terça-feira, 4 de fevereiro de 2025

Evangelização e acolhida do sopro do Espírito

             
Evangelização e acolhida do sopro do Espírito

“Ai de mim se seu não evangelizar” (1 Cor 9,16).

A Evangelização na cidade tem inúmeros e grandes desafios, de modo que, tão somente abertos à acolhida do sopro do Espírito, se é capaz de dar respostas sólidas, enfrentando-os na planície do cotidiano, atentos à voz do Filho Amado que precisa ser escutado.

Abertos a este sopro, a Igreja precisa multiplicar ações diante da violação da dignidade da pessoa humana e na profética defesa da vida, desde a concepção até o seu declínio natural.

Seremos assim uma Igreja mais viva, participativa, dinâmica, renovada e com fortalecimento dos ministérios e o surgimento de novos, edificando uma Igreja verdadeiramente sinodal.

Permanece forte o apelo da Conferência de Aparecida (2007), para a conversão das estruturas paroquiais e serviços, bem como de todos que se encontram inseridos e comprometidos com a evangelização.

Abertos ao Sopro do Espírito, é mais do que emergente a multiplicação do trabalho e iniciativas diversas para a santificação e solidificação da família, que passa por sérios momentos de desestruturação por diversos motivos (inúmeros são os ventos e tempestades enfrentados pela mesma).

O Espírito Santo também conduz no fortalecimento da dimensão missionária da Igreja – urge ir ao encontro dos católicos afastados, mas sem se esquecer de enraizar e solidificar os que nela já estão participando, fortalecendo laços sinceros de amizade, comunhão e solidariedade, superando toda e qualquer forma de anonimato numa bela e alegre atitude de acolhida mútua, que vai muito além de um seja bem-vindo!

Este Sopro nos pede mais ousadia nos meios de comunicação social, para que possamos comunicar a todos a Boa-Nova do Evangelho em novos areópagos, chegando às escolas, às universidades, ao mundo do trabalho, às instâncias de decisões que afetam substancialmente a vida do Povo de Deus. A Comunicação não pode ficar restrita ao espaço de nossas salas e Igrejas.

O sopro do Espírito também nos inquieta e nos desinstala para que nos empenhemos na transformação da sociedade, com a superação da apatia e indiferença diante da política, não perdendo a esperança, não permitindo apagar a chama profética que todo batizado recebe no dia de seu Batismo, para ser sal da terra e luz do mundo.

Deste modo, não ficaremos indiferentes diante da necessária inclusão social em todas as suas formas e dimensões, como expressão da evangélica opção preferencial pelos pobres, que jamais pode ser esquecida pela Igreja, na fidelidade à prática de Jesus Cristo na realização do Reino de Deus.

E, assim, sempre atentos a estes sopros, edificaremos uma Igreja do anúncio, testemunho, serviço e diálogo, fortalecendo os pilares da Palavra, da Eucaristia, da Caridade e da Ação Missionária.

Com a abertura e acolhida do sopro do Espírito, cresçamos na  fidelidade à Palavra do Senhor, com aquela inquietante preocupação do Apóstolo Paulo, que deve ser de todos nós: “Ai de mim se seu não evangelizar” (1 Cor 9,16).

Em poucas palavras...

                                                        


A Fraternidade Humana

“A Fraternidade leva-nos a abrirmo-nos ao Pai de todos e a ver no outro um irmão, uma irmã, com quem partilhar a vida ou apoiar-se mutuamente para amar, para conhecer” (1)

 

 

(1)Papa Francisco – motivação para a Celebração do 1º Dia Internacional da Fraternidade Humana – 4 de fevereiro de 2021

“Encontramos o Messias” - O Cristo

                                                      

“Encontramos o Messias” - O Cristo
 
“Encontramos o Messias” (Jo 1,41), Aquele que veio para:
 
- Salvar toda a humanidade, todos os povos;
 
- Vencer o poder do mal e libertar-nos dos espíritos impuros, de modo que nada pode opor-se à Sua Palavra e ação;
 
- Revelar a todos nós a importância e beleza da vida, com sua sacralidade;
 
- Devolver a alegria da missão e anunciar ao mundo as maravilhas que Deus realiza
 
- Revelar o rosto misericordioso do Pai - “Sede misericordiosos como o Pai” (cf. Lc 6,36);
 
- Ensinar a viver a compaixão, no temor, piedade, e solidariedade para com o outro.
 
- Curar nossas enfermidades, físicas e espirituais, como o fez curando a mulher com hemorragia;
 
- Comunicar e nos envolver com o Seu amor, que acolhe, perdoa e dá nova vida;
 
- Alcançar para nós, por Sua Morte e Ressurreição, a nossa Ressurreição;
 
- Morrer, ressuscitar e enviar do Pai o Espírito, para nos acompanhar na missão, e não tem Ele, o Senhor, outro plano – quer contar conosco, com nossos limites...
 
Tendo encontrado o Messias, renovemos a cada dia a graça deste encontro na Celebração da Eucaristia, crendo em Sua real presença, piamente; celebrando piedosamente e vivendo intensamente.
 
Ressoem as palavras de Santo Anselmo (séc. XII):
 
“Ensinai-me a Vos procurar e mostrai-Vos quando Vos procuro; não posso procurar-Vos se não me ensinais nem encontrar-Vos se não Vos mostraisQue desejando eu Vos procure, procurando Vos deseje, amando Vos encontre,  e encontrando Vos ame”.
 
Fontes inspiradoras:
- Liturgia da segunda-feira da quarta semana do tempo comum (ano par): 2 Sm 15,13-14.30; 16,5-13a; Sl 3; Mc 5,1-20.
- Liturgia da terça-feira da quarta semana do tempo comum (ano par): 2 Sm 18,9-10.14b.24-25a.30-19,3; Sl 85; Mc 5,21-43.

A liberdade cristã na evangelização


A liberdade cristã na evangelização

À luz da passagem da Carta de Paulo aos Coríntios (1Cor 9,16-19.22-23) contemplemos a ação evangelizadora de Paulo, feita na liberdade, fidelidade, gratuidade e obediência incondicional:

“Ele sabe que a salvação é gratuita e que sua tarefa é anunciá-la gratuitamente. A opção de se fazer livremente servo de todos comporta uma metodologia pastoral constante: viver a adaptação aos destinatários, a partilha, a condescendência para com eles, como prolongamento da Encarnação de Jesus Cristo” (1).

Quando alguém como Paulo encontra Cristo e se torna Seu discípulo não pode ficar parado, mas tem que dar testemunho, incansavelmente. Por amor a Deus e aos irmãos está sempre pronto a tudo sacrificar e até mesmo se sacrificar.

Paulo por excelência é aquele que a Cristo encontrou, por Ele se apaixonou, e daí o imperativo da evangelização que sai de sua boca, porque antes se encontra impresso na alma, nas entranhas de seu coração, com a consciência de que a origem do seu ministério não é fruto de uma decisão humana – “Ai de mim se eu não evangelizar” (1Cor 9,16).

O Apóstolo é convicto de que a pregação do Evangelho é uma necessidade da qual não tem como se omitir, renunciar, porque é condição para a sua salvação e participação nas promessas de eternidade contidas no Evangelho do Senhor, que anuncia e testemunha com a própria vida.

Quando o Amor de Deus é absoluto em nossa vida, o tempo é uma figura que passa, as coisas têm o seu exato sentido e tamanho.

Em nossas comunidades eclesiais, na vida da Igreja, muitos problemas deixariam de existir ou se tornariam menores se nossa paixão por Jesus fosse maior. O amor é o bem maior pelo qual se renuncia aos bens menores.

Há sempre muito para se aprender com o Apóstolo, para fazermos de nossa vida um dom a Cristo, ao Reino, aos irmãos.

