domingo, 1 de junho de 2025

A Ascensão do Senhor já é nossa vitória (Ascensão do Senhor - Ano A)


A Ascensão do Senhor já é nossa vitória

 

“"Eis que eu Eu estarei convosco 

todos os dias até o fim do mundo" (Mt 28,20)

 

Quando celebramos a Ascensão do Senhor, quarenta dias após a Páscoa do Senhor (tempo da purificação, preparação e transição), transborda de alegria nosso coração: 

- purificação: era necessário que o Ressuscitado afastasse todo o medo, apatia diante do aparente fracasso da Sua morte na Cruz, como vimos ao longo de todo este Tempo da Páscoa, nas Leituras proclamadas;

- preparação: capacitação para a missão com a comunicação da Paz, o sopro do Espírito Santo; e as Suas necessárias mensagens quando de Sua aparição aos apóstolos;

- transição: Ele parte, e confia aos Apóstolos a Sua Missão. 

Com este tempo vivido, aumentou nossa fé, para que não sejamos vacilantes; foi reerguida nossa esperança, para que jamais esmoreçamos nos sagrados compromissos com o Reino; e foi derramado o amor de Deus em nossos corações, de modo que inflamado jamais esfrie ou apague em nós a chama da caridade. 

Com a Ascensão, céus e terra se tocam:

- temos o nosso envio apaixonante pelo Senhor, para que continuemos a Sua Missão;

- Ele sobe ao céu para que o céu venha à terra, e somente pode subir ao céu, porque, em fidelidade incondicional ao plano da nossa redenção, desceu às profundezas da terra, como rezamos no Credo – “subiu aos céus... desceu à mansão dos mortos...”; 

 

Com a Ascensão, a ausência do Senhor, na verdade, se faz uma eterna presença, como expressou o teólogo Michel Deneken: “A Ascensão é uma maneira de morrer aos olhos e de nascer ao coração”.

 

Oportunas as palavras do Bispo e Doutor Santo Agostinho (séc. V), sobre a Ascensão do Senhor ao céu: 

Não abandonou o céu quando de lá desceu até nós e nem se afastou de nós quando novamente subiu ao céu”. 

Alegremo-nos, pois continuamos a missão do Senhor, através de nossa ação evangelizadora, e contemplamos os sinais quando:

- expulsamos os demônios, combatendo o poder do mal que rouba a beleza da vida;

- multiplicamos compromissos que reintegram as pessoas na sociedade com políticas públicas na educação, saúde, cultura. trabalho, salário e moradia digna;

- falamos novas línguas do amor, da verdade, fraternidade, união, solidariedade, cooperação, partilha, diálogo e perdão, derrubando muros e construindo pontes, como vimos na Campanha da Fraternidade Ecumênica de 2021, e não propagamos a linguagem do ódio, vingança, mentira (Fake News);

- comunicamos ao mundo a cura contra toda forma de veneno, que possa nos fragilizar e roubar a alegria e beleza do viver, alimentados pela  Palavra do Senhor que nos liberta (Jo 8,32); e alimentados pelo Pão de Imortalidade, antídoto para não morrer, a Santa Eucaristia;

- somos instrumento da cura tanto física como espiritual, desejadas e necessárias, sobretudo dos mais vulneráveis, carentes do essencial para viver, com ações que expressam acolhida, amor e ternura, e a certeza de que ninguém nunca está sozinho. 

Oremos: 

“Ó Deus todo-poderoso, a Ascensão do Vosso Filho já é nossa vitória. Fazei-nos exultar de alegria e fervorosa ação de graças, pois, membros de Seu corpo, somos chamados na esperança a participar da Sua glória. Por nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.”

 

 

Ascender para acender (Ascensão do Senhor - Ano A)

Ascender para acender

Na Festa da Ascensão do Senhor aos céus (ano A), temos na proclamação da Palavra de Deus: At 1,1 -11; Sl 46; Ef 4,1-13; Mt 28, 16-20.

Tendo Jesus passado pela morte de Cruz, com seu corpo cuidadosamente colocado no túmulo e guardado por soldados; tendo Ele descido à mansão dos mortos para libertar os que jaziam cativos, cremos que Ele foi por Deus Ressuscitado, glorificado, exaltado ao mais alto dos céus, onde Se encontra à direita de Deus para julgar os vivos e os mortos.

Elevado aos céus, exaltado, glorificado por Deus, sobrelevado, agora no supremo e eterno Trono Glorioso, teve que suportar, por amor extremo por nós, o trono indesejável da Cruz.

