terça-feira, 1 de julho de 2025

Glorifiquemos o nome de Deus

 


Glorifiquemos o nome de Deus

Com o comentário sobre Ageu, escrito pelo bispo São Cirilo de Alexandria séc. V), refletimos sobre o nome de Deus, que é glorificado entre todas as nações.

“Por ocasião da vinda de nosso Salvador, o templo se manifestou sem comparação mais glorioso e mais divino, mais ilustre e excelente do que o antigo.

Assim o julga quem percebe a diferença entre o culto da religião da lei e o culto evangélico de Cristo, e entre a realidade e sua sombra. 

A este respeito creio poder dizer o seguinte. Existia um só templo, unicamente, em Jerusalém, e um único povo, o israelita, ali oferecia sacrifícios. Todavia, depois que o Unigênito, sendo o Deus e Senhor que resplandeceu para nós (Sl 117,27), conforme a Escritura, Se tornou semelhante a nós, o restante do orbe da terra encheu-se de casas santas e de inumeráveis adoradores que honram com incenso e sacrifícios espirituais o Deus do universo.

Foi isto que, segundo me parece, predisse Malaquias, falando em nome de Deus: Porque sou Eu o grande rei, diz o Senhor, e meu nome é glorificado entre as gentes e em todo lugar se oferece incenso a meu nome e um sacrifício puro (cf. Ml 1,11). 

É, portanto, verdade que a glória do último templo – entenda-se a Igreja – seria maior. Aos dedicados que trabalham em sua edificação será dada pelo Salvador, como recompensa e dom do céu, o Cristo, paz de todos: por quem temos acesso junto ao Pai no único Espírito (cf. Ef 2,18). É o que afirma: Darei a paz a este lugar e paz da alma para aumento de todos quantos houverem trabalhado para levantar este templo (Ag 2,9).

Em outro lugar também diz Cristo: Eu vos dou a minha paz (Jo 14,27). Qual seja sua atuação nestes que O amam, Paulo explica: A paz de Cristo, que ultrapassa todo entendimento, guarde vossos corações e inteligências (cf. Fl 4,7).

Igualmente o sábio Isaías orava: Senhor, nosso Deus, dá-nos a paz, pois Tu nos tratas como nossas ações merecem (Is 26,12). Porque para quem recebeu uma vez a paz de Cristo, torna-se fácil guardar a própria alma e dirigir o esforço para o dom da virtude bem exercida. 

Por isto se declara que será dada a paz a todo aquele que constrói. Seja alguém edificador da Igreja e sacerdote, seja intérprete dos sagrados mistérios, foi estabelecido sobre a casa de Deus. E se cuidar de sua alma, vivendo como pedra viva e espiritual para o templo santo e habitação de Deus no Espírito (cf. Ef 2,22), alcançará por prêmio a salvação sem dificuldade.”

Glorifiquemos o nome de Deus, como Igreja que somos, vivendo como pedra viva e espiritual, para o templo santo e habitação de Deus no Espírito, como disse o apóstolo Paulo aos Efésios.

Como membros da Igreja, todos somos chamados, pelo batismo, a glorificar o nome de Deus, e assim o fazemos, quando nos tornamos alegres discípulos missionários do Senhor, com a força e presença do Espírito, que aquece nossos corações, e teremos a luz divina em nosso olhar.

Teremos, portanto, como os discípulos de Emaús, o coração ardente, os olhos abertos e os pés sempre a caminho, no anúncio e testemunho da Boa Nova do Reino de Deus.

 

"Eterna Chama’'

                                                                       

"Eterna Chama’'

“Quem dentre nós habitará com o fogo consumidor?
 Quem dentre nós habitará com as labaredas eternas?” (Is 33,14)

Acordei e pensei sobre os meus problemas,
e confesso, tive vontade de fugir.
Minhas forças pareciam ter sumido,
Mas diante de Deus me recolhi.

Para quem se abre ao Santo Espírito,
Os problemas não deixam de existir,
Mas quem conta com a Eterna Chama
Pode vencê-los, sem jamais desistir.

Horas passadas, já era meio-dia,
Sol brilhando, sem sombras de mim,
Também sem o mesmo sentimento,
Que pela manhã fortemente senti.

Já era tarde, sol poente no horizonte,
Como que se despedindo para um novo dia,
Voltando como sempre, ainda que não pense,
Assim é o Sol Nascente que sempre vem nos visitar.

Ó Jesus, com o Fogo da Eterna chama, comigo estás,
Tão silenciosamente e docemente sinto Tua presença,
Como presente, o Amor do Pai a me abraçar,
Chama Eterna, meu coração sempre abrasar.

Ó Eterna Chama Divina, ó Divino fogo consumidor,
Tu que me consomes me refazendo,
Me inflamas com Tuas Labaredas Eternas,
Para que não se congelem meus sonhos.

Ó Eterna Chama Divina, ó Divino fogo consumidor,
Não há nada e nenhum problema que possa,
Irremediavelmente, minhas forças exaurir,
Tens a Chama Eterna para meu coração reluzir... 

Oliveiras e candelabros do Senhor

 


Oliveiras e candelabros do Senhor 

Apóstolos, Pedro e Paulo,
“São duas oliveiras
Diante do Senhor,
Brilhantes candelabros
De esplêndido fulgor.”(1)
 
Selaram a missão com o martírio,
Vidas configuradas a quem tanto amaram:
Jesus Cristo, Nosso Senhor,
Da humanidade, Divino Redentor
A Ele, toda honra, glória, poder e louvor.
 
Vidas modeladas pela Palavra divina,
Mais que cortante e penetrante
Do que a espada nas Escrituras mencionada,
Dividindo a alma e o espírito,
Seguiram passos firmes e confiantes.
 
Despojamento incondicional testemunhado,
Sem pompas nem acastelamentos enganadores,
Pois tão somente no Senhor depositavam a esperança,
Fé autêntica na Divina Fonte do Amor:
Corações seduzidos pelo Fogo Abrasador.
 
Duas histórias de paixão pelo Senhor,
Coragem vivida sob a luz das estrelas,
Iluminados pela Luz do Sol Nascente,
Fidelidade provada em todo tempo,
Acrisolada, pelo fogo do amor purificador.
 
Sacrifício, combate e empenho -
Em cada linha da história de ambos,
Foram escritas para sempre:
Um o Martírio pela cruz, o outro pela espada,
Na glória celestial, vidas eternizadas. Amém.


(1) Ofício das Leituras - Hino da Solenidade de São Pedro e São Paulo

Em poucas palavras...

                                                  


Fé: dom gratuito de Deus

“A fé é um dom gratuito de Deus ao homem. Mas nós podemos perder este dom inestimável. Paulo adverte Timóteo a respeito dessa possibilidade: «Combate o bom combate, guardando a fé e a boa consciência; por se afastarem desse princípio é que muitos naufragaram na fé» (1 Tm 1, 18-19).

Para viver, crescer e perseverar até ao fim na fé, temos de a alimentar com a Palavra de Deus; temos de pedir ao Senhor que no-la aumente (Mc 9,24; Lc 17,5; 22,32); ela deve «agir pela caridade» (Gl 5, 6) (Tg 2,14-26), ser sustentada pela esperança (Rm 15,13) e permanecer enraizada na fé da Igreja.”  (1)

 

 

(1) Catecismo da Igreja Católica - parágrafo n. 162

Em poucas palavras...

                                             


Em Deus, nossa confiança e esperança

“Na realidade, é difícil muitas vezes compreender porque acontecem certos fatos, mas o cristão sabe que Deus o vê e n’Ele confia, não fica inerte, se esforça, reza, porém, acima de tudo tem grande esperança, põe sua confiança em Deus.” (1)

 

(1)         Comentário do Missal Cotidiano - Editora Paulus - passagem do Evangelho Mt 8,23-27 - pág. 969

 

O Senhor está conosco: nada a temer!

                                                               

O Senhor está conosco: nada a temer!

“Levantando-Se, ameaçou os ventos e o mar,
e fez-se uma grande calmaria” (Mt 8,26)

A Liturgia da Palavra, da Terça-feira da 13ª Semana do Tempo Comum (ano ímpar), nos apresenta como Leituras: Livro do Gênesis (19,15-29) e Evangelho de Mateus (Mt 8, 23-27).

Na primeira Leitura, o Senhor fez chover do céu enxofre e fogo sobre Sodoma e Gomorra, e também a célebre passagem sobre a mulher de Ló que, olhando para trás, tornou-se uma estátua de sal.

Na passagem do Evangelho, Jesus presente na barca dando ordem aos ventos e ao mar, e concedendo uma grande calmaria.

O Missal Cotidiano, sobre a primeira leitura, apresenta estes questionamentos: 

Num mundo como o nosso, “Para onde poderiam fugir os justos, se Deus quisesse destruir as cidades pecadoras?”
- “Quais cidades poderiam declarar-se sem pecado?”

Em seguida, afirma que o real problema não é tanto o fugir materialmente, porque nem mesmo é preciso fugir, e como pecadores precisamos ter diante dos olhos os testemunhos dos justos, pois “O bom grão é destinado a crescer ao lado do joio, até a ceifa. O importante é que o bom grão não se torne joio”.

De fato, como cristãos, temos sempre um duplo princípio evangélico: não podemos nos isentar da responsabilidade pelo mal praticado e jamais nos omitirmos em sua eliminação.

Se há uma volta, é aquela acompanhada do arrependimento sincero e o propósito de não mais errar; de trilhar um novo caminho na mais perfeita sintonia com o querer e a vontade divina, com a certeza de que o Senhor está na “barca”.

Verdadeiramente, Ele está fazendo conosco a grande travessia e nos ajudando a superar o medo dos ventos contrários, símbolo das contrariedades e dificuldades que precisamos enfrentar com coragem, e vivendo nossa fé, experimentar a “calmaria” que Ele pode nos garantir, e então também diremos admirados como os discípulos: 

“Quem é este homem, que até os ventos e o mar lhe obedecem?” (Mt 8,27).



