sábado, 6 de julho de 2024
A prática do perdão no discipulado
Testemunhemos a alegria Pascal
Coração novo, vinho novo
Sejamos enriquecidos por um dos Sermões de um autor anônimo do século VI, que nos leva a refletir sobre a unidade da Igreja que, recebendo o dom do Espírito Santo, fala todas as línguas, de modo que todos se comunicam e se entendem.
Celebrai, pois, este dia como membros do único Corpo de Cristo.
sexta-feira, 5 de julho de 2024
Em poucas palavras...
“Desprezar a comida, a bebida e a cama macia, pode não custar um grande trabalho a muitos... Mas suportar uma injúria, sofrer um prejuízo ou não ripostar a uma palavra implicante... não é negócio de muitos, mas de poucos”(1)
(1) São João Crisóstomo, Sobre o sacerdócio, 3, 13
Deus ouve o clamor dos empobrecidos
Deus ouve o clamor dos empobrecidos
O Profeta Amós bradou profeticamente contra a exploração dos pobres na
defesa da justiça de Deus, que se concretiza na construção de relações justas e
fraternas (Am 8,4-12).
Denunciou com coragem e ousadia as práticas para o aumento do lucro à
custa dos empobrecidos.
Embora nosso contexto de exploração, enriquecimento e empobrecimento
seja muito diferente do citado no tempo de Amós, constatamos que esta relação,
lamentavelmente, persiste com novas expressões, às vezes mais sutis, mas não
menos insanas (preços exorbitantes de medicamentos indispensáveis, a
publicidade que gera falsas necessidades, produtos adulterados e impróprios
para o consumo, produtos que deveriam ser evitados, pois absolutamente
antiecológicos etc.).
São Basílio Magno (séc. IV) já nos acenava que toda concentração ou
desperdício gera situações de miséria e indigência. São duras e inesquecíveis
suas palavras, mas muito mais do que isto são extremamente questionadoras para
todos nós:
“Não és acaso um ladrão, tu que te apossas das
riquezas cuja gestão recebeste? ... Ao faminto pertence o pão que
conservas; ao homem nu o manto que manténs guardado; ao descalço, os sapatos
que estão estragando em tua casa; ao necessitado, o dinheiro que escondeste.
Cometes assim tantas injustiças quantos são aqueles a quem poderias dar.”
Reflitamos:
- Como lido com os
bens que tenho?
- Possuo os bens ou
são eles que me possuem e me escravizam?
- Os bens que tenho
me impedem de partilhar com alegria e desprendimento?
- Alguns têm pouco e são escravos deste pouco, outros têm muito e nunca
estão felizes, outros ainda se alegram e são felizes com o que
possuem. E eu, com qual deles me identifico?
- Como sermos hábeis e não desonestos na busca do essencial, visto que não
podemos servir a dois senhores?
Na
“Primavera Divina”, seremos julgados pela administração dos bens que o Senhor
nos confiou. Ele espera colher muitas flores e frutos do
amor e da justiça, da verdade e da paz!
Em poucas palavras...
Fidelidade
e justiça são inseparáveis
“Deus
odeia esse egoísmo coletivo, tanto quanto o individual. Ele faz causa comum com
os pobres e oprimidos.
A
oração destes vai direto a Ele. Não é por acaso que se dão certos desabamentos
humanamente imprevisíveis, insuspeitáveis.
Mas
atenção! Isso não atinge somente os ‘poderosos’, os ‘grandes’, porém a todos.
Ninguém pode explorar impunemente um irmão e acreditar ser fiel a Deus” (1)
(1) Comentário da passagem do Missal Cotidiano sobre a passagem do Livro de Amós (Am 8,4-6;9-12)- pág. 981
Jesus cura as ovelhas enfermas
Jesus
cura as ovelhas enfermas
Sejamos
enriquecidos pelo Sermão n.26 de São Basílio de Selêucia (séc. V), que nos
apresenta Jesus, Aquele que cura as ovelhas enfermas:
“Com
razão Cristo, sendo Pastor, exclamava: Eu
sou o Bom Pastor. Eu sou Aquele que curo as ovelhas enfermas, saro as
frágeis, enfaixo as feridas, faço voltar as desgarradas, busco as perdidas. Eu
vi o rebanho de Israel presa da enfermidade, vi o redil transformar-se em
morada dos demônios, vi a grei acossada pelos demônios como se fossem lobos. E
o que Eu vi, não o desamparei.
Pois Eu sou o Bom
Pastor: não como
os fariseus que invejavam as ovelhas; não como aqueles que, em benefício
próprio, foram para a grei causa de tormentos; não como aqueles que deploram a
libertação dos males e se lamentam das enfermidades curadas. Ressuscita um
morto, chora o fariseu; é curado um paralítico, e se lamentam os letrados;
devolve-se a vista para um cego e o conselho se indigna; um leproso fica limpo
e disputam os sacerdotes. Ó altivos pastores da infeliz grei, que têm como
prazeres próprios as calamidades do rebanho!
Eu sou o Bom Pastor. O bom pastor dá a vida por suas ovelhas. Por suas ovelhas, o pastor
deixa-se conduzir ao matadouro como um cordeiro: não recusa a morte, não julga,
não ameaça com a morte aos carrascos. Como a Paixão não era fruto da
necessidade, assim voluntariamente aceitou a morte pelas ovelhas: Tenho poder para tirar a vida e tenho poder
para recuperá-la.
Expia
a desgraça com a desgraça, remedia a morte com a morte, aniquila o sepulcro com
o sepulcro, arranca os cravos e mina os fundamentos do inferno. A morte manteve
seu império, até que Cristo aceitou a morte; os sepulcros eram um pesadelo e
intransponíveis os cárceres, até que o Pastor, descendo, levou a feliz notícia
se sua libertação às ovelhinhas que estavam prisioneiras. Os infernos O viram
dar a ordem de partida; O viram repetindo a chamada da morte para a vida.
O bom pastor dá a
vida por suas ovelhas.
Por este meio procura ganhar a amizade das ovelhas. Ama a Cristo aquele que
escuta solícito a Sua voz. O pastor sabe separar os cabritos das ovelhas: Vinde, benditos de meu Pai: herdai o reino
preparado para vós desde a criação do mundo. Em recompensa de quê? Porque tive fome e me destes de comer, tive
sede e me destes de beber, fui forasteiro e me hospedastes... Pois aquilo
que concedes aos meus, de mim colherás. Eu, por sua causa, estou nu, sou
hóspede, peregrino e pobre: seu é o dom, porém minha é a graça. Suas súplicas
me dilaceram a alma.
Cristo
sabe deixar-Se vencer pelas orações e pelas dádivas dos pobres, sabe perdoar
grandes tormentos baseado em pequenos dons. Extingamos o fogo com a
misericórdia, afugentemos as ameaças contra nós mediante a observância da mútua
amizade, abramos uns para os outros as entranhas de misericórdia, tendo nós
mesmos recebido a graça de Deus em Cristo, a quem corresponde a glória e o
poder pelos séculos dos séculos. Amém.” (1)
Sejamos envolvidos pela ternura do Bom Pastor, Jesus, que jamais
nos desampara, pois sabe de nossas fraquezas, limitações e cansaços.
Acolhidos e envolvidos pelo Seu olhar de ternura, nosso olhar é
iluminado para trilharmos os caminhos obscuros do cotidiano.
Com o Salmista, concluímos: “O
Senhor é o meu pastor, nada me faltará” (Sl 23,1).
(1)
Lecionário Patrístico Dominical - Editora Vozes - 2013 - pp.
431-432