domingo, 31 de dezembro de 2023

A sagrada missão da família (Ano C) (28/12)

                                                   


A sagrada missão da família
 
Celebrar a Festa da Sagrada Família (ano C) é ocasião favorável, para refletirmos sobre o papel fundamental que tem a família no Plano de Salvação que Deus nos propõe.
 
A família é uma pequena Igreja e deve ter algumas características já encontradas nas famílias descritas em trechos do Antigo Testamento: paz, abundância de bens materiais, concórdia e a descendência numerosa, como sinais da bênção do Senhor.
 
Assim vemos na passagem da primeira Leitura (Eclo 3,3-7.14-17a): a obediência e o amor eram imprescindíveis no cumprimento da Lei; sinal e garantia de bênção e prosperidade para os filhos, mas também um modo de honrar a Deus nos pais, como encontramos no Livro do Êxodo (Ex 20,12) – “Honra teu pai e tua mãe”.
 
Os pais são instrumentos de Deus e fonte de vida, e como recompensa da prática deste Mandamento, os filhos obtêm o perdão dos pecados, a alegria, a vida longa e a atenção de Deus:
 
"Com razão se diz hoje que a família é o primeiro lugar da evangelização, provavelmente o mais decisivo.
 
Com efeito, é na família que a criança, mesmo muito pequenina, respira ao vivo a fé ou a indiferença.
 
Por aquilo que vê e vive, ela adverte se em sua casa - e na vida - há lugar para Deus ou não.
 
Nota se a vida se projeta pensando só em si mesmos, ou também nos outros.
 
Tudo isto para dizer que normalmente o modo de viver encontra as suas raízes na família.”  (1)
 
Na passagem da Carta de Paulo aos Colossenses (Cl 3,12-21), o Apóstolo, depois de apresentar Jesus Cristo como Aquele que nos faz homens e mulheres renovados, porque ocupa lugar proeminente na criação e redenção da humanidade, exorta sobre o novo modo de relacionamento na família, onde os esposos e os filhos cristãos vivem a vida familiar como se já vivessem na família do Pai Celeste.
 
Revestidos do “Homem novo”, as relações são marcadas pela misericórdia, bondade, humildade, doação, serviço, compreensão, respeito pelo outro, partilha, mansidão, paciência e perdão.
 
Com a passagem do Evangelho (Lc 2,41-52), refletimos sobre a Sagrada Família, a fim que sejamos fortalecidos na multiplicação de esforços pela santificação de nossas famílias.
 
A fim de aprofundarmos sobre a missão da família retomemos a Exortação – “A Missão da família cristã no mundo de hoje” - Papa São João Paulo II:
 
“... Os esposos são, portanto, para a Igreja o chamamento permanente daquilo que aconteceu sobre a Cruz; são um para o outro, e para os filhos, testemunhas da salvação da qual o Sacramento os faz participar.
 
Deste acontecimento de salvação, o matrimônio como cada Sacramento, é memorial, atualização e profecia:
 
«Enquanto memorial, o Sacramento dá-lhes a graça e o dever de recordar as grandes obras de Deus e de as testemunhar aos filhos;
 
enquanto atualização, dá-lhes a graça e o dever de realizar no presente, um para com o outro e para com os filhos, as exigências de um amor que perdoa e que redime;
 
enquanto profecia, dá-lhes a graça e o dever de viver e de testemunhar a esperança do futuro encontro com Cristo...»” .(2)
 
Enquanto memorial, o Sacramento do Matrimônio dá a graça e o dever aos pais de transmitirem a fé aos filhos, como primeiros catequistas que são.
 
Iniciá-los na caminhada de fé, buscando na Igreja os Sacramentos próprios. Tornar viva a memória da História da Salvação no coração dos filhos, de modo que seja perpetuada pelos filhos dos filhos, numa Catequese Permanente, da qual os pais também se inserem.
 
A família precisa ter no seu centro a Sagrada Escritura, e para ajudar a vivê-la, é preciso que tenha, conheça, aprofunde o Catecismo da Igreja Católica.
 
Enquanto atualização, tem a graça e o dever de ensinar e viver:

- O Mandamento do Amor a Deus e ao próximo;
 
- A supremacia da Eucaristia na mais bela comunhão das Mesas (da Palavra, da Eucaristia e do cotidiano);
 
- Os mesmos sentimentos de Cristo Jesus, numa configuração total ao Senhor;
 
- As virtudes da Sagrada Família: acolhida, relacionamento, amor, doação, perdão, solidariedade, obediência e fidelidade ao Projeto Divino.
 
Enquanto profecia, a graça e o dever de serem testemunhas vivas de um mundo novo possível, que se consuma na eternidade, fazendo da família uma espécie de Igreja doméstica, em grande comunhão com a Igreja do Senhor.
 
Também empenhar-se para que a família seja uma experiência antecipada do céu, não obstante todas as dificuldades que possa viver. 

Bem se sabe que não há família perfeita ou sem problemas, porém vencendo as dificuldades e construindo relações sólidas de amor mútuo, é uma sinalização do céu que começa no tempo presente.
 
Reflitamos:
 
- De que modo nossa família vive o Sacramento do Matrimônio, enquanto memorial, atualização e profecia?
- Como santificamos e solidificamos nossas famílias em sua sagrada missão?
 
Oremos:  
 
“Ó Deus, que nos deixastes um modelo perfeito de vida familiar, vivida na fé e na obediência à Vossa vontade na Sagrada Família, damo-vos graças pela nossa família.

Concedei-nos a força para permanecermos unidos no amor, na generosidade e na alegria de vivermos juntos.
 
Ajudai-nos na nossa missão de transmitir a fé que recebemos de nossos pais.
 
Abri o coração dos nossos filhos para que cresça neles a semente da fé que receberam no Batismo.
 
Fortalecei a fé dos nossos jovens, para que cresçam no conhecimento de Jesus.
 
Aumentai o amor e a fidelidade em todos os casais, especialmente naqueles que atravessam sofrimentos ou dificuldades.
 
Derramai a Vossa graça e a Vossa Bênção sobre todas as famílias do mundo.
 
Unidos a José e a Maria, nós Vo-lo pedimos por Jesus Cristo Vosso Filho, Nosso Senhor. Amém” (3)
 
 
 
Fontes de pesquisa:
Missal Dominical, pp.100-101 e  www.dehonianos.org/portal
 
(1) Lecionário Comentado – Editora Paulus – Lisboa - Volume Advento Natal – 2011 - p.255
(2) Exortação a Missão da família cristã no mundo de hoje – Papa São João Paulo II – 1981 -  parágrafo n.13
(3) Oração do V Encontro Internacional das Famílias, Valência, julho de 2006 – citada no Leccionário Comentado – pág. 262 – Advento/Natal.

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