sábado, 6 de dezembro de 2025

Será Natal para quem viver o Perdão! (IIDTAA)

                                                                   


Será Natal para quem viver o Perdão! 

“Eu confessar?” “Pra que se vou pecar de novo”; “Confessar com padre? Eu não! Confesso diretamente com Deus”; “Eu não tenho pecado, vou confessar o quê?”...

Estas expressões e outras semelhantes ouvimos muitas vezes, portanto, urge que aprofundemos sobre este assunto tão vital para uma vida cristã mais ativa, piedosa, consciente e frutuosa, conhecendo a Doutrina e a fundamentação bíblica do Sacramento da Penitência, que o Papa Francisco tanto insistiu em  sua Carta Apostólica “Misericordia et misera”.

A Igreja recorda-nos precisamente neste período a necessidade irrevogável da Confissão Sacramental, para que possamos viver a Ressurreição de Cristo não só na Liturgia, mas também transcorrer de nossos dias.

O tempo do Advento é um Tempo oportuno para procurarmos um Sacerdote, a fim de receber um dos sete Sacramentos da Igreja, o Sacramento da Penitência. Bem entendido e vivido, este Sacramento nos introduz no Mistério do Amor de Deus, renova-nos, para que melhor imagem d’Ele sejamos: “sede santos como Deus é santo”.

Retomo as palavras de São Josemaria Escrivá, que aconselhava com critério simples e prático que as nossas confissões fossem concisas, concretas, claras e completas., com o objetivo de ajudar a quantos possa, e que cheguem melhor preparados para o Sacramento da Misericórdia Divina:

Confissão concisa, sem muitas palavras: apenas as necessárias para dizermos com humildade o que fizemos ou omitimos, sem nos estendermos desnecessariamente, sem adornos. A abundância de palavras denota às vezes o desejo, inconsciente ou não, de fugir da sinceridade direta e plena; para evitá-lo, temos que fazer bem o exame de consciência.

Confissão concreta, sem divagações, sem generalidades. O penitente “indicará oportunamente a sua situação e o tempo que decorreu desde a sua última confissão, bem como as dificuldades que teve para levar uma vida cristã”, declarando os seus pecados e o conjunto de circunstâncias que tenham caracterizado as suas faltas a fim de que o confessor possa julgar, absolver e curar.

Confissão clara, para sermos bem entendidos, declarando a natureza precisa das faltas e manifestando a nossa própria miséria com a necessária modéstia e delicadeza.

Confissão completa, íntegra, sem deixar de dizer nada por falsa vergonha, para “não ficar mal” diante do confessor.”

É sempre tempo favorável de nossa salvação, de não desperdiçarmos a graça de Deus, como bem falou o Apóstolo Paulo na Carta aos Coríntios. “Sendo assim exercemos a função de embaixadores em nome de Cristo, e é por meio de nós que o próprio Deus vos exorta. Em nome de Cristo, suplicamos: reconciliai-vos com Deus” (2Cor 5,20).

Ele vem ao nosso encontro (IIDTAA)

 

                                   

Ele vem ao nosso encontro


Advento, ouvi que Ele veio, vem e virá.
Também me disseram que Ele vem a cada instante
Portanto, na vigilância e oração fiquemos,
Porque, glorioso, haverá de voltar.
Maranathá, Ele veio, Ele vem, Ele virá.
 
Advento, ouvi que Ele veio, vem e virá.
Há dois mil anos, revestido da fragilidade da meiga criança:
A Palavra se fez Carne e habitou entre nós (cf. Jo 1,14)
E a vida plena e abundante para todos comunicar (cf. Jo 10,10),
Por meio do Mistério de Sua Paixão e Morte e Ressurreição.
 
Advento, ouvi que Ele veio, vem e virá:
Veio e caminhou entre nós e Se fez um de nós,
Igual a nós, exceto no pecado, e nos ensinou
As mais belas lições de amor, partilha, comunhão,
Solidariedade, esperança, fraternidade e perdão.
 
Advento, ouvi que Ele veio, vem e virá,
Sobre as nuvens e pisando no chão de nossa história,
Enxugará todas as lágrimas que verteram desde sempre,
E não haverá mais lágrimas para chorar,
Porque Ele novas todas as coisas fará (cf. Ap 21,5).
 
Advento, ouvi que Ele veio, vem e virá,
Para o luto que ceifa vidas, com ou sem pandemia,
Porque Ele , Caminho, Verdade e Vida (cf. Jo 14,6),
Com Sua vinda e Vida, a morte para sempre vencerá
E a morte da morte, se poderá com os anjos cantar.
 
Advento, ouvi que Ele veio, vem e virá.
Aquele desejamos encontrar e incansáveis procuramos,
Que tão somente amando O encontramos,
Para que uma vez encontrado,
Para sempre O amemos. (1)  
 
Advento: creio que Ele veio, vem e virá:
“Agora e em todos os tempos, Ele vem ao nosso encontro,
presente em cada pessoa humana,
para que o acolhamos na fé e o testemunhemos na caridade,
Enquanto esperamos a feliz realização de Seu reino. Amém. (2)
 
(1)    Conferir Santo Anselmo (séc. XII)
(2)    Prefácio do Advento

Em poucas palavras... (IIDTAA)

                                             


Advento: vamos ao encontro da Verdade, Jesus

“João Batista ajuda-nos a ultrapassar as nossas incertezas. Ele é um crente verdadeiro: debate-se entre muitas perplexidades, coloca interrogações, mas não renega o Messias porque não corresponde aos seus critérios, põe de lado as suas seguranças e confia no Senhor.

Só quem, como ele, procura a verdade com ardor é que está preparado para se encontrar com Cristo, que é a ‘Verdade’”.   (1)

 

(1) Leccionário Comentado – Advento-Natal - Editora Paulus -  Lisboa – Paulus – pág. 154-155


Poços de Água Cristalina (IIDTAA)

                                                            

Poços de Água Cristalina

A Liturgia do 2º Domingo do Advento nos apresenta a emblemática e profética pessoa de João Batista.

João, o grande precursor do Messias, soube escutar a expectativa do povo que vivia num deserto simbólico, ou seja, num lugar e contexto árido, privado da fonte de vida.

Como pessoas que creem, sentimos a sede e a fome do mundo, procuramos apreender o “deserto” no qual o homem moderno vive ou apenas sobrevive:

Um deserto feito, nas sociedades ocidentais, de palavras e coisas vazias, superficiais, de imagens sem espessura nem substância. Nessa aridez o cristão deve descobrir poços novos e cada vez mais profundos de água.” (1)

Falar em deserto é pensar no lugar da privação, das dificuldades, da sede, da solidão, da provação...

Falar em deserto, relacionando à fé, remete-nos imediatamente à possibilidade da sede, que é terreno fértil para cavar novos poços de água viva na aridez do deserto da cidade.

A sede, aqui, como metáfora de uma carência profunda da condição humana, coração da humanidade caminha sempre inquieto, tomado por uma sede que jamais se sacia.

De alguma forma, somos todos caminhantes, fazendo de cada ponto de chegada um novo ponto de partida. Assim canta o poeta “O mesmo trem que chega é o trem da partida...”.

E, no caminho da existência de cada pessoa são presentes pedras, espinhos, riscos e novas possibilidades.

Os riscos presentes são os das portas fechadas, dos muros e das cercas, do preconceito e da discriminação, das leis feitas pelos ricos e para os ricos, o desemprego e subemprego, o trabalho escravo ou degradante, a rua, os lixões, a prostituição, o abandono, e dito de forma global, a exclusão social. É a sede de vida, de amor e de paz de quem está a caminho!

No meio do caminho é possível e necessária a abertura de poços, onde a água viva nutre novas potencialidades de vida, para que seja mais bela, mais plena, mais de acordo com o querer de Deus.

Como cristãos, precisamos escavar espaços de futuro, com perspectivas de justiça e de paz, sob a crosta dura do egoísmo e da violência que ceifa vidas até de jovens e inocentes, um mundo com cenas de barbárie, resignação e conformismo com consequências indesejáveis.

Nas encruzilhadas dos caminhos também se criam pontos de encontro, as redes de solidariedade, o fortalecimento e articulação das lutas locais e campanhas globais que pensam e se comprometem com um mundo sustentável, livre do esgotamento, destruição, aniquilamento.

No caminho não se pode perder a utopia. Se pessoas que creem, a não perda da fé, para fundamentar toda esperança, na prática da caridade, no compromisso cotidiano com o Reino, por amor e fidelidade ao Senhor.

No caminho, dentro da própria cidade, poços de água cristalina perfurar, para que construamos uma cidade mais humana, fraterna, de vida digna para todos.

No caminho, dentro da própria cidade, à luz da fé, beber da Divina Fonte de Água Viva que é o próprio Cristo Jesus, para rios de águas cristalinas jorrar. Então, será o grande passo para bem celebrar o Natal do Senhor.


(1) Leccionário Comentado Tempo do Advento e Natal - p.96 e livre interpretação de “O não lugar como novo lugar” (Pe. Alfredo Gonçalves).  

Em poucas palavras... (IIDTAA)

 


“São João Batista é o precursor imediato do Senhor”

“São João Batista é o precursor imediato do Senhor (At 13,24), enviado para Lhe preparar o caminho (Mt 3,3). «Profeta do Altíssimo» (Lc 1, 76), supera todos os profetas (Lc 7,26), é o último deles (Mt 11,13) inaugura o Evangelho (At 1,22; Lc 16,16); saúda a vinda de Cristo desde o seio da sua Mãe (Lc 1,41) e põe a sua alegria em ser «o amigo do esposo» (Jo 3, 29) que ele designa como «Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo» (Jo 1, 29). Precedendo Jesus «com o espírito e o poder de Elias» (Lc 1, 17), dá testemunho d'Ele pela sua pregação, pelo seu batismo de conversão e, finalmente, pelo seu martírio (217).” (1)

 

(1)              Catecismo da Igreja Católica – parágrafo n. 523

Devotos dos Santos, adoradores do Senhor! (IIDTAA)

                                                                       

Devotos dos Santos, adoradores do Senhor!

Na devoção aos Santos, muitos a eles recorrem para pedir uma graça, uma cura ou um auxílio em determinada situação.

Outros, provavelmente em menor número, expressam sua devoção aos Santos procurando aprender com eles como viver maior fidelidade, amizade, intimidade com o Senhor para melhor segui-Lo.

Outros saboreiam seus testemunhos, escritos, admiram sua coragem, sua entrega e o quanto fizeram a Igreja crescer, e com ela o anúncio da Boa Nova, no testemunho do Ressuscitado.

Também pode ser vivida a devoção aos Santos para contar com sua ajuda e intercessão, para o bom combate da fé no tempo presente, dando conteúdo à Comunhão dos Santos que professamos ao rezar o Credo.

Mas e São João Batista? 
O porquê da devoção para com ele?

Antes uma constatação:

* “... a devoção a São João Batista constitui uma exceção, porque não são referidos milagres feitos por ele, nem na vida, nem depois de morto. E, no entanto, o seu culto espalhou-se imediata e surpreendentemente, tanto que já era universal a partir do século IV. Em todos os lugares onde se falava dos episódios da sua vida dirá surgiram santuários: só na área vizinha junto ao Mar Morto onde ele pregou foram erguidos quatro. Hoje é praticamente impossível encontrar uma igreja paroquial ou uma capela que não tenha uma imagem ou um quadro que o recorda”.

E duas possíveis explicações:

“São duas as razões que explicam a admiração dos cristãos por este Santo: antes de mais, o elogio que Jesus fez dele, e depois a veneração dos monges que, desde os primeiros séculos, o consideraram seu modelo de vida ascética”.

A devoção a ele, portanto, consiste em acolher suas palavras que foram pronunciadas no deserto e atravessando séculos e milênio, não entra em nossos ouvidos, mas muito mais, penetra e ressoa em nossa alma, em nosso coração.

Na passagem do Evangelho (Lc 7,24-30) Jesus faz a João Batista três elogios:

João não era volúvel, como as canas dos pântanos que crescem ao longo do Jordão;

Não era corrupto pensando em seus interesses, nada acumulando e nada gastando com divertimentos, vestes elegantes e refinadas (vestia pele de couro e comia leite e mel no deserto);

Era um Profeta, mais até que Profeta. Ninguém do Antigo Testamento teve missão semelhante a sua: preparar o povo para a acolhida do Messias e entregá-lo ao Novo Moisés, o próprio Jesus, que haveria de introduzir este mesmo povo na verdadeira terra prometida que é o Reino de Deus.

Sua austeridade de vida se contrapôs e se contrapõe ainda hoje a uma sociedade consumista que cria falsas necessidades e numa publicidade muito hábil e com nuances sofisticadas induz a todos nós ao consumo cada vez mais, fazendo-nos crer que o supérfluo, o dispensável é vital e necessário, sem o que não seremos felizes.

Austeridade de vida, que nos convida a rever o sentido genuíno do Natal, muitas vezes maculado pelas propagandas, festas,   e outras coisas mais, sobretudo a não acolhida do Absolutamente Essencial em nossa vida: Jesus.

Sua vida no silêncio também questiona o barulho ensurdecedor da cidade, o não diálogo, a incomunicabilidade, o fechamento em grandes que são feitas em pretensa proteção.

O silêncio orante de João deve reinar mais em nossa vida, em nossas famílias, não como fuga, mas como criação do espaço para a Palavra de Deus melhor ouvir, para com mais ardor vivê-La.

João também nos ensina sobre a necessária “sensibilidade espiritual aos apelos de Deus”. Quantos são os apelos, as atividades que nos devoram até mesmo sem perceber? Quanto ativismo que nos esvazia e nos distancia do outro, de nós mesmos, e o pior de todos os distanciamentos, o de Deus?

