quinta-feira, 3 de julho de 2025

“Meu Senhor e meu Deus”

                                            

“Meu Senhor e meu Deus”

Era o primeiro dia da semana... Um acontecimento memorável que marcou a vida dos primeiros discípulos, e, para sempre, a vida da Igreja, irradiando a luz que jamais se apaga, porque foi a manifestação gloriosa do Senhor Jesus, vivo e Ressuscitado.

Portas fechadas por medo dos judeus, compreensível, pois o que haviam feito ao Divino Mestre, poderiam o mesmo fazer com Seus discípulos seguidores. Quem não ficaria com medo diante do trágico acontecimento, da crudelíssima morte do Justo, Santo e Inocente?

Inspirado na passagem do Evangelho de João (20,19-31), apresento uma súplica, a fim de que nossas forças sejam renovadas, e também o nosso compromisso batismal, para que sal e luz da terra sejamos, vida nova, no Espírito, vivamos, gosto de Deus ao mundo demos

Oremos:

Senhor Jesus Ressuscitado, creio que para Vós não há porta e absolutamente nada que impeça Sua ação. Suplico-Vos, rompei a porta de meu coração, para nele fazer Vossa morada, e assim eu Vos acolha como o mais belo Hóspede.

Senhor, afastai de nós todo medo que possa nos fragilizar. Medo de tantos nomes, sobretudo nos momentos difíceis por que passamos. Vossa divina presença, Senhor, nos dá segurança, porque sois nosso refúgio, nosso escudo, nossa luz e proteção.

Senhor, ficai no centro de minha vida, assim como da comunidade que participo. Que absolutamente nada ocupe a centralidade em minha vida. Que eu saiba buscar, em primeiro lugar, o Reino de Deus e a sua justiça e tudo mais me será acrescentado, como Vós mesmo nos dissestes e nos assegurais.

Senhor, Vossa divina presença é para nós a comunicação da alegria, mas não a alegria ilusória e passageira que o mundo dá, e que nos afasta da verdadeira alegria, que somente de Vós procede. Pois Vós também dissestes, que somente Vós podeis nos dar a plena alegria.

Senhor Jesus, dai-me a Vossa paz, o Shalom, a plenitude de todos os bens, dons. Somente em Vós e convosco, eu encontro a paz plena, que não significa a ausência de problemas, ou uma falsa paz conseguida com drogas ou coisa semelhante, mas com seu alto preço consequente.

Senhor Jesus, como é maravilhoso poder contar com o Vosso sopro, que nos comunica a presença e ação do Espírito, que não nos permite que nos sintamos órfãos, e nos envia em missão para remissão dos pecados, inauguração de novos tempos, novos relacionamentos, mundo novo e reconciliado.

Senhor, unido ao Mistério de Vossa Paixão, em comunhão com Vossas Chagas dolorosas, cremos que sois vitorioso, glorioso, e que estais sentado à direita do Pai. Sem ter visto e nem tocado, como Tomé, também digo: “Meu Senhor e meu Deus”, exultante de alegria pelas Vossas Chagas gloriosas.

Senhor, renovo minha fé, e assim como Vosso Apóstolo Pedro nos exortou, quero testemunhá-la com a esperança que não murcha, que floresce em terrenos áridos e sombrios, porque impelido pelo Vosso amor que não passa, e o coração para sempre inflama. Amém. Aleluia.

São Tomé viu e tocou as chagas gloriosas do Senhor

                                                               

São Tomé viu e tocou as chagas gloriosas do Senhor

Quando celebramos a Festa do Apóstolo São Tomé, ouvimos a passagem do Evangelho de São João (Jo 20,24-29), em que Jesus Se manifesta no centro da comunidade, reunida no primeiro dia da semana, com as portas fechadas, com medo dos judeus.

Da mesma forma, oito dias depois, agora com a presença de Tomé e a sua profissão de fé, quando toca as Chagas gloriosas do Senhor.

