sábado, 8 de fevereiro de 2025

Dar razão de nossa esperança

                                              

                      Dar razão de nossa esperança
"Estejam sempre preparados para responder a
qualquer que lhes pedir a razão da esperança
que há em vocês." (1Pd 3, 15)

Esperança é como uma frágil semente, que precisa ser cuidada e semeada no chão dos acontecimentos, para que floresça e dê frutos que levem à saciedade, e mais que isto, à certeza de que fomos bem alimentados.

A esperança é a construção da própria existência na base sólida da Palavra de Deus, nutrindo-se pelo Pão de Eternidade, que é o Cristo Senhor, que Se dá a nós no Banquete da Eucaristia, toda vez que dele participamos.
Sua solidez não permite confundir com esperanças aéreas, imaginosas, ou frutos especulativos de nossa fantasia, de nossos enganos, ilusões que não contribuem para que alcancemos o melhor que Deus tem para cada um de nós.
Como pássaros, que batem suas asas para voo certeiro ao encontro do alimento, do filhote ou do ninho, dos seus semelhantes para sobreviverem, a esperança é o adejar das asas de nossa alma para encontros com a vida, com os sonhos, com nossas conquistas...
Cultivar a esperança sempre, sem permitir a perda das utopias, convictos de que o céu sombrio tem sua provisoriedade, e que dias melhores sempre haverão de vir.
Não permitamos a morte da esperança, não nos aliemos aos que promovem o seu cortejo, não a sepultemos no vale dos que nada mais esperam, nada mais buscam, porque ela já não mais vive em seu interior, num vazio absurdamente entristecedor e enlouquecedor.
Não percamos jamais a esperança, para que nossos dias não sejam avaramente contados, sem voos anunciados nas asas da esperança, que nos levam ao encontro das coisas do alto onde habita Deus e que devemos sempre buscar, como tão bem falou o Apóstolo (Cl 3,1-4).
Que não se mate a esperança,
Que não matemos a esperança.

Demos sempre razão de nossa esperança.
Há motivos para crer, há motivos para esperar...

Temos fé, e ainda mais,
Somos discípulos e testemunhas
D’Aquele que, por Sua Morte e Ressurreição,
Vem ao encontro de nossa fragilidade,
Humana debilidade...

Ele vem para nos ensinar que
Fé aliada à esperança,
De braços com a caridade
Mundo Novo, Reino presente entre nós veremos,
Novo céu e Nova terra buscaremos e alcançaremos.

Com Ele para sempre viveremos,
A Ele toda honra, glória, poder e louvor
Para sempre cantaremos.
Amém. 

Nas asas da Esperança...

Nas asas da Esperança...

A esperança nos permite ora voar,
Ora caminhar lentamente,
E, se preciso, passos mais largos,
Sem dispensar também os mergulhos
Nos Mistérios Divinos mais profundos.

Ela nos inquieta, nos desinstala,
Nos impele, para não nos sedimentarmos
Nas ideias mesquinhas e empobrecedoras,
Na falsa segurança do já conhecido.

A esperança nos serve como âncora,
Para que não percamos o foco do principal:
O Mandamento Novo do Amor que o Senhor nos deu,
Amar como Ele ama, eis a medida sem medida.

Amor vivido, esperança que nos impulsiona,
Fé que se testemunha e que a vida ilumina.
Creio nestas verdades que me acompanham.

Renovo, Senhor, em Ti, todos os dias,
A fragilidade e a pequenez de minha fé,
A indispensável e vital esperança,
Para que não se apague a chama
Que o Teu Amor, um dia,
Em mim, para sempre acendeu. Amém.

Nada façamos sem Deus...

                                                     


Nada façamos sem Deus...

“Porque, sem o Criador, a criatura se reduz a nada”

A luz da A Constituição Pastoral “Gaudium et Spes” (Vaticano II), sobre a Igreja no mundo de hoje, reflitamos sobre a concepção da atividade humana nas construções de um mundo mais humano, solidário e fraterno.

“A atividade humana origina-se no homem e para o homem se ordena. De fato, ao trabalhar, o homem não apenas modifica os seres e a sociedade, mas aperfeiçoa-se a si também. Aprende muitas coisas, desenvolve suas faculdades, sai de si mesmo e se supera.

Este crescimento, se bem entendido, vale muito mais que toda a riqueza que possa ajuntar. O homem vale mais pelo que é do que pelo que tem.

Igualmente, tudo quanto os homens fazem para obter maior justiça, fraternidade mais larga e uma ordem mais humana nas relações sociais, tem maior valor do que os progressos técnicos. Estes podem proporcionar base material para a promoção humana, mas, por si sós, não conseguem realizá-la.

Esta é, pois, a norma da atividade humana: que corresponda ao genuíno bem da humanidade, de acordo com o desígnio de Deus, e permita ao homem, como indivíduo ou como membro da sociedade, a plena realização de sua vocação.

Contudo, muitos contemporâneos parecem temer um vínculo muito estreito entre a atividade humana e a religião. Veem nisso um perigo para a autonomia das pessoas, das sociedades e das ciências.

Se por autonomia das realidades terrenas entendemos que toda criatura e as sociedades gozam de leis e de valores próprios, que o homem deve gradualmente reconhecer, utilizar e organizar, tal exigência de autonomia é plenamente legítima.

Não só é exigida pelos homens de hoje, mas concorda com a vontade do Criador. Em virtude mesmo da criação todas as coisas possuem consistência própria, verdade, bondade, leis e ordens específicas. Deve o homem respeitá-las reconhecendo os métodos próprios de cada ciência e técnica.

Seja-nos, portanto, permitido deplorar certas atitudes existentes mesmo entre cristãos, insuficientemente advertidos da legítima autonomia da ciência, que levaram, pelas tensões e controvérsias suscitadas, muitos espíritos a julgar que a fé e a ciência se opõem.

Se, porém, por ‘autonomia das realidades temporais’ se entende que as criaturas não dependem de Deus e que o homem pode usar delas sem qualquer referência ao Criador, quem reconhece a Deus não pode deixar de perceber a que ponto é falsa esta afirmação. Porque, sem o Criador, a criatura se reduz a nada.”

Para aprofundar, retomo a passagem do Evangelho de Lucas (Lc 5,1-11) em que Jesus faz de Pedro e toda Igreja “pescadores de homens”, naquele dia da pesca milagrosa, depois de uma enfadonha e decepcionante  noite sem nada pescar, e que somente no amanhecer, em atenção a Palavra do Divino Mestre, o êxito é alcançado – “assim fizeram, e apanharam tamanha quantidade de peixes que as redes se rompiam” (v. 6).

Nisto consiste a missão da Igreja, avançar para águas mais profundas e lançar as redes, testemunhando que a Onipotência Divina não dispensa a ação humana.

A Igreja nos ensina que toda atividade/trabalho humano é uma forma do homem participar da obra da criação.  

Embora Deus não prescinda da atividade humana, para que ao nada não sejamos reduzidos, é imprescindível que a mesma corresponda aos desígnios divinos.

Oportunas são também estas palavras do Missal Dominical sobre esta passagem do Evangelho:

“A a humanidade se encontra à beira de um abismo, basta pouco para nele precipitar-se, tal é o seu egoísmo e seu gosto de poder.

Hoje, ser pescador de homens significa participar de todos os empreendimentos que querem livrar o homem dessa perdição e que concorrem para arrancar a humanidade do perigo que a ameaça, através de maior igualdade, paz mais estável, mais ampla possibilidade de promoção para os pequenos...  

A Igreja só pode revelar o Amor de Deus partilhando este Amor com os homens”.  (1)

Portanto, como criaturas, unamo-nos ao Criador de todas as coisas, para com Seu Filho Redentor, confiando na ação e presença do Santo Espírito, desenvolver tudo quanto possamos para que a vida humana brilhe em esplendor e dignidade.

(1) Missal Dominical - Editora Paulus - pág.1110

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2025

"Jesus Cristo é o mesmo, ontem, hoje e sempre!"

                                                            

"Jesus Cristo é o mesmo, ontem, hoje e sempre!"

Cremos, como Igreja, em Jesus Cristo, morto e ressuscitado por toda a humanidade, e que oferece, pelo Seu Espírito, a luz e a força para corresponder à Sua altíssima vocação.

Cremos, como Igreja, que somente por meio de Jesus Cristo  podemos ser salvos, e jamais por qualquer outro nome.

Cremos, como Igreja, que a chave, o centro e o fim de toda a história humana se encontram no seu Senhor e Mestre, Jesus Cristo.

Cremos, como Igreja, que, além disso, que, subjacentes a todas as transformações, há muitas coisas que não mudam, e cujo último fundamento é Cristo, o mesmo, ontem, hoje, e para sempre.

Cremos, como Igreja, que somente a Luz de Cristo, imagem de Deus invisível e primogênito de toda a criação, ilumina o mistério do homem.

Cremos, como Igreja, que à Luz de Cristo, Sua Pessoa e Palavra, podemos cooperar na solução das principais questões do nosso tempo.

Cremos, como Igreja, que tendo Jesus voltado para o Pai, nos foi enviado o Espírito Santo, para animar e iluminar e assisti-La em todo o tempo e lugar.  Amém.


Fonte inspiradora: “Gaudium et spes” n.10 – Vaticano II (1962-1965)

Jesus Cristo, Sua Pessoa, Identidade e Mensagem

                                                     


Jesus Cristo, Sua Pessoa, Identidade e Mensagem

“Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida”
(Jo 14,6)

O Missal Dominical oferece um Comentário que muito nos enriquece para aprofundarmos sobre a Pessoa, a identidade e mensagem de Jesus para todos os tempos, afinal “Jesus Cristo é o mesmo, ontem, hoje e sempre.” (Hb 13,8).

“A figura de Cristo hoje impressiona e seduz muitos homens do nosso tempo, especialmente os jovens, por tudo o que de humano transmite, por Seu Amor aos pobres, Sua coerência, Sua tomada de posição, levada até a morte, contra as pretensões do poder.

Mas há o risco de que esse Cristo seja visto em perspectiva simplesmente humana, deixando para segundo plano ou mesmo recusando Sua divindade. Por isso, a fé na divindade de Jesus Cristo seja particularmente defendida e corroborada em nosso tempo.

Cristo não é apenas um homem, nem mesmo um homem de proporções gigantescas - escrevia um jovem. De que me serve um Deus despojado de Sua divindade, grandeza, poder, e reduzido à minha própria humanidade?

Já tivemos muitos grandes homens que conseguiram até certo ponto influenciar o espírito humano e modificá-lo. Mas todos, uns mais outros menos, apresentaram suas limitações ideológicas e existenciais, teóricas e práticas.

Assim falou um jovem sobre Jesus Cristo, um Deus que Se fez Carne, há dois mil anos:

“... ainda hoje nos comove com sua mensagem revolucionária", mas, diversamente de todos os outros grandes homens - Buda, Confúcio, Maomé, Francisco de Assis, Gandhi, Marx, Martin Luther King”.

E a reflexão do Missal Dominical continua:

“Jesus ‘não disse sou um Profeta’, ‘sou um teórico’, ‘sou um reformador’, ‘sou um contestador’, ‘sou um revolucionário’ (mesmo que o tenha sido). Disse simplesmente: ‘Eu sou o Caminho, a Verdade, a Vida’.

Cristo é o Caminho: não há outras vias para atingir a Deus e para chegar ao homem.

Cristo é a Verdade: na confusão ruidosa das mil verdades que só duram um dia, Ele permanece como o termo último de todas as verdades.

Cristo é a Vida: todos os esforços do homem para vencer as barreiras da morte só conseguem retardar de um momento o terrível encontro. Só Cristo destrói essa barreira e nos abre as portas para uma vida sem fim, em plenitude total.”. (1)

Oremos:

“Ó Deus, Pai de bondade, que nos redimistes e adotastes como filhos e filhas, concedei aos que creem no Cristo a liberdade verdadeira e a herança eterna. Por N. S. J. C. Amém”


(1) Missal Dominical – Editora Paulus - Página 383.

O Senhor é nosso único caminho

O Senhor é nosso único caminho

“Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida (Jo 14,6)

Em nossas atividades pastorais, é preciso lançar as redes em águas mais profundas (Lc 5,1-11), pois a evangelização prima pela superação da superficialidade e ativismo inconsequente; provoca-nos para respostas comunitárias, sem ações individualizadas, mas inseridas na Pastoral de Conjunto.

Precisamos buscar respostas evangélicas para os grandes desafios que enfrentamos na realidade urbana e pós-moderna:

- A realidade urbana: desafios e respostas;
- A evangelização da família;
- O resgate da pessoa humana no exercício de sua cidadania;
- O aprimoramento das atitudes de acolhida e fortalecimento dos vínculos de comunhão fraterna;
- O desafio da evangelização da juventude;
- Um projeto missionário que expresse a dimensão missionária de toda a Igreja;
- Presença evangelizadora nas escolas, universidades;
- Meios de comunicação social e a Evangelização;
- Fortalecimento das Pastorais Sociais;
- Formação bíblica e espiritualidade do Agente de Pastoral;
- Maior cuidado com os momentos litúrgicos, para que sejam momentos fortes de Oração e de espiritualidade.

Urge vocações leigas, alimentadas pela Palavra e Eucaristia, juntamente com padres, bispos, religiosos e religiosas, presentes nas diversas estruturas, organismos e pastorais, para que no espírito da comunhão e participação, e na evangélica opção preferencial pelos pobres, participemos da construção de uma sociedade justa, fraterna e mais solidária, a caminho do Reino definitivo.

Conduzidos pelas Diretrizes da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (2019-2023), não nos esqueçamos de que o Protagonista da evangelização é o Espírito Santo, de modo que a diversidade de carismas, dons e ministérios devem ser compartilhados, garantindo êxito na evangelização.

É tempo favorável para a evangelização, comunicando a luz do Ressuscitado em todos os momentos e em todos os âmbitos, e continuemos fiéis no Caminho que é o próprio Jesus, a Verdade que nos liberta e nos comunica vida plena e definitiva.

A manifestação do Espírito

                                                    

A manifestação do Espírito

Sejamos enriquecidos por uma das Homilias de um autor espiritual do quarto século, que nos fala da ação do Espírito Santo, para que sejamos plenificados com toda a plenitude de Cristo.

“Todos os que são considerados dignos de se tornarem filhos de Deus e renascerem do alto no Espírito Santo, trazendo em si a Cristo – que os ilumina e os regenera – são guiados de diversos modos pelo Espírito e conduzidos invisivelmente pela graça, tendo no coração a paz espiritual.

Às vezes, desfazem-se em lágrimas e gemidos pela humanidade, pelo gênero humano elevam preces e choram, ardendo de afeto por todos os homens.

Outras vezes, de tal maneira se inflamam pelo Espírito, com tamanho entusiasmo e amor, que, se possível fosse, acolheriam em seu coração todos os homens, sem distinção entre bons e maus.

Entretanto, outros, pela humildade dos seus espíritos, colocam-se abaixo de todos, julgando-se os mais abjetos e desprezíveis.

Por vezes, são guardados pelo Espírito numa alegria inefável.

Ora, eles são como um valente, que, revestido com toda a armadura do rei, desce para o combate e luta contra os fortes inimigos e os vence. Assim o homem espiritual, munido com as celestes armas do Espírito, ataca os adversários e, no fim da peleja, calca-os aos pés.

Ora, em absoluto silêncio, repousa a alma em paz e sossego, entregue unicamente ao gozo espiritual e a uma paz indizível, no perfeito contentamento.

Por vezes, por certa compreensão e sabedoria inefável e conhecimento secreto do Espírito, é instruído pela graça sobre coisas que a língua não consegue dizer.

De outras vezes, é como qualquer outra pessoa.

E assim a graça habita e age de várias maneiras na alma, renovando-a conforme a vontade divina, provando-a de modos diferentes para torná-la íntegra, irrepreensível e pura diante do Pai do céu.

Oremos, então, também nós a Deus, oremos no amor e imensa esperança de que ele nos concederá a celeste graça do dom do Espírito. A nós também o próprio Espírito nos governe e leve a realizar toda a vontade divina e nos restaure com a riqueza de Sua paz a fim de que, conduzindo-nos e fazendo-nos viver sempre mais em Sua graça e progresso espiritual, nos tornemos dignos de alcançar a perfeita plenitude de Cristo, segundo disse o Apóstolo: Para que sejais plenificados com toda a plenitude de Cristo”.

Vivendo a graça do discipulado, experimentamos constantemente a ação e presença do Espírito, como nos descreve o autor:

"E assim a graça habita e age de várias maneiras na alma, renovando-a conforme a vontade divina, provando-a de modos diferentes para torná-la íntegra, irrepreensível e pura diante do Pai do céu.".

Supliquemos a vinda e presença do Santo Espírito em socorro de nossa fraqueza, a fim de que na fidelidade ao Senhor e à Boa-Nova que Ele nos comunicou, como Igreja, participaremos da construção do Reino de Deus, pregrinando na esperança de um novo céu e uma nova terra (2 Pd 3,13).

"Vinde Espírito Santo! Enchei os coraçoes dos Vossos fiéis..."

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG