sábado, 27 de maio de 2023

Livres para viver o discipulado (27/05)

 


Livres para viver o discipulado
 
Com a passagem do Evangelho de Marcos (Mc 10,17-27), reflitamos sobre o essencial e o efêmero em nossa vida; quais são as nossas verdadeiras riquezas e escolhas que fazemos. 
 
Como discípulos missionários do Senhor, é preciso aprender a renunciar a certos valores perecíveis, a fim de adquirir os valores da vida verdadeira e eterna.
 
Oportuno voltarmos à passagem do Livro da Sabedoria (Sb 7,7-11), o Livro mais recente do Antigo Testamento que: apresentando o jovem Salomão como modelo de homem sábio, nos mostra que a verdadeira sabedoria é mais valiosa que ouro, riqueza, saúde, e consiste em acolher as propostas de Deus com humildade e disponibilidade. 

Somente Deus garante a verdadeira sabedoria e a verdadeira felicidade, e ela consiste em escolher as coisas certas; tomar as corretas decisões para o alcance do êxito, da felicidade. É preciso ter ouvidos e coração abertos à sabedoria de Deus que é dom para todos, e tão somente ela, dom de Deus, garante o alcance da liberdade diante de todos os bens.
 
Voltando à passagem do Evangelho, que tem como mensagem: escutar, acolher e viver a proposta de Jesus, numa autêntica resposta de amor marcada por uma vida de doação, partilha, solidariedade, entrega, fidelidade, para além de toda perseguição e incompreensão.
 
A opção por Jesus não nos empobrece, muito pelo contrário, nos enriquece e nos garante a verdadeira felicidade a caminho da eternidade. O Caminho do Reino é exigente e garante a vida eterna.
 
A opção de seguir Jesus tem seu preço, mas tem também seus ganhos/recompensas: uma vida plena e feliz e por fim a eternidade. 

A vida eterna é, portanto, dom de Deus e compromisso nosso, e ela começa já, numa vida marcada, inevitavelmente, pelo amor, doação e serviço.
 
Ser cristão não é ser um pobre coitado condenado a passar ao lado da vida e da felicidade, mas é, sobretudo, ser alguém que renunciou a certas propostas falíveis, passageiras, parciais de felicidade, encontrando em Jesus e na Boa Nova do Reino a sua grande riqueza.
 
Deste modo, a Palavra de Deus é para nós fonte inesgotável de sabedoria e vida, sobretudo quando somos transformados por Ela.
 
Reflitamos:
 
- Com nossa vida e testemunho, provocamos o encantamento por Jesus diante daqueles com quem convivemos?
- Como correspondemos à proposta amorosa que Jesus conosco renova em cada Eucaristia?

- O que nos impede de viver a sabedoria de Deus, assumindo com coragem o Projeto Divino?
- Há algo que ainda nos escraviza e nos torna autossuficientes diante da proposta de Jesus?
 
- De que modo acolho a sabedoria divina e de que modo oriento minha existência por ela?
- Quais são os valores efêmeros e eternos de minha vida?
 
- Qual é a hierarquia de valores em minha vida?
- Qual é a eficácia da Palavra de Deus em minha vida?

Oremos:
 
Senhor, que tão amados por Vós,
Saibamos corresponder ao Vosso Amor.
Dai-nos a liberdade de coração para segui-Lo,
Ouvindo e acolhendo Vossa Palavra.
 
Libertai-nos de nossas aparentes riquezas,
para que Vós sejais nossa mais bela e imensurável riqueza, que não se corrói, que não se estraga, que não se rouba, que nos garante a felicidade no tempo presente e a glória da imortalidade. Amém!

Que eu corresponda ao Teu olhar de Amor, Senhor! (27/05)

Que eu corresponda ao Teu olhar de Amor, Senhor!

Naquele dia,
Ele olhou nos olhos “daquele homem rico”, um anônimo do Evangelho (Mc 10,17-27).

- Quem é aquele ao qual Jesus dirigiu Seu olhar com Amor?
- Quem é aquele ao qual Jesus propôs que tudo vendesse e desse aos pobres, em sinal de despojamento?
- Quem é aquele que foi convidado a alcançar um tesouro no céu?

“Ele” sou eu, é você; é a humanidade que precisa discernir os valores, os tesouros oferecidos por Deus. Mais ainda, é todo aquele que procura um sentido para a própria vida.

O olhar de Amor do Senhor continua voltado para nós, embora muitas vezes Seu amor não seja correspondido.

O olhar de Amor do Senhor se volta ao povo sofrido, convidando-o a redescobrir os caminhos da fraternidade/solidariedade.

O olhar de Amor do Senhor, incansavelmente, se volta para mim e para você. Ele nos propõe a salvação como dom divino e resposta humana.
Não nos ocorra, Senhor, a indiferença ao Vosso olhar de Amor.

Não nos ocorra nos apegarmos aos bens que passam, não abraçando os que não passam (amor, verdade, justiça, fraternidade, liberdade…).

Não caiamos na tentação da mesmice, expressa numa vida instalada, mãos cheias, mas coração vazio.

Não nos voltemos entristecidos para nossos aparentes tesouros, mas que diante de Deus são apenas relativas preciosidades, pois sem Ele nada tem valor, nada nos preenche.

Não tome a tristeza conta de nosso coração diante da proposta que O Senhor faz a todos nós e não tenhamos medo de corresponder ao Divino olhar e Projeto de Amor que tem para nós.

Tenhamos a coragem para tudo renunciar, para totalmente livres, ao imprescindível Amor de Deus, acolher, anunciar, testemunhar…

Coloquemo-nos no lugar daquela pessoa “daquele homem rico”, vivenciar aquele mesmo olhar. Não um vil olhar, mas um olhar de amor.

Como Deus nos olha?
Olha-nos com olhar de Amor…

Envolve-nos com laços de ternura.

Oremos:

Senhor, que através de minha vida, não somente através do mal que não devo fazer, mas pelo bem que devo fazer, corresponder ao Vosso olhar de Amor.

Senhor, concedei-me a graça para que as pessoas vejam no meu olhar, alguém que inesquecivelmente um dia foi por Vós olhado, percebido, acreditado, amado…

Seja meu amor seja uma resposta ao Vosso amor; que me amou primeiro. Amando-me primeiro, amarás até o fim, além de toda e qualquer rejeição.

Senhor, quero corresponder ao Vosso olhar de Amor: amando-Vos, seguindo-Vos; recebendo cem vezes mais irmãos, irmãs, bens, e se preciso for, perseguições suportar. Ainda que elas venham, não me faltará Vosso Amor…

Ó Senhor, 
como é feliz quem se deixa envolver pelo Vosso olhar 
e não se cansa de corresponder a ele.
Experimenta a mais desejada felicidade 
que somente em Vós podemos encontrar. 
Amém.

“Vai, vende tudo o que tens e segue-me!” (27/05)

“Vai, vende tudo o que tens e segue-Me!”

Reflexão à luz da passagem do Evangelho de Marcos (Mc 10,17-27), comumente chamada a passagem do “jovem rico”.

Jesus nos apresenta a necessária disponibilidade às exigências para segui-Lo: a pobreza e a obediência.

Quanto à primeira, esta se manifesta na pobreza do desprendimento afetivo e pobreza efetiva, e a liberdade para o discipulado será diretamente proporcional à pobreza, como sinônimo desapego alcançado.

Com estas, se alcança a liberdade, favorecendo o desapego, assim como Ele mesmo o fez - “Cristo Jesus despojou-Se a Si mesmo, tomando a forma de escravo, e tornando-Se semelhante ao ser humano. E encontrando em aspecto humano, humilhou-Se, fazendo-Se obediente até a morte – e morte de Cruz!” (Fl 2,7-8).

Deste modo, os discípulos deverão testemunhar a caridade e humildade de Cristo, imitando o Seu aniquilamento, vivendo e aceitando a pobreza, na liberdade dos filhos de Deus, com a renúncia das próprias vontades.

Oremos:

“Ó Deus, sois o amparo dos que em Vós esperam e, sem Vosso auxílio, ninguém é forte, ninguém é santo; redobrai de amor para conosco, para que, conduzidos por Vós, usemos de tal modo os bens que passam, que possamos abraçar os que não passam. Por nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém!”.(1)


Fonte: Missal Cotidiano- Editora Paulus – p.822
(1) Oração do dia - 17º Domingo do Tempo Comum

sexta-feira, 26 de maio de 2023

São Filipe Néri: o Santo da Alegria (26/05)

 
                      São Filipe Néri: o Santo da Alegria

São Filipe, cuja Memória é celebrada no dia 26 de maio, nasceu em Florença (Itália), em 1515.

Foi um homem de oração, penitência, adoração, numa vida de grande perfeição cristã.

Ele é chamado de “o santo da alegria”, e como tantos outros, disse sim para a glória de Deus, no seu serviço.

Vivendo da Divina Providência, e notabilizado por seu amor ao próximo e simplicidade evangélica, ia ao encontro dos lares dos ricos para pedir ajuda para os empobrecidos.

Iniciou da obra do Oratório do Divino Amor, dedicando-se aos jovens.

Morreu com 80 anos, em 1595, testemunhando até o fim a alegria de seguir Jesus Cristo, tomando sua cruz de cada dia, com suas renúncias necessárias.

Oremos:

“Meu Jesus Cristo,
quero a Vós servir
e não encontro o caminho.
Quero fazer o bem
e não encontro o caminho.
Quero a Vós encontrar
e não encontro o caminho.
Quero a Vós amar
e não encontro o caminho.
Ainda não Vos conheço, meu Jesus,
porque não Vos procuro.
Procuro-Vos e não Vos encontro.
Vinde até mim, meu Jesus.
Nunca Vos amarei,
se não me ajudardes, meu Jesus.
Cortai as minhas amarras
se quiserdes que eu seja Vosso.
Jesus, sede para mim Jesus. Amém!”

quinta-feira, 25 de maio de 2023

O Espírito e a alma como dois rios se confluem... (25/05)

O Espírito e a alma como dois rios se confluem...

Santa Maria Madalena de Pazzi, virgem (Séc. XVI), cuja Memória celebramos no dia  25 de maio, nos enriquece espiritualmente com seus escritos sobre a Revelação e a provação.

“Verdadeiramente és admirável, ó Verbo de Deus, no Espírito Santo, fazendo com que Ele Se infunda de tal modo na alma, que ela se una a Deus, conheça a Deus, e em nada se alegre fora de Deus.

O Espírito Santo vem à alma, marcando-a com o precioso selo do Sangue do Verbo, ou seja, do Cordeiro imolado.

Mais ainda, é esse mesmo Sangue que o incita a vir, embora o próprio Espírito já por Si tenha esse desejo.

O Espírito que assim deseja é em Si a substância do Pai e do Verbo; procede da essência do Pai e da vontade do Verbo; vem como fonte que se difunde na alma, e a alma Nele mergulha toda.

Assim como dois rios, confluindo, de tal modo se misturam que o menor perde o nome e recebe o do maior, do mesmo modo age este Espírito Divino, quando vem à alma, para com ela Se unir.

É preciso, pois, que a alma, por ser menor, perca seu nome e o ceda ao Espírito Santo; e deve fazer isto se transformando de tal maneira no Espírito que se torne com Ele uma só coisa.

Este Espírito, porém, distribuidor dos tesouros que estão no coração do Pai e guarda dos segredos entre o Pai e o Filho, derrama-se com tanta suavidade na alma, que não se percebe Sua chegada e, pela Sua grandeza, poucos O apreciam.

Por Sua densidade e Sua leveza, entra em todos os lugares que estão aptos e preparados para recebê-Lo.

Na Sua Palavra frequente, como também no Seu profundo silêncio, é ouvido por todos; com o ímpeto do Amor, Ele, imóvel e mobilíssimo, penetra em todos os corações.

Não ficas, Espírito Santo, no Pai, imóvel, nem no Verbo; contudo, sempre estás no Pai e no Verbo e em Ti mesmo, e também em todos os espíritos e criaturas bem-aventuradas.

Estás ligado à criatura por estreitos laços de parentesco, por causa do Sangue derramado pelo Verbo Unigênito que, pela veemência do Amor, Se fez irmão de Sua criatura.

Repousas nas criaturas que se predispõem com pureza a receber em si, pela comunicação de Teus Dons, a Tua própria presença.

Repousas nas almas que acolhem em si os efeitos do Sangue do Verbo e se tornam habitação digna de Ti.

Vem, Espírito Santo. Venha a unidade do Pai e do bem-querer do Verbo.

Tu, Espírito da Verdade, és o Prêmio dos santos, o Refrigério dos corações, a Luz das trevas, a Riqueza dos pobres, o Tesouro dos que amam, a Saciedade dos famintos, o Alívio dos peregrinos; Tu és, enfim, Aquele que contém em Si todos os tesouros.

Vem, Tu que, descendo em Maria, realizaste a encarnação do Verbo, e realiza em nós, pela graça, o que nela realizaste pela graça e pela natureza.

Vem, Tu que és o Alimento de todo pensamento casto, a Fonte de toda clemência, a Plenitude de toda pureza.

Vem e transforma tudo o que em nós é obstáculo para sermos plenamente transformados em Ti”.

Santa Maria Madalena de Pazzi, natural de em Florença (Itália), recebeu uma piedosa educação e entrou na Ordem das Carmelitas.

Agraciada por Deus com Dons extraordinários, sua vida foi marcada pela oração e abnegação, rezando assiduamente pela reforma da Igreja e dirigindo suas irmãs religiosas no caminho da perfeição.

Preparando-nos para a Festa de Pentecostes, a ser celebrado brevemente, muito nos ajuda esta reflexão para o aprofundamento sobre a Ação do Espírito Santo.

Espírito Santo e alma, como dois rios que confluem!
Façamos nossa a sua súplica ao Espírito Santo:
“Vem Espírito Santo...”

PS: Liturgia das Horas - Vol. III – pág. 1312-1313.  

São Beda: memorável testemunha do Senhor (25/05)

São Beda: memorável testemunha do Senhor

Celebramos, no dia 25 de maio, a Memória Facultativa do Venerável  Presbítero e Doutor da Igreja, São Beda.

Sejamos enriquecidos pela “Carta de Cutberto”, sobre a morte do Venerável  (Séc. VIII), sobre o momento de sua morte, e o seu santo desejo de ver a Cristo.

“Ao chegar a terça-feira antes da Ascensão do Senhor, Beda começou a respirar com mais dificuldade e apareceu um pequeno tumor em seu pé. Mas, durante todo aquele dia, ensinou e ditou as suas lições com boa disposição.

A certa altura, entre outras coisas, disse: ‘Aprendei depressa; não sei por quanto tempo ainda viverei e se dentro em breve o meu Criador virá me buscar’. Parecia-nos que ele sabia perfeitamente quando iria morrer; tanto assim que passou a noite acordado e em ação de graças.

Raiando a manhã, isto é, na quarta-feira, ordenou que escrevêssemos com diligência a lição começada; assim fizemos até às nove horas. A partir desta hora, fizemos a procissão com as relíquias dos santos, como mandava o costume do dia. Um de nós, porém, ficou com ele, e disse-lhe: ‘Querido mestre, ainda falta um capítulo do livro que estavas ditando. Seria difícil pedir-te para continuar?’ Ele respondeu: ‘Não, não custa nada; toma a tua pena e tinta, e escreve sem demora’. E assim fez o discípulo.

Às três horas da tarde, disse-me: ‘Tenho em meu pequeno baú algumas coisas de estimação: pimenta, lenços e incenso. Vai depressa chamar os presbíteros do nosso mosteiro para que distribua entre eles os presentinhos que Deus me deu’.

Quando todos chegaram, falou-lhes, exortando a cada um e pedindo-lhes que celebrassem missas por ele e rezassem por sua alma; o que lhe prometeram de boa vontade.

Todos choravam e lamentavam, principalmente por lhe ouvirem manifestar a persuasão de que não veriam mais por muito tempo o seu rosto neste mundo. No entanto, alegraram-se quando lhes disse: ‘Chegou o tempo, se assim aprouver a meu Criador, de voltar para aquele que me deu a vida, me criou e me formou do nada quando eu não existia. Vivi muito tempo, e o misericordioso Juiz teve especial cuidado com a minha vida.

Aproxima-se o momento de minha partida (2Tm 4,6), pois tenho o desejo de partir para estar com Cristo (Fl 1,23). Na verdade, minha alma deseja ver a Cristo, meu rei, na sua glória’. E disse muitas outras coisas, para nossa edificação, conservando a sua alegria de sempre até à noitinha.

O jovem Wilberto, já mencionado, disse: ‘Querido mestre, ainda me falta escrever uma só frase’. Respondeu ele: ‘Escreve depressa’. Pouco depois disse o jovem: ‘Agora a frase está terminada’. ‘Disseste bem, – continuou Beda – tudo está consumado (Jo 19,30). Agora, segura-me a cabeça com tuas mãos, porque me dá muita alegria sentar-me voltado para o lugar santo, onde costumava rezar; assim também agora, sentado, quero invocar meu Pai’.

E colocado no chão de sua cela, cantou: ‘Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo’. Ao dizer o nome do Espírito Santo, exalou o último suspiro.

Pela grande devoção com que se consagrou aos louvores de Deus na terra, bem devemos crer que partiu para a felicidade das alegrias do céu”

Nasceu no território do mosteiro beneditino de Wearmouth (Inglaterra), em 673; foi educado por São Bento Biscop e ingressou no referido mosteiro, onde recebeu a ordenação de presbítero; e morreu no ano de 735.

Desempenhou o seu ministério dedicando-se ao ensino e à atividade literária, escrevendo obras de cunho teológico e histórico, seguindo a tradição dos Santos Padres e explicando a Sagrada Escritura de forma simples e profunda.

O testemunho do Venerável nos permite contemplar um homem de grande sabedoria e simplicidade de vida (como ele mesmo fala no final da vida, ao repartir com os seus os “presentinhos de Deus”, serenidade e confiança em Deus no momento último da existência (a morte).

Oremos:

“Ó Deus, que iluminais a Vossa Igreja com a erudição do Vosso presbítero São Beda, o Venerável, concedei-nos sempre a luz da sua sabedoria e o apoio de seus méritos. Por nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.

quarta-feira, 24 de maio de 2023

Pela força do Evangelho, o Espírito rejuvenesce a Igreja

Pela força do Evangelho, o Espírito rejuvenesce a Igreja

Estamos na grande Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, e em preparação para a grande Festa de Pentecostes.

Esta citação “Da Constituição Dogmática Lumen Gentium” sobre a Igreja como luz do mundo, do Concílio Vaticano II (Séc. XX), muito nos ajuda na reflexão sobre a Missão do Espírito Santo na Igreja e a necessária Unidade dos Cristãos:

“Terminada na terra a obra que o Pai confiou ao Filho, o Espírito Santo foi enviado no Dia de Pentecostes a fim de santificar continuamente a Igreja e, por Cristo, no único Espírito, terem os fiéis acesso junto ao Pai.

Ele é o Espírito da vida, a fonte de água que jorra para a vida eterna. Por Ele, o Pai dá vida aos homens mortos pelo pecado, até ressuscitar em Cristo seus corpos mortais. O Espírito habita na Igreja e nos corações dos fiéis como em um templo. Neles ora e dá testemunho da adoção de filhos.

Conduz a Igreja ao conhecimento da verdade total, unifica-a na comunhão e nos ministérios, ilumina-a com diversos dons carismáticos e hierárquicos e enriquece-a com seus frutos.

Pela força do Evangelho, rejuvenesce a Igreja, renovando-a constantemente e a conduz à perfeita união com seu Esposo. Pois o Espírito e a Esposa dizem ao Senhor Jesus: “Vem!”

Assim se apresenta a Igreja inteira como um povo reunido pela unidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo. O conjunto dos fiéis, consagrado pela unção do Espírito Santo, não pode enganar-se na fé.

Esta peculiaridade se exprime através do sentido sobrenatural da fé, quando na sua totalidade, a hierarquia e os fiéis leigos, manifestam um consenso universal em matéria de fé e costumes.

Com este senso de fé, formado e sustentado pelo Espírito da verdade, o povo de Deus, guiado pelo sagrado magistério a que obedece com fidelidade, acolhe não mais como palavras dos homens, mas, na realidade, a Palavra de Deus, e adere sem esmorecimento à fé que, uma vez para sempre, foi transmitida aos santos (Jd 3).

Nela penetra sempre mais profundamente, com reto julgamento, e cada vez mais plenamente a põe em prática em sua vida. Além disso, por meio dos Sacramentos e Ministérios, o Espírito Santo não apenas santifica e conduz o povo de Deus e o adorna com virtudes, mas ainda distribui a cada um Seus dons conforme quer (1Cor 12,11), e concede também graças especiais aos fiéis de todas as condições.

Torna-os assim aptos e disponíveis para assumir deveras obras ou funções, em vista de uma séria renovação e mais ampla edificação da Igreja, conforme foi dito:

A cada um é dada a manifestação do Espírito em vista do bem comum (1Cor 12,5). Estes Carismas devem ser recebidos com ação de graças e consolação. Pois, todos desde os mais extraordinários aos mais simples e comuns, são perfeitamente apropriados e úteis às necessidades da Igreja”.

Urge redescobrir cada vez mais as três Pessoas da Santíssima Trindade, cada uma com Sua missão própria no mistério e comunhão e unidade no rejuvenescimento da Igreja.

Que a força do Espírito Santo continue rejuvenescendo a vida da Igreja, e assim, vivamos a Missão que o Senhor nos confiou para que o Reino de Deus se torne presente em nosso meio.

Não basta ser batizado, é preciso que sejamos Discípulos Missionários do Senhor. Não importa o tempo, o lugar...

É sempre tempo de irradiar a luz, a alegria, a força, a vitalidade que o Espírito derrama, abundantemente, em nós, para quem precisa, sobretudo, àqueles que em nada mais acreditam, reacendendo a esperança daqueles que nada mais esperam!

PS: Liturgia das Horas - Vol. II - pág. 890-891.

Quem sou eu

Minha foto
4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG