sábado, 10 de fevereiro de 2024

Capítulo IX: O DISCERNIMENTO


Capítulo IX
O DISCERNIMENTO

O Papa retoma a questão sobre o discernimento em geral, para a vocação própria no mundo, que foi apresentado na Exortação Apostólica Gaudete et Exsultate. (n. 278)

“Sem a sapiência do discernimento, podemos facilmente transformar-nos em marionetes à mercê das tendências da ocasião” (n.279)

A formação da consciência permite ao discernimento crescer em profundidade e fidelidade a Deus:

- formar a consciência requer o caminho da vida inteira, no qual se aprende a cultivar os mesmos sentimentos de Jesus Cristo, assumindo os critérios das suas opções e as intenções da sua atividade (cf. Fl 2, 5)”  (nn.280-282)

O discernimento da vocação é uma tarefa que requer espaços de solidão e silêncio, porque se trata duma decisão muito pessoal que mais ninguém pode tomar no nosso lugar. (nn.283-286))

No discernir a própria vocação, há várias perguntas que é preciso colocar-se:

“Não se deve começar por questionar onde se poderia ganhar mais dinheiro, onde se poderia obter mais fama e prestígio social, mas também não se deveria começar perguntando quais tarefas nos dariam mais prazer. Para não se enganar, é preciso mudar de perspectiva, perguntando: Conheço-me a mim mesmo, para além das aparências ou das minhas sensações? Sei o que alegra ou entristece o meu coração? Quais são os meus pontos fortes e as minhas fragilidades? E, logo a seguir, vêm outras perguntas: Como posso servir melhor e ser mais útil ao mundo e à Igreja? Qual é o meu lugar nesta terra? Que poderia eu oferecer à sociedade? E surgem imediatamente outras muito realistas: Tenho as capacidades necessárias para prestar este serviço? Em caso negativo, poderei adquiri-las e desenvolvê-las?” (n.285)

No discernimento da vocação, é preciso reconhecer que a mesma é a chamada de um amigo: Jesus. (nn.287-288)

“O dom da vocação será, sem dúvida, um dom exigente. Os dons de Deus são interativos e, para os desfrutar, é preciso pôr-me em campo, arriscar”. (n.289)

“Quando o Senhor suscita uma vocação, não pensa apenas no que és, mas em tudo o que poderás, juntamente com Ele e os outros, chegar a ser”.  (n.289)

“Antes de toda a lei e dever, aquilo que Jesus nos propõe escolher é um seguimento como o de amigos que se frequentam, procuram e encontram por pura amizade. Tudo o mais vem depois; e até os fracassos da vida poderão ser uma experiência inestimável de tal amizade que não se rompe jamais”. (n.290)

Escuta e acompanhamento feitos por sacerdotes, religiosos, religiosas, leigos, profissionais e até jovens qualificados, que podem acompanhar os jovens no seu discernimento vocacional. (n.291)

Para ajudar o outro a discernir o caminho da sua vida, a primeira coisa a fazer é ouvir. Esta escuta pressupõe três sensibilidades ou atenções diferentes e complementares:

-   A primeira sensibilidade ou atenção é à pessoa. Trata-se de escutar o outro, que se nos dá com as suas palavras. (n.292)
-   A segunda sensibilidade ou atenção é no discernir. (n.293)
- A terceira sensibilidade ou atenção consiste em escutar os impulsos «para diante» que o outro experimenta. É a escuta profunda do ponto «para onde o outro quer verdadeiramente ir». (n,294)

O discernimento torna-se um instrumento de compromisso forte para seguir melhor o Senhor. (n.295).

Quando alguém escuta a outro desta maneira, a dado momento deve desaparecer para deixá-lo seguir o caminho que ele descobriu. Desaparecer como desaparece o Senhor da vista dos Seus discípulos, deixando-os sozinhos, com o ardor do coração, que se transforma num impulso irresistível de se porem a caminho (cf. Lc 24, 31-33). De regresso à comunidade, os discípulos de Emaús receberam a confirmação de que o Senhor verdadeiramente ressuscitou (cf. Lc 24, 34).  (n.296)

Devemos suscitar e acompanhar processos, não impor percursos. Trata-se de processos de pessoas, que sempre são únicas e livres. Por isso, é difícil elaborar receituários, mesmo quando todos os sinais forem positivos. (n.297)

“...para acompanhar os outros neste caminho, primeiro precisas de ter o hábito de o percorreres tu próprio” (n.298)

Maria assim o fez, enfrentando as suas questões e as suas próprias dificuldades, quando era ainda muito jovem. (n.298)

Conclui com um desejo:

“Queridos jovens, ficarei feliz vendo-vos correr mais rápido do que os lentos e medrosos. Correi ‘atraídos por aquele Rosto tão amado, que adoramos na sagrada Eucaristia e reconhecemos na carne do irmão que sofre.

O Espírito Santo vos impulsione nesta corrida para a frente. A Igreja precisa do vosso ímpeto, das vossas intuições, da vossa fé. Nós temos necessidade disto! E quando chegardes aonde nós ainda não chegamos, tende a paciência de esperar por nós’”.  (n.299)

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