sábado, 6 de dezembro de 2025

Tempo do Advento: a conversão necessária (IIDTAA)

                                                              


Tempo do Advento: a conversão necessária

Nas  passagens do Evangelho (Mc 1,1-8; Mt 3,1-12; Lc 3,1-6), João Batista, uma voz a gritar no deserto, anuncia a proximidade da concretização do Reino, por isto, sua palavra é um forte grito profético que chama à conversão:

“Convertei-vos, porque o Reino dos céus está próximo” (Mt 3, 1). E ainda: “Esta é a voz que grita no deserto: preparai o caminho do Senhor, endireitai suas veredas” (Mt 3, 2).

Todos precisamos de conversão, pois podemos, também hoje, nos considerarmos religiosos (como se julgavam os fariseus e os saduceus), e permanecermos longe de Deus.

Podemos nos purificar com ritos, deles participar, mas sem nada corrigir e reorientar a própria vida, sem ressonâncias no agir cotidiano, sem nada nos transformar e renovar.

Também podemos cair no risco de reduzir nossa oração a intensos monólogos com Deus, acompanhado de demasiado silêncio imposto a Ele, e com isto caímos no vazio, ficamos desorientados e desmotivados.

Neste Tempo do Advento, ouvindo a voz de João Batista, o precursor do Salvador, no deserto, ponhamo-nos em atitude de conversão, procurando viver na simplicidade de vida, na demolição de tantos ídolos e cultos desviantes que nos afastem do Deus Vivo e Verdadeiro.

Purifiquemo-nos através de orações autênticas, múltiplas formas de religiosidade puras e purificadoras. 

Deste modo, Deus não ficará aparentemente perto, apenas nas palavras vazias de conteúdo; e ficará bem mais perto de nós, do que nós de nós mesmos, então será o Verdadeiro Natal do Senhor que vamos Celebrar e mais um ano por Ele iluminado, caminhar com fidelidade, a cruz cotidiana, com renúncias necessárias, compromissos com o Reino jamais adiar.


Fonte inspiradora: Lecionário Comentado - Editora Paulus - Lisboa – 2011 - PP 86-87

A voz de João ressoa em todos os tempos (IIDTAA)

                                                                          

A voz de João ressoa em todos os tempos

“Preparai- o caminho do Senhor,
endireitai suas estradas!”  (Mc 1,3)

Celebrando a Liturgia do segundo Domingo do Tempo do Advento, sejamos enriquecidos pelo Sermão de São Máximo de Turim (sec. V), que nos fala através da voz de João, convocando-nos a preparar o caminho do senhor e aplainar os caminhos de nosso Deus (cf. Mt 3,1-12; Mc 1,1-8; Lc 3,1-6).

“A Escritura divina não cessa de falar e gritar, como se escreveu de João: Eu sou a voz que grita no deserto. Pois João não gritou somente quando, anunciando aos fariseus o Senhor e Salvador, disse: Preparai o caminho do Senhor, aplainai os caminhos de nosso Deus, mas hoje mesmo a sua voz segue ressoando em nossos ouvidos, e com o estrépito de sua voz sacode o deserto dos nossos pecados. E mesmo que ele durma já com a morte santo do martírio, sua palavra segue, contudo, viva. Também a nós ele nos diz hoje: Preparai o caminho do Senhor, aplainai os caminhos de nosso Deus. Assim, pois a Escritura divina não cessa de gritar e falar.

Entretanto, hoje João grita e diz: Preparai o caminho do Senhor, aplainai os caminhos de nosso Deus. Se ele nos manda preparar o caminho do Senhor, a saber: não se refere às desigualdades do caminho, mas à pureza da fé. Porque o Senhor não deseja abrir um caminho nas veredas da terra, mas no segredo do coração.

Porém, vejamos como esse João nos manda preparar o caminho do Senhor, se ele mesmo o preparou ao Salvador. Ele dispôs e orientou todo o curso de sua vida para a vinda de Cristo. Foi, de fato, amante do jejum, humilde, pobre e virgem. Descrevendo todas estas virtudes, diz o evangelista: João se vestia de pele de camelo, com uma correia de couro na cintura, e se alimentava de gafanhotos e mel silvestre.

