Igreja, não nos é permitido omissão nestes sagrados compromissos de participação da construção do Reino de Deus inaugurado por Jesus, com a força do Espírito Santo.

Embora a nossa participação política não se esgote no período eleitoral, este é um momento privilegiado, sobretudo considerando a nossa realidade nacional, marcada por vezes pelo descaso do poder público, precariedade de serviços necessários à população, desvios ou não aplicação de verbas para o que é de fato essencial, e outros tantos fatos que clamam por mudanças efetivas.

Se dificuldades existem, a Palavra de Jesus, ontem, hoje e sempre, nos renova para os sagrados compromissos: “Não temais, pequeno rebanho, porque foi do agrado de vosso Pai dar-vos o Reino” (Lc 12,32).

E para que superemos os nossos medos, na desafiadora e necessária participação política, Ele afirma ainda: “Coragem, Eu venci o mundo” (Jo 16,33).

Enfim, encorajados pela Palavra do Senhor, luz para nosso caminho, assim como o Povo de Deus viveu e celebrou a noite da libertação da escravidão do Egito e a celebrou com cantos e júbilo, também nós, partícipes da Nova e Eterna Aliança, revigorados pelo Banquete de Eternidade, nos empenhemos concretamente nesta noite de libertação que se repete ao longo da história, quando não nos omitimos e nos comprometemos no escrever de novas linhas da história com vida plena, digna, abundante e feliz para todos.


PS: Escrito em agosto de 2020

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