Vejamos o que nos diz o Bispo e Doutor Santo Agostinho (séc. V):

“Não lhes bastou vê-Lo com os próprios olhos, quiseram apalpar com as mãos Seu corpo e as cicatrizes das feridas recentes; até o ponto de que o discípulo que tinha duvidado, tão prontamente como tocou e reconheceu as cicatrizes, exclamou: Meu Senhor e Meu Deus! Aquelas cicatrizes eram as credenciais d’Aquele que tinha curado as feridas dos demais.

O Senhor não podia ressuscitar sem as cicatrizes? Sem dúvida, mas sabia que no coração de Seus discípulos ficaram feridas que haveriam de ser curadas pelas cicatrizes conservadas em Seu corpo. E o que respondeu o Senhor ao discípulo que, reconhecendo-O por seu Deus, exclamou: Meu Senhor e meu Deus? Disse-lhe: Crestes porque me vistes? Bem-aventurados os que creram sem terem visto.

A quem chamou de bem-aventurados, irmãos, senão a nós? E não somente a nós, mas a todos os que venham depois de nós. Porque, não muito tempo depois, tendo-Se apartado de seus olhos mortais para fortalecer a fé em seus corações, todos os que doravante crerão n’Ele, crerão sem ver-Lhe, e sua fé teve grande mérito: para conquistar essa fé, mobilizaram unicamente Seu piedoso coração, e não o coração e a mão comprovadora.”  (1)

Deus nos concede a graça de sermos chamados Bem-aventurados, porque cremos sem nunca ter visto, sem nunca ter tocado.

A profissão de fé de Tomé possibilitou que também viéssemos a afirmar nossa fé no Cristo Vivo, Glorioso, Ressuscitado, Aquele que vive e reina pelos séculos dos séculos. Amém.
Roguemos ao Senhor que cure nossas cicatrizes de tantos nomes, para que curados por suas gloriosas Chagas, nos coloquemos em atitude de anunciadores e testemunhas de Sua Palavra e Projeto de Vida Plena para todos.

Não permitamos que as dificuldades que ferem nossos sonhos, levem-nos a perder a fé nas gloriosas Chagas, crendo que as chagas provisórias podem nelas se transformar e nos conduzir a novos espaços e sagrados compromissos.

Como Tomé, é preciso que creiamos, tenhamos uma fé no poder de Deus, que cura as feridas e cicatrizes de nossa alma, portanto, supliquemos sempre:

“Meu Senhor e Meu Deus!” Curai-me. Fortalecei-me. Enviai-me para Vos testemunhar com fidelidade, coragem e ardor. Amém. Aleluia



(1)         Lecionário Patrístico Dominical – Editora Vozes – 2013 – p.597
PS: Festa celebrada dia 03 de julho.

Com Tomé digamos: “Meu Senhor e meu Deus”.

                                                                      

Com Tomé digamos:  “Meu Senhor e meu Deus”.

Na celebração da Festa do Apóstolo São Tomé, ouvimos a passagem do Evangelho de João (Jo 20,24-29).

Vemos o itinerário da profissão de fé feito por Tomé, ausente na primeira vez em que Jesus apareceu aos Apóstolos, e depois, quando presente, faz a grande profissão de fé: “Meu Senhor e meu Deus”.

Tomé é proclamado bem-aventurado porque viu e tocou as Chagas gloriosas do Ressuscitado, e Jesus nos diz que felizes são aqueles que creram sem nunca terem visto, nem tocado.

Tomé toca exatamente onde nascemos e nos nutrimos: no coração de Jesus, do qual jorrou Sangue e Água: Batismo e Eucaristia.

Esta é uma mensagem essencialmente catequética, que nos convida a renovar hoje e sempre a nossa fé: somos felizes porque cremos sem nunca ter visto nem tocado.

A experiência vivida por Tomé não foi exclusiva das primeiras testemunhas do Ressuscitado, e pode ser vivida por todos os cristãos de todos os tempos.

