sexta-feira, 8 de novembro de 2024

Em poucas palavras...

                                                    


“Por que o Senhor narrou esta parábola?”

“Por que o Senhor narrou esta parábola? – pergunta Santo Agostinho – Não porque aquele servo fosse um exemplo a ser imitado, mas porque foi previdente em relação ao futuro, a fim de que se envergonhe o cristão que não tenha essa determinação” (1)

 

(1) Santo Agostinho – (séc. V) – Sermão 39  sobre a passagem do Evangelho de Lucas (Lc 16,1-13)

quinta-feira, 7 de novembro de 2024

Em poucas palavras...

 


Vigilância e comunhão com o Senhor

Em Jesus, «o Reino de Deus está perto». Ele apela à conversão e à fé, mas também à vigilância. Na oração (Mc 1, 15), o discípulo vela, atento Àquele que é e que vem, na memória da sua primeira vinda na humildade da carne e na esperança da sua segunda vinda na glória (Cf. Mc 13; Lc 21, 34-36).

Em comunhão com o Mestre, a oração dos discípulos é um combate; é vigiando na oração que não se cai na tentação (Cf. Lc 22, 40.46.).

 

(1) Catecismo da Igreja Católica – parágrafo n. 2612

O amor e o perdão divinos (06/11)

                                                           

O amor e o perdão divinos

“Por isso, eu vos digo, haverá alegria entre
os Anjos de Deus por um só pecador que se converte”.

Um pouco mais sobre o Amor de Deus contemplo, envolvo-me:
Um amor solícito, um amor invencível.

Deus está sempre procurando obstinadamente cada um de nós,
Quão abrangente e indescritível é a Sua alegria quando nos encontra.

Sempre pronto para acolher, perdoar, reconciliar, renovar a criatura,
Obra de Sua mão, como a fina expressão de Seu sonho e Projeto.

Alegra-se com nosso retorno, com nossa fragilidade assumida,
Sem máscaras, desculpas, culpabilizações, disfarces, mentiras.

É próprio do Amor de Deus ser incondicionalmente acolhedor,
Para que sejamos melhores, aperfeiçoados, lapidados...

Expressa para conosco uma relação de amor e gratuidade,
Que não há nada e ninguém que se possa comparar.

Que a alegria transborde em nosso coração, estampada
Na expressão de nosso simples olhar, no menor gesto que façamos,

Alegria de sermos por Deus amados e perdoados, sem méritos,
Para o mesmo fazermos em relação ao próximo, sem créditos.

O misericordioso, compassivo e amigo dos homens,
Senhor nosso Deus que tirais o pecado do mundo,

Aceitai a penitência dos Vossos servos e das Vossas servas,
E fazei resplandecer sobre eles a luz da vida eterna.

Perdoai-lhes, Senhor, todos os seus pecados,
Porque Vós sois bom e amigo dos homens.

Senhor nosso Deus, compassivo, lento para a ira,
Rico de misericórdia e justo, perdoai-me os meus pecados” . (1)



(1) “Da Liturgia Etíope” – cf. Leccionário Comentado – p. 725-726
Evangelho de Lucas  (Lc 15,1-10)

A Parábola da dracma perdida

                                                             

A Parábola da dracma perdida

"Alegrai-vos comigo;
encontrei de novo a dracma que eu tinha perdido” (Lc 15, 9)

Retomemos a Parábola da dracma perdida (Lc 15, 8-10), tão breve, mas densa em conteúdo e mensagem. O Evangelista Lucas acentua, entre outras questões, o papel feminino na História da Salvação.

Nesta Parábola a mulher ocupa a centralidade. Condição muito significativa, num contexto em que a mulher era pouco valorizada.

Na referida passagem, a mulher possuía dez dracmas. “Dez”, o número da totalidade, quem possui dez dracmas é completo, está salvo.

A perda da moeda representa a perda de sua completude, de sua unidade consigo mesma e com Deus. Com esta perda, a perda do seu centro, de modo que as outras nove dracmas também não lhe adiantariam nada, perderam sua unidade, já não estão juntas entre si. 

O Bispo São Gregório de Nissa (séc IV) tem uma bela interpretação desta Parábola que muito nos enriquece. Ele interpreta essa dracma como sendo o Cristo, e o acender a lâmpada significa a necessária  in­teligência: a mulher precisa da luz da inteligência para esclarecer a es­curidão do inconsciente, procurando aí a completude perdida. 