Cremos que Jesus ascendeu aos céus para acender no coração dos que haveriam de anunciá-Lo por toda parte, até o fim do mundo e dos tempos, o fogo que jamais se apaga, o Fogo do Amor, o Fogo do Espírito, enviado no dia de Pentecostes.

Jesus ascendeu para acender... Muito mais que parônimos (palavras parecidas), trazem em si algo que nos leva, irremediavelmente à contemplação da ação daqueles humildes homens e mulheres que deram d’Ele corajoso testemunho, até mesmo através do martírio, para que o mundo O conhecesse, assim como a Sua mensagem, com toda a autoridade que possuía, à Igreja confiada.

Assim aconteceu na Ascensão do Senhor: Jesus, concluindo Sua missão terrena, confiou aos discípulos a continuidade desta, com alegria, coragem, empenho, ardor, zelo, proclamando Sua Boa Nova aos quatro ventos, impulsionados pelo Sopro Divino do Espírito, que nos acompanha por todo o tempo.

Assim, com a Ascensão do Senhor e o acender do Fogo do Espírito no coração daqueles que n’Ele creem, novos fatos da história seriam escritos, ora por um martírio silencioso, na doação, solicitude para com os pobres, compromisso com a Boa-Nova do Reino, ora por um martírio culminado na sua expressão máxima, com o sangue derramado.

De fato, se encontramos páginas da História da Igreja, em que se possam reconhecer erros cometidos, inegavelmente, muito maior o número das páginas em que ela, a Igreja/Corpo, se coloca em total e incondicional fidelidade ao Senhor, que é a sua Cabeça.

Ascendeu para acender:

- e inflamar o coração dos discípulos, a fim de que suportem toda petulância, maldade de algozes, fúria dos que se sentiram incomodados com a mensagem de vida e de paz;

- a luminosidade da alma dos seus seguidores, de modo que a incandescência de alma torna mais iluminado o mundo. Afinal, Ele nos disse que somos a luz do mundo;

- a chama que aquece corações com gestos multiplicados de amor, ternura, perdão, acolhida, compreensão;

- e jamais os discípulos missionários se tornarem tépidos no testemunho da fé, e na vivência da Doutrina, porque se mornos, Deus nos vomitará (Ap 3, 15-16)

Sendo aceso o Fogo do Espírito em cada um de nós, sejamos mais zelosos, empenhados na missão, por Jesus, a nós confiada, ardentes em desejos mais santos e sinceros, para que estabeleçamos relações mais humanas e fraternas.

Ígneos do Espírito sejamos, e tão somente assim, daremos razão de nossa esperança, e nossa fé será solidificada, como expressão do encontro com Alguém que mudou a nossa vida para sempre: Jesus Cristo, que Reina com o Pai na mais perfeita comunhão de amor, com o Santo Espírito, e que, com sua Ascensão, nos introduziu também nesta glória, como tão bem é expressa na Oração do Dia, na Festa da Ascensão do Senhor:

“Ó Deus todo-poderoso, a Ascensão do vosso Filho já é nossa vitória. Fazei-nos exultar de alegria e fervorosa ação de graças,
pois, membros de seu corpo, somos chamados na esperança a participar da sua glória. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém!” (1)

Finalizo com esta Oração, para que inflame ainda mais nossa alma, confiando e correspondendo ao Amor de Deus:

“Contigo esteja o Senhor...

O Senhor esteja diante de ti, para te mostrar o reto caminho. 
O Senhor esteja ao teu lado, para te dar o braço e apoiar-te. 
O Senhor esteja atrás de ti, para te guardar das ciladas do mal.

O Senhor esteja debaixo de ti, para te segurar, quando caíres. 
O Senhor esteja em ti, para te consolar, quando estiveres triste.
O Senhor esteja ao teu redor, para te defender, quando te atacarem.

O Senhor esteja sobre ti, para te abençoar. 
Que o bom Deus te abençoe”
 (2)



(1) Missal Romano – Oração do Dia
(2) Sedulius Caelius, monge e poeta, século III.

Ascensão do Senhor: continuemos a Sua missão! (Ascensão do Senhor - Ano A)

Ascensão do Senhor: continuemos a Sua missão
 
    “Ide pelo mundo e ensinai todas as nações, batizando-os em         nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo” (Mt 28,19)
 
Com a Festa da Ascensão do Senhor (ano A), renovamos a alegria de crermos que, após um caminho percorrido com amor e doação, desabrochamos na eternidade, plena comunhão com Deus, assim como foi a vida de Jesus Cristo.
 
