Sagrados compromissos com a
fraternidade universal
Sejamos
enriquecidos por estes parágrafos da Constituição pastoral Gaudium et Spes
sobre a Igreja no mundo de hoje, do Concílio Vaticano II (séc. XX), que nos
fala sobre toda a atividade humana que deve ser purificado no Mistério Pascal.
“A Sagrada Escritura, confirmada pela experiência dos
séculos, ensina à família humana que o progresso, grande bem para o homem, traz
também consigo uma enorme tentação. De fato, quando a hierarquia de valores é
alterada e o bem e o mal se misturam, os indivíduos e os grupos consideram
somente seus próprios interesses e não o dos outros.
Por esse motivo, o mundo deixa de ser o lugar da
verdadeira fraternidade, enquanto o aumento do poder da humanidade ameaça
destruir o próprio gênero humano. Se alguém pergunta como pode ser vencida essa
miserável situação, os cristãos afirmam que todas as atividades humanas,
quotidianamente postas em perigo pelo orgulho do homem e o amor desordenado de
si mesmo, precisam ser purificadas e levadas à perfeição por meio da cruz e
ressurreição de Cristo.
Redimido por Cristo e tornado nova criatura no
Espírito Santo, o homem pode e deve amar as coisas criadas pelo próprio Deus.
Com efeito, recebe-as de Deus; olha-as e respeita-as como dons vindos das mãos
de Deus.
Agradecendo por elas ao divino Benfeitor e usando e
fruindo das criaturas em espírito de pobreza e liberdade, é introduzido na
verdadeira posse do mundo, como se nada tivesse e possuísse: ‘Tudo é vosso, mas
vós sois de Cristo, e Cristo é de Deus’ (1Cor 3,22-23).
O Verbo de Deus, por quem todas as coisas foram
feitas, que Se encarnou e veio habitar na terra dos homens, entrou como Homem
perfeito na história do mundo, assumindo-a e recapitulando-a em Si. Ele nos
revela que Deus é amor (1Jo 4,8) e ao mesmo tempo nos ensina que a lei
fundamental da perfeição humana, e, portanto, da transformação do mundo, é o
novo Mandamento do amor.
Aos que acreditam no amor de Deus, Ele dá a certeza
de que o caminho do amor está aberto a todos os homens e não é inútil o esforço
para instaurar uma fraternidade universal.
Adverte-nos também que esta caridade não deve ser
praticada somente nas grandes ocasiões, mas, antes de tudo, nas circunstâncias
ordinárias da vida.
Sofrendo a morte por todos nós pecadores, Ele nos
ensina com o Seu exemplo que devemos também carregar a cruz que a carne e o
mundo impõem sobre os ombros dos que procuram a paz e a justiça.
Constituído Senhor por sua Ressurreição, Cristo, a
quem foi dado todo poder no céu e na terra, age nos corações dos homens pelo
poder de seu Espírito. Não somente suscita o desejo do mundo futuro, mas anima,
purifica e fortalece por esse desejo os propósitos generosos com que a família
humana procura melhorar suas condições de vida e submeter para este fim a terra
inteira.
São diversos, porém, os dons do Espírito. Enquanto
chama alguns para testemunharem abertamente o desejo da morada celeste e
conservarem vivo esse testemunho na família humana, chama outros para se
dedicarem ao serviço terrestre dos homens e prepararem com esse ministério a
matéria do reino dos céus. A todos, porém, liberta para que, renunciando ao
egoísmo e empregando todas as energias terrenas em prol da vida humana, se
lancem decididamente para as realidades futuras, quando a própria humanidade se
tornará uma oferenda agradável a Deus”.
Vivendo o Tempo
da Quaresma, de modo mais intenso, somos motivados à prática do essencial de
nossa fé cristã, que é a vivência do mandamento do Amor que Nosso Senhor nos
deu a ser vivido em sua dupla dimensão, inseparavelmente: amor a Deus e ao
próximo.
De fato, como lemos,
somente a prática deste Mandamento é que nos possibilitará a construção de uma
fraternidade universal, e o fortalecimento dos vínculos de uma amizade social,
como tão bem expressou o Papa Francisco em sua Carta Encíclica “Fratelli Tutti.
Assim, também relaciono com a temática da
5ª Campanha da Fraternidade Ecumênica (2021), com o tema: “Fraternidade e Diálogo: compromisso de
amor”; e o lema “Cristo é a nossa paz: do que era dividido,
fez uma unidade” (Ef 2,14).
Concluo com a Oração desta Campanha: um convite a viver a
amorosidade, derrubando muros de separações e divisões, ao mesmo tempo que
somos desafiados a construir pontes de diálogo, comunhão e proximidade, e
respeito a beleza e sacralidade da vida:
“Deus da vida, da justiça e do amor, Nós Te bendizemos
pelo dom da fraternidade e por concederes a graça de vivermos a comunhão na
diversidade.
Através desta Campanha da Fraternidade Ecumênica,
ajuda-nos a testemunhar a beleza do diálogo
como compromisso de amor, criando pontes que unem
em vez de muros que separam e geram indiferença e ódio.
Torna-nos pessoas sensíveis e disponíveis para servir a
toda a humanidade, em especial, aos mais pobres e fragilizados, a fim de que
possamos testemunhar o Teu amor redentor e partilhar suas dores e angústias,
suas alegrias e esperanças, caminhando pelas veredas da amorosidade. Por Jesus
Cristo, nossa paz,
no Espírito Santo, sopro restaurador da vida. Amém”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário