sábado, 4 de maio de 2024

Acolhidos pela Mãe da Piedade



Acolhidos pela Mãe da Piedade

Em 2018, tivemos a graça da Peregrinação das Paróquias da Região Episcopal Nossa Senhora Aparecida – RENSA – ao Santuário Basílica Nossa Senhora da Piedade – Caeté – MG.

Aproximadamente, 1500 peregrinos (padres, religiosos, religiosas, seminaristas, cristãos leigos e leigas), numa alegre, piedosa, frutuosa e orante participação, acompanhada do encontro de irmãos e irmãs de caminhada, num lugar que encanta nossos olhos, enche nosso coração de paz pelas maravilhas criadas pelas mãos divinas, além de sentirmos a presença de nossa Mãe, sob o título de Nossa Senhora da Piedade, Padroeira de Minas Gerais.

Subimos a Serra da Piedade, como que subindo ao Monte Tabor, e contemplamos a face e presença do Senhor, de modo especial, ao lado de Sua amantíssima Mãe.

O ponto ápice da nossa peregrinação foi, indubitavelmente, a Santa Missa, em que a Liturgia do 5º sábado do Tempo da Páscoa nos ofereceu a passagem do Livro dos Atos dos Apóstolos (At 16,1-10); Salmo 99 e o a passagem do Evangelho de João (Jo 15,18-21).

Na Homilia, destaquei alguns pontos, à luz da Palavra proclamada:

- precisamos ser uma Igreja decididamente missionária, uma Igreja em saída para as periferias existenciais, como tem insistido o Papa Francisco, com a presença e ação do Espírito Santo, revigorando cada dia a nossa fé e fidelidade ao Senhor;

- somos enviados a proclamar a Boa-Nova a todos os povos, em todo o tempo e em todo lugar, pois nisto consiste a missão dos discípulos missionários do Senhor, como nos fala o final da passagem da primeira leitura, em perfeita sintonia com a 5ª Assembleia da Arquidiocese de Belo Horizonte – MG, com seu objetivo maior de proclamar a Palavra oportuna e inoportunamente, à luz da Palavra do Apóstolo Paulo a Timóteo - “prega a Palavra, insiste oportuna e importunamente, repreende, ameaça, exorta com toda paciência e empenho de instrui” (2 Tm 4,2).

Esta missão é possível e necessária, porque o próprio Senhor nos escolheu e nos enviou, como Ele mesmo nos diz na passagem do Evangelho.

Alegremo-nos e exultemos por esta escolha que o Senhor fez, não pelos nossos merecimentos, antes, porque nos ama e em nós depositou Sua confiança.

No entanto, poderemos, a exemplo d’Ele, ser pelo odiados e perseguidos, mas não poderemos jamais temer ou recuar diante dos desafios da evangelização. Assim nos ensinaram os santos e mártires de nossa Igreja. Assim também haveremos de ser e fazer, contando com a presença e ação do Espírito, como amigos do Senhor, na fidelidade ao Projeto do Reino, que o Pai nos confia e nos convida a participar de sua construção.

Após os ritos finais da Santa Missa, tendo ouvido e acolhido a Palavra do Senhor, voltamos para casa renovados, revigorados e motivados a dar continuidade à nossa missão; descemos à planície do quotidiano, para viver a fé, cultivar a esperança, a fim de florescer em frutos Pascais, de quem se move pela caridade, porque amados discípulos do Senhor o somos.

sexta-feira, 3 de maio de 2024

Em poucas palavras...

 


Três recomendações aos párocos

1ª - viver cada vez mais o carisma ministerial específico a serviço das muitas formas de dons semeados pelo Espírito no Povo de Deus;

2º - aprender e praticar o discernimento comunitário, elemento-chave da ação pastoral de uma Igreja sinodal - “conversação no Espírito”;

3º - viver o intercâmbio e a fraternidade entre si e com seus bispos: ser filhos e irmãos para serem bons sacerdotes, viver a comunhão para serem autênticos pais.

 

PS: Recomendações feitas pelo Papa Francisco aos párocos, por ocasião do encerramento do encontro internacional “Párocos em prol do Sínodo - 02 de maio de 2024, em Sacrofano - Roma

A missão dos Apóstolos

                                                 


A missão dos Apóstolos

No dia três de maio, celebramos a Festa dos Apóstolos São Filipe e São Tiago. O primeiro, Filipe, nasceu em Betsaida, inicialmente discípulo de João Batista e depois seguiu a Cristo.