Para Lucas trata-se da luz da fé, pois somente pela fé a inteligência fica realmente iluminada. É a luz de Deus, da qual precisamos para procurar a dracma na nossa casa inter­na, no mais profundo de nós mesmos. 

Varrendo a casa toda e removendo a sujeira que se depo­sitou no chão da sua casa, segundo São Gregório, a sujeira representa a negligência em que vivemos. 

Quando nos ocupamos, negligentemente, com muitas atividades, a nossa casa fica suja, não somos mais senhores da nossa casa,  uma camada de poeira deposita-se no chão da nossa alma. 

Faz-se necessário varrer corajosamente, com precisão e dedicação a  nossa alma para redescobrir o seu lustro original. 

A mulher olha com atenção, procura com cuidado, ela está preocupada: quer mesmo encontrar sua dracma. O ser humano não está apenas em busca de Deus, mas também de si mesmo, de sua verdadeira essência. 

Perde-se. Essa a desgraça do ser humano: alienar-se de si mesmo, perder-se a si mesmo.
A mulher encontrando a sua dracma, encontra a si mesma. Agora ela convoca as suas amigas e as suas vizinhas: “Alegrai-vos comigo; encontrei de novo a dracma que eu tinha perdido” (Lc 15, 9). 

Quem se encontra a si mesmo encontra também um novo relacionamento com o próximo. A mulher convida apenas mulheres, e junto com elas que ela quer celebrar a festa da sua própria maturação. 

Ela achou a dracma perdida. Ela encontrou-se com Deus como o fundamento da sua humanidade. Segundo C. G. Jung, não podemos nos encontrar a nós mesmos sem descobrir a imagem de Deus na nossa alma. 

O “eu mesmo” não é o resultado da história da nossa vida; é o que Deus, no início, imaginou que deveríamos ser. 

Na dracma reencontrada, Lucas vê a conversão do pecador. O pecador tinha perdido a si mesmo. Ele não é mais ele mesmo. Converter-se significa começar a pensar de outra forma, ver por trás das coisas. 

A conversão é o caminho no qual descobrimos a nós mesmos, de verdade. Devemos abandonar o que é superficial e partir em busca da dracma no fundo da nossa alma.

Então – diz Jesus – “os Anjos de Deus hão de alegrar-se de nós.” Jesus veio para nos lembrar do núcleo divino. Convocou-nos para a conversão, a fim de que encontremos Deus em nós, e em Deus encontremos, de verdade, nós mesmos. 

Jesus é aquele que nos chama para o caminho da autorrealização. A meta desse cami­nho é a alegria de sermos humanos. Mas só seremos plenamente humanos quando tivermos encontrado a Deus, quando tivermos redescoberto em nós o núcleo divino. 

O pecado consiste em nos desencontrarmos conosco, perdendo-nos, vivendo fora de nós mesmos, entregando a nossa vida, em vez de vivê-la pessoalmente. 

Jesus, segundo Lucas, é Aquele que convida o ser humano a ser verdadeiramente humano, a encontrar o seu próprio centro e, nele, Deus, como o verdadeiro fundamento da sua existência.

Uma Parábola sempre tem vários planos, deixa ao leitor a liberdade de projetar nela as suas próprias experiências, os seus próprios anseios. 

A mulher com as suas dracmas pode ser uma imagem da alma humana que perdeu o seu centro, e agora vive em busca do seu verdadeiro “eu”. Mas pode ser também uma imagem de Deus que procura o homem perdido, e para isso revira a casa inteira.

Se interpretarmos assim a Parábola, então Deus é descrito na figura de uma mulher.

No Antigo Testamento não há texto nenhum em que Deus seja comparado a uma mulher que revira a casa. O exegeta suíço Hermann-Josef Venetz comenta: 

“Quem faz coisa semelhante mostra-se altamente competente e livre, e também muito próximo de Deus e do mundo” (Venetz, p. 124). 

Tauler interpreta essa Parábola no sentido de que Deus, logo quando estamos bem instalados na casa da nossa vida, começa a agir como uma mulher que remexe tudo para procurar a dracma. 

Ele acredita que é exatamente no centro da vida que estamos “bem instalados”. E de tanto agir externamente perdemos a dracma. Então Deus nos joga numa crise, em “apuros”, a fim de achar dentro de nós a dracma, o nosso verdadeiro “eu mesmo”.

Essa Parábola, no entanto, pode ser aplicada também a Jesus. Jesus, então, entende Seu próprio modo de agir como um agir feminino e maternal. 

Deus, de fato, mandou Seu Filho para que acendesse neste mundo a luz da fé, e para que varresse tudo, procurando incansavelmente o ser humano. 

Os fariseus não compreendiam porque Jesus andava exata­mente atrás dos publicanos e dos pecadores, aqueles que em sua opinião estavam “perdidos”. 

Na prática de acolhida e misericórdia, Jesus acende a luz na casa das pessoas, para que cada um se reconheça a si mesmo, para que o olhar de cada um pene­tre nas profundezas de sua própria alma. Ele varre o interior da alma, expulsando dela, por Sua Palavra, todos os demônios, todos os padrões de vida que impedem o ser humano de viver.  

A mensagem da Parábola da dracma perdida nos conecta com tudo aquilo que perdemos, e nos lembra de que nunca é tarde demais para procurar aquilo que foi perdido. Nunca é tarde para se reencontrar consigo mesmo, com Deus e com o próximo.

Em vez de lamentar a perda, devemos ir à procura, como a mulher na Parábola, e tão somente assim, reencontraremos o que perdemos, de modo que então poderemos fazer uma festa de alegria.

É tempo de fazermos nossa faxina, nossa procura; de irmos ao encontro de Deus, e uma vez O encontrando dentro de nós, reencontrarmos a nos mesmos e o banquete da alegria celebrarmos,  do Banquete da Eucaristia participarmos, e o Seu Amor, que nos refaz e nos renova, ao mundo testemunharmos.



PS: Fonte inspiradora – “Jesus, modelo do ser humanoo Evangelho de Lucas” (Anselmo Grün)

Em poucas palavras...

                                              


A grandeza de Maria...”

“A grandeza de Maria construiu-se em sua contínua disponibilidade em mudar seus planos diante de Deus.” (1)

 

(1) Missal Cotidiano – Editora Paulus – pág. 1365

Em poucas palavras...

                                               


A grandeza de Maria...”

“A grandeza de Maria construiu-se em sua contínua disponibilidade em mudar seus planos diante de Deus.” (1)

 

(1) Missal Cotidiano – Editora Paulus – pág. 1365

A promoção do bem comum

                                               

                              A promoção do bem comum 

À luz dos parágrafos n.1905-1917 do Catecismo da Igreja Católica, reflitamos sobre em que consiste o bem comum. 

De acordo com a natureza social do homem, o bem de cada um está necessariamente relacionado ao bem comum; e este, por sua vez, abrange o conjunto das condições sociais que permitem aos grupos e às pessoas atingir a sua perfeição, do modo mais pleno e fácil. 

Entendamos, portanto, o bem comum, como o conjunto das condições sociais que permitem, tanto aos grupos como a cada um dos seus membros, atingir a sua perfeição, do modo mais completo e adequado” (Gaudium Et Spes n.26). 

Ele interessa à vida de todos, com a necessária prudência da parte de cada um, sobretudo da parte de quem exerce a autoridade. 

São três os elementos essenciais do bem comum:

1º.         O respeito e a promoção dos direitos fundamentais da pessoa:

 

- Em nome do bem comum, os poderes públicos são obrigados a respeitar os direitos fundamentais e inalienáveis da pessoa humana.

 

- A sociedade humana deve empenhar-se em permitir, a cada um dos seus membros, realizar a própria vocação.

 

- O bem comum, por sua vez, reside nas condições do exercício das liberdades naturais, indispensáveis à realização da vocação humana.

 

2º.        A prosperidade ou desenvolvimento dos bens espirituais e temporais da sociedade (exigência do bem-estar social e o desenvolvimento da própria sociedade):

 

- O desenvolvimento é o resumo de todos os deveres sociais.

- Compete à autoridade arbitrar, em nome do bem comum, entre os diversos interesses particulares.

- Mas deve tornar acessível a cada qual aquilo de que precisa para levar uma vida verdadeiramente humana como alimento, vestuário, saúde, trabalho, educação e cultura, informação conveniente, direito de constituir família, etc.

 

3º.       A paz e a segurança do grupo e dos seus membros:

 

- Pressupõe que a autoridade assegure, por meios honestos, a segurança da sociedade e dos seus membros.

- O bem comum, por sua vez, está na base do direito à legítima defesa, pessoal e coletiva. 

Concluindo, importa que o bem comum esteja sempre orientado para o progresso das pessoas, de modo que a ordem das coisas deve estar subordinada à ordem das pessoas, e não o inverso. 

Esta ordem constrói-se na justiça e é vivificada pelo amor e tem como base a verdade, competindo ao Estado defender e promover o bem comum da sociedade civil. 

O bem comum de toda família humana exige uma organização da sociedade internacional.

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