A Solenidade da Ascensão aponta para o fim último de todos nós, a comunhão com Deus, o Céu, e nos convida a renovar a alegria de sermos continuadores da missão que Ele realizou, e a nós confiou, enviando-nos do Pai o Espírito Santo de Deus, o Paráclito, fato que celebraremos com a Festa de Pentecostes.
  
A ida de Jesus para o Céu, não é a afirmação de Sua partida e ausência, mas é a garantia de Sua eterna presença conosco até que Ele venha pela segunda vez, como afirmamos na Missa: “anunciamos Senhor a Vossa morte e proclamamos a Vossa Ressurreição, vinde Senhor Jesus”.
 
Antes é preciso assumir, com coragem, no tempo presente, a missão por Deus a nós confiada: anunciar o Evangelho a todos os povos, empenhados decididamente no Projeto de Salvação Divina, superando a passividade alienante indo para o meio do mundo, como sal, luz e fermento. 
 
Nada falta à Igreja, portadora da plenitude de Cristo, para cumprir esta missão, portanto renovemos a alegria de crermos que, após um caminho percorrido com amor e doação, desabrocharemos na eternidade, pela comunhão com Deus, assim como foi a vida de Jesus Cristo.
 
Na passagem da primeira Leitura (At 1,1-11), Jesus depois de ter apresentado ao mundo o Projeto do Reino, entrou na comunhão plena e definitiva do Pai, e este é também o destino daqueles que percorrem o mesmo caminho. Fica com isto, afastada toda possibilidade de passividade alienante, imobilismo estéril.
 
A comunidade vivia um contexto de crise (anos 80 dC), marcado pela desilusão e frustração, e se fazia necessário manter-se firme no testemunho do Ressuscitado, sem jamais vacilar na fé, esmorecer na esperança e tão pouco esfriar na caridade.
 
O tempo vai passando e não vemos realizar o Projeto Salvador. Quando será enfim realizado?
 
Lucas escreve a Teófilo (aqueles que são amados por Deus = amigos de Deus) apresentando o Protagonista maior da Evangelização que é o Espírito Santo e conta com a participação e ação dos Apóstolos na construção do Reino que exige empenho contínuo e nisto consiste o papel da comunidade formada por aqueles que creem e se afirmam cristãos.
 
Os sinais e palavras tem mensagens próprias: 
 
- A elevação aos céus - trata-se do culminar de uma vida;
- A nuvem - sempre um sinal teofânico (manifestação de Deus);
- Olhar para o céu - acena para a segunda vinda de Cristo, que não devemos esperar de braços cruzados;
- Dois homens vestidos de branco - anunciam o mundo de Deus.

Jesus, depois de ter apresentado ao mundo o Projeto do Reino, entrou na comunhão plena e definitiva do Pai, e este é também o destino daqueles que percorrem o mesmo caminho. Fica com isto, afastada toda possibilidade de passividade alienante, imobilismo estéril.
 
Ele nos apresenta a Ascensão quarenta dias depois da Ressurreição: quarenta é um número simbólico, define o tempo necessário para que um discípulo possa aprender e repetir com fidelidade e coragem as lições do Mestre.
 
A descrição da elevação de Jesus ao céu, assim como a nuvem, os discípulos a olhar para o céu, os homens vestidos de branco têm uma mensagem própria: os discípulos, animados pelo Espírito, devem continuar no mundo a história e obra de Jesus, aguardando a Sua segunda vinda definitiva e gloriosa.
 
A comunidade não pode ficar “olhando para o alto e de braços cruzados”, precisa seguir o caminho que é o próprio Jesus, com olhar para o futuro, renovando cotidianamente os compromissos com o Projeto de Salvação que Deus tem para a humanidade.
 
Deste modo podemos afirmar que a Ressurreição e Ascensão de Jesus, nos garante uma vida vivida na fidelidade ao projeto do Pai: “Uma vida destinada à glorificação, à comunhão definitiva com Deus. Quem percorre o mesmo ‘caminho’ de Jesus subirá, com Ele, à vida plena”. (1)
  
Reflitamos:
 
- Tenho sido fiel à missão que o Senhor me confiou?
- O que gero com o meu testemunho nos diversos âmbitos em que vivo?
- Quais são meus compromissos solidários na transformação do mundo?
- Fico a olhar para o céu ou me comprometo com a transformação em todos os níveis?
 
Com a passagem da segunda Leitura (Ef 1,17-23), acolhemos uma mensagem de confiança e esperança, em que a comunidade é exortada a pôr-se a caminho, numa comunhão sólida, formando um só Corpo, que é a Igreja, cuja cabeça é o próprio Cristo.
 