Ainda que o leitor não tenha devoção a nenhum Santo, ou ainda que a devoção careça de purificação, para ser conforme a Igreja tão sabiamente nos ensina, aprendamos com eles a conhecer Jesus e Sua proposta, aderindo incondicionalmente a Ele, e assim viveremos uma fé mais pura, verdadeira e frutuosa, como tem sido insistido no Ano da Fé que vivemos, e em todo o tempo.

Voltar-se para Deus é a grande lição que podemos aprender com João Batista, entre outras...

Não percamos a hora de misericórdia do Salvador (IIDTAA)

                                                                      


Não percamos a hora de misericórdia do Salvador

Acolhamos um trecho do Sermão do Bispo e Doutor da Igreja, Santo Agostinho (séc. V), sobre a conversão necessária, de modo especial, neste Tempo do Advento, na preparação da celebração do Natal do Senhor.

“Que cada um receba com prudência as advertências do preceptor (João Batista), se não quer perder a hora de misericórdia do Salvador, misericórdia que concede no contexto atual, em que ao gênero humano se oferece o perdão.

Precisamente ao homem se presenteia o perdão para que se converta e não exista a quem condenar. Isso mesmo Deus decidirá quando chegar o fim do mundo; mas de momento nos encontramos no tempo da fé.

Se no fim do mundo encontrará ou não aqui alguns de nós, eu o ignoro; possivelmente não encontre a nenhum. O certo é que o tempo de cada um de nós está próximo, porque somos mortais. Andamos no meio de perigos. Assustam-nos mais as quedas do que se fôssemos de vidro.

E existe algo mais frágil do que um vaso de cristal? Mas, contudo, conserva-se e dura séculos. E mesmo que se possa temer a queda de um vaso de cristal, não existe medo de que a velhice ou a febre o afete.

Somos, portanto, mais frágeis do que o cristal, porque devido, sem dúvida, a nossa própria fragilidade, cada dia nos espreita o temor dos números e constantes acidentes inerentes à condição humana; e ainda que estes temores não cheguem a se concretizar, o tempo corre: e o homem que pode evitar um golpe, poderá também evitar a morte? E se consegue escapar dos perigos exteriores, conseguirá evitar também os que vêm de dentro?

Algumas vezes são os vírus que se multiplicam no interior do homem, outras é a enfermidade que se abate subitamente sobre nós; e mesmo que o homem consiga ver-se livre dessas taras, a velhice acabará finalmente por chegar a ele, sem moratória possível.” (1)

De fato, não queremos perder a hora de misericórdia do Salvador, que vem sempre ao encontro da humanidade, oferecendo a possibilidade de experimentar as carícias da misericórdia divina, como tão bem expressou o Papa Francisco em sua Carta Apostólica: 

“As nossas comunidades abram-se para alcançar a todas as pessoas que vivem no seu território, para que chegue a todas as carícias de Deus através do testemunho dos crentes” (Carta Apostólica “Misericordia et misera” - n. 21).

Não percamos a hora de misericórdia do Salvador...
E quando não a perdemos?

Quando vivemos o Advento como tempo de conversão, de preparação do caminho do Senhor, ouvindo e se deixando questionar pela voz profética de João Batista, não mais no deserto, mas em nosso recolhimento na intimidade com o Senhor.

Quando participamos de grupos de reflexão, novenas, aprofundando a espiritualidade do Natal, preparando o coração, para que seja a verdadeira e querida manjedoura para o nascimento do Salvador.

Quando nos empenhamos na participação da construção de uma sociedade justa e fraterna, sobretudo quando vemos decisões que nos entristecem no cenário político, dificultando a transparência administrativa dos recursos que são absurdamente desviados, tornando a vida do povo cada vez mais penosa, totalmente contrária aos planos sagrados.

Quando não permitimos que a nossa fé se fragilize diante das dificuldades, provações por que possamos passar.

Quando reavivamos a esperança, de Eucaristia em Eucaristia, de que a mesa do cotidiano de todas as pessoas serão mais fartas, e nunca haverá de faltar pão, e assim banida a fome do mundo será; não somente a fome do pão material, mas a fome de tudo quanto seja essencial para uma vida plena e feliz.

Quando não permitimos que o Fogo do Espírito, o Fogo abrasador do Senhor seja apagado em nosso coração, pois inflamados por Ele, seremos sinais e instrumentos do amor divino, construindo relações mais fraternas, ternas e eternas.

Quando...

(1) Lecionário Patrístico Dominical - Editora Vozes 2014 - p.28

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