domingo, 6 de outubro de 2024

Quase sete anos depois... "Brasil pós-eleições: compromissos e desafios"


Seis anos depois...
"Brasil pós-eleições: compromissos e desafios"

Diante do momento político que vivemos como nação, voltemo-nos, mais uma vez, para a nota "Brasil pós-eleições: compromissos e desafios" da Presidência da CNBB − Conferência Nacional dos Bispos do Brasil − divulgada em 20 de novembro de 2014.

A nota chamava a atenção para responsabilidade daqueles que foram escolhidos nas eleições de outubro "a responsabilidade colocada sobre seus ombros de não frustrar as expectativas de quem os elegeu e seu compromisso com a ética, a verdade e a transparência no exercício de seu mandato, bem como o dever de servir a todo o povo brasileiro". 

A campanha eleitoral foi a ratificação do processo democrático brasileiro, no qual partidos, candidatos e eleitores puderam debater suas ideias e projetos.

Passadas as eleições, a nota acenava para a urgência da recomposição da unidade no respeito às diferenças e à pluralidade, próprias da democracia:

“Nada justifica a disseminação de uma divisão ou de ódio que depõe contra a busca do bem comum, finalidade principal da Política. O bem de todos coloca a pessoa humana e sua dignidade acima de ideologias e partidos”.

Mencionava a corrupção na Petrobras, acenavam também para a necessária superação da corrupção, porque nenhum país prospera com corrupção.

Falava de outra emergência inadiável que consiste na reforma política, e convicta disso, a CNBB se empenharia ainda mais na coleta de assinaturas para o Projeto de Lei de Iniciativa Popular proposto pela Coalizão pela Reforma Política Democrática e Eleições Limpas, não deixando de lado outras reformas igualmente urgentes como a tributária e a agrária.

Citando o Papa Francisco, reafirmava a importância da participação da Igreja na política como auxílio na construção de uma sociedade justa e fraterna:  

“A política, tão desacreditada, é uma sublime vocação, é uma das formas mais preciosas da caridade, porque busca o bem comum” (Papa Francisco. Evangelii Gaudium, n.205).

Ainda citando o Papa, acenava para o não relegar a religião para a intimidade secreta das pessoas:

“Ninguém pode exigir-nos que releguemos a religião para a intimidade secreta das pessoas, sem qualquer influência na vida social e nacional, sem nos preocupar com a saúde das instituições da sociedade civil, sem nos pronunciar sobre os acontecimentos que interessam aos cidadãos.

Uma fé autêntica – que nunca é cômoda nem individualista – comporta sempre um profundo desejo de mudar o mundo, transmitir valores, deixar a terra um pouco melhor depois da nossa passagem por ela” (Papa Francisco - Evangelii Gaudium, n.183).

Finalizava invocando as bênçãos de Nossa Senhora Aparecida para todo o Brasil, e os que foram eleitos para que sejam fiéis ao compromisso com o bem comum.

Passados três anos, os desafios continuam e não podemos nos curvar à perda da esperança, mas procurar caminhos que solidifiquem a verdadeira democracia, sem repetir os erros.

Vivemos sempre o tempo da denúncia, mas precisamos viver o momento do enunciar novos caminhos, novas propostas, a fim de que, de fato, através da política, que deve ser a sublime expressão da caridade, tenhamos ações que visem e promovam o bem comum.

Que não vejamos a crise como ponto final, mas sempre como possibilidade de novo recomeço.

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG