mas os benefícios da boa passagem te alegrem.
Pois, que é a morte a não ser
o despertar das virtudes?”
Batismo:
desposados pelo Senhor
Sejamos
enriquecidos pela Catequese batismal do Bispo e Doutor da Igreja, São João
Crisóstomo (séc. V):
“Hoje é o último dia
da catequese, por isso eu, o último de todos, também cheguei ao último dia,
porém chego ao final com o anúncio de que o esposo virá dentro de dois dias.
Mas levantai-vos,
acendei as vossas lâmpadas e recebei com luz resplandecente o rei dos céus!
E de fato, este é o
costume do cortejo nupcial: que as esposas sejam entregues aos esposos ao
anoitecer. Porém, não vos façais de surdos ao escutar a voz de que chega o
esposo, porque é uma voz realmente potente, e está cheia de bondade.
Não ordenou que na
natureza dos homens fosse para Ele, mas Ele pessoalmente veio junto a nós, e
acontece que, na realidade, a lei de núpcias é esta: que o esposo venha à esposa, mesmo que ele seja riquíssimo e ela, por outro lado, pobre e
menosprezada.
Entretanto, nada há
de estranho que isso aconteça entre os homens. Na realidade, se em questão de
mérito a diferença pode ser muita, a diferença de natureza, porém, é nula: por rico
que seja o esposo, e por indigente e pobre que seja a esposa, ambos são,
contudo, da mesma natureza.
Porém, tratando-se
de Cristo e da Igreja, a maravilha está em que Ele, apesar de ser Deus e
possuir aquela bem-aventurada e puríssima substância – e sabeis quanto se
diferencia dos homens! -, dignou-Se descer a nossa natureza e, deixando a Sua
casa paterna, correu para a Esposa, não com um simples deslocamento, mas pela
ação da Encarnação.
Conhecedor,
portanto, disto, e admirado do excesso de solicitude e de estima, o próprio
bem-aventurado Paulo proclamava dizendo: ‘Por isto o homem deixará ao seu pai e
a sua mãe e se unirá a sua mulher: este mistério é grande, mas me refiro a
Cristo e à Igreja’.
E o que tem de
admirável que tenha vindo à esposa, quando nem sequer se negou a dar a sua vida
por ela?
Contudo, nenhum
esposo dispõe sua vida por sua esposa, e acontece que ninguém, nenhum
enamorado, por louco que esteja, abra-se tanto no amor de sua amada, como Deus
se consome pela Salvação de nossas almas:
‘Mesmo que tenha que
ser cuspido – diz -, ser espancado e subir à própria cruz, não me negarei a ser
crucificado, contanto que possa acolher a esposa’”. (1)
Roguemos
a Deus para que nos conceda Sabedoria para vivermos o Batismo que é dom, graça e
missão.
Urge que nos coloquemos como Igreja, num caminho sinodal,
mergulhando no mar da proximidade, compaixão, solidariedade fortalecendo os
vínculos da comunhão caridade, na vivência das virtudes divinas que nos movem:
fé, esperança e caridade.
(1)
Lecionário Patrístico Dominical – Editora Vozes – 2013- pág.
249-250
Chorar por amor do Amado
“Lembrou‑se o amigo dos seus pecados, e por temor ao inferno quis chorar e não pôde.
Pediu lágrimas ao amor, mas a Sabedoria respondeu‑lhe que mais frequente e fortemente devia chorar por amor do seu Amado do que por temor das penas do inferno, pois agradam‑lhe mais os prantos que são por amor do que as lágrimas que se derramam por temor” (1)
(1) R. Llull, Livro do Amigo e do Amado, 341
Apascentados
pelo Bom Pastor
Sejamos
enriquecidos pelo comentário sobre o Cântico dos Cânticos, escrito pelo Bispo São
Gregório de Nissa (Séc. IV), em que nos apresenta uma Oração ao Bom Pastor.
“Onde apascentas, ó Bom
Pastor, que carregas nos ombros todo o rebanho? (pois uma é a ovelha, a
natureza humana que puseste sobre os ombros). Mostra-me o lugar da quietude,
leva-me à erva boa e nutritiva, chama-me pelo nome e, assim, eu que sou ovelha,
ouvirei Tua voz; e por causa de Tua voz, dá-me a vida eterna. Mostra-me a mim o
amado de minha alma (Ct 1,6 Vulg.).
Chamo-Te com esta
expressão, porque Teu nome supera todo outro nome e todo entendimento e nem a
natureza racional toda inteira pode dizê-lo ou compreendê-lo. Por isto Teu
nome, pelo qual se conhece Tua bondade, é o bem-querer de minha alma para
contigo. Como não Te amar a Ti que amaste minha alma, embora ainda manchada, a
tal ponto que deste a vida pelas ovelhas que apascentas? Impossível imaginar
maior amor que o trocar Tua vida por minha Salvação.
Ensina-me onde
apascentas (cf. Ct 1,7). Encontrando o campo saudável, tomarei o Alimento Celeste;
porque quem dele não se nutre não pode entrar na vida eterna. Correrei à fonte,
beberei da água divina que Tu proporcionas aos sedentos. Igual à fonte, deixas
correr água de Teu lado, veio aberto pela lança; para quem beber, ela se
tornará fonte de água a jorrar para a vida eterna (Jo 4,14).
Se me apascentares
deste modo, far-me-ás deitar ao meio-dia, quando, dormindo logo na paz,
repousarei na luz sem sombras. O meio-dia não tem sombra, o sol cai a pino;
nesta luz, fazes deitar aqueles que alimentaste, ao pores Teus filhos contigo
no quarto.
Ninguém será
considerado digno deste repouso meridiano, se não for filho da luz e filho do
dia. Quem se separa igualmente das trevas vespertinas e matutinas, quer dizer,
de onde começa e de onde termina o mal, está no meio-dia e, para nele
deitar-se, ali o colocará o Sol da Justiça.
Mostra-me, pois,
como repousar e ser apascentada e qual é o caminho para a quietude meridiana.
Não aconteça que, escapando-me da guia de tua mão, pela ignorância da verdade,
venha a reunir-me com rebanhos estranhos aos Teus.
Falou assim,
solícita pela beleza que lhe veio de Deus e desejosa de entender de que modo e
para sempre a felicidade existe.”
Esta
oração ao Bom Pastor é oportuna, considerando os momentos difíceis porque
passamos, com conflitos e guerras no mundo todo, e uma pandemia que persiste e
nos inquieta e nos desafia em sua superação, e ainda a crueldade da fome, que
condena bilhões à pobreza, enquanto há concentração da riqueza nas mãos de
poucos.
Também
outras questões próprias em nossas famílias, comunidades, e no âmbito sócio-político
podem nos inquietar.
Coloquemo-nos confiantes diante do Bom Pastor, procurando o
reencontro da paz e da serenidade, que não podem ser exiladas das entranhas de
nosso coração.
Confiantes, rezemos o Salmo 23: – O Senhor é o Pastor que nos conduz, ontem, hoje e sempre. Amém.
A Sabedoria Divina
“Acreditamos que Deus criou o mundo segundo a Sua Sabedoria (Sb 9,9). O mundo não é fruto duma qualquer necessidade, de um destino cego ou do acaso.
Acreditamos que ele procede da vontade livre de Deus, que quis fazer as criaturas participantes do seu Ser, da Sua Sabedoria e da Sua bondade: «porque Vós criastes todas as coisas e, pela vossa vontade, elas receberam a existência e foram criadas» (Ap 4, 11).
«Como são grandes, Senhor, as vossas obras! Tudo fizestes com Sabedoria» (Sl 104, 24). «O Senhor é bom para com todos e a sua misericórdia estende-se a todas as criaturas» (Sl 145, 9).” (1)
(1) Catecismo da Igreja Católica - parágrafo n. 295
No deserto do mundo, caminhar com a força do Espírito
Oremos:
“Deus de Abraão, de Isaac e de Jacob,
Deus da vida e das gerações,
Deus da Salvação,
realizai, ainda hoje as Vossas maravilhas,
para que no deserto do mundo
caminhemos com a força do Vosso Espírito
em direção ao Reino que há de vir.” Amém! (1)
(1) Lecionário Comentado – Volume I Tempo Comum – Editora Paulus– Lisboa – 2010 - pág. 396