sábado, 24 de fevereiro de 2024

Somente no Senhor nossa vida encontra sentido

Somente no Senhor nossa vida encontra sentido

A Oração da Liturgia das Horas do primeiro sábado da Quaresma nos apresenta dois pequenos parágrafos da Constituição Pastoral “Gaudium et Spes”,  sobre a Igreja no mundo de hoje.

“O mundo moderno apresenta-se simultaneamente poderoso e fraco, capaz do melhor e do pior; abre-se diante dele o caminho da liberdade ou da escravidão, do progresso ou da regressão, da fraternidade e do ódio.

Por outro lado, o homem toma consciência de que depende dele a boa orientação das forças por ele despertadas e que podem oprimi-lo ou servi-lo. Eis por que se interroga a si mesmo.

Na verdade, os desequilíbrios que atormentam o mundo moderno estão ligados a um desequilíbrio mais profundo, que se enraíza no coração do homem.

No íntimo do próprio homem, muitos elementos lutam entre si. De um lado, ele experimenta, como criatura, suas múltiplas limitações; por outro, sente-se ilimitado em seus desejos e chamado a uma vida superior.

Atraído por muitas solicitações, é continuamente obrigado a escolher e a renunciar. Mais ainda: fraco e pecador, faz muitas vezes o que não quer e não faz o que desejaria. Em suma, é em si mesmo que o homem sofre a divisão que dá origem a tantas e tão grandes discórdias na sociedade.

Muitos, sem dúvida, que levam uma vida impregnada de materialismo prático, não podem ter uma clara percepção desta situação dramática; ou, oprimidos pela miséria, sentem-se incapazes de prestar-lhe atenção. Outros, em grande número, julgam encontrar satisfação nas diversas interpretações da realidade que lhes são propostas.

Alguns, porém, esperam unicamente do esforço humano a verdadeira e plena libertação da humanidade, e estão persuadidos de que o futuro domínio do homem sobre a terra dará satisfação a todos os desejos de seu coração.

Não faltam também os que, desesperando de encontrar o sentido da vida, louvam a audácia daqueles que, julgando a existência humana vazia de qualquer significado próprio, se esforçam por encontrar todo o seu valor apoiando-se apenas no próprio esforço.

Contudo, diante da atual evolução do mundo, cresce o número daqueles que formulam as questões mais fundamentais ou as percebem com nova acuidade.

Que é o homem? Qual é o sentido do sofrimento, do mal e da morte que, apesar de tão grandes progressos, continuam a existir? Para que servem semelhantes vitórias, conseguidas a tanto custo? Que pode o homem dar à sociedade e dela esperar? Que haverá depois desta vida terrestre?

A Igreja, porém, acredita que Jesus Cristo, morto e Ressuscitado por todo o gênero humano, oferece ao homem, pelo Espírito Santo, luz e forças que lhe permitirão corresponder à sua vocação suprema; ela crê que não há debaixo do céu outro nome dado aos homens pelo qual possam ser salvos.

Crê igualmente que a chave, o centro e o fim de toda a história humana encontra-se em seu Senhor e Mestre.

A Igreja afirma, além disso, que, subjacente a todas as transformações, permanecem imutáveis muitas coisas que têm seu fundamento último em Cristo, o mesmo ontem, hoje e sempre”.

Notável a atualidade e pertinência deste Documento  do Concílio Vaticano II (1962-1965), que aborda as  interrogações mais profundas do gênero humano que carregamos no mais profundo de nós, e com coragem procuramos respostas.

De fato, muitas são as questões e interrogações que fazem parte de nosso quotidiano. A vida é um mistério de hipercomplexidade das relações.

Se não tivermos na vida a centralidade de Cristo, a confiança em Sua presença em nossa vida, acabamos nos perdendo em meio às dúvidas, incertezas que são inerentes à condição humana.

Bem nos lembra o que nos falou o Apóstolo Paulo aos Gálatas – “É para a liberdade que Cristo nos libertou” (Gl 5,1).

Viver consiste em romper correntes que nos aprisionem ou nos faça perder a verdadeira identidade e a imagem impressa de Deus em nós.

Em Cristo e em Sua Palavra, encontramos a luz que ilumina nossos caminhos e os recônditos mais obscuros de nossa alma.

Em Cristo e em Sua Palavra, encontramos a promessa de Sua presença, que não nos permite evadir do mundo, mas corajosamente d’Ele presença ser, vivendo nosso Batismo, sendo sal, fermento e luz.

Em Cristo, o mesmo ontem, hoje e sempre, em Sua Palavra, encontramos a razão e o sentido de nossa vida.

Sem Ele tudo ficaria à deriva do incerto, do inseguro, do funesto, do imponderável, do fracasso, do caos...

Com o Senhor, e somente com Ele, a liberdade alcançamos, a alegria no coração sentimos transbordar

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