Trata-se de uma síntese da teologia paulina, e o Apóstolo Paulo fala da comunidade como um corpo. Cristo é a cabeça e a Igreja é o corpo - “o corpo de Cristo” – formado por muitos membros, e que Paulo já havia dito em outras Cartas, mas agora escreve da prisão, e faz parte das “cartas do cativeiro”.
 
Temos uma mensagem de confiança e esperança, em que a comunidade é exortada a pôr-se a caminho, numa comunhão sólida: Cristo sendo cabeça e a comunidade um corpo, juntos forma-se uma comunidade indissolúvel, da qual Cristo está no centro, e nada falta a Igreja para levar a diante a missão por Ele confiada:
 
“Dizer que a Igreja é a 'plenitude' ('pleroma') de Cristo significa dizer que nela reside a ‘plenitude’”, a ‘totalidade’ de Cristo.
 
Ela é o receptáculo, a habitação, onde Cristo Se torna presente no mundo; é através desse 'corpo' onde reside que Cristo continua todos os dias a realizar o Seu Projeto de salvação em favor dos homens. Presente nesse ‘corpo’, Cristo enche o mundo e atrai a Si o universo inteiro, até que o próprio Cristo ‘seja tudo em todos’ (vers. 23)”. (2)
 
Com isto, a Igreja é chamada a testemunhar Cristo, torná-Lo presente no mundo, comprometida com o Projeto de Libertação que Ele inaugurou em favor da humanidade. Esta missão só findará, quando pelo testemunho, fidelidade, ação daqueles que creem, Cristo seja 'um em todos'.
 
A Ressurreição/Ascensão/Glorificação de Jesus garantem a nossa própria ressurreição/glorificação, por isto é preciso avançar no caminho, superando as dificuldades.
 
Na passagem do Evangelho (Mt 28,16-20), encontramos a descrição do encontro final de Jesus com Seus discípulos, no monte da Galileia.
 
Além de reconhecer Jesus como Senhor, a comunidade recebe d’Ele a missão de continuar o Seu Projeto de Libertação da humanidade, no testemunho do Reino por Ele inaugurado.
 
O Evangelista Mateus, por três momentos significativos, nos fala da montanha:
 
- A tentação de se atirar do alto monte (Mt 4,8);
- No Monte Tabor, com a Transfiguração (Mt 17,1)
- E finalmente na Sua Ascensão. No Antigo Testamento, de modo especial, monte é sempre o lugar onde Deus se revela às pessoas (Moisés, Elias etc.).
 
E ainda mais, foi na Galileia que Jesus viveu quase toda a Sua vida; foi onde começou a anunciar o Evangelho do Reino (Mt 4,12-22). É também lá que se recomeça a missão. Onde tudo começou foi onde tudo recomeçou...

Deste modo, celebrar a Ascensão de Jesus é:
 
- Tomar consciência da missão que foi confiada por Jesus aos discípulos e sentir-se responsável pela presença do “Reino” na vida dos homens;
 
- Tomar consciência também de que, como Igreja, comunidade dos discípulos de Jesus, somos a presença libertadora e salvadora de Jesus no meio dos homens;
 
- Rever como procuramos testemunhar o Reino de Deus em todos os âmbitos da vida;
 
- Assumir a missão que Jesus confiou aos discípulos, que consiste numa missão universal: as fronteiras, as raças, a diversidade de culturas, não podem ser obstáculos para a presença de Sua Proposta libertadora no mundo.
 
 Deste modo, com a Ascensão, podemos afirmar que Jesus cumpriu plenamente a Sua missão e reentrou na comunhão do Pai, e assim dá início a nossa missão, sentando-Se à direita do Pai para reinar sobre tudo e todos, através da missão dos discípulos.
 
Urge não ficarmos apenas admirando, mas nos colocarmos constantemente a caminho, com renovados compromissos com o Projeto da Salvação; de modo que é preciso viver o Batismo,  inseridos na mais perfeita comunidade de comunhão e amor, a comunidade Trinitária: Pai, filho e Espírito Santo.
 
Vivendo a Boa-Nova anunciada, em confronto com o mundo, pode gerar desilusão, sofrimento e frustração. Mas é exatamente aqui que o discípulo deve dar razão da esperança que possui, testemunho de n’Aquele em quem confia, Jesus, com a força e ação do Espírito Santo Paráclito, o Defensor, o Espírito da Verdade que estará conosco até o fim dos tempos.
 
Urge levar a humanidade a viver a comunhão querida por Deus, a fim de que todos sejamos um em Cristo Jesus, de modo que celebrar a Solenidade da Ascensão do Senhor é afirmar uma bela verdade de nossa fé, pois a Ascensão do Senhor liga-se necessariamente à Sua Encarnação, e comunica o seu significado autêntico: O Filho de Deus tornou-Se como nós para nos tornar como Ele.
 
Exultemos de alegria por sermos continuadores da missão que Ele realizou, e a nós confiou, enviando-nos do Pai o Espírito Santo de Deus, o Paráclito, fato que celebraremos com a Festa de Pentecostes. De fato, o Espírito Santo é derramado, como dom de Amor do Pai, para continuarmos, fiéis na Missão do Cristo, na mais profunda e frutuosa vivência do Amor e da Vida Trinitária.
 
Como pessoas que creem, deixemos de olhar para o céu, não façamos do cristianismo uma “agência de serviços sociais”, não meçamos esforços para encontrar Cristo, tanto na Palavra como na Eucaristia e nos demais Sacramentos, para que então renovados, revigorados, nos empenhemos apaixonadamente por Cristo na construção do Reino de Deus.
 
Que esta certeza alimente a nossa coragem para que testemunhemos o que acreditamos e professamos; o que nos move e nos direciona rumo ao encontro definitivo com Deus, na mais perfeita e plena comunhão de amor, empenhados, por ora, na construção do Reino de amor, vida, alegria, luz e paz.
 
Reflitamos:
 
- Tenho consciência da universalidade da missão?
- Como discípulo, procuro aprender, assimilar e viver os ensinamentos de Jesus para que a missão tenha crédito e seja uma luz para o mundo?
 
- A vida dos discípulos não está livre da desilusão, sofrimento, frustração... Mas também está presente uma certeza que alimenta a coragem do que cremos: “Eu estarei convosco até o fim dos tempos”. Tenho esta certeza em meu coração?
 
- No seguimento de Jesus não podemos nos instalar. Ser cristão é ser pessoa do tempo, sem medo de novidades. Estou instalado, acomodado, de braços cruzados, ou fascinado por Cristo e pela missão a nós confiada?
 
- Procuro a sabedoria e força do Espírito para corresponder à altura?
- Ser cristão é ser alguém que deixou se levar pelo grande sopro do Espírito; é saber que pode contar com Ele na missão.
 
- Quais são os medos que temos a enfrentar no desempenhar na missão evangelizadora?
- Sentimos a presença do Ressuscitado em nossa missão?
 
- Temos sentimentos de gratidão pela confiança de Deus em nós depositada para levar adiante a missão?
 
Seja a Festa do Envio, da continuidade da missão que Jesus nos confia –“Ide pelo mundo e ensinai todas as nações, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo” (Mt 28,19).
Missão é graça divina, e é preciso que a vivamos como uma resposta permanente, confiante e perseverante.


(1) (2) www.Dehonianos.org/portal

SÍNTESE DA MESAGEM PARA O 52º DIA MUNDIAL DAS COMUNICAÇÕES SOCIAIS - “A verdade vos tornará livres”


“A verdade vos tornará livres”

Uma síntese da Mensagem para o 52º Dia Mundial das Comunicações Sociais, que tem como Lema “A verdade vos tornará livres” (Jo 8, 32), tendo como temática – “Fake news e jornalismo de paz”, como já foi feito pelos seus predecessores, a começar por Paulo VI (cf. Mensagem de 1972: “Os instrumentos de comunicação social ao serviço da Verdade”).

Inicia destacando a importância da comunicação humana no projeto de Deus, como modalidade essencial para viver a comunhão.

No entanto, no contexto de uma comunicação cada vez mais rápida e dentro de um sistema digital, assiste-se ao fenômeno das “notícias falsas’, as chamadas ‘fake News’.

O Papa deseja uma tríplice contribuição:

- esforço comum de prevenir a difusão das notícias falsas;
- redescobrir o valor da profissão jornalística;
- responsabilidade pessoal de cada um na comunicação da verdade.

Conceitua a expressão “fake News”: “...diz respeito à desinformação transmitida on-line ou nos mass-media tradicionais. Assim, a referida expressão alude a informações infundadas, baseadas em dados inexistentes ou distorcidos, tendentes a enganar e até manipular o destinatário. A sua divulgação pode visar objetivos prefixados, influenciar opções políticas e favorecer lucros econômicos”.

São notícias falsas, que parecem verossímeis, “...por isto tais notícias são capciosas, no sentido que se mostram hábeis a capturar a atenção dos destinatários, apoiando-se sobre estereótipos e preconceitos generalizados no seio dum certo tecido social, explorando emoções imediatas e fáceis de suscitar como a ansiedade, o desprezo, a ira e a frustração....”

Chama a atenção para a gravidade da publicação de notícias falsas, pois podem favorecer a arrogância, o ódio e a propagação da falsidade.

Aludindo à serpente, ‘o mais astuto de todos os animais’ (cf. Gn 3,1-15), afirma que é preciso desmascarar uma lógica, que define como a ‘lógica da serpente’, capaz de se camuflar e morder em qualquer lugar.

‘lógica da serpente’, desde os primórdios da humanidade, foi artífice da primeira ‘fake news’, que levou às trágicas consequências do pecado, concretizadas depois no primeiro fratricídio (cf. Gn 4) e em inúmeras outras formas de mal contra Deus, o próximo, a sociedade e a criação.

Ela tem estratégia própria: “A estratégia deste habilidoso «pai da mentira» (Jo 8, 44) é precisamente a mimese, uma rastejante e perigosa sedução que abre caminho no coração do homem com argumentações falsas e aliciantes...”

As “’f'ake news’ tornarem-se frequentemente virais, propagando notícias com grande rapidez e de forma dificilmente controlável “ deve-se não tanto pela lógica de partilha que caracteriza os meios de comunicação social como sobretudo pelo fascínio que detêm sobre a avidez insaciável que facilmente se acende no ser humano”.

É preciso, portanto, educar para a verdade: ensinar a discernir, a avaliar e ponderar os desejos e as inclinações que se movem dentro de nós, para não nos encontrarmos despojados do bem “mordendo a isca” em cada tentação.

Interessante, neste sentido, a citação de Dostoevskij: “Quem mente a si mesmo e escuta as próprias mentiras, chega a pontos de já não poder distinguir a verdade dentro de si mesmo nem ao seu redor, e assim começa a deixar de ter estima de si mesmo e dos outros. Depois, dado que já não tem estima de ninguém, cessa também de amar, e então na falta de amor, para se sentir ocupado e distrair, abandona-se às paixões e aos prazeres triviais e, por culpa dos seus vícios, torna-se como uma besta; e tudo isso deriva do mentir contínuo aos outros e a si mesmo” (Os irmãos Karamazov, II, 2).

É preciso deixar-se purificar pela verdade, o mais radical antídoto contra o vírus da falsidade.

Esta verdade é o próprio Jesus – “Eu sou a verdade” (Jo 14,6), e somente ela liberta o homem – “A verdade vos tornará livres” (Jo 8,32). 

É preciso discernir a verdade, e para discerni-la, é preciso examinar aquilo que favorece à comunhão e promove o bem e aquilo que, ao invés, tende a isolar, dividir e contrapor – “A partir dos frutos, podemos distinguir a verdade dos vários enunciados: se suscitam polêmica, fomentam divisões, infundem resignação ou se, em vez disso, levam a uma reflexão consciente e madura, ao diálogo construtivo, a uma profícua atividade”.

A paz é a verdadeira notícia, e o melhor antídoto contra as falsidades não são as estratégias, mas as pessoas que livres da ambição, estão prontas a ouvir e, através da fadiga de um diálogo sincero, deixam emergir a verdade; pessoas que, atraídas pelo bem, se mostram responsáveis no uso da linguagem.

Destaca o papel fundamental que têm os jornalistas, como guardiães das notícias – No mundo atual, ele não desempenha apenas uma profissão, mas uma verdadeira e própria missão. No meio do ‘frenesim’ das notícias e na voragem dos ‘scoop’, tem o dever de lembrar que, no centro da notícia, não estão a velocidade em comunicá-la nem o impacto sobre a audiência, mas as pessoas. Informar é formar, é lidar com a vida das pessoas. Por isso, a precisão das fontes e a custódia da comunicação são verdadeiros e próprios processos de desenvolvimento do bem, que geram confiança e abrem vias de comunhão e de paz”.

Convida para que se promova um jornalismo de paz – “sem entender, com esta expressão, um jornalismo ‘bonzinho’, que negue a existência de problemas graves e assuma tons melífluos. Pelo contrário, penso num jornalismo sem fingimentos, hostil às falsidades, a slogans sensacionais e a declarações bombásticas; um jornalismo feito por pessoas para as pessoas e considerado como serviço a todas as pessoas, especialmente àquelas – e no mundo, são a maioria – que não têm voz; um jornalismo que não se limite a queimar notícias, mas se comprometa na busca das causas reais dos conflitos, para favorecer a sua compreensão das raízes e a sua superação através do aviamento de processos virtuosos; um jornalismo empenhado a indicar soluções alternativas às ‘escalation’ do clamor e da violência verbal”.