Missal Cotidiano - Editora Paulus - p.966

Com o Senhor, serenidade nas travessias

                                         


Com o Senhor, serenidade nas travessias

Sejamos enriquecidos pelo Sermão n.63,1-3, de Santo Agostinho:

“Subiu Ele a uma barca com seus discípulos. De repente, desencadeou-se sobre o mar uma tempestade tão grande, que as ondas cobriam a barca. Ele, no entanto, dormia.

Os discípulos achegaram-se a ele e o acordaram, dizendo: Senhor, salva-nos, nós perecemos! E Jesus perguntou: Por que este medo, gente de pouca fé?

Então, levantando-se, deu ordens aos ventos e ao mar, e fez-se uma grande calmaria. Admirados, diziam: Quem é este homem a quem até os ventos e o mar obedecem?” (Mt 8,23-27).

Vamos comentar, com a ajuda de Deus, a leitura que o Santo Evangelho nos propõe hoje, não aconteça que tenham a fé adormecida nos vossos corações, no meio das tempestades e ondas deste tempo.

Cristo não teve poder sobre a morte ou o sono? Ou por acaso o sono pôde dominar a vontade do Navegador Todo-Poderoso? Se pensardes assim, sem dúvida, Cristo e a fé estão adormecidos em vossos corações. Mas se Cristo vela em vós, a vossa fé também está acordada. ‘Que Ele faça Cristo habitar em vossos corações pela fé’ (Ef 3,17), disse o Apóstolo.

O sono de Cristo é sinal de mistério. Os ocupantes da barca representam as almas que atravessam a vida deste mundo agarradas ao madeiro da cruz. Por outro lado, a barca é símbolo da Igreja. Sim, verdadeiramente […] o coração de cada fiel é uma barca que navega no mar e que não se afundará se o espírito mantiver bons pensamentos.

Insultaram-te: é o vento que te fustiga. Encolerizaste-te: é a onda que se levanta. Surgiu a tentação: é o vento que sopra. A tua alma está perturbada: são as vagas que se elevam. Insultaram-te e desejas vingança; castigaste sem temperança e estás caído. E por quê? Porque Cristo dorme no teu coração. O que significa que Cristo dorme? Que tu te esqueceste dele. Acorda Cristo, deixa que Ele te fale.

O que querias? Vingança. Não te lembras de que quando o crucificaram, ele disse: ‘Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem’(Lc 23,34)? O que dormiu em teu coração não quis vingar-se. Acorda-o! Contempla-o. A sua memória são as suas palavras; a sua memória é a sua Lei. E se Cristo cuida de ti, te dirás: Quem sou eu, para querer punir? Quem, para ameaçar a alguém? Talvez eu morra antes de me vingar. E se morrer, inflamado pela ira, com anseio e sede de vingança, aquele que não quis punir me receberá? Aquele que disse: ‘Perdoai, e sereis perdoados, dai, e dar-se-vos-á’ (Lc 6,36-38)? Portanto, reprimirei a minha ira e pacificarei o meu coração. Cristo deu ordem ao mar e este ficou calmo (cf. Mt 8,27).

O que disse acima sobre a ira, aplicai-o a todos os tipos de tentações. És tentado e estás perturbado: são o vento e as ondas que se levantam. Desperta Cristo e fala com ele. ‘Quem é Este, a quem até o vento e o mar obedecem?’ (Mt 8,26) Quem é Ele? ‘Dele é o mar, pois foi Ele quem o formou’ (Sl 95,5)‘por Ele é que tudo começou a existir’ Jo 1,3).

Imita, pois, os ventos e o mar: obedece ao Criador. O mar mostra-se dócil à voz de Cristo e tu continuas surdo? O mar obedece, o vento acalma-se e tu continuas a soprar? Que queremos dizer com isso? Falar, agitar-se, meditar na vingança: não será tudo isto continuar a soprar e não querer ceder diante da palavra de Cristo? Quando o teu coração está perturbado, não te deixes submergir pelas vagas.

No entanto, se o vento nos virar — porque somos apenas humanos — e acicatar as emoções más do nosso coração, não desesperemos. Acordemos Cristo, para que possamos prosseguir a nossa viagem por mares mais calmos.”

Nossa vida consiste numa constante travessia pelo mar da vida, e por vezes os mares são agitados pelos ventos.

Precisamos confiar na presença do Senhor na barca de nosso coração, e confiantes em Sua Palavra, superar todo o medo, vivendo a fé, em atitude orante, confiantes, suplicantes na mais autêntica relação com o Senhor que jamais nos abandona.

Creiamos que Ele está em nossa barca seja de nosso coração, como na barca de Sua Igreja em todo o tempo: e a última e poderosa Palavra somente Ele tem a nos dirigir e a serenidade nos devolver nas travessias cotidianas. Amém.

 

PS: Sermão apropriado para a passagem do Evangelho de Marcos (Mc 6,24-34).

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