Capítulo
II
JESUS CRISTO SEMPRE JOVEM
Neste
capítulo, o Papa nos fala do período original e estimulante da juventude de
Jesus Cristo, à luz dos Evangelhos.
“...Jesus foi um
jovem. Deu a Sua vida numa fase que hoje se define como a dum jovem adulto. Em
plena juventude, começou a Sua missão pública e, assim, brilhou ‘uma grande luz’
(Mt 4, 16), sobretudo quando levou até ao extremo o dom da Sua vida”. (n.23)
Cada
jovem também tem uma missão; “...quando
se sente chamado a cumprir uma missão nesta terra, é convidado a reconhecer
dentro de si as mesmas palavras que Deus Pai dissera a Jesus: ‘Tu és o meu Filho
muito amado”. (n.25)
O
crescimento de Jesus não foi apenas fisicamente, mas também espiritual, para
realizar o projeto do Pai. Sua adolescência e juventude orientaram-No para esta
missão suprema. (n.26.27).
Jesus
se relacionava com toda a normalidade, e ninguém O considerava um jovem
estranho ou separado dos outros, sendo reconhecido como o filho do carpinteiro,
e mesmo o carpinteiro (Mt 13,55; Mc 6,3). (n.28)
“Por isso mesmo,
quando Jesus começou a pregar, as pessoas não sabiam explicar donde Lhe vinha
aquela sabedoria: ‘Não é este o filho de José?’ (Lc 4, 22”). (n.28)
Jesus
se movia livremente entre as pessoas e caminhava com elas, como vemos na passagem
da perda e encontro, quando discutia com os doutores no templo (Lc 2). (n.29)
A
Sua juventude nos ilumina os projetos de trabalhos com as juventudes
“Precisamos, sim,
de projetos que os fortaleçam, acompanhem e lancem para o encontro com os
outros, o serviço generoso, a missão”. (n.30).
Em
Jesus, todos os jovens podem se rever, por isto Ele ilumina a juventude de hoje
como jovem que foi:
-
Jesus teve uma confiança incondicional no Pai;
-
cuidou da amizade com os Seus discípulos e, até nos momentos de crise,
permaneceu fiel a eles;
-
manifestou uma profunda compaixão pelos mais fracos, especialmente os pobres,
os doentes, os pecadores e os excluídos;
-
teve a coragem de enfrentar as autoridades religiosas e políticas do Seu tempo;
-
viveu a experiência de Se sentir incompreendido e descartado;
-
experimentou o medo do sofrimento e conheceu a fragilidade da Paixão;
-
dirigiu o Seu olhar para o futuro, colocando-Se nas mãos seguras do Pai e
confiando na força do Espírito. (n.31).
Jesus
é a verdadeira juventude dum mundo envelhecido, e é também a juventude dum
universo que espera, por entre “dores de parto” (Rm 8, 22), ser revestido
com a Sua luz e com a Sua vida. (n.32)
A
missão que Jesus confia à juventude e a todos nós, “acender estrelas na noite doutros jovens”:
“...
convida-nos a olhar os verdadeiros
astros, ou seja, aqueles sinais tão variados que Ele nos dá para não ficarmos
parados, mas imitarmos o semeador que observava as estrelas para poder lavrar o
campo. Deus acende estrelas para nós, a fim de podermos continuar a caminhar: ‘Às
estrelas que brilham alegremente nos seus postos, Ele chama-as e elas respondem’
(Br 3, 34-35). Mas o próprio Cristo é, para nós, a grande luz de esperança
e guia na nossa noite, pois Ele é ‘a brilhante estrela da manhã’ (Ap 22,
16)”. (n.33)
Ser
jovem, mais do que uma idade, é um estado do coração. Assim, a Igreja, uma
instituição antiga como é, pode se renovar e voltar a ser jovem em cada uma das
várias fases da sua longa história, voltando ao essencial do primeiro amor.
Nela, é sempre possível encontrar Cristo, o companheiro e o amigo dos jovens.
(n.34)
Uma
Igreja que se deixa renovar sem ceder ao que o mundo oferece, mas é jovem quando recebe a força sempre nova da Palavra de Deus, da
Eucaristia, da presença de Cristo e da força do seu Espírito em cada dia, voltando
continuamente à sua fonte, com a coragem de ser diferente:
-
mostrando outros sonhos que este mundo não oferece;
-
testemunhando a beleza da generosidade, do serviço, da pureza, da fortaleza, do
perdão, da fidelidade à própria vocação, da oração, da luta pela justiça e o
bem comum, do amor aos pobres, da amizade social. (nn.35.36)
Como
Igreja de Cristo:
-
não pode cair na tentação da perda do entusiasmo, e os jovens podem ajudar a
Igreja a permanecer jovem;
-
não cair na corrupção;
-
não parar;
-
não se orgulhar;
-
não se transformar numa seita;
-
ser mais pobre e testemunhal, e mais perto dos últimos e descartados;
-
lutar pela justiça;
-
deixar-se interpelar com humildade. (n.37)
“Precisamos de
criar mais espaços onde ressoe a voz dos jovens: A escuta torna possível um
intercâmbio de dons, num contexto de empatia. (…) Ao mesmo tempo, estabelece as
condições para um anúncio do Evangelho que alcance verdadeiramente, de modo
incisivo e fecundo, o coração” (n. 38)
Uma
Igreja atenta aos sinais dos tempos e não debruçada sobre si mesmo, procurando
refletir Jesus Cristo, reconhecendo humildemente que precisa mudar algumas
coisas concretas, assim como precisa de recolher também a visão e mesmo a
crítica dos jovens. (n.39).
