sábado, 10 de maio de 2025

Mãe: Calor, suavidade e liberdade

                                               

Mãe: Calor, suavidade e liberdade


“É para a liberdade que Cristo nos libertou.
Permanecei firmes, portanto, E não vos deixeis prender ao jugo da escravidão.”
(Gl 5,1) 


Calor, suavidade e liberdade
São formas de dizer a palavra mãe,
Pois isto vives e nos ensina.
 
Suplico a Deus pelas mães que, pela pandemia,
Não mais poderão aquecer seus filhos,
Porque as precederam na eternidade.
 
Também por todas as mães, para que não percam,
Em nenhum momento, a suavidade das palavras,
Bem como dos gestos simples do cotidiano;
 
Suplico pelas mães que nos ensinam
A beleza da autêntica e desejada liberdade,
Pelo Cristo por nós alcançada. Amém.


PS: Escrito em tempo de pandemia - maio de 2021

Tu és Mãe...

                                                              

Tu és Mãe...

O Dia das Mães...

Que ele não seja empobrecido pela lógica do consumo,
Mas um dia muito especial, de homenagem e Oração.

A Deus, súplicas elevar, luz e força para ela pedir,
Graças ao Pai elevar por desígnio tão divino existir.

A ela, que tem a graça da vida, no ventre, silenciosamente gestar,
Depois de um tempo de espera, a vida maravilhosamente conceber.

Mãe, lembra-te daquele dia em que da obra divina participaste,
Uma imagem de Deus se formava misteriosamente dentro de ti.

Contempla o mistério do nascer, que é muito mais do que dar luz à existência;
Daquele dia em que parecia não haver nenhum ponto de luz piscando na amplidão do céu.

Deus te fez mãe desde a concepção e serás para sempre mãe,
Acompanhando o fruto concebido até seu natural declínio.

Ser mãe desde os primeiros raios de luz de uma manhã luminosa
Até o seu lusco-fusco, quando o sol se faz poente, silencioso crepúsculo

És sempre mãe do anoitecer ao novo amanhecer.
És para sempre e sempre mãe, sem jamais esmorecer.

És mãe ao levantar do sol, és também quando ele se põe.
És mãe quando a lua prateada míngua ou cresce, fica nova ou cheia.

És mãe quando o sol está a pino, implacavelmente.
És mãe quando o sol se tinge de rubro para se pôr.

És mãe quando se acendem as luzes do firmamento,
E quando cai a noite, lenta sob a luz das estrelas.

És mãe com limpidez de alma, tão cândida e pura de coração,
Para nos fazer mais puros e cristalinos.

És mãe, e foste feita mãe para estar sempre em cena,
E a defesa e o cultivo da vida amavelmente protagonizar;

Para acompanhar o fruto do teu ventre nos altibaixos da vida,
Ajudando a discernir entre o bem e o mal, entre a mentira e a verdade;

Para acompanhar o filho na peregrinação deste mundo,
Nas noites escuras do cotidiano o brilho da fé transluzir.

És mãe e tens o dom de deseclipsar momentos obscuros,
Assim como de desofuscar o que aparece sem brilho e vida.

És mãe porque és presente em nossa travessia,
Por vezes povoada de mistérios, de inquietantes interrogações.

És mãe e sabes o que é a graça de ser mãe, sentimento indizível,
Palavras não são suficientes para dizer quem tu és.

És mãe por graça e vocação, tendo a Mãe Maria
Como espelho, exemplo, inspiração e companhia.

És mãe e contigo rezo a Oração singela que me ensinaste,
Não rias mesmo que as palavras eu trocasse ou delas não me lembrasse.

Ave Maria, cheia de graça... 

Em poucas palavras...

 


Pais e Mães serão sinais do Cristo Bom Pastor


Quando na alegre acolhida, no diálogo e educação,
Ao lado de seus filhos com ternura se colocarem,
Assegurando crescimento em tamanho, graça e sabedoria,
Para além de todo resultado, sem jamais se cansarem...

Quando não adiarem a oração com seus filhos,
Palavra de Deus na mão, lida, meditada, partilhada...
Família na fé solidificada, espaço do aprendizado do amor;
Intimidade divina por todos vivenciada.

 

Curai, Senhor, nossa surdez e mudez!

                                                           

Curai, Senhor, nossa surdez e mudez!

O surdo-mudo representa aqueles que se fecham no egoísmo e no comodismo, indiferentes aos apelos do mundo e dos irmãos (cf. Mc 7,31-37).

Somos surdos quando:

- Escutamos os gritos dos injustiçados e lavamos as nossas mãos;
- Toleramos estruturas que geram injustiça, miséria, sofrimento e morte;                                                                               
- Pactuamos com valores que tornam o homem mais escravo e mais dependente; 
- Encolhemos os ombros, indiferentes, em face à guerra, à fome, à injustiça, à doença, ao analfabetismo;                                 

-  Temos vergonha de testemunhar os valores em que acreditamos;
- Demitimo-nos das nossas responsabilidades e deixamos que os outros se comprometam e se arrisquem;

-  Quando calamos a nossa revolta por medo, covardia ou calculismo;
- Resignamo-nos a vegetar, na comodidade do nosso sofá, sem nos empenharmos na construção de um mundo novo;

- Vivemos uma vida, confortavelmente instalada, numa “surdez” descomprometida;
- Não acolhemos e testemunhamos a Palavra Divina;

- Não prolongamos a Eucaristia celebrada sobre o altar em nosso cotidiano;
- Não favorecemos o diálogo nos espaços em que vivemos;

- Os ruídos e os cantos das sereias que prometem sucesso, privilégios, poder, acumulação nos fazem sucumbir, em frenético encantamento;

- Os interesses econômicos se contrapõem a toda ética e princípios morais, em prejuízo do bem comum e da vida do povo;

- No deserto de nossa existência, não ouvimos e nem percebemos o cantar dos que cultivam a virtude da esperança;

- No deserto de nossa existência, não ouvimos e nem percebemos os gritos suplicantes daqueles que se movem pela fé e a Deus elevam seus cantos;

- No deserto de nossa existência, não ouvimos nem percebemos os cantares de amor que moveram, movem e moverão sempre, aqueles que acreditam que a caridade vivida é indispensável ao acompanhamento dos cantos e louvores que a Deus sobem.

Rompida toda surdez, ouviremos Deus falar no mais profundo de nós mesmos.

Curados de toda surdez, a Palavra ouviremos, e então nossa boca alegremente cantará e, ao mundo, anunciará as maravilhas de Deus.

Curados de nossa mudez, proclamaremos ao mundo que a glória de Deus é a vida do homem e da mulher. Que a vida do homem e da mulher é a contemplação de Deus, que passa, inevitavelmente, pela escuta de Sua voz e de Sua Palavra: Palavra de Vida e de Salvação.

PS: Oportuno para reflexão da passagem do Evangelho de João (Jo 10,27-30).

A sabedoria divina e os cinco sentidos

A sabedoria divina e os cinco sentidos

A visão, o tato, o paladar, a audição e o olfato (cinco pães) quando governados e auxiliados pela sabedoria divina a vontade (dois peixes) são indispensáveis para que vivamos na vigilância, devidamente preparados para a vinda gloriosa do Senhor para que Deus realize verdadeiras obras da graça, algumas das quais só saberemos na eternidade.

O Bispo e Doutor da Igreja, Santo Agostinho de Hipona (séc IV) associa as cinco virgens previdentes e as cinco imprevidentes, aos cinco sentidos, que podem ser usados ou com sabedoria ou com imprudência.

Oremos:

Senhor, que vejamos cristãmente, com Vossos olhos: Um olhar de ternura, bondade, misericórdia, esperança, reencantamento pela vida, que se manifesta na compaixão e solidariedade para com aqueles que se sentem encurvados pelo fardo do cotidiano. Vós tendes o fardo leve e jugo suave, e por isto nos dissestes: “Vinde a mim todos vós que estais cansados e fatigados...”.

Senhor, que saibamos cuidar do sentido do paladar para o cultivo do bom gosto, para aprendermos a saborear as delícias que nos ofereceis todos os dias, de modo especialíssimo e supremo, o Pão da Eucaristia, Vinho Novo de Eternidade. Não só nos ensine a saborear Vossas delícias, mas que também tenhamos a alegria e o compromisso de oferecer ao outro uma Palavra de Luz e Vida que possa também ser saboreada, tornando-se alimento na travessia que todos fazemos, até o encontro convosco na outra margem da eternidade.

Senhor, que nossos ouvidos sejam sempre atentos para escutar Vossa voz, que nos convida a um encontro pessoal que se renova a cada instante. Que também nossos ouvidos, em perfeita sintonia convosco, jamais se fechem aos clamores que sobem aos céus suplicando amor e solidariedade, e que se fechem a tantas vozes e cantos das sereias que nos afastem de Vós e de Vosso Plano de Amor, e nos levem ao individualismo, intimismo e autossuficiência.

Senhor, que nosso olfato nos dê a prudência e discernimento para nos afastarmos de tudo aquilo que não cheire bem, porque acompanhado do odor que o pecado exala no mais profundo de nossa alma e coração. Que saibamos sentir o odor do Vosso Amor em permanente presença, e que assim também possamos exalar Vosso suave aroma pelo mundo, por todos os lugares que passemos; a todas as pessoas com quem convivemos.

Senhor, que nosso sentido do tato nos dê a sensibilidade para nos deixarmos tocar por Vossa presença, que nos envolve em terno abraço, e que tenhamos coragem de tocar nas feridas de tantos quantos a nós acorrem, suplicando um pouco de carinho e atenção, estabelecendo uma relação de amor e respeito, edificação e santificação.

Senhor, aguçai nossa inteligência, para que, como os pobres e simples, nos abramos à Vossa sabedoria a eles revelada, e, assim como eles, também ouçamos de Vossos lábios louvores a Deus – Eu Te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, por que escondeste essas coisas aos sábios e inteligentes e as revelaste aos pequeninos.” (Mt 11, 25)

Enfim, Senhor, vigilantes, esperando Vossa vinda gloriosa, suplicamos para que a nossa vontade seja sempre a Vossa vontade, para que felizes sejamos, pois sem Vós nada temos, nada podemos e nada somos, e rezaremos com amor e confiança a Oração que nos ensinastes, vivendo-a como o mais belo Projeto de Amor, um Projeto Divino a ser realizado pela nossa frágil humanidade, quando os dons, com amor, sabedoria e alegria, partilhados, por Vós serão multiplicados. Amém.

Somente o Senhor tem palavra de vida eterna

                                                              

Somente o Senhor tem palavra de vida eterna

“A quem iremos, Senhor?”

Ouvimos no 3º sábado da Páscoa a passagem do Evangelho de João (Jo 6, 60-69), e somos convidados a refletir sobre nossas opções, sobre o discernimento que devemos fazer entre os valores passageiros e os valores eternos, na adesão e fidelidade a Jesus.

Nesta passagem vemos a contraposição de duas lógicas: a humana e a divina. Há uma lógica do poder, ambição e glória, e há a lógica da ação do Espírito que é caminho do amor e do dom da vida.

A preocupação do Evangelista é assegurar que o caminho da fidelidade é árduo, mas garante a vida plena. O contexto era de perseguição, afastamento, recusas, esmorecimentos, fragilização da fé.

A opção por Jesus é radical e exigente, deve ser feita com toda a liberdade, abrindo-se à ação do Pai com a força e luz do Espírito.

A comunidade deve amadurecer, pois não está livre de ver desertores. A proposta de Jesus é clara: ou se aceita, ou se rejeita. Há somente um caminho: amor, serviço, partilha e entrega.

A resposta de Pedro deve ser sempre a nossa resposta na tomada de decisão diante do Senhor: “só Tu tens palavras de vida eterna”.

O discípulo de Jesus não sabe o que é uma “vida morna”. Serve-se a Deus ou ao diabo; a Deus ou ao dinheiro. Não se pode atenuar, amenizar, fragilizar a proposta de Jesus. Não existe uma visão “light” do cristianismo.

A opção por Ele deve ser sempre revisada, renovada. Não há lugar para preguiça, acomodação e instalação.

Não se pode suavizar as propostas de Jesus, não se pode desvirtuar o Evangelho para agradar o mundo, as pessoas, para que não haja perda de adeptos.

Evangelho é a Boa Nova que não pode ser traída para agradar uns e outros.