Cabe maior humildade em um profeta que, desprezando as vestes macias, cobrir-se com a aspereza da pele do camelo? Cabe fidelidade mais fervorosa que, com a cintura cingida, estar sempre disposto para qualquer serviço? Existe abstinência mais admirável que, renunciando às delícias desta vida, alimentar-se de gafanhotos estridentes e mel silvestre?

Penso que todas estas coisas das quais o profeta se servia eram em si mesmas uma profecia. Pois que o precursor de Cristo levasse uma veste trançada com os rudes pelos do camelo, que outra coisa podiam significar senão que vindo Cristo ao mundo iria se revestir da condição humana, que encontrava-se tecida pela aspereza dos nossos pecados? A correia de couro que leva à cintura, que outra coisa evidencia senão esta nossa frágil natureza, que antes da vinda de Cristo estava dominada pelos vícios, enquanto que depois de sua vinda foi encaminhada para a virtude?” (1)

Dando os primeiros passos neste Tempo do Advento, em que nos preparamos para celebrar o nascimento do Salvador, e renovar sagrados compromissos na espera de Sua vinda gloriosa, acolhamos a voz profética de João – “Preparai- o caminho do Senhor, endireitai Suas estradas!” (Mc 1,3).

Vivemos o início de uma crise “poliédrica”, como nos fala o Cardeal José Tolentino de Mendonça que nos desafia à conversão e reorientação dos rumos de nossa história:

“Que tempo é este que estamos a viver? A que o havemos de comparar? Podemos, efetivamente, olhar apenas para o assédio devastador desta crise que começa por ser sanitária, mas que depressa contaminou tantos outros âmbitos, tornando-se uma crise poliédrica: econômica, social, política, eclesial, civilizacional... Este não é o momento para fazer cair os braços em desânimo, mas é um tempo para apostas de confiança... Não é só um tempo para fechar a semente no celeiro enquanto se aguardam as condições que considerarmos propícias: este é um tempo bom para os semeadores saírem para o campo, para os pescadores se aventurarem ao lago. Não é só uma estação para gerir aflições crescentes: é também a ocasião em que Deus nos ordena que arrisquemos como Igreja e que compremos um campo novo.”

Urge que a voz de João Batista ressoe mais forte em nossos ouvidos, e como o “estrépito de sua voz sacode o deserto dos nossos pecados”, nos acorde para novos tempos, nesta preparação para a celebração do nascimento do Salvador da humanidade.


(1) Lecionário Patrístico Dominical – Editora Vozes – 2013 – pp.277-278

sexta-feira, 5 de dezembro de 2025

Rezando com os Salmos - Sl 105 (106)

 



Nossa infidelidade e a eterna bondade divina

“–1 Dai graças ao Senhor, porque ele é bom,
porque eterna é a Sua misericórdia!
–2 Quem contará os grandes feitos do Senhor?
Quem cantará todo o louvor que Ele merece?

–3 Felizes os que guardam Seus preceitos
e praticam a justiça em todo o tempo!
–4 Lembrai-Vos, ó Senhor, de mim, lembrai-Vos,
pelo amor que demonstrais ao Vosso povo!

– Visitai-me com a Vossa salvação,
5 para que eu veja o bem-estar do Vosso povo,
– e exulte na alegria dos eleitos,
e me glorie com os que são Vossa herança.

–6 Pecamos como outrora nossos pais,
praticamos a maldade e fomos ímpios;
–7 no Egito nossos pais não se importaram
com os Vossos admiráveis grandes feitos.

– Logo esqueceram Vosso amor prodigioso
e provocaram o Senhor no mar Vermelho;
–8 mas salvou-os pela honra de Seu nome,
para dar a conhecer o Seu poder.

–9 Ameaçou o mar Vermelho e ele secou,
entre as ondas os guiou como em deserto;
–10 dos seus perseguidores os salvou,
e do poder do inimigo os libertou.

–11 Seus opressores afogaram-se nas águas,
tanto assim que não sobrou nenhum sequer.
–12 Então tiveram fé na Sua palavra
e cantaram em seguida o Seu louvor.

–13 Mas bem depressa esqueceram Suas obras,
não confiaram nos projetos do Senhor.
–14 No deserto deram largas à cobiça,
na solidão eles tentaram o Senhor.

–15 Concedeu-lhes o Senhor o que pediam
e saciou a Sua gula e seus desejos.
–16 Invejaram a Moisés no acampamento,
e a Aarão, o consagrado do Senhor.

–17 Abriu-se a terra e ali tragou Datan
e sepultou o bando todo de Abiron.
–18 Um fogo consumiu seus seguidores,
uma chama devorou aqueles ímpios.

–19 Construíram um bezerro no Horeb
e adoraram uma estátua de metal;
–20 eles trocaram o seu Deus, que é Sua glória,
pela imagem de um boi que come feno.

–21 Esqueceram-se do Deus que os salvara,
que fizera maravilhas no Egito;
–22 no país de Cam fez tantas obras admiráveis,
no mar Vermelho, tantas coisas assombrosas.

–23 Até pensava em acabar com Sua raça,
não tivesse Moisés, o seu eleito,
– se interposto, intercedendo junto a Ele,
para impedir que Sua ira os destruísse.

–24 Desprezaram uma terra de delícias,
não confiaram na Palavra do Senhor;
–25 murmuraram contra Ele em Suas tendas,
não quiseram escutar a Sua voz.

–26 Então, erguendo a mão, Ele jurou
que havia de prostrá-los no deserto
– e dispersar os filhos Seus por entre os povos,
espalhando-os através da terra inteira.

–27 Renderam culto a Baal, deus de Fegor,
e comeram oblações a deuses mortos;
–28 provocaram o Senhor com Suas práticas,
e uma peste entre eles se alastrou.

–30 Então Fineias levantou-Se e fez justiça,
e a peste em seguida terminou;
–31 justiça seja feita, pois, a Ele,
de geração em geração, por todo o sempre!

–32 Junto às águas de Meriba O irritaram,
e Moisés saiu-se mal por causa deles;
–33 porque tinham irritado seu espírito
e o levaram a falar sem refletir.

–34 Não quiseram suprimir aqueles povos,
que o Senhor tinha mandado exterminar;
–35 misturaram-se, então, com os pagãos,
e aprenderam seus costumes depravados.

–36 Aos ídolos pagãos prestaram culto,
que se tornaram armadilha para eles;
–37 pois imolaram até mesmo os próprios filhos,
Sacrificaram Suas filhas aos demônios.

–38 O sangue inocente derramaram,
o sangue de seus filhos e suas filhas,
– que aos deuses de Canaã sacrificaram,
profanando aquele chão com tanto sangue!

–39 Contaminaram-se com Suas próprias obras,
prostituíram-se em crimes incontáveis.
–40 Acendeu-se a ira de Deus contra o Seu povo,
e o Senhor abominou a Sua herança.

–41 E entregou-os entre as mãos dos infiéis,
para que fossem dominados por estranhos;
–42 Seus inimigos se tornaram seus tiranos
e os humilharam sob o jugo de Suas mãos.

=43 Quantas vezes o Senhor os libertou!
Eles, porém, por malvadez o provocavam,
e afundavam sempre mais em seu pecado.
–44 Mas o Senhor tinha piedade do seu povo,
quando ouvia o seu grito na aflição.

–45 Lembrou-se então da Aliança em seu favor
e no Seu imenso amor se comoveu,
–46 fazendo que encontrassem compaixão
junto àqueles que os levaram como escravos.

–47 Salvai-nos, ó Senhor, ó nosso Deus,
e do meio das nações nos congregai,
– para ao Vosso santo nome agradecer
e para termos nossa glória em Vos louvar!

=48 Seja bendito o Senhor Deus de Israel,
desde sempre e pelos séculos sem fim!
Que todo o povo diga Amém, oh sim, Amém!”

Com o Salmo 105(106) contemplamos a bondade do Senhor, bem como tomamos consciência da infidelidade do povo a Ele em todo o tempo:

“A história do povo eleito é representada como uma sucessão de ingratidões. O salmista confessa os pecados povo ao Deus fiel, que sempre de novo salva seus escolhidos.” (1)

O Apóstolo Paulo retrata os abusos cometidos pelo povo de Deus no deserto, como podemos ler em sua Primeira Carta aos Coríntios (1Cor, 10,1-13).

Concluo com suas palavras no versículo 11:

“Estas coisas foram escritas para nos admoestar e instruir, a nós que já chegamos ao fim dos tempos”.

 

(1) Comentário da Bíblia Edições CNBB – p. 817

“Curai, Senhor, nossa cegueira”

                                                            

“Curai, Senhor, nossa cegueira”

Na sexta-feira da 1ª semana do Tempo do Advento, ouvimos a passagem do Evangelho de Mateus (Mt 9,27-31) em que Jesus cura dois cegos.

Estes cegos podem ser cada um de nós, pois de um modo ou de outro, também somos passíveis de cegueira, e a maior de todas: a cegueira espiritual”.

Deste modo, precisamos todos da cura do Senhor, e para que isto ocorra, temos que  reconhecer Jesus como Aquele que pode nos curar, desejando no mais profundo de nós a luz, para caminhar na Luz que é Ele mesmo.

Jesus não age em nós contra nossa vontade, mas espera que abramos uma fresta, para que faça em nós maravilhas, com Sua indispensável presença e ação.

Não podemos ser como os fariseus, que pensavam ter os olhos abertos, e por Jesus são proclamados cegos, dada sua presunção e autossuficiência.

Urge que tenhamos a humildade de pôr-se na estrada, como fizeram os cegos mencionados no Evangelho e suplicar ao Senhor que passa – “Tem piedade de nós, Filho de Davi” (Mt 9, 27).

Para nos curar, é preciso que tenhamos fé: – Faça-se conforme a vossa fé” (Mt 9, 29),  para que a vida divina nos seja comunicada e cresça por meio desta fé e pelos Sacramentos celebrados e vividos.

Jesus ao curá-los, fez com que os olhos dos cegos se abrissem (Mt 9,30). Supliquemos ao Senhor que nos cure de nossa cegueira e que nossos olhos se abram, vivendo intensamente este Tempo do Advento.

Oremos:

Curai, Senhor, nossa cegueira, “Tem piedade de nós”, como os cegos vos pedimos: abri nossos olhos, para que renovemos a graça de vos seguir, como fiéis discípulos missionários.

Curai, Senhor, nossa cegueira, para que guiados por vossa Luz que não apenas tendes, mas que sois, também possamos irradiar Vossa luz, a tantos quantos dela precisar.

Curai, Senhor, nossa cegueira, para que nos empenhemos com sagrados compromissos  na transformação da cultura da morte, numa cultura de vida e paz, como desejais e de nós esperais.

Curai, Senhor, nossa cegueira,  para que edifiquemos lares em que a luz divina resplandeça em atitudes de acolhida, paciência, mansidão, perdão e comunhão.

Curai, Senhor, nossa cegueira, para que construamos comunidades, como casas edificadas na solidez da Palavra e Pão da Eucaristia que sois, caridade vivida em permanente missão.

Curai, Senhor, nossa cegueira, para que a Festa do Natal que se aproxima seja verdadeiramente a Festa do Nascimento da Luz que veio, vem e virá iluminar nossa história. Amém.

Continuando a rezar a partir da matemática...

                                                           

Continuando a rezar a partir da matemática...
 
Matemática! Para alguns um sofrimento, para outros um deleite...
 
Quantos rezaram, rezam e continuarão rezando para fazer uma prova de matemática... 
 
Lembro-me das noções elementares aprendidas há muitos anos... Das primeiras lições de tabuada, para muitos, que tormento a memorização.
 
Lembro-me do “lapiz” que não apontava (confesso que tive mais dificuldade de escrever lápis com s e não com z, sem esquecer-me do acento...), pois trazia a tabuada (se era para usar, por que vinha neles). Mas tinha o memorável lápis preto sem nada escrito que consumíamos interminavelmente com os apontadores. Depois vieram as lapiseiras...
 
Mas antes que continue, tive professoras que apaixonadas pela matemática, vocacionadas para tal me levaram ao mesmo sentimento...
 
Lembro-me das operações que nos acompanhariam por toda a vida (adição, subtração, multiplicação e divisão); daquelas enormes expressões algébricas com chave, colchetes, parênteses e o imperativo da ordem a ser obedecida, sem a qual jamais chegaríamos ao pretendido resultado; da raiz quadrada; das equações de primeiro grau e segundo graus, a procura do valor de “x”. Ah, também das equações biquadradas (será isto mesmo? já nem me lembro)...
 
As aulas sobre Conjuntos, que talvez não lembremos tanto quanto deveríamos, mas que estão mais que presentes em nosso cotidiano.
 
Recordar tudo isto, nos possibilita rezar a partir da matemática:

“Conjunto: Coleção de elementos bem definidos...”
 
Lembramos a criação: a Ação Divina que fez tudo e viu que era muito bom! A perfeita harmonia da criação. A beleza da criação, a biodiversidade, o equilíbrio do sistema; a mais que atualíssima questão da sustentabilidade em que um elemento (ser/organismo) depende do outro... A procura do equilíbrio, do respeito às diferenças.
 
A beleza divina manifesta-se na diversidade, multiplicidade, na possibilidade de nos surpreender com elementos novos, traduzidos como conteúdos e enredos novos.
 
Somos os elementos por Deus bem definidos, antes pensados, criados, reconciliados porque, por Ele, sempre amados.
 
“O Conjunto dos números Naturais”, que tem por natureza o infinito, leva-me a refletir sobre a infinitude do Amor de Deus, que tende a nos lançar para o futuro, plantando em nós a semente da eternidade quando de nosso Batismo.
 
Infinitude e imensurabilidade do Amor Divino... 

Há amores finitos são como as ervas da manhã que murcham ao entardecer e orvalhos que secam com os primeiros raios do sol como muito bem expressou o salmista sobre a finitude.
 
“Pertinência: Característica associada a um elemento que faz parte de um Conjunto. Um elemento pode ‘pertencer’ ou ‘não pertencer’ a um determinado Conjunto.”
 
Com a “pertinência” reconhecer que a Deus pertencemos, e por isto diante d'Ele devemos nos submeter: diante do Senhor todo joelho se dobre e toda língua proclame Jesus é o Senhor (Fl 2,1-11).
 
A Deus, que não Se deixa apropriar por mãos humanas, sintamo-nos pertencentes.
 
Quanto maior for este sentimento, maior nossa relação filial de confiança e amor, disponibilidade e serviço.
 
“Relação entre Conjuntos - Contém, não contém, está contido, não está contido...”
 
Como é bom saber que o coração trespassado de Jesus contém a nossa existência.
 
Dilatado foi para que nele coubéssemos. Estamos contidos no coração de Jesus, e quanto mais o amarmos, mais sentiremos Sua presença em nós, e mais em Seu coração desejaremos estar contidos.
 
Contém” - A Sagrada Escritura contém a história da Salvação, e com isto, nela está contida a história do Amor de Deus e todos aqueles que escreveram esta história.
 
Importa vivermos também sentindo-nos nesta história envolvidos, contidos. Quanto mais assumir a Sagrada Escritura como nossa história de salvação, mais nela nos sentiremos contidos.
 
“Operações entre dois Conjuntos - união, intersecção...”
Reflito sobre a União Matrimonial – “O que Deus uniu o homem não separe...” Unidade e indissolubilidade matrimonial a serem vividas cotidianamente como Mistério Pascal.
 
A unidade desejada e rezada por Jesus (Jo 17); exortada por Paulo  em Efésios ( Ef 4); a unidade vivida pelas primeiras comunidades (At 2,42-45).
 
A unidade: a relação dos povos e suas diferenças étnicas, culturais; a unidade no respeito à diversidade tão frágil e tão bela...
 
A matemática muito mais do que nos livros, como martírio ou encanto, como sofrimento ou prazeroso aprendizado está mais do que presente em nossa vida.
 
Urge a  religação dos saberes... O saber da matemática também pode ser e é indispensável para descobrirmos caminhos novos para uma nova humanidade. Rezar a partir da matemática é possível, mais que isto: necessário!
 

Advento: rever nossas atitudes

                                                      


Advento: rever nossas atitudes

“Feliz é todo aquele que não anda conforme os conselhos dos perversos; 
que não entra no caminho dos malvados,
nem junto aos zombadores vai sentar-se; 
mas encontra seu prazer na Lei de Deus,
dia e noite, sem cessar” (Sl 1,1-2)

Há uma lenda muito oportuna para que vivamos intensamente o Tempo do Advento, nos preparando para a Celebração do Natal do Senhor.

“Uma noite, um velho índio falou ao seu neto sobre o combate que acontece dentro das pessoas.

Ele disse:
– ‘A batalha é entre os dois lobos que vivem dentro de todos nós. Um é Mau. É a raiva, inveja, ciúme, tristeza, desgosto, cobiça, arrogância, pena de si mesmo, culpa, ressentimento, inferioridade, mentiras, orgulho falso, superioridade e ego.

O outro é Bom. É alegria, fraternidade, paz, esperança, serenidade, humildade, benevolência, empatia, generosidade, verdade, compaixão e fé’.

O neto pensou nessa luta e perguntou ao avô:
– ‘Qual lobo vence’?
O velho índio respondeu:
– ‘Aquele que você alimenta!’”.

Advento é tempo para avaliarmos quais “lobos” alimentamos dentro de nós.

Tempo do Advento: urge abandonar toda a prática que fomente as trevas dentro de nós e ao nosso redor, como as mencionadas acima, e tantas outras que poderiam ser somadas, como que numa lista interminável. E isto se dará quando deixarmos de alimentar o “lobo mau”, que vive dentro de cada um de nós.

Tempo do Advento: urge, também, a intensificação de gestos luminosos e que promovam a comunhão, a fraternidade, a solidariedade, e, sobretudo, viver a caridade, sem desprezar as mencionadas na lenda acima. Deste modo, estaremos alimentando o “lobo bom” que também em nós habita.

A lenda nos remete a uma verdade: somos santos e pecadores. E neste sentido, o Advento é tempo favorável de mudança, de reorientação de nossos caminhos, voltando-nos para Deus de coração sincero, com súplicas e ação de graças.

Se assim o fizermos, naquela noite maviosa, poderemos sentir a verdadeira alegria do Natal do Senhor acontecendo em todos os âmbitos, dando o sentido genuíno do Natal, por vezes esvaziado pela mentalidade consumista, do lucro, de vendas e mesas fartas, e corações vazios.

O Tempo de Advento é para reflexão profunda, e esta lenda nos ajuda neste mergulho, para que naquela noite também façamos o mergulho no mar de ternura e amor a nós possibilitado pela Encarnação do Verbo naquela frágil e meiga Criança: Jesus Cristo, o Deus Menino, ao mesmo tempo, verdadeiramente homem, verdadeiramente Deus.

Tempo de profetizar (IIDTAA)

                                                     

Tempo de profetizar

“O Senhor é o pastor que me conduz; não me falta coisa alguma.
Pelos prados e campinas verdejantes Ele me leva a descansar.
Para as águas repousantes me encaminha e restaura as minhas forças.

Ele me guia no caminho mais seguro, pela honra de Seu nome.
Mesmo que eu passe pelo vale tenebroso, nenhum mal eu temerei;
Estais comigo com bastão e cajado; eles me dão segurança”
(Sl 22, 1-4)

Por mais breve, simples e escondida que possa ser a vida de alguém,
Seria o bastante para lhe dar valor infinito, e remover, com coragem,
as pedras no caminho, aplainando a estrada para a vinda do Senhor.

Aprendamos com João Batista que, fortalecido na solidão do deserto,
Pela meditação e pela penitência, procurou esconder-se e  desaparecer, para que viesse e aparecesse para sempre Aquele que haveria de vir.

Sejamos como João, precursores de Jesus Cristo, em todo o tempo,
“uma voz que grita no deserto da cidade”, sem perda da esperança,
Porque sabe de quem é a Palavra que anuncia com toda a confiança.

Assim age Deus na vida de todos nós, enriquecendo-nos com Sua pobreza, para obras maiores ainda, que realizou por meio do Filho, pelo Espírito: por isto para Ele nossa voz, nossas forças e toda a nossa vida e esperança.

Mesmo que a chama enfrente ventos que a queiram apagar,
Permitamos ser invadidos pelas chamas de Seu divino amor,
E assim nos deixaremos queimar, e as chamas, mais fortes, crepitar.

Mesmo que as provações, inquietações, incertezas nos acompanhem,
Não suficientes para ofuscar a Luz de Deus a resplandecer.
E assim, a chama da caridade, calor, ternura e amor irradiar.

Quem sou eu

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG