“Todo aquele que bebe desta água terá sede de novo.
Mas quem beber da Água que Eu lhe darei,
esse nunca mais terá sede.
Mas quem beber da Água que Eu lhe darei,
esse nunca mais terá sede.
E a água que Eu lhe der
se tornará nele uma Fonte de Água
se tornará nele uma Fonte de Água
que jorra para a vida eterna” (Jo 4, 13-14).
A Liturgia do 3º Domingo da Quaresma (Ano A), traz como tema: O Senhor Jesus, e somente Ele, sacia a nossa sede de amor, vida e paz, damos mais um passo no Itinerário Quaresmal rumo à Páscoa do Senhor.
A Liturgia da Palavra nos revela que Deus está sempre presente na caminhada do Seu Povo, e o conduz à realização plena, na perfeita felicidade rumo à eternidade.
Na passagem da primeira Leitura (Ex 17, 3- 7), Deus presente na caminhada do povo hebreu pelo deserto do Sinai, apesar de provocado, suportando toda murmuração e contestação, infidelidade e pecado de Seu povo, não lhe nega a fidelidade, o Amor e a possibilidade da liberdade e felicidade.
O tema da água aparece tanto na Leitura como no Evangelho: água que sacia a sede como sinal da vida que Deus pode oferecer do rochedo. Este rochedo, depois, na releitura cristã, será o coração trespassado do Senhor, do qual jorrou Sangue e Água para nos fazer renascer, e também do mesmo lado o Alimento que nos redime, fortalece e nos salva (Jo 19,34).
Assim como o Povo de Deus, precisamos descobrir a presença e fidelidade do Senhor, que não nos abandona nunca, tão pouco nos momentos das dificuldades e sofrimentos, que são ocasiões propícias para o nosso crescimento e amadurecimento e fortalecimento na fé.
À medida que se avança, irmanados na fé, renovamos e nos transformamos, alargarmos horizontes, firmamos os passos, tornamo-nos mais responsáveis, conscientes, adultos e mais Santos, superando todo indesejável infantilismo espiritual, que também podemos incorrer, como aconteceu com o Povo de Deus na travessia do deserto.
Na passagem da segunda Leitura (Rm 5,1-2.5-8), o Apóstolo reforça a mensagem de que Deus é sempre presente e pronto para nos perdoar, apesar de todo pecado e infidelidade que possamos cometer. Assim como na primeira Leitura, o Apóstolo nos garante que Deus nunca abandona o Seu Povo em caminhada pela história.
Deus está sempre ao nosso lado, em cada passo que damos, oferecendo-nos por meio de Seu Filho e de Seu Espírito, gratuitamente, com pleno amor, a Água que mata a nossa sede de vida e felicidade.
Somente em Cristo nos tornamos criaturas novas, e é Ele quem nos plenifica de todos os bens e dons: paz, esperança e o Seu imprescindível Amor.
Contemplemos o Amor de Deus, que jamais desistiu de nós, e, por meio de Jesus, a máxima expressão de Sua presença e Amor por nós, vindo pessoalmente ao nosso encontro, para conosco caminhar, em tudo semelhante a nós, exceto no pecado, para dele nos libertar – “É para a liberdade que Cristo nos libertou” (Gl 5,1).
Na passagem do Evangelho (Jo 4, 5-42), no encontro de Jesus com a samaritana à beira do poço de Jacó, acolhemos a alegre mensagem: somente Jesus sacia nossa sede de vida eterna; acolher e aceitar o Dom de Deus, Jesus, o Salvador do mundo, nos faz homens novos.
Jesus é o “novo poço” no qual encontramos a água cristalina que sacia a sede da humanidade de vida plena e felicidade autêntica.
A água que Jesus tem a nos oferecer é a “Água do Espírito” que o é o grande dom de Jesus, derramado sobre toda a Igreja com Sua Paixão, Morte e Ressurreição.
Este Espírito, quando acolhido no mais profundo do coração do homem, impresso como um selo, renova, transforma e o torna capaz de amar a Deus acima de tudo, vivendo na paz e na concórdia com o próximo.
O diálogo de Jesus com a samaritana nos revela qual a missão de Jesus, que consiste em comunicar ao homem o Espírito Santo que dá vida. Seu Espírito desenvolve e fecunda o coração daquele que O acolhe, capacitando para viver um amor como Ele, Jesus, ama, um Amor imensurável.
Somente de Jesus, com Sua Palavra e Seu Espírito, água viva para a humanidade, é que nasce a comunidade dos Homens Novos, filhos de Deus que têm por missão ser a presença de Deus, com palavras e ação, em todos os âmbitos do mundo.
Esta saciedade que a samaritana encontrou em Jesus a fez discípula missionária, e nos leva a nos questionar sobre o tempo presente, sobre a inquieta busca da felicidade, e o seu não encontro:
“A modernidade criou-nos grandes expectativas. Disse-nos que tinha a resposta para todas as nossas procuras e que podia responder a todas as nossas necessidades.
Garantiu-nos que a vida plena estava na liberdade absoluta, numa vida vivida sem dependência de Deus; disse-nos que a vida plena estava nos avanços tecnológicos, que iriam tornar a nossa existência cômoda, eliminar a doença e protelar a morte; afirmou que a vida plena estava na conta bancária, no reconhecimento social, no êxito profissional, nos aplausos das multidões, nos “cinco minutos” de fama que a televisão oferece…
No entanto, todas as conquistas do nosso tempo não conseguem calar a nossa sede de eternidade, de plenitude, dessa “mais qualquer coisa” que nos falta para sermos, realmente, felizes.
A afirmação essencial que o Evangelho de hoje faz é: só Jesus Cristo oferece a Água que mata definitivamente a sede de vida e de felicidade do homem”. (1)
Reflitamos:
- Onde e em quem buscamos a nossa felicidade?
- Sentimos a presença de Deus amante, atuante, que nos ama e conosco caminha?
- Nosso encontro pessoal com o Senhor, ou nosso encontro com Ele na Ceia Eucarística, tem saciado nossa sede de vida plena e feliz?
- A samaritana, saciando sua sede de eternidade em Jesus, tornou-se uma alegre discípula missionária. Assim também acontece conosco?
- Como e onde comunicar este encontro com o Senhor e a Sua Boa Nova que sacia a sede de humanidade?
- Quais são os poços que o mundo oferece para saciar nossa sede existencial?
- Sendo a Quaresma tempo favorável de nossa conversão, é possível que procuremos nossa felicidade na água que o mundo oferece, em vez da água pura e cristalina que o Senhor tem a nos oferecer?
Encerro com as palavras do Papa Bento XVI:
“Aqui, no poço de Jacó, encontramos Jacó como antepassado que tinha oferecido com o poço a água como elemento fundamental da vida.
Mas no homem encontra-se uma sede maior, que vai mais além da água da fonte, porque ele procura uma vida que está para além da esfera biológica”. (2)
(1) Citação extraída do site:
(2) Papa Bento XVI – in Jesus de Nazaré – p. 210
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