Aprender a subordinar nossos projetos pessoais aos Projetos divinos, de modo que a nossa vontade seja a de Deus, e não imponhamos a Deus a nossa vontade.

Assim como o amor de Cristo foi a força que lhe permitiu colocar a sua liberdade ao serviço de todos, também o amor de Cristo seja a nossa força, pois “A liberdade cristã nasce do amor e se exerce no amor, por sua vez, realiza-se no dom, no serviço que prolonga o de Jesus” (2).

Reflitamos:

- Não nos falta uma verdadeira paixão por Jesus?
- Não nos falta uma paixão mais sincera, mais inflamada, mais comprometida...?

Concluindo, peçamos a Deus o amor e a gratuidade nos acompanhem na missão evangelizadora; que sejamos sempre iluminados pela Palavra divina que ressoa em toda a Igreja, que é para nós a verdadeira fonte de sabedoria e norma de nossa vida, para compreendermos e amarmos nossos irmãos como Deus ama, e assim sejamos incansáveis servos da bondade e da paz, tudo fazendo, como o Apóstolo, para ganhar alguns a todo custo para Jesus Cristo.


(1) Lecionário Comentado - Editora Paulus - Lisboa - pág.323.
(2) Idem – p.324.

Chamados, amados e enviados para a missão (XDTCA)

                                                       



Chamados, amados e enviados para a missão
 
Com o 10º Domingo do Tempo Comum (Ano A), a Liturgia nos convida a refletir sobre a misericórdia querida por Deus e não os sacrifícios, pois para Ele o essencial não são os atos de culto ou declarações de boas intenções, mas uma adesão verdadeira e coerente ao Seu chamado e proposta de Salvação.
 
Na passagem da primeira Leitura do Livro de Oseias (Os 6,3-6), refletimos sobre o ministério profético de Oseias numa época bastante conturbada (Reino do Norte – Israel), em termos políticos e marcado por violência, insegurança e derramamento de sangue; em termos religiosos por uma grande confusão.
 
O profeta exorta para que o povo reconheça a infidelidade cometida, vivida na idolatria, e redescubra o amor do Senhor, expresso em gestos concretos de amor, ternura, bondade e misericórdia (“hesed”) em favor dos irmãos e irmãs.
 
Reflitamos:
 
- Qual é a sinceridade, fidelidade e profundidade de adesão ao Projeto que Deus tem para nós?
- Qual o desejo e sinais que expressam atitudes de conversão ao amor de Deus?
- Como vivemos este amor a Deus no amor ao próximo? 
 
Na passagem da segunda Leitura (Rm 4,18-25), dirigindo-se aos cristãos que vêm do judaísmo (preocupados com o estrito cumprimento da Lei de Moisés, bem como os que vêm do paganismo), o Apóstolo Paulo reflete sobre o essencial: a fé.

Abraão é apresentado como um exemplo para todos nós, por sua adesão total, incondicional e plena a Deus e aos Seus Projetos. Em Deus, esperou “contra toda a esperança” (Rm 4,18).

De fato, a Salvação é um dom para toda a humanidade, e deve ser acolhida e vivida com confiança, entrega e obediência.

Reflitamos:

 – O que o exemplo de Abraão nos ensina?
– Como acolho e vivo a Salvação como dom de Deus? 
 
Com a passagem do Evangelho (Mt 9,9-13), vemos quão misericordioso é o nosso Deus. Jesus nos chama para segui-Lo, pecadores que somos.
 
De fato, Mateus aceitou o convite sem discussão, e o seguiu de forma incondicional, e esta adesão ao chamamento se chama “Fé”.
 
Nisto consiste o caminho do discípulo missionário do Senhor: encontrá-Lo, escutá-Lo, aceitá-Lo e segui-Lo, acolhido e transformado por Sua Misericórdia.
 
Assim Se expressa o Senhor:
 
– “Aprendei, pois, o que significa: ‘Quero misericórdia e não sacrifício’De fato, Eu não vim para chamar os justos, mas os pecadores” (Mt 9,13).
 
Vejamos o que nos diz o Comentário do Missal Cotidiano:
 
Deus foi sempre o grande incompreendido por parte dos homens. Incompreendido em Seu agir, em Suas intervenções, incompreendido em Seu silêncio, incompreendido em Suas exigências e em Sua lei.
 
Mas a incompreensão maior e mais estranha refere-se à Sua misericórdia. É a incompreensão de quem não crê na misericórdia de Deus, de quem tem medo d’Ele, de quem treme ao pensar em comparecer à Sua presença, e foge do mal unicamente para evitar os Seus castigos...”.
 
Quem souber viver a misericórdia para com o próximo, na sincera e frutuosa prática da acolhida, do perdão, superação, compreenderá o Coração de Deus.
 
Deste modo, saboreará a mais bela e pura alegria, que nasce do perdão dado e recebido.
 
Como discípulos missionários do Senhor, não podemos permitir que o ódio, o rancor, o ressentimento fossilizem ou criem raízes nas entranhas mais profundas do coração.
 
Jamais permitir que a obscuridade ao outro deva ser para sempre imposta pelo seu erro, tropeço, falha.
 
Urge compreender, na exata medida, o erro cometido, sem nada acrescentar, e ter também a maturidade de se colocar no lugar do outro, porque todos somos passíveis de erros.
 
Isto é possível quando nosso coração de pedra se transforma em um coração de carne, terno e manso, para que nele Deus possa frutuosa e ricamente fazer Sua morada.
 
Tão somente assim, tendo os mesmos sentimentos do Senhor Jesus (Fl 2,5), teremos a possibilidade de novas ações, formando e gerando Cristo em nós e no outro, sempre impelidos pelo Amor de Deus derramado em nossos corações pelo Espírito Santo (Rm 5,5).
 
Nisto consiste a edificação de uma Igreja Sinodal: caminharmos todos juntos, vivendo e comunicando a misericórdia, em permanente atitude missionária, sobretudo nas periferias existenciais, como nos fala o Papa Francisco.
 
Reflitamos:
 
- Qual a consistência do nosso amor por Jesus, como Seus discípulos missionários?
- Como Igreja Sinodal, como testemunhar a Misericórdia Divina que se destina a todos os povos?


- Como vivemos a radicalidade no seguimento de Jesus: conversão e misericórdia?
- Como se dá o encontro, escuta, acolhida e seguimento do Senhor, que nos chama apesar de sermos pecadores?
 
 
 
Oremos:
 
Quem poderá compreender o Vosso coração, Senhor?
 
Ó incompreendido amor de Deus, que questiona o amor humano, tão pequeno, quantificável, porque limitado, medido, calculado, com parcimônia por vezes comunicado.
 
Ó incompreendido amor de Deus, que o nosso assim também o seja.
 
Ensinai-nos, que o amor não é para ser compreendido, amor é para amar, simplesmente; sem teorias, explicações, racionalizações.
 
Ajudai-nos a viver o Amor de Cruz, que ama, acolhe, perdoa, renova, faz renascer e rompe a barreira do aparentemente impossível.
 
O amor vivido no extremo da Cruz, que foi, é e será para sempre o verdadeiro amor.
 
Amor tão incompreendido, mas tão necessário e desafiador para a humanidade em todo tempo.
 
Amor que, se vivido, nos credencia para a eternidade de Deus, que é a vivência e mergulho na plenitude de Seu amor, luz, alegria, vida e paz. Amém.
 
 Ps: Apropriado para o dia 21 de setembro, quando celebramos a Festa do Apóstolo e Evangelista São Mateus

Livres para seguir o Senhor (XIIIDTCC)

Livres para seguir o Senhor

A Liturgia do 13º Domingo do Tempo Comum (Ano C) nos convida a refletir sobre o discipulado na fidelidade ao Senhor que nos chama, e a necessária disponibilidade, radicalidade e o dom total da própria vida.

Na passagem da primeira Leitura (1 Rs 19, 16b.19-21), refletimos sobre o chamado que Deus faz a Eliseu: é Deus que chama e espera a nossa pronta resposta.

A vocação do Profeta Eliseu nos ilumina: Deus nos chama não porque estejamos no ócio, ao contrário, por estarmos devidamente ocupados com as coisas do cotidiano: o Profeta “não vem do céu” pronto para a missão e tão pouco se trata de alguém que não sirva para outra coisa.

A vocação profética, antes, é uma prerrogativa divina, uma missão querida e destinada por Deus a quem Ele quiser e chamar.

Para que a vocação profética seja vivida em plena correspondência aos planos divinos, é necessário disponibilidade, generosidade e empenho cotidiano. Ninguém nasce Profeta ou se faz Profeta, tão pouco é um projeto com acabamento final.

Na passagem da segunda Leitura, ouvimos a passagem da Carta de Paulo (Gl 5,  1.13-18), em que somos exortados a nos identificarmos plenamente com Jesus, vivendo a vida nova que Ele nos oferece, na plena liberdade, pois é para a liberdade que Ele  nos libertou (Gl 5,1).

A verdadeira liberdade consiste, portanto, num fruto do Espírito. Viver segundo o Espírito é viver uma liberdade que ninguém pode oferecer, a não ser o próprio Espírito. 

Esta verdadeira liberdade consiste em viver no amor: somente é autenticamente livre quem se libertou de si próprio e vive para doar-se inteiramente aos outros, fazendo da vida um dom de si mesmo.

Uma vida na escravidão consiste em viver centrado em si mesmo, no egoísmo, orgulho, egocentrismo, autossuficiência, individualismo, isolamento empobrecedor.

A passagem do Evangelho (Lc 9,51-62) nos apresenta o caminho do discípulo e as exigências para seguir o Senhor, haja vista o contexto em que Jesus decide ir para Jerusalém consumar a obra da Redenção da humanidade, pelo Mistério de Sua Paixão, Morte e Ressurreição.

Vislumbra-se a presença do Mistério da Cruz presente no caminho, como aparente sinal de fracasso, mas verdadeiramente sinal de vitória, de quem  nos ama e nos ama até o fim, dando a Sua vida para nos salvar.

O  Evangelista nos apresenta o itinerário que deve ser feito por aqueles que creem e aderem a Jesus, Sua Palavra e Pessoa, no compromisso com a Boa-Nova do Reino: é preciso renúncia de tudo e até mesmo da própria vida, amando até as últimas consequências.

A primeira lição que aparece na primeira parte da passagem: o Reino de Deus não acontece pela imposição da força, tão pouco por uma resposta violenta. É preciso sempre reaprender o caminho da não violência.

Na segunda parte, aprendemos que este caminho deve ser percorrido com total disponibilidade sem hesitações ou restrições (despojamento material), sempre abertos ao novo que Deus tem a nos oferecer (que os mortos enterrem os mortos), sem jamais olhar para trás, como sinal de fuga, desistência (quem põe a mão no arado não pode olhar para trás).

Urge que nos coloquemos sempre a caminho, como discípulos missionários do Senhor, no bom combate da fé.

Renovemos a alegria de termos sido escolhidos, amados, chamados e enviados em missão pelo Senhor. É preciso sempre amar, aderir e seguir o Senhor, na mais perfeita e autêntica liberdade.

Reflitamos:

- O  que ainda nos impede de viver a autêntica liberdade, fidelidade, doação e entrega da vida na missão que o Senhor nos confiou?

- O que ainda nos prende e não nos permite de nos abrirmos ao novo que Deus tem a nos oferecer, e que somente quem se abre ao Espírito, é capaz de captar e compreender?

- Somos uma comunidade marcada por relações de amor e doação?
- Damos testemunho da autêntica liberdade no dom da vida ao outro?

Caminhemos para frente, com coragem, ousadia, vivendo a graça da vocação profética. Dando razão de nossa esperança, testemunhando nossa fé numa prática frutuosa da caridade.

Lembremos o que nos ensina a Igreja: na vida de fé quando não se avança, recua-se. Não há tempo a perder, o tempo é breve e a urgência do Reino nos desinstala e o fogo do Espírito nos inflama. Amém.

O Chamamento Divino e a resposta humana! (XIIIDTCC)

O Chamamento Divino e a resposta humana!

A Liturgia do 13.º Domingo do Tempo Comum (ano C) nos convida a refletir sobre “o chamamento divino e a resposta humana”, com Jesus colocando-Se a caminho de Jerusalém, e com Ele muito aprender, por amor a vida entregar e morrer, para com Ele também, um dia, se merecedores, ressuscitar, a glória de Deus contemplar.

A vocação é, verdadeiramente, Dom Divino, que pressupõe uma resposta humana. A vocação é Dom, iniciativa divina, graça por Deus concedida. A resposta humana deve ser dada na liberdade da pessoa.

Assim é a história das vocações bíblicas, e o que vemos ao longo de toda a História.

Deus que nos criou sem nossa participação, não quer nos salvar sem nossa colaboração.

Deus é o chamamento, nós somos a resposta sem fundamentalismos, fanatismos, superficialismos… Deus chama e nós respondemos!

Identificados com Jesus, O seguiremos na liberdade, pois foi para a liberdade que Ele nos libertou (Gl 5,1), de modo que a liberdade é fruto do Espírito de Deus oferecido a cada pessoa.

A verdadeira liberdade é viver no amor. Quanto mais amarmos mais livres seremos. A ausência do amor remete-nos ao passado da escravidão, da vida centrada em si mesmo, marcada pela falsa liberdade que se confunde com libertinagem, que se manifesta no egoísmo, no isolamento, no orgulho, na autossuficiência, no individualismo, no egocentrismo…

Somente se é livre quando se ama…

A vocação do Profeta Eliseu, na passagem da primeira leitura (1 Reis 19,16.19-21), é sinal de que o Profeta não cai do céu, não é alguém inútil, ou perdido no ócio. Não! É alguém ocupado com o seu cotidiano e chamado a dar um salto, um passo para a novidade que Deus instaura no coração daquele que Ele ama, chama e acompanha.

Assim como fizera com Elias, agora faz com Eliseu e assim fará conosco.

Na resposta do chamado de Deus, em todo tempo, exige-se a paciência e confiança em Sua Misericórdia, renúncias, radicalidade da entrega, despojamento, disponibilidade, generosidade, entusiasmo, perseverança, constância, confiança, alegria, liberdade, amor, etc.

Urge que cortemos toda e qualquer amarra que nos impeça de fazer da nossa vida doação total, entrega incondicional, expressa no amor que ama até o fim, até as últimas consequências, assim como fez Jesus que por amor Se entregou em favor de todos nós – “Tendo nos amado, amou-nos até o fim” (Jo 13, 1).

Nossas comunidades, hoje, são levadas a refletir se, de fato, são comunidades voltadas para o amor, se servem ao Reino na liberdade, com amor e alegria.

A Deus se ama e se serve sem hesitações e restrições. Urge que ponhamo-nos a caminho no bom combate da fé, como nos exorta Paulo em sua Carta a Timóteo (2 Tm 4,7-8).

Colocar-se a caminho com Jesus, a serviço do Reino, eis o convite da Liturgia; sem saudades nostálgicas que fixam âncoras no passado, mas com âncoras de esperança e olhar para o futuro acreditando que um novo mundo é possível.

Se olharmos para o passado que seja para avaliar e no presente acertar, e assim o futuro possa alegria maior despertar!

Ao convite amoroso de Deus só nos resta responder na liberdade, com amor, em alegre e profunda adesão, a serviço do Reino nos colocando…

Deus nos chama no tempo presente, como alguém assim tentou expressar em palavras, tão belo e indizível Amor Divino:

“É agora que Te amo, é agora que quero encontrar-Te,
estar contigo”.

Quem sou eu

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