Tiago, filho de Alfeu e primo do Senhor, governou a Igreja de Jerusalém e escreveu uma Carta do Novo Testamento. Levou uma vida de muita austeridade e converteu muitos judeus à fé, recebendo a coroa do martírio no ano 62.

Sejamos enriquecidos pelo “Tratado sobre a prescrição dos hereges”, escrito pelo Presbítero Tertuliano (Séc. III), sobre a pregação apostólica, a qual ambos deram imensa contribuição.

“Cristo Jesus, nosso Senhor, durante a Sua vida terrena, ensinou quem era Ele, quem tinha sido desde sempre, qual era a vontade do Pai que vinha cumprir e qual devia ser o comportamento do homem. Ensinava estas coisas ora em público, diante de todo o povo, ora em particular, aos Seus discípulos. Dentre estes escolheu doze para estarem ao Seu lado, e que destinou para serem os principais mestres das nações. Quando, depois da Sua Ressurreição, estava prestes a voltar para o Pai, ordenou aos onze – pois um deles se havia perdido – que fossem ensinar a todos os povos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.

Imediatamente os Apóstolos (palavra que significa “enviados”) chamaram por sorteio a Matias como duodécimo para ocupar o lugar de Judas, segundo a profecia contida num salmo de Davi. Depois de receberem a força do Espírito Santo com o dom de falar e de realizar milagres, começaram a dar testemunho da fé em Jesus Cristo na Judeia, onde fundaram Igrejas; partiram em seguida por todo o mundo, proclamando a mesma doutrina e a mesma fé entre os povos.

Em cada cidade por onde passaram fundaram Igrejas, nas quais outras Igrejas que se fundaram e continuam a ser fundadas foram buscar mudas de fé e sementes de doutrina. Por esta razão, são também consideradas apostólicas, porque descendem das Igrejas dos Apóstolos.

Toda família deve ser necessariamente considerada segundo sua origem. Por isso, apesar de serem tão numerosas e tão importantes, estas Igrejas não formam senão uma só Igreja: a primeira, que foi fundada pelos apóstolos e que é origem de todas as outras. Assim, todas elas são primeiras e apostólicas, porque todas formam uma só. A comunhão na paz, a mesma linguagem da fraternidade e os laços de hospitalidade manifestam a sua unidade. Estes direitos só têm uma razão de ser: a unidade da mesma tradição sacramental.

Se quisermos saber o conteúdo da pregação dos Apóstolos, e, portanto, aquilo que Jesus Cristo lhes revelou, é preciso recorrer a estas mesmas Igrejas fundadas pelos próprios Apóstolos e às quais pregaram quer de viva voz, quer por seus escritos. 

O Senhor realmente havia dito em certa ocasião: Tenho ainda muitas coisas a dizer-vos, mas não sois capazes de as compreender agora; e acrescentou: quando, porém, vier o Espírito da Verdade, ele vos conduzirá à plena verdade (Jo 16,12-13). 

Com estas palavras revelou aos Apóstolos que nada ficariam ignorando, porque prometeu-lhes o Espírito da Verdade que os levaria ao conhecimento da plena verdade. E, sem dúvida alguma, esta promessa foi cumprida, como provam os Atos dos Apóstolos ao narrarem a descida do Espírito Santo.”

Celebrando a Festa destes Apóstolos, renovemos a alegria de participar da missão que o Senhor nos confiou, como batizados, em nome da Santíssima Trindade, que nos acompanha em todos os momentos.

Ontem, como hoje, são muitos os desafios que se colocam frente à missão de proclamar a Boa-Nova, e não podemos jamais permitir que se esfrie ou se apague a chama do primeiro amor, que viveram os primeiros na fidelidade ao Senhor.

Seja o amor derramado em nossos corações, por meio do Espírito, para que firmemos nossos passos, para que sejamos fiéis a Jesus, O Caminho, a Verdade e a Vida que nos assegura vida plena e definitiva a caminho do Pai.

Filipe e Tiago seguiram o Caminho, foram iluminados pelo esplendor da Verdade, e deram a Vida pelo Senhor, e hoje estão na comunhão e amor e vida plena: céu.

Agora é o nosso tempo, é a nossa hora a ser vivida, com amor, zelo e ardor total, a fim de que a Boa-Nova seja anunciada em todos os tempos e em todos os lugares.

Oremos:

“Ó Deus, Vós nos alegrais cada ano com a Festa dos Apóstolos São Filipe e São Tiago. Concedei-nos, por suas preces, participar de tal modo da paixão e Ressurreição do Vosso Filho que vejamos eternamente a Vossa face. Por nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém”.