Reflitamos:

- Creio na presença de Jesus Ressuscitado na vida da Igreja?
- Sinto a presença e ação do Ressuscitado em minha vida?
- Como testemunhamos a fé no Cristo vivo e Ressuscitado?


Oremos:

“Deus todo-poderoso, concedei-nos celebrar com alegria a Festa do Apóstolo São Tomé, para que sejamos sempre sustentados por sua proteção e tenhamos a vida pela fé no Cristo que ele reconheceu como Senhor. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso filho, na unidade do Espírito Santo. Amém”.

PS: Festa celebrada dia 03 de julho

As cicatrizes do Ressuscitado

                                                     

As cicatrizes do Ressuscitado

Sejamos enriquecidos por este trecho do Sermão de Santo Agostinho (séc. V), para melhor compreensão da passagem do Evangelho de João (Jo 20,19-31):

“Não lhes bastou vê-Lo com os próprios olhos: quiseram apalpar com as mãos seu corpo e as cicatrizes das feridas recentes; até o ponto de que o discípulo que tinha duvidado, tão prontamente como tocou e reconheceu as cicatrizes, exclamou: ‘Meu Senhor e Meu Deus!’ Aquelas cicatrizes eram as credenciais d’Aquele que tinha curado as feridas dos demais.

O Senhor não podia ressuscitar sem as cicatrizes? Sem dúvida, mas sabia que no coração de seus discípulos ficavam feridas que haveriam de ser curadas pelas cicatrizes conservadas em seu corpo. E o que respondeu o Senhor ao discípulo que, reconhecendo-O por seu Deus, exclamou: meu Senhor e meu Deus’? Disse-lhe: ‘Crestes porque me vistes? Bem-aventurados os que creram sem terem visto’....”   (1)

Como discípulos missionários do Senhor, façamos nossa profissão de fé no Cristo glorioso, Ressuscitado, e sejamos os bem-aventurados que creem sem nunca terem visto o Senhor.

O Círio Pascal, que acendemos na Vigília Pascal, lembra-nos que Jesus Cristo Ressuscitado é o princípio e o fim (Alfa e ômega), o mesmo ontem e hoje, e a Ele o tempo e a eternidade, a glória e o poder, pelos séculos sem fim.

Contemplemos as Chagas Gloriosas do Senhor, suas credenciais, as cicatrizes de Seu corpo glorioso, como nos falou o bispo, e sejam elas a cura de nossas feridas de nomes diversos.

Contemplando as Chagas Gloriosas do Senhor, revigorados na fé, fortalecidos na esperança, sejamos inflamados na caridade, comprometidos com quem padece as chagas no corpo, como a fome, abandono, exilados de suas terras e raízes...

Com Tomé, também digamos – “Meu Senhor e Meu Deus”, e como Tomé, que derramou seu sangue por amor ao Senhor, tenhamos a coragem para ser testemunhas do Ressuscitado. Amém. Aleluia

quarta-feira, 2 de julho de 2025

Em poucas palavras...

                                                   


“Elevado da Terra, atrairei todos a Mim”

“Cristo está no centro desta reunião dos homens na «família de Deus». Reúne-os à Sua volta pela Sua Palavra, pelos Seus sinais que manifestam o Reino de Deus, pelo envio dos discípulos.

E realizará a vinda do Seu Reino sobretudo pelo grande mistério da Sua Páscoa: a Sua morte de cruz e a Sua ressurreição. «E Eu, uma vez elevado da Terra, atrairei todos a Mim» (Jo 12, 32). Todos os homens são chamados a esta união com Cristo (Lumen Gentium n.3).” (1)

 

(1) Catecismo da Igreja Católica - parágrafo n. 542

A Palavra e as fibras mais íntimas do nosso ser...

                                           

A Palavra e as fibras mais íntimas do nosso ser...

A Liturgia da quarta-feira da 13ª Semana do Tempo Comum nos apresentará a passagem do Evangelho de Mateus (Mt 8,28-34), e refletimos sobre o itinerário da Palavra de Deus:

“A Palavra de Deus pede para entrar em nossa vida até às fibras mais íntimas do nosso ser, e para se exprimir em amor e procura do bem.

