quinta-feira, 2 de janeiro de 2025

Revendo as linhas da história

                                                           

Revendo as linhas da história

Quando olho ao meu redor, vejo pessoas com posturas diferenciadas:

Há quem...

Há quem diga palavras belas, mas sem conteúdo necessário.
Há quem promova a guerra, com discurso enganador de paz;
Há quem convença a muitos, apresentando uma mentira como verdade,
Há quem verta lágrimas, como se a dor lhe consumisse, e acreditamos.
Há quem não consiga ver a presença divina no próximo;
Há quem semeie a discórdia por onde passe ou conviva.

Há quem acredite que a felicidade reside no quanto se possui.
Há quem se envenene com o poder, e dele faz dominação e até tirania.
Há quem se deixe devorar pelo sabor da fama e sucesso a qualquer preço.
Há quem se curve diante de ídolos de mil nomes: dinheiro, fama e poder.
Há quem queime incenso para os que nos roubam a beleza da vida e sua sacralidade.
Há quem mate, vele e enterre sonhos, esperanças e utopias.

Há quem se asfixie numa enganadora onipotência, 
sucumbido e fragilizado pela soberba.
Há quem desaprenda a conjugar e a viver o verbo partilhar, 
porque curvado pela avareza.
Há quem se distancie do verdadeiro amor e felicidade, 
entorpecido pela luxúria.

Há quem se consuma velozmente, 
porque se deixa fermentar pelo pecado da ira.
Há quem nunca se sinta feliz, 
porque voracidade insaciável, face dolorida da gula.
Há quem não desenvolva as capacidades que tem, 
porque se deixa consumir pela inveja.
Há quem se omita, acomodado num canto, 
por vezes perdido no vale da preguiça.

Mas vejo...

Vejo também muitos que sobem e, 
sentados aos pés do Senhor, ouvem o Sermão da Montanha.
São os que sabem calar as palavras diante da Palavra que Se fez Carne: Jesus.
São os pobres em espírito, que plenamente em Deus confiam, 
com Seu Reino comprometem.
São os que choram, mas sabem que seu choro não é em vão, 
por Deus serão consolados.
São os mansos que se comprometem com um novo céu e uma nova terra, herdeiros da divina promessa.
São os famintos e sedentos de justiça, 
comprometidos com o bem para todos assegurado.

São os que se empenham para serem, no mundo, 
“misericordiosos como o Pai”.
São os puros de coração, não maculando as mãos e mente e a história, na espera de um dia a Deus ver face a face.
São os que promovem a paz, porque promovem a fraternidade, 
de fato, filhos de Deus.
São os perseguidos por causa da justiça e de todos os valores que devolvem a vida beleza e dignidade.
São os injuriados, perseguidos pela causa do Evangelho e do nome do Senhor.
São os que sabem que a grande recompensa só pode vir do Alto, onde Deus habita.

São os que acolhem o dom da Sabedoria, para viver os Mandamentos da Lei Divina.
São os que acolhem o dom do Entendimento, 
discernindo o que é bom e justo, sem ilusões e erros.
São os que acolhem o dom do Conselho, para viver e ensinar a vontade divina a quem precisa.
São os que acolhem o dom da Fortaleza, para testemunhar a fé com serenidade e firmeza.
São os que acolhem o dom da Ciência, com sede do conhecimento pleno da Verdade do Evangelho.
São os que acolhem o dom da piedade, numa relação com Deus marcado pela ternura e fidelidade.
São os que acolhem o dom do temor, adorando  a Deus em espírito e verdade.

São os que buscam em primeiro lugar o Reino dos céus, 
na planície do cotidiano,
Porque sabem que tudo o mais por Deus será acrescentado, 
e um dia na glória eternizados.

Quando olho ao meu redor,
Vejo pessoas com atitudes diferenciadas...

Quando olho para mim...
Vejo que é preciso sempre rever as linhas da história; 
rever minha própria história.

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG