sábado, 8 de fevereiro de 2025

Nada façamos sem Deus...

                                                     


Nada façamos sem Deus...

“Porque, sem o Criador, a criatura se reduz a nada”

A luz da A Constituição Pastoral “Gaudium et Spes” (Vaticano II), sobre a Igreja no mundo de hoje, reflitamos sobre a concepção da atividade humana nas construções de um mundo mais humano, solidário e fraterno.

“A atividade humana origina-se no homem e para o homem se ordena. De fato, ao trabalhar, o homem não apenas modifica os seres e a sociedade, mas aperfeiçoa-se a si também. Aprende muitas coisas, desenvolve suas faculdades, sai de si mesmo e se supera.

Este crescimento, se bem entendido, vale muito mais que toda a riqueza que possa ajuntar. O homem vale mais pelo que é do que pelo que tem.

Igualmente, tudo quanto os homens fazem para obter maior justiça, fraternidade mais larga e uma ordem mais humana nas relações sociais, tem maior valor do que os progressos técnicos. Estes podem proporcionar base material para a promoção humana, mas, por si sós, não conseguem realizá-la.

Esta é, pois, a norma da atividade humana: que corresponda ao genuíno bem da humanidade, de acordo com o desígnio de Deus, e permita ao homem, como indivíduo ou como membro da sociedade, a plena realização de sua vocação.

Contudo, muitos contemporâneos parecem temer um vínculo muito estreito entre a atividade humana e a religião. Veem nisso um perigo para a autonomia das pessoas, das sociedades e das ciências.

Se por autonomia das realidades terrenas entendemos que toda criatura e as sociedades gozam de leis e de valores próprios, que o homem deve gradualmente reconhecer, utilizar e organizar, tal exigência de autonomia é plenamente legítima.

Não só é exigida pelos homens de hoje, mas concorda com a vontade do Criador. Em virtude mesmo da criação todas as coisas possuem consistência própria, verdade, bondade, leis e ordens específicas. Deve o homem respeitá-las reconhecendo os métodos próprios de cada ciência e técnica.

Seja-nos, portanto, permitido deplorar certas atitudes existentes mesmo entre cristãos, insuficientemente advertidos da legítima autonomia da ciência, que levaram, pelas tensões e controvérsias suscitadas, muitos espíritos a julgar que a fé e a ciência se opõem.

Se, porém, por ‘autonomia das realidades temporais’ se entende que as criaturas não dependem de Deus e que o homem pode usar delas sem qualquer referência ao Criador, quem reconhece a Deus não pode deixar de perceber a que ponto é falsa esta afirmação. Porque, sem o Criador, a criatura se reduz a nada.”

Para aprofundar, retomo a passagem do Evangelho de Lucas (Lc 5,1-11) em que Jesus faz de Pedro e toda Igreja “pescadores de homens”, naquele dia da pesca milagrosa, depois de uma enfadonha e decepcionante  noite sem nada pescar, e que somente no amanhecer, em atenção a Palavra do Divino Mestre, o êxito é alcançado – “assim fizeram, e apanharam tamanha quantidade de peixes que as redes se rompiam” (v. 6).

Nisto consiste a missão da Igreja, avançar para águas mais profundas e lançar as redes, testemunhando que a Onipotência Divina não dispensa a ação humana.

A Igreja nos ensina que toda atividade/trabalho humano é uma forma do homem participar da obra da criação.  

Embora Deus não prescinda da atividade humana, para que ao nada não sejamos reduzidos, é imprescindível que a mesma corresponda aos desígnios divinos.

Oportunas são também estas palavras do Missal Dominical sobre esta passagem do Evangelho:

“A a humanidade se encontra à beira de um abismo, basta pouco para nele precipitar-se, tal é o seu egoísmo e seu gosto de poder.

Hoje, ser pescador de homens significa participar de todos os empreendimentos que querem livrar o homem dessa perdição e que concorrem para arrancar a humanidade do perigo que a ameaça, através de maior igualdade, paz mais estável, mais ampla possibilidade de promoção para os pequenos...  

A Igreja só pode revelar o Amor de Deus partilhando este Amor com os homens”.  (1)

Portanto, como criaturas, unamo-nos ao Criador de todas as coisas, para com Seu Filho Redentor, confiando na ação e presença do Santo Espírito, desenvolver tudo quanto possamos para que a vida humana brilhe em esplendor e dignidade.

(1) Missal Dominical - Editora Paulus - pág.1110

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2025

"Jesus Cristo é o mesmo, ontem, hoje e sempre!"

                                                            

"Jesus Cristo é o mesmo, ontem, hoje e sempre!"

Cremos, como Igreja, em Jesus Cristo, morto e ressuscitado por toda a humanidade, e que oferece, pelo Seu Espírito, a luz e a força para corresponder à Sua altíssima vocação.

Cremos, como Igreja, que somente por meio de Jesus Cristo  podemos ser salvos, e jamais por qualquer outro nome.

Cremos, como Igreja, que a chave, o centro e o fim de toda a história humana se encontram no seu Senhor e Mestre, Jesus Cristo.

Cremos, como Igreja, que, além disso, que, subjacentes a todas as transformações, há muitas coisas que não mudam, e cujo último fundamento é Cristo, o mesmo, ontem, hoje, e para sempre.

Cremos, como Igreja, que somente a Luz de Cristo, imagem de Deus invisível e primogênito de toda a criação, ilumina o mistério do homem.

Cremos, como Igreja, que à Luz de Cristo, Sua Pessoa e Palavra, podemos cooperar na solução das principais questões do nosso tempo.

Cremos, como Igreja, que tendo Jesus voltado para o Pai, nos foi enviado o Espírito Santo, para animar e iluminar e assisti-La em todo o tempo e lugar.  Amém.


Fonte inspiradora: “Gaudium et spes” n.10 – Vaticano II (1962-1965)

Jesus Cristo, Sua Pessoa, Identidade e Mensagem

                                                     


Jesus Cristo, Sua Pessoa, Identidade e Mensagem

“Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida”
(Jo 14,6)

O Missal Dominical oferece um Comentário que muito nos enriquece para aprofundarmos sobre a Pessoa, a identidade e mensagem de Jesus para todos os tempos, afinal “Jesus Cristo é o mesmo, ontem, hoje e sempre.” (Hb 13,8).

“A figura de Cristo hoje impressiona e seduz muitos homens do nosso tempo, especialmente os jovens, por tudo o que de humano transmite, por Seu Amor aos pobres, Sua coerência, Sua tomada de posição, levada até a morte, contra as pretensões do poder.

Mas há o risco de que esse Cristo seja visto em perspectiva simplesmente humana, deixando para segundo plano ou mesmo recusando Sua divindade. Por isso, a fé na divindade de Jesus Cristo seja particularmente defendida e corroborada em nosso tempo.

Cristo não é apenas um homem, nem mesmo um homem de proporções gigantescas - escrevia um jovem. De que me serve um Deus despojado de Sua divindade, grandeza, poder, e reduzido à minha própria humanidade?

Já tivemos muitos grandes homens que conseguiram até certo ponto influenciar o espírito humano e modificá-lo. Mas todos, uns mais outros menos, apresentaram suas limitações ideológicas e existenciais, teóricas e práticas.

Assim falou um jovem sobre Jesus Cristo, um Deus que Se fez Carne, há dois mil anos:

“... ainda hoje nos comove com sua mensagem revolucionária", mas, diversamente de todos os outros grandes homens - Buda, Confúcio, Maomé, Francisco de Assis, Gandhi, Marx, Martin Luther King”.

E a reflexão do Missal Dominical continua:

“Jesus ‘não disse sou um Profeta’, ‘sou um teórico’, ‘sou um reformador’, ‘sou um contestador’, ‘sou um revolucionário’ (mesmo que o tenha sido). Disse simplesmente: ‘Eu sou o Caminho, a Verdade, a Vida’.

Cristo é o Caminho: não há outras vias para atingir a Deus e para chegar ao homem.

Cristo é a Verdade: na confusão ruidosa das mil verdades que só duram um dia, Ele permanece como o termo último de todas as verdades.

Cristo é a Vida: todos os esforços do homem para vencer as barreiras da morte só conseguem retardar de um momento o terrível encontro. Só Cristo destrói essa barreira e nos abre as portas para uma vida sem fim, em plenitude total.”. (1)

Oremos:

“Ó Deus, Pai de bondade, que nos redimistes e adotastes como filhos e filhas, concedei aos que creem no Cristo a liberdade verdadeira e a herança eterna. Por N. S. J. C. Amém”


(1) Missal Dominical – Editora Paulus - Página 383.

O Senhor é nosso único caminho

O Senhor é nosso único caminho

“Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida (Jo 14,6)

Em nossas atividades pastorais, é preciso lançar as redes em águas mais profundas (Lc 5,1-11), pois a evangelização prima pela superação da superficialidade e ativismo inconsequente; provoca-nos para respostas comunitárias, sem ações individualizadas, mas inseridas na Pastoral de Conjunto.

Precisamos buscar respostas evangélicas para os grandes desafios que enfrentamos na realidade urbana e pós-moderna:

- A realidade urbana: desafios e respostas;
- A evangelização da família;
- O resgate da pessoa humana no exercício de sua cidadania;
- O aprimoramento das atitudes de acolhida e fortalecimento dos vínculos de comunhão fraterna;
- O desafio da evangelização da juventude;
- Um projeto missionário que expresse a dimensão missionária de toda a Igreja;
- Presença evangelizadora nas escolas, universidades;
- Meios de comunicação social e a Evangelização;
- Fortalecimento das Pastorais Sociais;
- Formação bíblica e espiritualidade do Agente de Pastoral;
- Maior cuidado com os momentos litúrgicos, para que sejam momentos fortes de Oração e de espiritualidade.

Urge vocações leigas, alimentadas pela Palavra e Eucaristia, juntamente com padres, bispos, religiosos e religiosas, presentes nas diversas estruturas, organismos e pastorais, para que no espírito da comunhão e participação, e na evangélica opção preferencial pelos pobres, participemos da construção de uma sociedade justa, fraterna e mais solidária, a caminho do Reino definitivo.

Conduzidos pelas Diretrizes da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (2019-2023), não nos esqueçamos de que o Protagonista da evangelização é o Espírito Santo, de modo que a diversidade de carismas, dons e ministérios devem ser compartilhados, garantindo êxito na evangelização.

É tempo favorável para a evangelização, comunicando a luz do Ressuscitado em todos os momentos e em todos os âmbitos, e continuemos fiéis no Caminho que é o próprio Jesus, a Verdade que nos liberta e nos comunica vida plena e definitiva.

A manifestação do Espírito

                                                    

A manifestação do Espírito

Sejamos enriquecidos por uma das Homilias de um autor espiritual do quarto século, que nos fala da ação do Espírito Santo, para que sejamos plenificados com toda a plenitude de Cristo.

“Todos os que são considerados dignos de se tornarem filhos de Deus e renascerem do alto no Espírito Santo, trazendo em si a Cristo – que os ilumina e os regenera – são guiados de diversos modos pelo Espírito e conduzidos invisivelmente pela graça, tendo no coração a paz espiritual.

Às vezes, desfazem-se em lágrimas e gemidos pela humanidade, pelo gênero humano elevam preces e choram, ardendo de afeto por todos os homens.

Outras vezes, de tal maneira se inflamam pelo Espírito, com tamanho entusiasmo e amor, que, se possível fosse, acolheriam em seu coração todos os homens, sem distinção entre bons e maus.

Entretanto, outros, pela humildade dos seus espíritos, colocam-se abaixo de todos, julgando-se os mais abjetos e desprezíveis.

Por vezes, são guardados pelo Espírito numa alegria inefável.

Ora, eles são como um valente, que, revestido com toda a armadura do rei, desce para o combate e luta contra os fortes inimigos e os vence. Assim o homem espiritual, munido com as celestes armas do Espírito, ataca os adversários e, no fim da peleja, calca-os aos pés.

Ora, em absoluto silêncio, repousa a alma em paz e sossego, entregue unicamente ao gozo espiritual e a uma paz indizível, no perfeito contentamento.

Por vezes, por certa compreensão e sabedoria inefável e conhecimento secreto do Espírito, é instruído pela graça sobre coisas que a língua não consegue dizer.

De outras vezes, é como qualquer outra pessoa.

E assim a graça habita e age de várias maneiras na alma, renovando-a conforme a vontade divina, provando-a de modos diferentes para torná-la íntegra, irrepreensível e pura diante do Pai do céu.

Oremos, então, também nós a Deus, oremos no amor e imensa esperança de que ele nos concederá a celeste graça do dom do Espírito. A nós também o próprio Espírito nos governe e leve a realizar toda a vontade divina e nos restaure com a riqueza de Sua paz a fim de que, conduzindo-nos e fazendo-nos viver sempre mais em Sua graça e progresso espiritual, nos tornemos dignos de alcançar a perfeita plenitude de Cristo, segundo disse o Apóstolo: Para que sejais plenificados com toda a plenitude de Cristo”.

Vivendo a graça do discipulado, experimentamos constantemente a ação e presença do Espírito, como nos descreve o autor:

"E assim a graça habita e age de várias maneiras na alma, renovando-a conforme a vontade divina, provando-a de modos diferentes para torná-la íntegra, irrepreensível e pura diante do Pai do céu.".

Supliquemos a vinda e presença do Santo Espírito em socorro de nossa fraqueza, a fim de que na fidelidade ao Senhor e à Boa-Nova que Ele nos comunicou, como Igreja, participaremos da construção do Reino de Deus, pregrinando na esperança de um novo céu e uma nova terra (2 Pd 3,13).

"Vinde Espírito Santo! Enchei os coraçoes dos Vossos fiéis..."

“Faça bem e com amor o que lhe é próprio”

 


                      “Faça bem e com amor o que lhe é próprio”
 
Na ação evangelizadora é fundamental que retomemos as avaliações do ano que passou, com seus objetivos e estratégias, e ver o quanto nos falta fazer para que o Senhor cresça e seja conhecido e amado por todos.
 
Para o êxito da ação evangelizadora é fundamental a presença do Ressuscitado em nosso meio,  com Seu Espírito que repousa sobre nós e nos alcança a graça da paz necessária -  shalon, ou seja, a plenitude dos bens e graças divinas que nos enriquecem em todos os momentos e em todas as nossas  atividades dentro e fora dos espaços da Igreja.
 
Esteja sempre presente em nossos trabalhos o Princípio da Subsidiariedade, que tem seus momentos nascentes na Encíclica “Quadragesimo Anno” (1931), quando o Papa Pio XI chamava o mundo para a necessária busca de caminhos para uma verdadeira ordem internacional.
 
Este Princípio consiste, essencialmente,  em “cada um fazer bem e com amor o que lhe é próprio”, e deve nortear a ação da Igreja, pois se verdadeiramente vivido, a alegria, o amor, a gratidão, gratuidade, ardor, vigor, desprendimento, coragem, empenho, discernimento, sabedoria se farão presentes no coração de cada agente e firmaremos passos na edificação de uma Igreja autenticamente sinodal, caminhando sempre juntos.
 
Não haverá divisões nem cansaços inúteis na procura dos primeiros lugares, pois faremos do poder expressão de amor e serviço, a exemplo de Jesus que veio servir e não para ser servido, num permanente lava-pés com ressonâncias eucarísticas.
 
Que Jesus cresça, as pastorais se revigorem. Que avancemos para águas mais profundas (Lc 5,1-11) e não nos percamos com questões pequenas, insignificantes que nos desviam do essencial: “Ai de mim se eu não evangelizar“ (1Cor 9,16), pois “É necessário que Ele cresça” (Jo 3,30). 
 
A paz será notável em nossos corações e dentro das pastorais, ultrapassando  nossos espaços, estruturas, porque seremos como as primeiras comunidades, notabilizadas pela perseverança e fidelidade à Doutrina dos Apóstolos, à Comunhão Fraterna, à Fração do Pão e à Oração (At 2,42-47).
 
Crescerá a Igreja, assim como o nosso Batismo ganhará nova expressão, será fortalecida a Evangelização, que se renovará em expressões e métodos, e a Paz tão sonhada não será uma ilusão, mas um projeto, uma construção em mutirão, em que mãos e corações que amam se comprometem com a vida, da concepção ao declínio natural. Amém.

Em poucas palavras...

 


Jesus,  o homem perfeito

“Em toda a sua vida, Jesus mostra-Se como nosso modelo (Rm 15,5; Fl 2,5): é «o homem perfeito» (Gaudium et spes n.38), que nos convida a tornarmo-nos seus discípulos e a segui-Lo; com a sua humilhação, deu-nos um exemplo a imitar (Jo 13,15); com a sua oração, convida-nos à oração (Lc 11,1); com a sua pobreza, incita-nos a aceitar livremente o despojamento e as perseguições (Mt 5,11-12).” (1)

  

(1)        Catecismo da Igreja Católica – parágrafo n.520 

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