domingo, 1 de setembro de 2024
Amor e Cruz na fidelidade ao Senhor (XXIIDTCA)
“Todos vós sois um só em Cristo Jesus”
Com o lema “Todos vós
sois um só em Cristo Jesus” (Gl 3,28), celebramos o mês da bíblia,
aprofundando a Carta de Paulo aos Gálatas, na qual o Apóstolo Paulo nos
apresenta o Evangelho de Jesus Cristo crucificado.
Trata-se de uma carta
direta e personalizada, para que os membros da comunidade se esforcem por
clarificar as ideias perturbadas pela intervenção do grupo judaizante, voltando
a viver na liberdade, na igualdade e na unidade, à luz da vida, morte e
ressurreição de Jesus Cristo.
A carta aos Gálatas é
mais profundamente marcada pelo tom duro e polêmico do que qualquer outra (é
a única carta sem a costumeira ação de graças nas saudações inicial e final).
Um
possível esquema da Carta:
a)
Introdução – 1,1-10: apresentação do tema “o Evangelho de Cristo”,
baseado na graça de Deus.
b)
Primeira parte – 1,11-2,21: relato autobiográfico e histórico.
c) Segunda
parte – 3,1-5,12: argumento contra os adversários.
d)
Terceira parte – 5,13-6,10: exortação ética – liberdade e caridade.
e)
Conclusão – 6,11-18: advertência contra o grupo judaizante radical.
O Apóstolo convencido do
perigo que representavam para o Evangelho de Jesus Cristo crucificado, não
poupou críticas fortes contra os grupos formados pelos judaizantes e helenizados
radicais, que estavam desvirtuando o valor salvífico do amor gratuito de Jesus
Cristo crucificado, a manifestação da graça de Deus.
Quanto ao
conteúdo da Carta:
1) Pregar
e praticar o Evangelho de Jesus Cristo crucificado (Gl 1,7):
o verdadeiro Evangelho (Gl 2,5.14) é a própria pessoa de Jesus de Nazaré, que
pregou e praticou a justiça e deu Sua vida na Cruz, por puro amor ao próximo
(Gl 1,3-5).
2) Ser
herdeiro da promessa de Abraão pela fé em Jesus Cristo crucificado (Gl
3,6-18): o fato de Jesus Cristo – que conviveu com os
pecadores e morreu na Cruz por amor ao próximo – ser reconhecido como o Messias
sofredor e o Filho de Deus (Gl 4,4) é a mensagem essencial de que o Deus da
promessa a Abraão (Gn 15,4-8; 18,17-18) reconhece a pessoa não em virtude das
obras da Lei, mas sim de sua prática do amor ao próximo. A fé no Messias
sofredor abre a salvação a todos os povos, sem o pré-requisito do cumprimento
da Lei, como a circuncisão e as leis alimentares (Gl 2,11-14).
3) Ter
liberdade em Jesus Cristo crucificado (Gl 5,1): no
Espírito (o poder do amor gratuito) de Jesus Cristo crucificado, a pessoa
torna-se “nova criatura” (Gl 6,15), fica liberta de qualquer lei e de qualquer
diferença que possa privilegiar uns e marginalizar outros (Gl 3,28).
4) Viver
segundo o Espírito (Gl 5,5): quem caminha na fé e no
amor do Crucificado é acompanhado pela força criadora, profética, sapiencial e
libertadora do Espírito para viver do modo como Jesus viveu: na liberdade, na
justiça e no amor, criando irmandade, paz e esperança.
5) Carregar
o peso uns dos outros (Gl 6,2): a verdadeira liberdade
cristã é fruto do Espírito de Deus, que leva à vida de caridade, justiça e
fraternidade, sobretudo de amor-serviço aos outros (Gl 5,13-6,10).
6) Evangelizar
com base na realidade (Gl 4,12): ao contrário do grupo
judaizante, Paulo considerou e respeitou os anseios por liberdade e igualdade
do povo sofrido e escravizado, formando comunidades de fraternidade sem a
imposição das leis e costumes judaicos.
7) Evangelizar
junto com os pobres (Gl 2,10): Paulo evangelizou as
nações, pondo-se ao lado dos pobres, mergulhando no mundo deles, carregando os
fardos do trabalho (Gl 6,2), organizando comunidades de partilha e de
fraternidade junto com os pobres (1Cor 4,9-13).
8)
Carregar as marcas de Jesus, que significam as
cicatrizes dos maus-tratos sofridos e suportados pelo Nazareno (Gl 6,14.17; cf.
2Cor 4,10): quem assume o Evangelho de Jesus Cristo crucificado, Seu amor
gratuito e o espírito da liberdade, será perseguido e maltratado no mundo do
legalismo judaico e da escravização do império. As pessoas que seguem Jesus,
porém, mesmo perseguidas, devem gloriar-se na Cruz de Jesus Cristo, porque é
dela que nasce “o poder de Deus e a sabedoria de Deus” (1Cor 1,24), para
construir o mundo da partilha e da fraternidade: o Reino antecipado de Deus.
Paulo pregou Jesus
crucificado e ressuscitado e ousou caminhar na contracorrente, com a proposta
do amor gratuito e da justiça do “servo sofredor”, escrevendo a Carta para uma
comunidade que vivia no contexto do imperialismo romano e da religião legalista
e ritualista do judaísmo oficial.
A Carta nos ilumina e
nos leva a enfrentar tudo aquilo que devora pessoas inocentes mediante guerras,
ditaduras brutais, trabalhos em condição de escravidão ou semiescravidão, economia
selvagem, fomes, violências, de modo que é impensável Igrejas com um Cristo
triunfalista, legalista e ritualista.
PS: ano de 2021
Uma
síntese do Artigo “O Evangelho de Jesus Cristo Crucificado – entendendo a Carta
aos Gálatas, publicado na Revista Vida Pastoral n.341 – ano 62 – pp.14-21- de Shigeyuki
Nakanose, svd e Maria Antônia Marques.
Seduzidos pelo Senhor (XXIIDTCA)
Quando o céu se torna escuridão… (XXIIDTCA)
Como a realidade da cruz, do sofrimento, marca a vida do Povo de Deus!
Acorre-se a Deus em busca de uma Palavra, uma alento, um reacender da chama da esperança, uma luz, um impulso… Não uma fuga, não uma evasão da realidade, mas abastecimento para poder enfrentá-la, transformá-la, renová-la, a partir do mistério da Fé, celebrado na Mesa da Eucaristia.
Na passagem do Evangelho (Mt 16,21-27), Jesus fez Seu primeiro anúncio da Paixão e Morte: o caminho da glória passa inevitavelmente pela Cruz, para além da compreensão de Pedro que recebeu de Jesus seríssima advertência, por não pensar como Deus: Afasta-te de mim Satanás…”. Quem quiser seguir Jesus deverá renunciar a si mesmo, tomar sua cruz e segui-Lo com coragem, fidelidade, ousadia, confiança, perseverança…
A verdadeira Oração é glorificar a Deus por Sua bondade, força, graça e ternura que nos acompanha dando possibilidade de poder carregá-la, transformando a cruz (aparente sinal de fracasso) em sinal de vitória. Cruz: loucura para os gregos, escândalo para os judeus (1 cf. 1 Cor 1,18-25).
Sejamos fortalecidos no carregar da Cruz! (XXIIDTCA)
- O que nos ensinam no caminhar da fé?