Lembramos que cristão é quem escolhe Cristo e O segue; não impõe condições, mas aceita, acolhe e se empenha, na vigilância e na Oração, a viver esta Boa Nova até o fim, no bom combate da fé até que mereça participar na glória dos céus.

Participar da Missa, ouvir a Palavra e receber a Eucaristia são atitudes que devem marcar toda nossa existência, e assim, aderirmos a Jesus Ressuscitado com todas as fibras do nosso ser.

Alimentar e testemunhar a fé é preciso, como também é preciso discernir e ser fiel até o fim.

“A morte morrerá em minha morte”

                                                    

“A morte morrerá em minha morte”

“O Senhor foi Crucificado por todos e
por causa de todos a fim de que, tendo
um morrido por todos, vivamos todos n’Ele.”

O Bispo São Cirilo de Alexandria (séc. V) nos apresenta um Comentário sobre o Evangelho de São João, contemplando Jesus Cristo que entregou Seu corpo para a vida de todos nós.

“Eu morro por todos, diz o Senhor, a fim de que por mim todos tenham vida.

Eu morro para resgatar todos pela minha carne! A morte morrerá em minha morte e, juntamente comigo, a natureza humana que caíra, ressuscitará.

Para tanto me tornei semelhante a vós, um homem autêntico da descendência de Abraão, a fim de ser semelhante a meus irmãos.

São Paulo compreendeu isto perfeitamente, ao dizer: Visto que os filhos têm em comum a carne e o sangue, também Jesus participou da mesma condição, para assim destruir, com a Sua morte, aquele que tinha o poder da morte, isto é, o demônio (Hb 2,14).

Ora, aquele que tinha o poder da morte, e, por conseguinte, a própria morte, não poderia ser destruído de nenhuma outra maneira, se Cristo não tivesse Se oferecido em Sacrifício por nós. Um só foi imolado pela redenção de todos, porque a morte dominava sobre todos.

Por isso diz-se nos salmos que Cristo Se ofereceu a Deus Pai como Sacrifício imaculado: Sacrifício e oblação não quisestes, mas formastes-me um corpo; não pedistes ofertas nem vítimas, holocaustos por nossos pecados. E então eu Vos disse: 'Eis que venho' (Sl 39,7-9).

O Senhor foi Crucificado por todos e por causa de todos a fim de que, tendo um morrido por todos, vivamos todos n’Ele.

Não seria possível que a vida permanecesse sujeita à morte ou sucumbisse à corrupção natural. Sabemos pelas próprias Palavras de Cristo que Ele ofereceu Sua carne pela vida do mundo: Eu me consagro por eles (Jo 17,19).

Com isso Ele quer dizer que Se consagra e Se oferece como Sacrifício puro de suave perfume.

Com efeito, tudo o que era oferecido sobre o Altar, era santificado ou chamado santo, conforme a Lei. Cristo, portanto, entregou Seu corpo em Sacrifício pela vida de todos e assim a vida nos foi dada de novo por meio d’Ele. Como isso se realizou, procurarei dizer na medida do possível.

Depois que o Verbo de Deus, que tudo vivifica, assumiu a carne, restituiu à carne o seu próprio bem, isto é, a vida. Estabeleceu com ela uma comunhão inefável, e tornou-a fonte de vida, como Ele mesmo o é por natureza.

Por conseguinte, o corpo de Cristo dá a vida a todos os que d'Ele participam; repele a morte dos que a  Ele estão sujeitos e os libertará da corrupção, porque possui em Si mesmo a força que a elimina plenamente”.

Oremos:

A morte morrerá em Vossa morte, assim cremos, Senhor.
Vós, o Verbo de Deus, que tudo vivifica,
Que assumistes a carne, restituístes à carne o seu próprio bem:
 a vida e vida plena e eterna.

Vós estabelecestes com ela uma comunhão indizível,
e a tornastes fonte de vida.
Vós que repelistes a morte de todos nós
que estávamos sujeitos à corrupção e destruição eterna.

Vós, Senhor, com Vossa Morte, tivestes força
Para eliminá-la eternamente.
E crendo e vivendo em Vós,
Viveremos eternamente junto de Vós.
Amém. Aleluia! 

Quem sou eu

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG