Para que o casal seja feliz
Quantos casais nos procuram pedindo aconselhamento para melhorar o relacionamento.
Não creio em fórmulas prontas, mas algumas sugestões são sempre bem-vindas, sobretudo quando brotam de reflexão, oração e conversas com casais que se esforçam e acreditam que o casamento é sagrado e pode ser a realização da felicidade.
Se há casais que nos procuram em dificuldades, há outros tantos casais que nos enriquecem com o testemunho de santificação de seu lar, partilhando conosco as alegrias e tristezas, angústias e esperanças, fragilidades e forças de um casamento com sua espiritualidade pascal, um mistério cotidiano de morte e ressurreição…
Há algum tempo gostaria de partilhar uma pequena reflexão neste sentido, no simples propósito de ajudar na difícil e necessária arte da construção da felicidade do casal, para que, de fato, sejam um.
A felicidade é sempre um projeto comum, com buscas e renúncias, encontros e reencontros, nunca definitivamente alcançada.
A felicidade pede criatividade e jamais a acomodação, qualquer inatividade ou omissão…
Vejamos os dez mandamentos a fim de que o casal seja "um":
1. Nunca irritar-se ao mesmo tempo; evitar a reação de explosão. Quanto mais delicada for a situação, mais calma será necessária de uma das partes. A irritação ofusca os olhos, inibe a razão e turva a emoção.
2. Nunca gritar com o outro. Quanto mais alguém grita, menos é ouvido. Quem tem bons argumentos, não precisa gritar. A força da palavra não está no volume, mas no conteúdo.
3. Nunca “jogar no rosto” do outro, erros do passado. Ninguém gosta de ser lembrado de seus erros. Feridas mexidas e reviradas jamais serão cicatrizadas. Erros devem ser refletidos no silêncio e no mar da misericórdia e do perdão vivido. Sem perdão não há casamento que perdure.
4. Se for inevitável chamar a atenção, que seja feito com amor. A crítica deve ter o objetivo de somar e não de dividir, muito menos de ofender. Dependendo do modo que se critica, como se chama a atenção, aumenta a distância, aprofunda o abismo que leva tudo leva tudo o que foi construído… Procurar não economizar nos elogios sinceros e sim nas críticas, mas não se omitir quando necessário… Nunca diminuir o outro, principalmente em público, além de magoar profundamente, dificilmente você será perdoado.
5. Se alguém tiver que “ganhar” a discussão, que seja o outro. Perder neste caso pode ser um ato de sabedoria e de amor. O tempo se incumbe sempre de revelar a verdade dos fatos. O tempo é muitas vezes o colírio para toda cegueira momentânea…
6. Se cometer um erro, saber admiti-lo. Admitir um erro não é humilhação, mas demonstração de honestidade. A capacidade de admitir erros é própria de quem tem grandeza de alma.
7. Saber pedir desculpa quando estiver errado. Pedir desculpa é sinal de maturidade e sinceridade. Não nos diminui, mas nos restaura desde que não se desperdice o perdão recebido, a desculpa alcançada. Perdão recebido não é carta branca para persistir no erro, ao contrário.
A misericórdia de Deus é a possibilidade de uma nova vida, pois Ele faz novas todas às coisas. No perdão alcançado o amor se revelou mais forte que o pecado. Portanto não possibilita ao perdoado abusar e não corresponder o perdão recebido, pois foi expressão de amor.
8. Nunca ir dormir sem ter chegado a um acordo, no dia seguinte poderá ser bem mais difícil. “Que o sol não se ponha sobre o ressentimento”, como falou o Apóstolo Paulo (Ef 4,26).
9. Ao menos uma vez por dia, dizer ao outro uma palavra carinhosa. Muitos relutam em expressar ternura por julgar desnecessário. O enamoramento de um casal deve ser permanente, ainda que transformações ocorram. Entretanto, muitas vezes ele vai esmorecendo, esgotando, enfraquecendo…
9. Ao menos uma vez por dia, dizer ao outro uma palavra carinhosa. Muitos relutam em expressar ternura por julgar desnecessário. O enamoramento de um casal deve ser permanente, ainda que transformações ocorram. Entretanto, muitas vezes ele vai esmorecendo, esgotando, enfraquecendo…
10. Não esquecer nunca que quando um não quer dois não brigam. O que se ganha e quem ganha com a briga? Quem paga a conta? Quem assume os estragos da discórdia? Briga não é sinônimo de diálogo, de troca de ideias, de busca de caminhos, de divergências. Há brigas que começam tão pequenas e tão fúteis e terminam trágicas, com sequelas para toda vida…
Talvez alguém diga: “até aqui nada de novo, nada de original”. Pode até ser, mas muito mais que originalidade, desejo oferecer algo que possa ajudar os casais para a originalidade própria de um casamento que nunca pode ser olvidada, ao esquecimento condenada.
Concluindo:
Será sempre original o casal que procurar viver estes dez mandamentos, testemunhando que o amor é possível, que o casamento é sagrado.
Será sempre original procurar oferecer uma pequena e valiosa ajuda a tantos quantos desejem viver a santidade do matrimônio.
Será sempre original a busca incansável de caminhos que edifiquem nossos lares como santuário da vida, espaço do amor, da alegria, da comunhão, do perdão, da festa, mas não sem cruz, com renúncias, perdão, partilha, recuos, silêncios, paciência, mansidão, misericórdia ativa, criatividade incansável.
Será sempre original a busca de luzes divinas para iluminar a escuridão que se encontram tantas famílias.
Que esta reflexão seja um pequeno raio de luz a entrar pela fresta da janela do seu lar. Que seja ao menos um pouco de ar a aliviar a asfixia que condena e mata a alegria em tantos lares. Que não tenha chegado tarde, pois creio que sempre é tempo de semear o que possa bons frutos produzir!
Raio de sol e oxigênio são mais do que necessários para nossas famílias. Urge reafirmar a importância e o papel da família na construção de uma sociedade justa e fraterna; família como espaço da alegria, do aprendizado, da vivência do amor.
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