domingo, 18 de fevereiro de 2024

Fé nutrida, êxito no combate (IDTQB)

Fé nutrida, êxito no combate

 “No Cristo fomos tentados
e n’Ele vencemos o demônio“

Sejamos enriquecidos pela reflexão do Bispo Santo Agostinho, ao celebramos o 1º Domingo da Quaresma:

"Ouvi, ó Deus, a minha súplica, atendei a minha Oração (Sl 60,2). Quem é que fala assim?

Parece ser um só: Dos confins da terra a Vós eu clamo, e em mim o coração já desfalece (Sl 60,3).

Então já não é um só, e contudo é somente um, porque o Cristo, de quem todos somos membros, é um só.

Como pode um único homem clamar dos confins da terra? Quem clama dos confins da terra é aquela herança a respeito da qual foi dito ao próprio Filho: Pede-me e te darei as nações como herança e os confins da terra por domínio (Sl 2,8).

Portanto, é esse domínio de Cristo, essa herança de Cristo, esse corpo de Cristo, essa Igreja de Cristo, essa unidade que somos nós, que clama dos confins da terra.

E o que clama? O que eu disse acima: Ouvi, ó Deus, a minha súplica, atendei a minha Oração; dos confins da terra a Vós eu clamo. Sim, clamei a Vós dos confins da terra, isto é, de toda parte. 

Mas por que clamei? Porque em mim o coração já desfalece. Revela com estas palavras que Ele está presente a todos os povos no mundo inteiro, não rodeado de grande glória, mas no meio de grandes tentações.

Com efeito, nossa vida, enquanto somos peregrinos neste mundo, não pode estar livre de tentações, pois é através delas que se realiza nosso progresso e ninguém pode conhecer-se a si mesmo sem ter sido tentado.

Ninguém pode vencer sem ter combatido, nem pode combater se não tiver inimigo e tentações.

Aquele que clama dos confins da terra está angustiado, mas não está abandonado. Porque foi a nós mesmos, que somos o Seu corpo, que o Senhor quis prefigurar em Seu próprio corpo, no qual já morreu, ressuscitou e subiu ao céu, para que os membros tenham a certeza de chegar também aonde a cabeça os precedeu. 

Portanto, o Senhor nos representou em Sua pessoa quando quis ser tentado por Satanás. Líamos há pouco no Evangelho que nosso Senhor Jesus Cristo foi tentado pelo demônio no deserto.

De fato, Cristo foi tentado pelo demônio. Mas em Cristo também tu eras tentado, porque Ele assumiu a tua condição humana, para te dar a sua salvação; assumiu a tua morte, para te dar a sua vida; assumiu os teus ultrajes, para te dar a sua glória; por conseguinte, assumiu as tuas tentações, para te dar a sua vitória.

Se n’Ele fomos tentados, n’Ele também vencemos o demônio. Consideras que o Cristo foi tentado e não consideras que ele venceu?

Reconhece-te n’Ele em sua tentação, reconhece-te n’Ele em sua vitória. O Senhor poderia impedir o demônio de aproximar-se d’Ele; mas, se não fosse tentado, não te daria o exemplo de como vencer na tentação”.

Nisto consiste a vida cristã, sobretudo neste Tempo Quaresmal: com Jesus, fazermos nossa caminhada pelo “deserto” da existência, comprovando a nossa fé, vivendo o bom combate, que assumimos desde o dia de nosso Batismo, até que mereçamos a consumação da corrida, e mereçamos receber a coroa da glória, como bem falou o Apóstolo (cf. 2Tm 4, 1-8).

Oremos:

“Ó Deus que nos alimentastes com este Pão que nutre a fé, incentiva a esperança e fortalece a caridade, dai-nos desejar o Cristo, Pão Vivo e Verdadeiro, e viver de toda Palavra que sai de Vossa boca. Por Cristo, nosso Senhor. Amém.”

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