Para
um número consistente de jovens, pelos motivos mais variados, nada pede à
Igreja, porque não a consideram significativa para a sua existência. Aliás,
alguns pedem-lhe expressamente para ser deixados em paz, uma vez que sentem a
sua presença como importuna e até mesmo irritante. (n.40)
Os motivos desta
atitude:
-
os escândalos sexuais e econômicos;
-
a falta de preparação dos ministros ordenados, que não sabem reconhecer de
maneira adequada a sensibilidade dos jovens;
-
pouco cuidado na preparação da homilia e na apresentação da Palavra de Deus;
-
o papel passivo atribuído aos jovens no seio da comunidade cristã;
-
a dificuldade da Igreja dar razão das suas posições doutrinais e éticas perante
a sociedade atual. (n.40)
Há jovens que reclamam
atitudes diferentes da Igreja:
-
alguns querem uma Igreja que se manifesta humildemente segura dos seus dons e
também capaz de exercer uma crítica leal e fraterna;
-
outros querem uma Igreja que escute mais, que não passe o tempo a condenar o
mundo. Não querem ver uma Igreja calada e tímida, mas, menos ainda, desejam que
esteja sempre em guerra por dois ou três assuntos que a obcecam.
“Para ser
credível aos olhos dos jovens, precisa às vezes de recuperar a humildade e
simplesmente ouvir, reconhecer, no que os outros dizem, alguma luz que a pode
ajudar a descobrir melhor o Evangelho. Uma Igreja na defensiva, que perde a
humildade, que deixa de escutar, que não permite ser questionada, perde a
juventude e transforma-se num museu” (n.41)
Traz
como exemplo a questão dos direitos das mulheres e a superação de
discriminações: “...o Sínodo quis renovar
o empenho da Igreja ‘contra toda a discriminação e violência com base no sexo’”. (n.42)
O
Papa dedica alguns parágrafos para nos apresentar Maria, a jovem de Nazaré
(n.43-48), modelo para uma Igreja jovem, que deseja seguir Cristo com frescor e
docilidade.
Sempre
impressiona a força do “sim” de Maria, jovem. A força daquele “faça-se em Mim”,
que disse ao anjo. Foi uma coisa distinta duma aceitação passiva ou resignada.
Maria
não comprou um seguro de vida! Maria embarcou no jogo e, por isso, é forte, é
uma “influenciadora”, é a “influenciadora” de Deus! O “sim” e o desejo de
servir foram mais fortes do que as dúvidas e dificuldades.
Maria
não cedeu a evasões nem miragens, e soube acompanhar o sofrimento do seu Filho;
apoiá-Lo com o olhar e protegê-Lo com o coração.
“Que dor sofreu!
Mas não a abateu. Foi a mulher forte do “sim”, que apoia e acompanha, protege e
abraça. É a grande guardiã da esperança (...). Dela, aprendemos a dizer “sim” à
paciência obstinada e à criatividade daqueles que não desanimam e recomeçam” (n.45)
Maria
não ficava quieta, punha-se continuamente a caminho: quando soube que sua prima
precisava d’Ela, não pensou nos próprios projetos, mas ‘dirigiu-Se à pressa
para a montanha’” (Lc 1, 39). (n.46)
Quando
foi necessário proteger o seu menino, partiu com José para um país distante
(cf. Mt 2, 13-14).
Também
permaneceu no meio dos discípulos reunidos em oração à espera do Espírito Santo
(cf. At 1, 14).
Com
a presença de Maria, nasceu uma Igreja jovem, com os seus Apóstolos em saída
para fazer nascer um mundo novo (cf. At 2, 4-11).
“Aquela
jovenzinha é, hoje, a Mãe que vela pelos filhos: por nós, seus filhos, que
muitas vezes caminhamos na vida cansados, carentes, mas desejosos que a luz da
esperança não se apague. Isto é o que queremos: que a luz da esperança não se
apague. A nossa Mãe vê este povo peregrino, povo jovem amado por Ela, que A procura
fazendo silêncio no próprio coração, ainda que haja muito barulho, conversas e
distrações ao longo do caminho. Mas, diante dos olhos da Mãe, só há lugar para
o silêncio cheio de esperança. E, assim, Maria ilumina de novo a nossa
juventude”.
(n.48)
Apresenta-nos
exemplos de Jovens Santos (nºs.51-63), que deram a sua vida por Cristo, muitos
deles até ao martírio.
Constituem
magníficos reflexos de Cristo jovem, que resplandecem para nos estimular e
tirar fora da sonolência.
“O
bálsamo da santidade gerada pela vida boa de muitos jovens pode curar as
feridas da Igreja e do mundo, levando-nos àquela plenitude do amor para a qual,
desde sempre, estamos chamados: os jovens santos impelem-nos a voltar ao nosso
primeiro amor (cf. Ap 2, 4)’’. n.50). E nos apresenta alguns exemplos
de jovens santos.
São exemplos para estimular na Igreja outros jovens alegres,
corajosos e devotados que ofereçam ao mundo novos testemunhos de santidade. (n.63)
- São Sebastião – no século III;
- São Francisco de Assis, - Morreu em 1226;
- Santa Joana d'Arc nasceu em 1412.
- O Beato André Phû Yên, um jovem vietnamita do século XVII;
- Santa Catarina Tekakwitha, jovem leiga nascida na América do
Norte;
- São Domingos Sávio oferecia a Maria todos os seus sofrimentos;
- Santa Teresa do Menino Jesus nasceu em 1873.
- Beato Zeferino Namuncurá era um jovem argentino;
- Beato Isidoro Bakanja - um leigo do Congo;
- Beato Pier Jorge Frassati, que morreu em 1925;
- Beato Marcelo Callo era um jovem francês, que morreu em 1945.
- Beata Clara Badano, que morreu em 1990.
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