sexta-feira, 14 de março de 2025
Transfiguração do Senhor e a nossa participação na Ceia Eucarística (IIDTQC)
Transfiguração do Senhor e a nossa participação na Ceia Eucarística
No segundo Domingo da Quaresma (ano C), contemplemos Jesus transfigurado no Monte Tabor, e o Monte “...é um lugar de todo especial: demasiado rude ser habitação do homem, mas também demasiado terreno para ser a morada de Deus, é um meio-termo em que Deus e o homem se encontram, o homem com uma subida penosa, e Deus com uma descida humilde. Só quem aposta a sua vida n’Aquele que é fiel (Sl 32) pode chegar ao cume” (1).
Dirigindo-se da Galileia para Jerusalém, Jesus, com a Sua Transfiguração, concede aos discípulos uma antecipação da maravilhosa luz da Ressurreição que alcançará, mas passando, inevitavelmente, pelo Mistério da Paixão e Morte na Cruz.
Com a Transfiguração, o Senhor introduz gradualmente os discípulos (nas presenças de João, Pedro e Tiago) no Mistério do sofrimento, mas ao mesmo tempo da glória do Filho do Homem que é Ele próprio, Jesus.
Neste acontecimento, em que Jesus é envolvido numa grande luz, Ele Se revela como o novo Moisés e ali, no Monte Tabor, um novo Sinai (onde Moisés recebeu a Tábula da Lei).
A Transfiguração é uma “...breve revelação da luz divina encarnada na opacidade da natureza humana, não é momento de autoexaltação, mas é dádiva feita aos discípulos chamados a serem, por sua vez, anunciadores.
É ingenuidade o desejo de reservar para si mesmo essa luz (v.4); não é felicidade da visão, mas a fadiga da ‘escuta’ é o que resta aos discípulos na sequela de Cristo.
Só Ele, Palavra de Deus, permanece quando o êxtase cessa e volta o temor da majestade pressentida (v. 6-8). E Jesus volta a descer, com os Seus discípulos, para cumprir uma caminhada dolorosa, através da qual, somente, a luz triunfará” (2)
Urge que escutemos a Palavra que Se fez Carne, Jesus:
"'Palavra’ única do Pai, e também única ‘tenda’, a única morada de Deus entre os homens, ‘Palavra’ dura também, que da doçura do monte, embora necessária para aliviar na Oração, nos volta a impelir para um caminho de serviço...
Chamados a seguir o Ressuscitado, também nós, como os Apóstolos, devemos compreender que a contemplação não é evasão da vida, nem condução de uma vida paralela: a sequela de Cristo reconduz-nos à aridez da nossa terra de serviço, embora não estejamos já sozinhos, porque Ele desce do monte conosco, e o nosso caminho é transfigurado porque é marcado pela experiência de Cristo...
O rosto transfigurado de Cristo está escondido no rosto desfigurado do irmão pobre ou enfermo, mas nós próprios somos chamados a demonstrar aos irmãos, através do nosso rosto ferido pela vida, a luz do Ressuscitado” (3).
A experiência vivida pelos discípulos na Transfiguração também podemos vivê-la cada vez que subimos à Montanha, celebramos a Eucaristia e sentimos a presença de Deus em nosso meio, nos alimentando com o Seu Filho, que Se faz Comida e Bebida, e nos fortalecemos com a presença do Espírito Santo.
Revigorados no Banquete Eucarístico, saímos com o Senhor da Montanha Sagrada, a Igreja, descemos à planície para sermos alegres e corajosas testemunhas do Ressuscitado, num vigoroso e autêntico testemunho da fé, redimensionados na esperança e fortalecidos na caridade, para que vivamos sagrados compromisso com a construção do Reino de Deus.
Nisto consiste a Transfiguração: subidas e descidas com o Senhor. Lá na Montanha, ouvir Sua Palavra; na planície, vivê-la.
(1) Lecionário Comentado - Volume Quaresma/Páscoa - Editora Paulus - Lisboa p. 94.
(2) Idem pp. 93-94
(3) Idem p. 95
Transfiguração do Senhor: Escutemos o Filho Amado (IIDTQC)
O Tempo da Quaresma se constitui num tempo favorável para ouvirmos o Filho Amado, que se transfigura gloriosamente na montanha e nos envia em missão na árdua planície do cotidiano.
Somente contemplando e ouvindo o Filho Amado, somente acolhendo no mais profundo de nós o que Deus tem a nos dizer, e carregando nossa cruz na planície corajosamente, é que o Mistério da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor acontecerá em nossa vida.
Somente contemplando e ouvindo o Filho Amado, somente acolhendo no mais profundo de nós o que Deus tem a nos dizer, e carregando nossa cruz na planície corajosamente, é que o Mistério da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor acontecerá em nossa vida.
Fiéis à voz do Filho Amado, vivenciando os exercícios quaresmais que pela Igreja nos são propostos (Oração, jejum e esmola), solidificamos uma caminhada de alegria, de fé e de muita esperança, onde cada um faz uma descoberta de si e, sobretudo, do amor de Deus, que se revela surpreendentemente muito maior do que o nosso coração, como nos falou o Apóstolo João (1Jo 3,20).
Revigorar a fé inspirado no exemplo dos Santos e Mártires de nossa Igreja; não podemos jamais olvidar de nossos sagrados compromissos do testemunho da fé viva e enraizada no chão fértil e ao mesmo tempo desafiador da realidade.
Ouvindo o Filho Amado, multipliquemos Orações, para que o Papa Francisco conduza a Igreja nesta longa travessia do mar agitado da história, com suas turbulências e provações. Que o Espírito do Senhor continue pousando sobre ele, para que, com Sabedoria e atento aos sinais dos tempos, sobretudo, neste difícil contexto de mudança de época, cuide do rebanho por Cristo a ele confiado, fiel em sua missão Evangelizadora.
Viver e Celebrar a Quaresma e seu ápice que é a Semana Santa com todo ardor, com todo empenho e dedicação, para que, na madrugada da Ressurreição, irrompa a luz gloriosa do Ressuscitado e digamos com o Apóstolo Paulo:
“Se alguém está em Cristo, é uma criatura nova, o mundo velho desapareceu. Tudo agora é novo” (2Cor 5,17), e cantaremos alegremente o grande Aleluia Pascal.
quinta-feira, 13 de março de 2025
A eficácia da Oração (26/02)
“Pedi e vos será dado! Procurai e achareis!
Batei e a porta vos será aberta! Pois
todo aquele que pede recebe; quem
procura encontra; e a quem
bate a porta será aberta.”
Jesus Cristo é a prova mais convincente do Amor que Deus tem para com a humanidade. Ele nos revela esta face amorosa de Deus, sempre pronto a nos ouvir e nos atender se a Oração for sincera e brotar de um coração que O ama e teme e expressa este amor em solidariedade para com o próximo.
Deste modo, hoje somos iluminados sobre este tema tão precioso para a vida espiritual, que é a Oração, um dos três exercícios quaresmais propostos para este Tempo (Oração, jejum, esmola).
Oportuna é esta citação:
“O Tempo da Oração intensa e da caridade diligente (Prefácio I da Quaresma) opera em nós uma purificação espiritual, capaz de deixar para trás todas as escórias de uma procura interessada de Deus, porventura ligada à convicção errada de poder adquirir direitos sobre Ele, para nos fazer descobrir de novo o verdadeiro rosto do Pai” (1).
De fato, a Oração bem feita nos coloca diante de Deus, ou melhor, nos insere totalmente em Seu Mistério, e somos envolvidos numa relação profunda de ternura, amor, confiança, segurança, serenidade, e quanto mais possamos pensar neste sentido.
Urge que a Quaresma seja para nós Tempo privilegiado para tomarmos consciência das situações problemáticas e dramáticas de nossa existência e do mundo em que vivemos, e mais que aumentar o tempo da Oração, melhoraremos a sua qualidade para que nos leve a produzir os frutos desejados por Deus, já sinalizando as alegrias Pascais.
Rezemos não somente por nós, mas também pelos outros. Devemos rezar pessoalmente, mas também com os outros, lembrando as Palavras do Divino Mestre que afirmou que onde dois ou mais se reunissem em Seu nome, Ele prometeu Se fazer presente: “Pois onde se reunirem dois ou três em meu nome, ali Eu estou no meio deles" (Mt 18,20).
Continuemos nosso itinerário quaresmal com sinceros, corajosos e frutuosos passos para a fecunda Oração.
Continuemos nesta Escola de Oração, pois ainda temos muito que aprender e não podemos jamais parar, recuar tão pouco...
É preciso nos purificarmos de todas as escórias, e evitarmos todos e quaisquer ruídos que nos rompam a sintonia com Deus, que nos fala por Seu Espírito, em comunhão com o Filho. Amém!
(1)Leccionário Comentado - Quaresma/Páscoa pág. 82.
PS: Reflexão para a Liturgia da quinta-feira da primeira semana da Quaresma (Est 4,17; Sl 137, 1-3.7-8; Mt 7,7-12).
“Pai Santo...” (26/02)
“Pai Santo...”
“Pedi, e vos será concedido; buscai e encontrareis;
batei e a porta será aberta para vós.” (Mt 7,7)
Pai Santo, nós Vos adoramos, pois sois a fonte da luz da vida e de todo dom perfeito. Suplicamos-Vos, por meio do Vosso Filho, Jesus Cristo, no Templo apresentado, a luz do Santo Espírito para iluminar nossos caminhos, pois por mais escuros que sejam, serão claros como o dia.
Pai Santo, nós Vos glorificamos por meio de Vosso Filho, que realizou o Projeto de nossa Salvação, elevado na Cruz, tendo-nos amado e nos amado até o fim. Suplicamos-Vos renovadas forças para suportarmos o peso da cruz, com as renúncias quotidianas necessárias, pois contamos com a presença do Santo Espírito, que não nos deixou órfãos.
Pai Santo, nós reconhecemos Vossa divina onipotência, revelada por meio do Vosso Amado Filho, quando por Palavra e ação dissipou as trevas do mal, tornando livre e fecundo nosso coração, para que vivamos a liberdade do Espírito, e assim o dilatou para que fosse preenchido da caridade. E assim, vivendo na fé e na esperança, sejamos a comunicação de ternura para quem mais precisar. Amém.
Em poucas palavras...
“A Quaresma é tempo privilegiado...”
“A Quaresma é tempo privilegiado para tomar consciência das situações problemáticas e dramáticas de nossa vida e para rezar: por nós e pelos outros. E juntamente com os outros” (1)
(1) Comentário do Missal Cotidiano – Editora Paulus – p. 193 – passagem da Leitura do Livro de Ester (Est 4,1.3-5.12-14)
A nossa glória é perseverar e permanecer no serviço de Deus
A nossa glória é perseverar e permanecer no serviço de Deus
A Campanha da Fraternidade 2025 nos desafia com a temática - "FRATERNIDADE E ECOLOGIA INTEGRAL"; com o lema: “Deus viu que tudo era muito bom” (Gn 1,31).
Para este inadiável compromisso, e tantos outros que se colocam diante do testemunho de nossa fé, são preciosas palavras do Bispo Santo Irineu (séc. II) que assim tão fortemente se expressou em seu Tratado:
“Se Deus requer o serviço dos homens é porque, sendo bom e misericordioso, deseja conceder os Seus dons aos que perseveram no Seu serviço. Com efeito, Deus de nada precisa, mas o homem é que precisa da comunhão com Deus. É esta, pois, a glória do homem: perseverar e permanecer no serviço de Deus”.
Evidentemente, mais do que nunca precisamos tomar consciência de que servimos a Deus não por iniciativa nossa, antes por iniciativa d’Ele que é bom e misericordioso. Tudo o que fizermos será uma resposta à Sua iniciativa.
Sendo assim, a nossa resposta não poderá jamais ser uma resposta qualquer, mas acompanhada de entusiasmo, ardor, entrega, confiança, fidelidade, disponibilidade, certeza de que tudo o que fazemos não é por nosso mérito nem para nossa glória, mas para glória divina.
A nossa glória, bem disse o Bispo, é a perseverança e a permanência no serviço sem esmorecimentos, fraquezas, desistências, ainda que as tribulações e tentações se nos apresente no desenvolver daquilo que fazemos.
Motivados pelas palavras de Santo Irineu, vivamos esse tempo precioso; quarenta dias caminhando com o Senhor, vivendo o Mistério de Sua Paixão e Morte, para que com Ele também possamos ressuscitar, porque pascais o somos.
Façamos nossos propósitos:
- Devolver ao domingo o que ele tem de próprio como Dia do Senhor, dia do descanso, do recolhimento, do cultivar da amizade divina no Banquete da Eucaristia, participando dos Domingos Quaresmais com toda sua riqueza;
- Valorizar a liturgia da semana com suas riquezas imperdíveis;
- Vivenciar os exercícios quaresmais da Oração, jejum e esmola como sinal de quem se pôs num caminho e atitude de conversão, para crescer e amadurecer na gratuidade, fidelidade, comunhão, alegria e serviço;
- Aprofundar a temática da Campanha da Fraternidade, participando de grupos de reflexão, das vias-sacras, enfim, de todos os momentos que favoreçam a espiritualidade...
Nesta caminhada de conversão sincera ao Amor de Deus, não percamos a oportunidade de uma frutuosa e necessária confissão, procurando um Sacerdote para o Sacramento da Penitência.
Sendo a nossa glória o perseverar e permanecer no serviço de Deus, o façamos com todo ardor e, assim, a alegria da Páscoa transbordará em nosso coração.
A alegria pascal será diretamente proporcional à intensidade de nosso despojamento, renúncia e revestimento de Cristo e Seu Amor imensurável e incondicional. Eis o desafio maravilhoso deste Tempo Quaresmal.
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