São Felipe e São Tiago: fidelidade incondicional ao Senhor

                                                       

São Felipe e São Tiago: fidelidade incondicional ao Senhor

              Sejamos cristãos alegres, corajosos, convictos a caminho do céu, vivendo  no tempo presente a nossa fé em Jesus Cristo, que nos           conduz ao Pai, com a força, presença e  ação do Seu Espírito.

Celebramos, no dia 03 de maio, a Festa dos Apóstolos São Felipe e São Tiago, e, na Liturgia, ouvimos a passagem do Evangelho de São João (Jo 14,6-14), e refletimos sobre a missão da Igreja, que nasce de Jesus na fidelidade ao Pai, é vivificada com a presença e ação do Espírito Santo, continuando o caminho que é o próprio Jesus: Ele é o Caminho, a Verdade e a Vida (Jo 14,6).

Sendo Cristo o fundamento da Igreja, e o amor o distintivo dos cristãos, a missão da Igreja será colocar-se em todos os âmbitos, profeticamente, como instrumento da vida plena e definitiva.

Cabe à comunidade a continuidade da missão de Jesus, no anúncio e testemunho do Evangelho, como homens novos, com vida em plenitude, porque integrados à Família Trinitária: Pai, Filho e Espírito Santo.

A passagem retrata um contexto de despedida de Jesus, e com isto Ele quer deixar no coração dos discípulos uma palavra de confiança e esperança, para que não se desviem e nem abandonem a caminhada com Ele iniciada: indo para o Pai garante a todos que O seguirem o mesmo destino, a glória da eternidade.

A comunidade, acolhendo o Espírito que Ele enviará do Pai, viverá na obediência e fidelidade a Deus, em total entrega de amor e serviço ao próximo.

No entanto, para fazer parte de Sua família é preciso que os discípulos vivam esta total obediência a Deus, trilhando o Caminho que é o próprio Jesus, que ama até o fim, porque de fato, cristãos são os que se põem a caminho. 

Não se pode viver uma fé instalada, acomodada, e tão pouco conceber possíveis recuos.

Como nos exorta o Papa Francisco, sejamos cristãos alegres, corajosos, convictos a caminho do céu, vivendo no tempo presente a nossa fé em Jesus Cristo, que nos conduz ao Pai, com a força, presença e ação do Seu Espírito.

Renovemos em nosso coração, o Amor de Deus infundido em nós pela ação do Espírito, para continuarmos com os pés firmes neste bom Caminho que nos conduz aos céus, à comunhão plena e eterna de Amor. 

Como São Felipe e São Tiago, sigamos o Senhor, pois tão somente Ele é o Caminho, a Verdade e a Vida.

A prática da caridade tudo renova

A prática da caridade tudo renova

Percorrendo o itinerário Quaresmal, a Igreja nos enriquece com o Sermão do Papa São Leão Magno (Séc. V), sobre o bem da caridade, que somos chamados a viver mais intensamente neste tempo.

“Diz o Senhor no Evangelho de João: Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros (Jo 13,35). E também se lê numa Carta do mesmo Apóstolo: Caríssimos, amemo-nos uns aos outros, porque o amor vem de Deus e todo aquele que ama nasceu de Deus e conhece Deus. Quem não ama, não chegou a conhecer Deus, pois Deus é amor (1 Jo 4,7-8).

Examine-se a si mesmo cada um dos fiéis, e procure discernir com sinceridade os mais íntimos sentimentos de seu coração. Se encontrar na sua consciência algo que seja fruto da caridade, não duvide que Deus está com ele; mas se esforce por tornar-se cada vez mais digno de tão grande hóspede, perseverando com maior generosidade na prática das obras de misericórdia.

Se Deus é amor, a caridade não deve ter fim, porque a grandeza de Deus não tem limites.

Para praticar o bem da caridade, amados filhos, todo tempo é próprio. Contudo, estes dias da Quaresma, a isso nos exortam de modo especial. Se desejamos celebrar a Páscoa do Senhor com o espírito e o corpo santificados, esforcemo-nos o mais possível por adquirir essa virtude que contém em si todas as outras e cobre a multidão dos pecados.

Ao aproximar-se a celebração deste Mistério que ultrapassa todos os outros, o Mistério do Sangue de Jesus Cristo que apagou as nossas iniquidades, preparemo-nos em primeiro lugar mediante o sacrifício espiritual da misericórdia; o que a bondade divina nos concedeu, demo-lo também nós àqueles que nos ofenderam.