Ela chama-nos a nos entregarmos a isso com todas as nossas forças e com a humildade de sabermos que não temos pretensões a alegar, mas só misericórdia a receber. [...]

O difícil texto do Evangelho descreve o confronto da Palavra da Salvação, que é Jesus, com o mundo das trevas, que manifesta todo o seu poder destruidor. [...]

Jesus está em terra pagã, e não chegou ainda o momento para os pagãos O receberem. Nós podemos ser hoje esses pagãos: está o nosso coração como a terra deles, hostil à Palavra?” (1)

Nisto consiste o itinerário da Palavra lida, ouvida, acolhida, meditada e na vida encarnada: penetrar até as fibras mais íntimas do nosso ser, somente assim ela volta para Deus produzindo os frutos que Ele tanto espera.

A vida é breve, a Palavra proclamada abundante. A sua penetração nas fibras mais íntimas de nosso ser, dependerá de cada um e cada uma.

Oremos:

“Ó Deus, a Vossa Palavra é luz verdadeira para os nossos passos, alegria e paz para os nossos corações; concedei que, iluminados pelo Vosso Espírito, a acolhamos com fé viva, para descobrirmos na escuridão dos acontecimentos humanos os sinais da Vossa presença. Amém!”


(1) Lecionário Comentado - Editora Paulus - Lisboa - pág. 640. 

Rezando com os Salmos - Sl 59(60)

 




“Eu venci o mundo”

“–1 Ao maestro do coro. Segundo a melodia
‘O lírio do mandamento’. Poema de Davi. Para ensinar.
- 2 Quando ele partiu contra os arameus da Mesopotâmia
E os arameus de Soba; e quando Joab, na volta,
venceu os edomitas no vale do Sal, doze mil homens. 

=3 Rejeitastes, ó Deus, Vosso povo
e arrasastes as nossas fileiras;
Vós estáveis irado: voltai-vos!
–4 Abalastes, partistes a terra,
reparai suas brechas, pois treme.

–5 Duramente provastes o povo,
e um vinho atordoante nos destes.
–6 Aos fiéis um sinal indicastes,
e os pusestes a salvo das flechas.
–7 Sejam livres os Vossos amados,
Vossa mão nos ajude: ouvi-nos!

=8 Deus falou em Seu santo lugar:
'Exultarei, repartindo Siquém,
e o vale em Sucot medirei.
=9 Galaad, Manassés me pertencem,
Efraim é o meu capacete,
e Judá, o meu cetro real.

=10 É Moab minha bacia de banho,
sobre Edom eu porei meu calçado,
vencerei a nação Filisteia!'

–11 Quem me leva à cidade segura,
e a Edom quem me vai conduzir,
–12 se Vós, Deus, rejeitais Vosso povo
e não mais conduzis nossas tropas?

– Dai-nos, Deus, Vosso auxílio na angústia;
nada vale o socorro dos homens!
–13 Mas com Deus nós faremos proezas,
e Ele vai esmagar o opressor.”

O Salmo 59(60) é uma oração depois de uma derrota:

“O salmista lamenta uma dolorosa derrota nacional e exprime confiança no socorro divino, relembrando um antigo oráculo, no qual Deus Se manifesta como dominador sobre os povos vizinhos.” (1)

Jesus na passagem do Evangelho também nos exorta para que tenhamos coragem, e n’Ele, coloquemos toda nossa confiança e esperança:

“Eu vos disse essas coisas para que, em mim, tenhais a paz. No mundo tereis aflições, mas tende coragem! Eu venci o mundo! (Jo 16,33).

Nisto consiste a vida cristã: um permanente combate, o bom combate da fé, que o Apóstolo Paulo nos fala na passagem da Carta a Timóteo (cf. 2 Tm 4,5-8;17-18). Amém.

 

(1) Comentário da Bíblia Edições CNBB – p.775

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