segunda-feira, 19 de fevereiro de 2024

Continuando a rezar a partir da matemática...

Continuando a rezar a partir da matemática...
 
Matemática! Para alguns um sofrimento, para outros um deleite...
 
Quantos rezaram, rezam e continuarão rezando para fazer uma prova de matemática... 
 
Lembro-me das noções elementares aprendidas há muitos anos... Das primeiras lições de tabuada, para muitos, que tormento a memorização.
 
Lembro-me do “lapiz” que não apontava (confesso que tive mais dificuldade de escrever lápis com s e não com z, sem esquecer-me do acento...), pois trazia a tabuada (se era para usar, por que vinha neles). Mas tinha o memorável lápis preto sem nada escrito que consumíamos interminavelmente com os apontadores. Depois vieram as lapiseiras...
 
Mas antes que continue, tive professoras que apaixonadas pela matemática, vocacionadas para tal me levaram ao mesmo sentimento...
 
Lembro-me das operações que nos acompanhariam por toda a vida (adição, subtração, multiplicação e divisão); daquelas enormes expressões algébricas com chave, colchetes, parênteses e o imperativo da ordem a ser obedecida, sem a qual jamais chegaríamos ao pretendido resultado; da raiz quadrada; das equações de primeiro grau e segundo graus, a procura do valor de “x”. Ah, também das equações biquadradas (será isto mesmo? já nem me lembro)...
 
As aulas sobre Conjuntos, que talvez não lembremos tanto quanto deveríamos, mas que estão mais que presentes em nosso cotidiano.
 
Recordar tudo isto, nos possibilita rezar a partir da matemática:

“Conjunto: Coleção de elementos bem definidos...”
 
Lembramos a criação: a Ação Divina que fez tudo e viu que era muito bom! A perfeita harmonia da criação. A beleza da criação, a biodiversidade, o equilíbrio do sistema; a mais que atualíssima questão da sustentabilidade em que um elemento (ser/organismo) depende do outro... A procura do equilíbrio, do respeito às diferenças.
 
A beleza divina manifesta-se na diversidade, multiplicidade, na possibilidade de nos surpreender com elementos novos, traduzidos como conteúdos e enredos novos.
 
Somos os elementos por Deus bem definidos, antes pensados, criados, reconciliados porque, por Ele, sempre amados.
 
“O Conjunto dos números Naturais”, que tem por natureza o infinito, leva-me a refletir sobre a infinitude do Amor de Deus, que tende a nos lançar para o futuro, plantando em nós a semente da eternidade quando de nosso Batismo.
 
Infinitude e imensurabilidade do Amor Divino... 

Há amores finitos são como as ervas da manhã que murcham ao entardecer e orvalhos que secam com os primeiros raios do sol como muito bem expressou o salmista sobre a finitude.
 
“Pertinência: Característica associada a um elemento que faz parte de um Conjunto. Um elemento pode ‘pertencer’ ou ‘não pertencer’ a um determinado Conjunto.”
 
Com a “pertinência” reconhecer que a Deus pertencemos, e por isto diante d'Ele devemos nos submeter: diante do Senhor todo joelho se dobre e toda língua proclame Jesus é o Senhor (Fl 2,1-11).
 
A Deus, que não Se deixa apropriar por mãos humanas, sintamo-nos pertencentes.
 
Quanto maior for este sentimento, maior nossa relação filial de confiança e amor, disponibilidade e serviço.
 
“Relação entre Conjuntos - Contém, não contém, está contido, não está contido...”
 
Como é bom saber que o coração trespassado de Jesus contém a nossa existência.
 
Dilatado foi para que nele coubéssemos. Estamos contidos no coração de Jesus, e quanto mais o amarmos, mais sentiremos Sua presença em nós, e mais em Seu coração desejaremos estar contidos.
 
Contém” - A Sagrada Escritura contém a história da Salvação, e com isto, nela está contida a história do Amor de Deus e todos aqueles que escreveram esta história.
 
Importa vivermos também sentindo-nos nesta história envolvidos, contidos. Quanto mais assumir a Sagrada Escritura como nossa história de salvação, mais nela nos sentiremos contidos.
 
“Operações entre dois Conjuntos - união, intersecção...”
Reflito sobre a União Matrimonial – “O que Deus uniu o homem não separe...” Unidade e indissolubilidade matrimonial a serem vividas cotidianamente como Mistério Pascal.
 
A unidade desejada e rezada por Jesus (Jo 17); exortada por Paulo  em Efésios ( Ef 4); a unidade vivida pelas primeiras comunidades (At 2,42-45).
 
A unidade: a relação dos povos e suas diferenças étnicas, culturais; a unidade no respeito à diversidade tão frágil e tão bela...
 
A matemática muito mais do que nos livros, como martírio ou encanto, como sofrimento ou prazeroso aprendizado está mais do que presente em nossa vida.
 
Urge a  religação dos saberes... O saber da matemática também pode ser e é indispensável para descobrirmos caminhos novos para uma nova humanidade. Rezar a partir da matemática é possível, mais que isto: necessário!
 

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