Seja, neste tempo, mais larga a nossa generosidade para com os pobres e todos os que sofrem, a fim de que os nossos jejuns possam saciar a fome dos indigentes e se multipliquem as vozes que dão graças a Deus.

Nenhuma devoção dos fiéis agrada tanto a Deus como a dedicação para com os Seus pobres, pois nesta solicitude misericordiosa Ele reconhece a imagem de Sua própria bondade.

Não temamos que essas despesas diminuam nossos recursos, porque a benevolência é uma grande riqueza e não podem faltar meios para a generosidade onde Cristo alimenta e é alimentado. Em tudo isso, intervém aquela mão divina que ao partir o pão o faz crescer, e ao reparti-lo multiplica-o.

Quem dá esmola, faça-o com alegria e confiança, porque tanto maior será o lucro quanto menos guardar para si, conforme diz o santo Apóstolo Paulo: 

Aquele que dá a semente ao semeador e lhe dará pão como alimento, Ele mesmo multiplicará vossas sementes e aumentará os frutos da vossa justiça (2Cor 9,10), em Cristo Jesus, nosso Senhor, que vive e reina com o Pai e o Espírito Santo pelos séculos dos séculos. Amém.”

Seja para nós este tempo, o tempo favorável de nossa salvação, com gestos de caridade multiplicados, expresso pelas obras de misericórdia corporais: Dar de comer a quem tem fome; dar de beber a quem tem sede; vestir os nus; dar pousada aos peregrinos; assistir aos enfermos; visitar os presos; enterrar os mortos. Do mesmo modo, as obras de misericórdia espirituais: Dar bom conselho; ensinar os ignorantes; corrigir os que erram; consolar os aflitos; perdoar as injúrias; sofrer com paciência as fraquezas do nosso próximo; rogar a deus por vivos e defuntos. 

Façamos progressos maiores ainda na devoção que mais agrada a Deus: a dedicação para com os pobres, com os quais se identificou, fazendo-se pobre para nos enriquecer de todas as graças, bens e dons, como nos diz o Apóstolo Paulo (Fl 2,1-11).

Uma súplica a Deus elevamos, para que a realidade sociopolítica que vivemos, marcada por corrupção, desvios de verbas, desesperança, desemprego, violência, e tantas outras marcas indesejáveis, cedam lugar às novas posturas, novos valores, salutares e proféticos compromissos com a fraternidade, a justiça e a paz.

Seja, de fato, a política a mais sublime expressão da caridade, pois tão somente assim, possibilitaremos para todos, sem exceção, vida plena, digna e feliz.

Em poucas palavras...

                                                           


A caridade: virtude teologal

“A caridade é a virtude teologal pela qual amamos a Deus sobre todas as coisas por Ele mesmo, e ao próximo como a nós mesmos, por amor de Deus”. (1)

 

(1)Catecismo da Igreja Católica – n. 1822

“Espera, ó minha alma”


“Espera, ó minha alma”

No parágrafo número 1821 do Catecismo da Igreja Católica, encontramos uma citação iluminadora de Santa Teresa de Jesus:

“Espera, ó minha alma, espera. Ignoras o dia e a hora. Vigia cuidadosamente, tudo passa com rapidez, ainda que tua impaciência torne duvidoso o que é certo, e longo um tempo bem curto.

Considera que, quanto mais pelejares, mais provarás o amor que tens a teu Deus e mais te alegrarás um dia com teu Bem-Amado numa felicidade e num êxtase que não poderão jamais terminar”.

Diante de dificuldades, resultados a serem alcançados, respostas esperadas, entre outras tantas situações, por vezes, somos tomados pela impaciência.

À espera de uma resposta de Deus, muitas vezes, a impaciência coloca à prova nossa fé e esperança, no entanto, é preciso perseverar na confiança inabalável.

“Espera, ó minha alma, espera”, pensamento que, como um refrão, deve costurar os parágrafos de nossa história, sem perdas de conexões, a fim de que se alcance o desejado.

E a mais bela “espera”: provar o amor que temos por Deus, numa alegria imensurável diante do Bem-Amado, Jesus, para viver o transbordamento da alegria que jamais passará.

Supliquemos a Deus que nos ajude a perseverar e esperar, com plena confiança no que Ele sempre tem de melhor para nós.

“Espera, ó minha alma, espera”. Reencontremos dentro de nós a paz, porque é lá, bem dentro de cada de um nós, que Deus fez Sua morada, Seu Templo.

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG