O DISCERNIMENTO
O Papa retoma a questão sobre o discernimento em geral, para a vocação própria no mundo, que foi apresentado na Exortação Apostólica Gaudete
et Exsultate. (n. 278)
“Sem a sapiência
do discernimento, podemos facilmente transformar-nos em marionetes à mercê das
tendências da ocasião” (n.279)
A formação
da consciência permite ao discernimento crescer em profundidade e fidelidade a
Deus:
-
formar a consciência requer o caminho da vida inteira, no qual se aprende a
cultivar os mesmos sentimentos de Jesus Cristo, assumindo os critérios das suas
opções e as intenções da sua atividade (cf. Fl 2, 5)” (nn.280-282)
O
discernimento da vocação é uma tarefa que requer espaços de solidão e silêncio,
porque se trata duma decisão muito pessoal que mais ninguém pode tomar no nosso
lugar. (nn.283-286))
No discernir
a própria vocação, há várias perguntas que é preciso colocar-se:
“Não se deve
começar por questionar onde se poderia ganhar mais dinheiro, onde se poderia
obter mais fama e prestígio social, mas também não se deveria começar
perguntando quais tarefas nos dariam mais prazer. Para não se enganar, é
preciso mudar de perspectiva, perguntando: Conheço-me a mim mesmo, para além
das aparências ou das minhas sensações? Sei o que alegra ou entristece o meu
coração? Quais são os meus pontos fortes e as minhas fragilidades? E, logo a
seguir, vêm outras perguntas: Como posso servir melhor e ser mais útil ao mundo
e à Igreja? Qual é o meu lugar nesta terra? Que poderia eu oferecer à
sociedade? E surgem imediatamente outras muito realistas: Tenho as capacidades
necessárias para prestar este serviço? Em caso negativo, poderei adquiri-las e
desenvolvê-las?” (n.285)
No
discernimento da vocação, é preciso reconhecer que a mesma é a chamada de um
amigo: Jesus. (nn.287-288)
“O dom da vocação
será, sem dúvida, um dom exigente. Os dons de Deus são interativos e, para os
desfrutar, é preciso pôr-me em campo, arriscar”. (n.289)
“Quando o Senhor
suscita uma vocação, não pensa apenas no que és, mas em tudo o que poderás,
juntamente com Ele e os outros, chegar a ser”.
(n.289)
“Antes de toda a
lei e dever, aquilo que Jesus nos propõe escolher é um seguimento como o de
amigos que se frequentam, procuram e encontram por pura amizade. Tudo o mais
vem depois; e até os fracassos da vida poderão ser uma experiência inestimável
de tal amizade que não se rompe jamais”. (n.290)
Escuta
e acompanhamento feitos por sacerdotes, religiosos, religiosas, leigos,
profissionais e até jovens qualificados, que podem acompanhar os jovens no seu
discernimento vocacional. (n.291)
Para
ajudar o outro a discernir o caminho da sua vida, a primeira coisa a fazer é
ouvir. Esta escuta pressupõe três sensibilidades ou atenções diferentes e
complementares:
- A primeira sensibilidade ou
atenção é à pessoa. Trata-se de escutar o outro, que se nos dá com as suas
palavras. (n.292)
- A segunda sensibilidade ou atenção
é no discernir. (n.293)
-
A terceira sensibilidade ou atenção consiste em escutar os
impulsos «para diante» que o outro experimenta. É a escuta profunda do
ponto «para onde o outro quer verdadeiramente ir». (n,294)
O
discernimento torna-se um instrumento de compromisso forte para seguir melhor o
Senhor. (n.295).
Quando
alguém escuta a outro desta maneira, a dado momento deve desaparecer para deixá-lo
seguir o caminho que ele descobriu. Desaparecer como desaparece o Senhor da
vista dos Seus discípulos, deixando-os sozinhos, com o ardor do coração, que se
transforma num impulso irresistível de se porem a caminho (cf. Lc 24,
31-33). De regresso à comunidade, os discípulos de Emaús receberam a confirmação de
que o Senhor verdadeiramente ressuscitou (cf. Lc 24, 34). (n.296)
Devemos
suscitar e acompanhar processos, não impor percursos. Trata-se de processos de pessoas, que sempre
são únicas e livres. Por isso, é difícil elaborar receituários, mesmo quando
todos os sinais forem positivos. (n.297)
“...para
acompanhar os outros neste caminho, primeiro precisas de ter o hábito de o
percorreres tu próprio” (n.298)
Maria
assim o fez, enfrentando as suas questões e as suas próprias dificuldades,
quando era ainda muito jovem. (n.298)
Conclui
com um desejo:
“Queridos jovens,
ficarei feliz vendo-vos correr mais rápido do que os lentos e medrosos. Correi ‘atraídos
por aquele Rosto tão amado, que adoramos na sagrada Eucaristia e reconhecemos
na carne do irmão que sofre.
O Espírito Santo
vos impulsione nesta corrida para a frente. A Igreja precisa do vosso ímpeto,
das vossas intuições, da vossa fé. Nós temos necessidade disto! E quando
chegardes aonde nós ainda não chegamos, tende a paciência
de esperar por nós’”. (n.299)
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