Conclui com uma oração a Jesus, a Verdade em Pessoa, inspirada na conhecida oração franciscana:

“Senhor, fazei de nós instrumentos da Vossa paz.
Fazei-nos reconhecer o mal que se insinua em uma comunicação que não cria comunhão.

Tornai-nos capazes de tirar o veneno dos nossos juízos.
Ajudai-nos a falar dos outros como de irmãos e irmãs.

Vós sois fiel e digno de confiança;
fazei que as nossas palavras sejam sementes de bem para o mundo:
onde houver rumor, fazei que pratiquemos a escuta;

onde houver confusão, fazei que inspiremos harmonia;
onde houver ambiguidade, fazei que levemos clareza;

onde houver exclusão, fazei que levemos partilha;
onde houver sensacionalismo, fazei que usemos sobriedade;
onde houver superficialidade, fazei que ponhamos interrogativos verdadeiros;

onde houver preconceitos, fazei que despertemos confiança;
onde houver agressividade, fazei que levemos respeito;
onde houver falsidade, fazei que levemos verdade.Amém.”



PS: Acesse, se desejar, e leia a mensagem na integra:

A indiferença ao Mundial na Rússia


A indiferença ao Mundial na Rússia

Andando pelas ruas e praças, observamos uma fraca motivação e expectativa em relação à Copa do Mundo.

Segundo pesquisa da Folha de São Paulo, podem ser atribuídos, em forma de alegoria (alusão à derrota do Brasil na última Copa – 7x1), sete motivos para esta apatia (53% da população são indiferentes ao Mundial de Futebol na Rússia)

1 – a economia – falta de emprego e a perda do poder de compra, inflação crescente;
2 – corrupção, saúde e violência;
3 – descrédito em relação às instituições do país;
4 – governo federal mais impopular desde a redemocratização do país;
5 – falta de esperança;
6 – crescente desinteresse dos brasileiros pelo futebol;
7 – a perda do orgulho em declarar-se brasileiro.
Um ponto positivo é o raro apoio da população em relação ao treinador da Seleção, sobretudo considerando o descrédito em relação às figuras públicas do país.


De fato, não será um hexacampeonato conquistado que resolverá questões tão sérias por que passamos.

Agora é tempo de sonharmos acordados, redescobrindo o caminho do fortalecimento da democracia em que vivemos.

É tempo de pautarmos as reflexões nos temas que nos inquietam e roubam a beleza da vida: fome, desemprego, corrupção, violência, corrupção...

É tempo de ressuscitarmos os princípios éticos, que asseguram uma sociedade mais justa e fraterna, em que rostos desfigurados pela fome, tristeza e abandono sejam transfigurados.

É tempo de que ressuscitarmos a verdadeira política, a fim de que ela seja, de fato, a forma sublime da caridade vivida em vista do bem comum, como tão bem expressou o Bem-Aventurado Papa Paulo VI, na “Octogesima Adveniens”, em 1971: “A política é uma maneira exigente - se bem que não seja a única - de viver o compromisso cristão, ao serviço dos outros.” (n.46).

Mais que o hexacampeonato Mundial de futebol, precisamos novos dias, novos tempos, novos caminhos, novas realidades sociais, políticas, econômicas, culturais.

Torcer pela seleção é possível ou não, mas compromissos com um Brasil mais justo e fraterno, mais que possível, é necessário, inadiável e ninguém pode se omitir.

PS: Texto escrito em julho de 2018 -  Mundial de Futebol na Rússia

Discípulos do Filho Amado, quem poderá seduzi-los?

                                                    

Discípulos do Filho Amado, quem poderá seduzi-los? 

O Amor pelo Amado encontrado, quem poderá impedir?
São Justino e o Senhor, quem poderá amizade tão forte romper?
Quando o Amor é encontrado, tudo é nada...
São Justino: um belo exemplo disto!

No dia 1º de junho, celebramos a memória de São Justino, Filósofo e Mártir, que nasceu no princípio do século II, invejáveis testemunhas do Senhor.

Nas Atas do Martírio dos Santos, Justino e seus companheiros, encontramos uma página memorável que retrata com muita precisão a coragem e o testemunho dado pelos mesmos.

“Aqueles homens santos foram presos e conduzidos ao prefeito de Roma, chamado Rústico.

Estando eles diante do tribunal, o prefeito Rústico disse a Justino: “Em primeiro lugar, manifesta tua fé nos deuses e obedece aos imperadores”.

Justino respondeu: “Não podemos ser acusados nem presos, só pelo fato de obedecermos aos Mandamentos de Jesus Cristo, nosso Salvador”.

Rústico indagou: “Que doutrinas professas?”
E Justino: “Na verdade, procurei conhecer todas as doutrinas, mas acabei por abraçar a verdadeira doutrina dos cristãos, embora ela não seja aceita por aqueles que vivem no erro”.

O prefeito Rústico prosseguiu: “E tu aceitas esta doutrina, grande miserável?”

Respondeu Justino: “Sim, pois a sigo como verdade absoluta”.
O prefeito indagou: “Que verdade é esta?”

Justino explicou: “Adoramos o Deus dos cristãos, a quem consideramos como único Criador, desde o princípio, artífice de toda a criação, das coisas visíveis e invisíveis: adoramos também o Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, que os profetas anunciaram vir para o gênero humano como Mensageiro da salvação e Mestre da boa doutrina.

E eu, um simples homem, considero insignificante tudo o que estou dizendo para exprimir a Sua infinita divindade, mas reconheço o valor das profecias que previamente anunciaram aquele que afirmei ser o Filho de Deus.

Sei que eram inspirados por Deus os profetas que vaticinaram a Sua vinda entre os homens”.

Rústico perguntou: “Então, tu és cristão?”
Justino afirmou: “Sim, sou cristão”.

O prefeito disse a Justino: “Ouve, tu que és tido por sábio e julgas conhecer a verdadeira doutrina: se fores flagelado e decapitado, estás convencido de que subirás ao céu?”

Disse Justino: “Espero entrar naquela morada, se tiver de sofrer o que dizes. Pois sei que para todos os que viverem santamente está reservada a recompensa de Deus até o fim do mundo inteiro”.

O prefeito Rústico continuou: “Então, tu supões que hás de subir ao céu para receber algum prêmio em retribuição”?

Justino respondeu-lhe: “Não suponho, tenho a maior certeza”.

O prefeito Rústico declarou: “Basta, deixemos isso e vamos à questão que importa, da qual não podemos fugir e é urgente. Aproximai-vos e todos juntos sacrificai aos deuses”.

Justino respondeu: “Ninguém de bom senso abandona a piedade para cair na impiedade”.

O prefeito Rústico insistiu: “Se não fizerdes o que vos foi ordenado, sereis torturados sem compaixão”.

Justino disse: “Desejamos e esperamos chegar à salvação através dos tormentos que sofrermos por amor de nosso Senhor Jesus Cristo. O sofrimento nos garante a salvação e nos dá confiança perante o tribunal de nosso Senhor e Salvador, que é universal e mais terrível que o teu”.

O mesmo também disseram os outros mártires: “Faze o que quiseres; nós somos cristãos e não sacrificaremos aos ídolos”.

O prefeito Rústico pronunciou então a sentença:
“Os que não quiseram sacrificar aos deuses e obedecer ordem do imperador, depois de flagelados, sejam conduzidos para sofrer a pena capital, segundo a norma das leis”.

Glorificando a Deus, os santos mártires saíram para o local determinado, onde foram decapitados e consumaram o martírio proclamando a fé no Salvador”. (1).

Convertido à fé cristã escreveu diversas obras em defesa do cristianismo abraçando com coragem e sabedoria incomparável  a verdadeira doutrina dos cristãos.

Abriu uma escola de Filosofia em Roma, onde mantinha debates públicos.

Defendeu a Igreja contra os ataques dos pagãos e aprofundou o vínculo entre Batismo e Eucaristia.

Sofreu martírio, juntamente com seus companheiros no tempo de Marco Aurélio (165). Contemplar tão belas e dignas testemunhas do Senhor, que testemunharam com o próprio sangue.

Reflitamos:

- Com que coragem e fidelidade testemunhamos o Evangelho em nosso tempo?
- Empenhamo-nos em aprofundar o conhecimento bíblico, a doutrina cristã?
- Procuramos viver o que aprendemos, ensinamos e cremos? 

Oremos:

“Ó Deus, que destes ao Mártir São Justino um
profundo conhecimento de Cristo pela loucura da
Cruz, concedei-nos, por sua intercessão,
repelir os erros que nos cercam e
permanecer firmes na fé. Por N. S. J. C...”



(1) Liturgia das Horas - Vol. III – pág. 1332 -1334.

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