domingo, 8 de setembro de 2024

Do amor e do perdão, somos eternos aprendizes (XXIIIDTCA)

Do amor e do perdão, somos eternos aprendizes

Aprofundando o tema da prática da caridade como pleno cumprimento da Lei, proposto pela Liturgia do 23º Domingo do tempo comum (ano A), vejamos o que nos fala o Apóstolo Paulo:

Não devais nada a ninguém. A não ser o amor mútuo, pois quem ama o outro cumpriu a Lei.” (Rm 13,8).

De fato, há uma dívida que todos somos mais ou menos insolventes: a dívida do amor recíproco:

“Deveríamos preocupar-nos verdadeiramente com isto. Por isto sentimos que é para nós a exortação de Paulo, que apela a que vivamos o ‘amor mútuo’. Amar é entregar-se totalmente a um outro, é passar da lógica consumista do ‘tu és meu’, para a oblativa do ‘eu sou para ti’: uma experiência a que não é possível colocar limites” (1)

Mas para viver este amor a um outro (próximo) é preciso sentir-se amado por Deus, o totalmente Outro, que nos ama e quer que o mesmo façamos:  “Dou-vos um Mandamento novo: que vos ameis uns aos outros como Eu vos amei” (Jo 13,34).

Sentir-se amado por Deus leva-nos ao empenho de correspondência ao Seu amor, e isto se dá concretamente na restituição do amor na caridade fraterna, corrigindo e permitindo que sejamos corrigidos, sem marcas de presunção, rivalidade ou despeito.

Os versículos finais da passagem do Evangelho deste Domingo (Mt 18,15-20) é um encorajamento para vivermos como reconciliados; o mais belo convite para nos empenharmos na busca da paz, ajudando-nos e deixando-nos ajudar, de modo a criar vínculos mais sólidos e fraternos na comunidade em que participamos:

“Preocupemo-nos em deixar este mundo depois de termos desatado ou ajudado a desatar todos os vínculos, então as portas do Céu abrir-se-ão para nós (Mt 18,18)” (2).

Concluo com as palavras do Bispo Santo Agostinho (séc. IV), que aplicou exatamente à correção fraterna as palavras do Apóstolo Paulo sobre a caridade: 

“Ama e faze o que queres. Seja que cales, cala por amor, seja que fales, fala por amor; seja que corrijas, corrige por amor; seja que perdoes, perdoa o amor. Esteja em ti a raiz do amor, porque desta raiz não pode nascer outra coisa a não ser o bem”.

Sendo assim, que Deus nos dê um coração e espírito novos para nos tornarmos mais sensíveis para com nosso próximo, no pleno cumprimento da Lei, o Mandamento do Amor, que consiste no compêndio de toda a Lei.

Supliquemos a Ele que está no meio de nós para que jamais desistamos deste aprendizado, desta difícil e revitalizante expressão de amor que sabe corrigir sem desencorajar e lutar sem ofender.

De fato, na escola do Divino Mestre do Amor, somos todos eternos aprendizes. Há muito que aprender...


(1) Lecionário Comentado - Editora Paulus - Lisboa - p.281.
(2) Idem - p.284.

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG