domingo, 3 de março de 2024

A Samaritana e a sede da humanidade... (IIIDTQA)

A Samaritana e a sede da humanidade...

No terceiro domingo da Quaresma (ano A), ouvimos a passagem do Evangelho de João (Jo 4,5-15.19b-26.39a.40-42), que nos apresenta o encontro de Jesus com a samaritana na beira do poço de Jacó.

É oportuna para refletirmos sobre consumismo, sexo, liberdade desenfreada, droga, poder, dinheiro, ciência sem ética nem limites, facilidades…, e a certeza de que nada disso sacia de modo definitivo o nosso coração!

Há sedes e sedes: sedes que geram vida e outras que  matam...

Retomemos as palavras do Papa Bento em sua Mensagem para a Quaresma de 2011:

"O pedido de Jesus à Samaritana: «Dá-Me de beber» (Jo 4, 7), que é proposto na Liturgia do III Domingo, exprime a paixão de Deus por todos os homens e quer suscitar no nosso coração o desejo do dom da «água a jorrar para a vida eterna» (v. 14): é o dom do Espírito Santo, que faz dos cristãos «verdadeiros adoradores» capazes de rezar ao Pai «em espírito e verdade» (v. 23).

Só esta água pode extinguir a nossa sede do bem, da verdade e da beleza! Só esta água, que nos foi doada pelo Filho, irriga os desertos da alma inquieta e insatisfeita, «enquanto não repousar em Deus», segundo as célebres palavras de Santo Agostinho”.

Completando:

“Deus está apaixonado pelo ser humano, tem sede do pobre amor dos nossos corações. Nós pedimos de beber a alguém que afirma claramente que tem sede. Essa sede de Deus por cada pessoa humana ficou claramente expressada naquele grito que somente o evangelista João conservou no Evangelho: 'Tenho sede' (Jo 19,28).

Deus tem sede de que nós tenhamos sede do Seu Espírito, da Sua vida, da Sua graça, da Sua glória. Ele tem água abundante, mas tem sede de que nós a bebamos...

É no Coração de Deus que nós encontramos o nosso descanso, a nossa paz, os nossos prazeres, a nossa felicidade, a nossa bem-aventurança.

Distanciarmo-nos d’Ele é sair do caminho da felicidade, é correr pelos prados da insensatez, é viver uma vida que só pode levar à escuridão mais profunda e ao pior absurdo da vida humana, não ser feliz.”

O Bispo Santo Agostinho referindo-se a este momento tão singular do Evangelho disse: “Veio uma mulher. Esta mulher é a figura da Igreja, ainda não justificada, mas já a caminho da justificação... Faz parte do simbolismo da narração que esta mulher, figura da Igreja, tenha vindo de um povo estrangeiro; porque a Igreja viria dos pagãos, dos que não pertenciam à raça judaica... Pede de beber e promete dar de beber. Apresenta-Se como necessitado que espera receber, mas possui em abundância para saciar os outros. Se tu conhecesses o Dom de Deus, diz Ele. O Dom de Deus é o Espírito Santo. Jesus fala ainda veladamente à mulher, mas pouco a pouco entra em seu coração, e vai lhe ensinando. Que haverá de mais suave e bondoso que esta exortação?...”

De fato, Jesus é Água que sacia nossa sede com o Dom do Espírito, em nós, derramado. Somente Deus é capaz de saciar as sedes mais profundas e autênticas de nossa existência. Sem Ele o deserto de nossa alma ficaria estarrecido, insuportável e os prados de nossa insensatez nos consumiriam sem perspectivas, com cansaços que exauririam todas as nossas forças; nada suportaríamos e nada encontraríamos a não ser o nosso nada, o vazio, a escuridão, o pecado, a secura da alma, e numa palavra, a morte!

Assim diz parte do Prefácio da Missa, quando é proclamado este Evangelho:

– “Ao pedir à Samaritana que lhe desse de beber, Jesus lhe dava o Dom de crer. E saciada sua sede de fé, lhe acrescentou o fogo do amor”.

A Samaritana fez o seu itinerário, e tornou-se Discípula Missionária do Senhor, abandonando o cântaro, começando uma nova etapa em sua vida. Quem o coração pleno de amor tem, de que mais precisa?

Oremos:

Tenho sede, Senhor, 
sacia minha sede. 
Dai-me o Vosso Espírito! 
Fazei-me nova criatura 
para que seja inflamado por Teu amor, 
e viva com alegria 
a missão de Discípulo do Senhor!

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