sexta-feira, 23 de maio de 2025

Presbíteros: construtores da esperança e pontes de paz

 


Presbíteros: construtores da esperança e pontes de paz

 

 

De 19 a 21 de maio de 2025, celebramos o Jubileu do Clero da Província de Diamantina, composta pelas arquidiocese de Diamantina, dioceses de Almenara, Araçuaí, Guanhães e Teófilo Otoni, com o tema – “Presbíteros, construtores de esperança”.

 

Éramos cinco bispos titulares e um bispo emérito, e aproximadamente duzentos presbíteros.

 

Retomo alguns pontos da homilia que fiz na missa do dia 20 de maio, na Basílica do Sagrado Coração, da arquidiocese de Diamantina, à luz da Palavra proclamada (At 14,19-28; Sl 144; Jo 14,27-31a), e do tema do encontro:

 

- Os presbíteros devem ser promotores da esperança e da verdadeira paz, que não deve ser entendida como ausência da cruz, mas que brota, paradoxalmente,  da cruz vitoriosa de Nosso Senhor Jesus Cristo. Tão somente Ele pode nos comunicar o “Shalom” ,  a paz, dom divino que nos comunica confiança, serenidade, esperança para viver a graça do Ministério.

 

- Como os apóstolos mencionados na passagem da primeira leitura, devem viver a vocação num fecundo espírito de missionariedade; evangelizadores de uma Igreja em saída para as inúmeras periferias existenciais, que nos desinstalam e nos provocam a necessária conversão e disponibilidade.

 

Devem ser promotores da comunhão ministerial, com a mais expressiva ternura da fé, alegria do serviço e ardor da missão (cf. Dilexit nos – n. 88 – Papa Francisco), perfeitamente configurados a Jesus Cristo Ressuscitado, fonte de graça da vocação a que foram chamados.

 

Oremos por toda a Igreja, e de modo intenso, por todos os presbíteros, para que renovem, sempre, a chama do primeiro amor (cf. 2 Tm 1,6-10), a fim de que sejam, portanto, construtores da esperança, edificando pontes de comunhão e paz – jamais muros de isolamento e separação; alegres discípulos missionários, e promotores da fecunda comunhão eclesial na mais enriquecedora diversidade de dons e ministérios, com a proteção de Maria, a Estrela da Evangelização. Amém. 

Ser Padre: Graça e missão

                                                        

Ser Padre: Graça e missão

“Conhecer a Jesus Cristo pela fé
é a nossa alegria;
Segui-Lo é uma graça,
E transmitir este tesouro aos demais
É uma tarefa que o Senhor nos confiou
Ao nos chamar e nos escolher” (1)

O Presbítero será sal da terra e luz do mundo,
Se ressoar estas palavras em seu coração,
Deixando-se iluminar pela Palavra do Verbo,
Nutrido pelo Pão da Vida, Corpo e Sangue do Senhor.

Redescobrindo que tão apenas Sal o somos,
Cuidando para não perder o sabor,
Para que não sejamos pisados, tal como o sal o seria,
Como nos disse o Senhor.

Reacendendo a chama do primeiro amor,
Que, um dia, no coração,
Pela Igreja acesa o foi, para Sacerdote ser
Para sempre, segundo a ordem de Melquisedec.

Jamais perder o encantamento da graça recebida,
Revelando a face de Cristo, o Bom Pastor,
Pelas palavras e comportamento, simples e sereno,
Coração de amor, pelo Divino amor ,seduzido.

Ser feliz no Ministério vivido,
Na perfeita sintonia com o desígnio por Deus querido.
Ser um homem padre pela graça divina,
Um padre homem feliz, inseparavelmente.

Celebrar mais um ano de Ministério,
Renovando, no silêncio da oração,
As promessas feitas no dia da Ordenação,
Com a força do Espírito, continuar o caminho. Amém.


(1) Documento de Aparecida n.18

Não somos servos, mas amigos do Senhor

                                                                 

Não somos servos, mas amigos do Senhor

As passagens bíblicasLiturgia da Palavra da 5ª sexta-feira do Tempo da Páscoa: At 15,22-31; Sl 56(57); Jo 15,12-17.

O acontecimento na primeira Leitura: o Concílio de Jerusalém (séc. I).

Primeira mensagemA necessária ação e presença do Espírito Santo, para discernir as situações mais diversas na vida da Igreja:

“Porque decidimos, o Espírito Santo e nós, não vos impor nenhum fardo, além destas coisas indispensáveis” (At 15,28).

O contexto da passagem do Evangelhoo discurso da última Ceia – o contexto da despedida de Jesus dos Seus discípulos.

Segunda mensagemO Mandamento do Amor: “Amai-vos uns aos outros, assim como Eu vos amei” (Jo 15,12). – é nosso distintivo, que nos diferencia como seguidores do Senhor. Trata-se de Mandamento, ordem e não apenas um conselho sentimental que pode ser passageiro e estéril.

Terceira mensagemJesus nos chama e nos trata como amigos e não como servos – a alegria e graça de sermos amigos de Jesus e ampliar esta relação com todos os que nos rodeiam, sobretudo os mais empobrecidos – “Já não vos chamo servos, pois o servo não sabe o que faz o seu senhor. Eu chamo-vos amigos, porque vos dei a conhecer tudo o que ouvi de meu Pai” (Jo 15,15).

Quarta mensagem: fomos escolhidos pelo Senhor, ainda que sem méritos, antes, porque Deus é misericórdia – sintamos a alegria imensurável desta escolha que o Senhor fez – “Não fostes vós que me escolhestes, mas fui Eu que vos escolhi...” (Jo 15, 16).

Quinta mensagemescolhidos pelo Senhor para produzir frutos, e frutos que permaneçam (cf. Jo 15,16): frutos de amor, bondade, partilha, justiça, fraternidade, comunhão, paciência...

Sexta mensagem: nada falta aos amigos de Jesus, pois podem se dirigir ao Seu Pai, e tudo alcançarão – “O que, então, pedirdes ao Pai em meu nome, Ele vo-lo concederá” (Jo 15,16).

Orando com a Igreja - (Oração depois da Comunhão da Missa):

“Tendo participado do Sacramento do Corpo e do Sangue do Vosso Filho, nós vos suplicamos, ó Deus, que nos faça crescer em caridade a Eucaristia que Ele nos mandou realizar em Sua Memória. Por Cristo, Nosso Senhor. Amém.”

Creio em Jesus: Caminho, Verdade e Vida

                                           


Creio em Jesus: Caminho, Verdade e Vida

Creio em Jesus, o Caminho, que viveu a profunda experiência do encontro de Deus com  a humanidade, e comunica esta experiência à todos nós.

Creio em Jesus, o Caminho que nos leva ao Pai, uma Pessoa; Aquele que, já existia com Deus, desde sempre, e Se tornou o ‘lugar’ visível da Aliança entre Deus e a humanidade.

Creio em Jesus, a Verdade que se conhecido, nos liberta (Jo 8,32), a mais perfeita revelação do Pai, de quem todas as coisas recebem origem e no qual todos encontram sua consistência e verdade.

Creio em Jesus, a Verdade, que se conhece pelo amor com Ele vivido e n'Ele permanecendo, a fim de que tenhamos a seiva vital do amor, e frutos abundantes produzirmos.

Creio em Jesus, a Vida, porque nos faz participar da comunhão plena com o Deus vivo, a se consumar na comunhão de amor na glória da eternidade, e tão  somente com Ele teremos a vida eterna. Amém. Aleluia! 


Fonte: Missal Cotidiano – Editora Paulus - Comentário da passagem do Evangelho de São João (Jo 14,1-6) - pp.420-421

 


Olhos que se abrem, corações que ardem…

                                                               

Olhos que se abrem, corações que ardem…

“E aconteceu que, estando com eles à mesa, tomando o pão, abençoou e partiu-o, e lho deu. Abriram-se-lhes então os olhos,
e o conheceram, e Ele desapareceu-lhes. 
E disseram um para o outro: Porventura não ardia em nós o nosso coração quando, pelo caminho, nos falava, 
e quando nos abria as Escrituras?” (Lc 24,30-32)

Naquela tarde, dois discípulos para Emaús caminhavam:
Desilusão, fracasso, sonhos frustrados, pura decepção.
Ainda não tinham acolhido, no mais profundo de si mesmos,
A graça revitalizadora da Boa Nova da Ressurreição.

É a caminhada daqueles que se dobram diante da morte;
Daqueles que da luta se retiram na perda do sentido;
Daqueles que da vida nada mais esperam,
A não ser viver apenas por ter vivido.

Cléofas e o anônimo discípulo, que para Emaús retornam,
São imagens da não vida, do vazio, escuridão e não confiança.
Daqueles para quem já não há mais esperança,
Que jamais assim façamos, e com o Senhor caminhemos...

Caminhando, redescobrem a chama que fora acesa,
Repensam o caminho e refazem seus sonhos e planos,
Acolhem na intimidade Aquele que dera Sua vida,
Para que o mundo fosse mais fraterno e humano.

Que tarde memorável daqueles discípulos,
Que no caminhar, o Verbo que fora vivo e morto,
Agora com eles, Ressuscitado para sempre está:
Âncora segura, luz resplandecente, seguro porto.

Daqueles lábios de que tantas palavras se ouviram,
Agora voltam a acolher outras belas e tantas.
Somente destes lábios saem palavras que ardem,
Pois não são vazias, porque são eternas e santas.

Corações que ardem ao acolherem aquelas memoráveis palavras,
Palavras que no dia a dia plenificam, preenchem, sustentam;
Palavras de sabedoria que revigoram, corrigem, orientam;
Palavras vivas para quem com a vida se compromete, pois por elas se deixam conduzir.

Olhos que se abrem, dos discípulos ontem e em todo tempo.
Olhos que se abrem quando o Pão Verdadeiro é partilhado,
Gesto que Ele tantas vezes com eles realizara,
Sinal profético do Banquete a ser na vida prolongado.

Só é possível reconhecer a presença do Ressuscitado,
Quem com Ele se puser, sem dúvida e medo, a caminho;
Quem deixar inflamar o coração com Sua ardente Palavra,
Suportando, com amor, dificuldades, dores e espinhos.

Só é possível reconhecer a presença do Ressuscitado,
Quem com Ele à mesa se assentar para o Pão partilhar,
Na Mesa da Eucaristia belas lições sempre aprender.
Prolongando-as na vida, vida nova há de brilhar.

Como cristãos, vivamos a experiência atualizada de Emaús.
Como homens e mulheres de Deus, para lá jamais voltaremos,
Pois sabemos que a Jerusalém é aqui mesmo,
As forças da morte com disposição enfrentaremos.

Que a graça do Amor de Deus no coração seja impressa,
Acendei Senhor, em nós, a chama do amor sedutor e eterno.
Tudo nos será mais fácil: faremos grandes coisas muito depressa,
E com pouco trabalho, faremos o mundo mais belo e fraterno.

Olhos que se abrem, corações que ardem!
Ontem, hoje e sempre, somos discípulos do Senhor também.
Olhos que se abrem, corações que ardem
No coração da Sua amada Igreja. Amém! Aleluia! Aleluia!



Poesia inspirada na passagem do Evangelho dos discípulos de Emaús (Lc 24,13-35).

A presença do Espírito e a missão da Igreja

                                                                

A presença do Espírito e a missão da Igreja

Na sexta-feira da 5ª semana do Tempo Pascal, ouviremos a passagem do Livro dos Atos dos Apóstolos (At 15,22-31), em que nos fala das decisões do Concílio de Jerusalém, e da carta enviada aos irmãos da Igreja de Antioquia, com as decisões.

Trata-se do epílogo de uma controvérsia de que sai a Igreja reforçada na comunhão, purificada na prática; mais dinâmica e eficiente na ação apostólica, expressão de autêntica sinodalidade.

Sejamos enriquecidos pelo Comentário do Missal Cotidiano, que nos ajuda a edificar uma Igreja decididamente missionária, viva e criativa:

“O encontro da Igreja com os pagãos (de ontem e de hoje) obriga-a sempre a um esforço de purificação, de busca do essencial; numa palavra, de fidelidade a seu Senhor e fundador. Só uma Igreja missionária é viva, criativa fiel a si mesma. Uma Igreja que defende suas posições internas sem ardor nem audácia é uma Igreja em decomposição” 

Tudo isto é possível, contando com a presença constante e ativa do Espírito, pois sem o mesmo, estaríamos órfãos e incapazes de encontrar luzes para os caminhos, e para acertadas decisões, como vemos afirmado no Missal Cotidiano:

“A presença constante e ativa do Espírito preserva a Igreja desse processo de morte, e impele-a sempre a novas direções. A consciência da Igreja de ter consigo o Espírito (v. 28) não supõe nem pretende para ela o monopólio da verdade (notar certo conceito material de infalibilidade), mas a certeza de que, entre os erros e deficiências, ele permanece substancialmente fiel à mensagem de Cristo, seu fundador”.(1)

Deste modo, em todos os momentos precisamos invocar e nos abrir ao sopro e luz do Espírito Santo, que enche os corações dos fiéis com Seu Amor e Sabedoria, para que trilhemos os caminhos de fidelidade ao Senhor, empenhados na edificação da Igreja a serviço do Reino, que Deus nos envia a anunciar e da construção participar.


(1) Missal Cotidiano – Editora Paulus – 1998 – p.442

“Vós sois meus amigos”

                                                               

“Vós sois meus amigos”

Reflexão à luz da passagem do Evangelho de João (Jo 15,12-17), em que Jesus nos dá o Mandamento do amor: “Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros, assim como Eu vos amei” (Jo 15,12).

Em seguida também diz: “Ninguém tem amor maior do que Aquele que dá Sua vida pelos amigos. Vós sois meus amigos, se fizerdes o que Eu vos mando” (Jo 15,14).

Sobre a amizade divina que tanto precisamos, somos remetidos ao Tratado escrito pelo Bispo Santo Irineu, (séc. II), contra as heresias.

“Nosso Senhor, o Verbo de Deus, que primeiro atraiu os homens para serem servos de Deus, libertou em seguida os que lhe estavam submissos, como Ele próprio disse a Seus discípulos: 'Já não vos chamo servos, pois o servo não sabe o que faz o seu senhor, Eu vos chamo amigos, porque Vos dei a conhecer tudo o que ouvi de meu Pai (Jo 15,15').

A amizade de Deus concede a imortalidade aos que a obtêm. No princípio, Deus formou Adão, não porque tivesse necessidade do homem, mas para ter alguém que pudesse receber os Seus benefícios.

De fato, não só antes de Adão, mas antes da criação, o Verbo glorificava Seu Pai, permanecendo n’Ele, e era também glorificado pelo Pai, como Ele mesmo declara:

Pai, glorifica-me com a glória que Eu tinha junto de Ti antes que o mundo existisse (Jo 17,5).

Não foi também por necessitar do nosso serviço que Deus nos mandou segui-Lo, mas para dar-nos a salvação. Pois, seguir o Salvador é participar da salvação, e seguir a Luz é receber a luz.

Quando os homens estão na luz, não são eles que a iluminam, mas são iluminados e tornam-se resplandecentes por ela. Nada lhes proporcionam, mas dela recebem o benefício e a iluminação.

Do mesmo modo, o serviço que prestamos a Deus nada acrescenta a Deus, porque Ele não precisa do serviço dos homens. Mas aos que O seguem e servem, Deus concede a vida, a incorruptibilidade e a glória eterna.

Ele dá Seus benefícios aos que O servem precisamente porque O servem e aos que O seguem precisamente porque O seguem; mas não recebe deles nenhum benefício, porque é rico, perfeito e de nada precisa.

Se Deus requer o serviço dos homens é porque, sendo bom e misericordioso, deseja conceder os Seus dons aos que perseveram no Seu serviço.

Com efeito, Deus de nada precisa, mas o homem é que precisa da comunhão com Deus.

É esta, pois, a glória do homem: perseverar e permanecer no serviço de Deus. Por esse motivo dizia o Senhor a Seus discípulos:

'Não fostes vós que me escolhestes, mas fui Eu que vos escolhi' (Jo 15,16), dando assim a entender que não eram eles que O glorificavam seguindo-O, mas, por terem seguido o Filho de Deus, eram por Ele glorificados.

E disse ainda: Quero que estejam comigo onde Eu estiver, para que eles contemplem a minha glória (Jo 17,24)".

É sempre tempo de aprofundarmos nossa amizade com Deus e solidificarmos nossas amizades humanas, a fim de que sejam mais autênticas, mais conforme o Seu desejo; de modo que a autenticidade e profundidade de nossa amizade com Deus marcará também nossas amizades humanas.

Reflitamos:

- Qual a profundidade de nossa amizade com Deus?
- Correspondemos à amizade que Deus quer estabelecer sempre conosco?

- Como são nossas amizades humanas, nossos relacionamentos com o próximo, sobretudo na comunidade que participamos?
- Quais são as amizades que nos revelam e nos aproximam de Deus?

Oremos:

Ó Deus, Vós que sois tão bom e amável, ajudai-nos, a corresponder ao Vosso imenso Amor, adorando-Vos de todo o coração, vivendo o Novo Mandamento do Amor a nós dado por Vosso Filho, contando com a ação e presença do Santo Espírito, a fim de viver convosco uma amizade sólida, fecunda e sincera, de modo que fortaleçamos os laços de amizade e fraternidade com nosso próximo, construindo uma cultura de vida e de paz. Amém.


PS: Fonte: Liturgia das Horas - Vol. II - Quaresma/Páscoa - pp. 63-65. 

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