Prática religiosa agradável ao Senhor
Vejamos o que nos diz Jesus na passagem sobre a prática religiosa que agrada a Deus (Mc 7,1-13), proclamada na terça-feira da 5ª Semana do Tempo Comum.
Esta pressupõe o contínuo esforço de conversão, para que tenhamos pureza de coração, pois como o próprio Senhor disse: “somente os puros de coração verão a Deus” (Mt 5,8).
Já Moisés, na passagem do Livro do Deuteronômio (Dt 4,1-2.6-8), acentuou o compromisso do Povo com a Palavra de Deus e Sua Aliança, numa sincera acolhida e vivência de Sua Lei. Não se pode adaptar, amenizar, suprimir e nada acrescentar à Palavra de Deus.
A Lei Divina deve ser vivida como expressão de gratidão a Deus; ainda mais porque ela é garantia de felicidade e liberdade, para concretizar os sonhos e esperanças do Povo Eleito e amado por Deus. Não se pode adulterar a Palavra de Deus ao sabor dos interesses pessoais.
Alguns perigos que nos acompanham e que devemos evitar:
- esvaziarmos a radicalidade da Palavra;
- cortarmos (omitirmos) seus aspectos mais questionadores;
- fazermos ou dizermos coisas que não procedem de Deus;
- cairmos num ativismo em que sacrificamos o tempo do silêncio orante diante de Deus, na acolhida de Sua Palavra;
- esvaziamento por causa do cansaço, da perda do sentido e, consequente, falta de espiritualidade e intimidade com a Palavra de Deus.
Também na Carta de São Tiago (Tg 1,17-18.21-22.27), vemos a inseparável relação entre fé e obras. A fidelidade aos ensinamentos de Cristo nos compromete com o próximo (representado na figura do órfão e da viúva).
E nisto consiste a verdadeira religião, pura e sem mancha: solidariedade vivida e vigilância, para não se contaminar com os contravalores que o mundo apresenta.
É preciso, portanto, superar a frieza, o legalismo e o ritualismo religioso, procurando viver uma Religião comprometida com o Reino por Jesus inaugurado.
O autor da Carta nos exorta a não sermos meros ouvintes da Palavra, mas praticantes da mesma, não nos enganando a nós mesmos.
A Palavra de Deus quer encontrar no coração humano a frutuosa acolhida, portanto, há um itinerário da Palavra: acolher, acreditar, anunciar e testemunhar a Palavra de Deus, que nos garante vida e felicidade plena.
Voltando à passagem do Evangelho, Jesus nos convida à pureza de coração. Seus discípulos não podem apenas “parecer”, mas é preciso “ser” sinal vivo da presença de Deus. Não basta parecer justo, tem que ser justo; não basta parecer piedoso, tem que ser piedoso; não basta parecer verdadeiro, tem que ser verdadeiro...
Mais que uma “carapaça exterior” é preciso de uma “coluna vertebral interior”. A religião não vive de aparências, e exige de cada crente uma sólida e forte estrutura para suportar o peso da cruz, a coragem do testemunho, a coerência de vida, o esforço contínuo de conversão, a solidariedade constante, caminho que não tem volta e tem apenas um destino: o céu.
Os mestres da Lei e os fariseus tinham aproximadamente 613 preceitos a cumprir (365 proibições e 248 prescrições). O povo simples, por não os conhecer, nem os praticar, era considerado impuro, e este será um tema de grande polêmica entre Jesus e os fariseus em vários momentos.
Para Jesus importa a pureza interior, a pureza do coração que é a sede de todos os sentimentos, desejos, pensamentos, projetos e decisões.
Jesus afirma: o que torna o homem impuro é o que sai de seu coração (apresenta uma longa lista) e não o que entra pela sua boca.
É do coração humano puro que nasce uma autêntica religião, a religião do coração, da intimidade profunda com Deus.
As Leis da Igreja não têm fins em si mesmas, mas garantem a nossa comunhão com Deus e com o próximo, na concretização do Reino.
É preciso que demos mais tempo à Palavra de Deus, em frutuosa Oração e reflexão que fará brotar novas atitudes e compromissos com Deus e o Seu Projeto para a Humanidade.
É sempre tempo de cultivar maior intimidade e compromisso com a Palavra de Deus.
Nenhum comentário:
Postar um comentário