sábado, 2 de novembro de 2024

“Ela se adiantou...”

“Ela se adiantou...”

“Sinto muito sua falta...
Cada coisa que pego tem suas marcas...
Os espaços por onde andou...
Lembranças se multiplicam...

O aroma do perfume que usava cujo corpo não mais precisa...
A comida de que tanto gostava, embora a mesma, agora parece tão sem sabor.
A música que reaviva deliciosas memórias...

Ficou um vazio que não pode ser preenchido. A dor da partida como amenizá-la?

Ó, agora entendo quando se diz que a saudade cresce na proporcional do quanto se amou. Saudade é a gostosa lembrança do ausente que se faz para sempre presente, alguém disse e demorei a entender.

Saudade corta, feito lâmina, o mais profundo da alma, como que sangrando a dor da saudade de um amor que se viveu tão intensamente.

Se breve a história, porque breve; se longa, porque longa; se ainda nem um dos extremos, porque assim o poderia ser... O tempo não conta; conta o quanto se amou...

Como superar a dor da ausência?
Como continuar a viver intensamente a cada dia?
Não fosse a fé na Ressurreição, que sentido teria?
Não fosse a espera do encontro na eternidade, que motivação outra maior seria?

Não nos resta alternativa, senão amar intensamente quando possível, porque depois serão lembranças a serem vivenciadas na espera do encontro no tempo eterno.
Amar é condição para que nos tornemos eternos, e na glória nos encontremos...

Ainda que sintamos a dor da ausência pela súbita e indesejada partida, amar intensamente, eis o sentido de uma vida”.

Não sei quantos poderão dizer que: “estas palavras são minhas...”, por já terem passado por experiência semelhante...
Não importa...

Importa que um dia vi um homem chorando a páscoa da amada. Lágrima de alguém que compartilhou a graça do Sacramento do Matrimônio por mais de cinquenta e dois anos, e mesmo sem conhecerem o Código do Direito Canônico, viveram a chamada Propriedade Essencial do Matrimônio que é a unidade e a indissolubilidade, e os Elementos Essenciais que são a comunhão de vida proposta no dia da celebração do Matrimônio a qual oficializaram diante do altar do sacrifício eucarístico o seu pacto matrimonial.

E entre lágrimas assim se expressou: “... Pensei que eu fosse primeiro, mas ela se adiantou...”

Lágrimas vertidas sempre tocam quem as contempla... 

A vida é regada por lágrimas, seja qual for sua causa, tristeza ou alegria, angústia ou esperança, fracasso ou vitória; sonhos realizados ou pesadelos prolongados; nascimento ou morte...

As lágrimas de um homem que muito amou sempre me tocam profundamente, talvez porque elas vertem rompendo a barreira do preconceito mais que ultrapassado de que homens não choram...

Chorar sim, mas com a certeza de que a fé na Ressurreição é como um lenço a enxugá-las na superação de toda dor, pranto, sofrimento, porque a morte, pela Morte do Autor da Vida, foi vencida. A vida foi eternizada!

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