domingo, 29 de junho de 2025
Compassivos e missionários
Compassivos e missionários
A Liturgia, do Sábado da 12ª Semana do Tempo Comum, nos apresenta a passagem do Evangelho (Mt 8, 5-17), em que Jesus cura a sogra de Pedro, à porta da casa deste, faz curas e expulsa demônios ao cair da tarde.
Sobre esta passagem do Evangelho, voltemo-nos para a reflexão de São Pedro Crisólogo (séc. V), em que nos apresenta a ação de Deus, que busca os homens e não as coisas dos homens.
“A Leitura evangélica de hoje ensina ao ouvinte atento porque o Senhor do céu e restaurador do universo entrou nos domicílios terrenos de Seus servos. Mesmo que nada tenha de estranho que se tenha mostrado afavelmente próximo a todos, ele que com grande clemência tinha vindo para socorrer a todos.
Já conheceis o que moveu Cristo a entrar na casa de Pedro: com certeza não o prazer de recostar-se à mesa, mas a enfermidade daquela que se encontrava na cama; não a necessidade de comer, mas a oportunidade de curar; a obra do poder divino, não a pompa do banquete humano. Na casa de Pedro não se servia vinho, somente se derramavam lágrimas. Por isso Cristo entrou ali, não para banquetear, mas para vivificar. Deus busca aos homens, não as coisas dos homens; deseja dispensar bens celestiais, não espera conseguir as terrenas. Em resumo: Cristo veio buscar-nos, e não buscar as nossas coisas.
Ao chegar Jesus à casa de Pedro, encontrou sua sogra na cama com febre. Entrando Cristo na casa de Pedro, viu ao que vinha buscando. Não se fixou na qualidade da casa, nem na afluência de pessoas, nem nas cerimoniosas saudações, nem na reunião familiar; também não pensou no adorno dos preparativos: Fixou-se nos gemidos da enferma, dirigiu sua atenção ao ardor daquela que estava sob a ação da febre. Viu o perigo daquela que estava para além de toda esperança, e imediatamente coloca mãos para obra de Sua santidade: Cristo nem se sentou para tomar alimento humano, antes que a mulher que jazia se levantasse para as coisas divinas.
Tomou sua mão e sua febre passou. Vês como a febre abandona a quem segura a mão de Cristo. A enfermidade não resiste, onde o Autor da saúde assiste; a morte não tem acesso algum onde entrou o Doador da vida.
Ao anoitecer, levaram-lhe muitos endemoniados; Ele expulsou os espíritos. O anoitecer acontece ao acabar o dia do século, quando o mundo pende para entardecer da luz dos tempos. Ao cair da tarde vem o Restaurador da luz para introduzir-nos o dia sem ocaso, a nós que viemos da noite secular do paganismo.
Ao anoitecer, ou seja, no último momento, a piedosa e solene devoção dos Apóstolos nos oferece a Deus Pai, a nós que somos procedentes do paganismo: são expulsos de nós os demônios, que nos impunham o culto aos ídolos. Desconhecendo ao único Deus, cultuávamos a inumeráveis deuses em nefanda e sacrílega servidão.
Como Cristo já não vem a nós na carne, vem na Palavra: e aonde quer que a fé nasça da mensagem, e a mensagem consiste em falar de Cristo, ali a fé nos liberta da servidão do demônio, enquanto que os demônios, de ímpios tiranos, converteram-se em prisioneiros. Por isso os demônios, submetidos a nosso poder, são atormentados a nossa vontade. O único que importa, irmãos, é que a infidelidade não volte a reduzir-nos a sua servidão: coloquemos antes em nosso ser e nosso fazer, nas mãos de Deus, entreguemo-nos ao Pai, confiemo-nos a Deus: porque a vida do homem está nas mãos de Deus; em consequência, como Pai dirige as ações de Seus filhos, e como Senhor não deixa de preocupar-se por Sua família.” (1)
Esta passagem do Evangelho nos apresenta dois adjetivos que exprimem a identidade de Jesus: compassivo, contemplativo.
Compassivo, Se compadece da sogra de Pedro e a cura da febre, para que esta se coloque a serviço; bem como curou todos os que vieram ao Seu encontro, à porta da casa; também expulsou muitos demônios.
Missionário, não Se instala nem Se acomoda com a possível acolhida na casa da sogra de Pedro, mas, aos discípulos, diz que é preciso continuar a missão em outros lugares.
Assim também é a Igreja, anunciando a Palavra de Deus, realizando a missão do Senhor, com a força e presença do Espírito, verdadeiro protagonista da missão na construção do Reino.
Para anunciar e testemunhar o Senhor e Sua Boa-Nova, precisamos ser como o Divino Mestre: compassivos e missionários.
(1) Lecionário Patrístico Dominical – Editora Vozes - 2013 - pp.380-382
“Vós também quereis ir embora?”
“Vós também quereis ir embora?”
“A quem iremos Senhor...”
Ressoe em nosso coração a pergunta
Que o Senhor fez aos discípulos e a nós:
“Vós também quereis ir embora?” (Jo 6,67)
Da mesma forma, a resposta de Pedro
Seja também a nossa resposta incondicional:
“A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna...”
Creiamos firmemente, reconheçamos que
Ele é o Santo de Deus no meio da humanidade,
Na fragilidade humana assumida, presença divina revelada.
O Senhor não nos concede álibis, evasões, fugas,
Quer-nos por inteiro, não reticentes, nem condicionais;
Não atenua, não ameniza a Boa Nova anunciada.
Segui-Lo é tornar-se cristão, adquirir nova identidade.
Cristão é quem aceita a Cristo e o segue, sendo antes por Ele escolhido;
É tornar-se para no mundo e para o próximo outro Cristo.
É um permanente sair de si mesmo, para segui-Lo,
Numa aventura contínua de mergulho para dentro de si,
No mais maravilhoso encontro: Sua presença em nós.
É saber transitar entre as coisas que passam
E abraçar com sabedoria e ardor as que não passam;
É discernir entre o efêmero e o que é para sempre;
É viver segundo o Espírito, buscando as coisas do alto,
Não se perder na linha do tempo da história pessoal,
É romper as portas do temporal, abrindo-se para o eterno.
É não se perder, apegando-se nas aparentes seguranças,
É ter a fé sólida, que não nos permite sucumbir covardemente,
Navegar confiante sobre as agitadas e turbulentas águas da travessia.
Ser cristão é saber dizer sim quando os fatos exigem,
E com mesma serenidade o não também seja dito,
Como assim mesmo Ele nos alertou no Santo Evangelho.
Ser cristão é pautar a vida pela Palavra Proclamada,
Que na vida encarnada, testemunhada com alegria,
Torna-se luz que a muitos ilumina, seja noite, seja dia.
É comunicar Sua Palavra como alegre mensageiro,
O ouvinte impactar e escandalizar se preciso for,
E assim o será se de Deus proceder e o testemunho acompanhar.
É ajudar o outro com este contínuo rever
Das opções permanentes mais fundamentais e vitais,
Para que de Deus, no mundo, de Sua luz sejamos sinais.
É colocar-se num contínuo processo catequético,
Para que nossos pensamentos e sentimentos
D’Ele os mesmos sejam a mais bela configuração.
É olhar, reler a história com os olhos de Deus,
Como exige uma verdadeira vocação profética
Viver como Ele, esperar por Ele, amar como Ele.
É não prescindir do Pão da Vida, Pão de Imortalidade,
Por Ele alimentado os pecados são destruídos,
Crescem as virtudes, a alma de todos os dons enriquecida.
É colocar nas mãos de Deus nossa fragilidade,
Oferecer a Ele nossa notável imperfeição, limitação;
Crer no Mistério da vida nova: Ressurreição!
Esta é a nossa escolha, esta é nossa adesão incondicional:
Viver n’Ele e com Ele, na comunhão com o Pai Criador,
Na mais perfeita comunhão com o Santo Espírito de Amor.
Quem nos ama tanto assim?
Quem nos ama tanto assim?
Na Solenidade de São Pedro e São Paulo ouviremos a passagem do Evangelho de Mateus (Mt 16, 13-19) em que Jesus pergunta aos discípulos: “Quem dizem os homens ser o Filho do Homem?” e “E vós, quem dizeis que Eu sou?” (Mt 16,13.15).
Sejamos enriquecidos pela reflexão que São Gregório de Nazianzeno (séc. IV), somando à resposta revelada por Deus Pai a Pedro, como o próprio Senhor o disse: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo.” (Mt 16,16).
“Foi envolvido em panos, porém, ao ressuscitar, lançou as vendas da sepultura.
Foi reclinado em um presépio, mas depois foi celebrado pelos Anjos, assinalado pela estrela e adorado pelos magos.
Por que te maravilhas do que viste com os olhos, enquanto não observas o que é percebido com a inteligência e com o coração?
Foi obrigado a fugir do Egito, porém transforma em fuga o andar errante dos egípcios.
Não tinha nem aspecto nem beleza humana entre os judeus, porém, segundo Davi, era belo de rosto acima dos filhos dos homens; e também no cume do monte, como esplendor, resplandece e chega a ser mais luminoso que o sol, vislumbrando, desta forma, e esplendor futuro.
Foi batizado como homem, mas alcançou a vitória como Deus. Ordena-nos ter confiança n’Ele como n’Aquele que venceu o mundo.
Sofreu fome. Mas saciou a muitos milhares de pessoas, e Ele mesmo tornou-Se Pão que dá vida e o céu.
Padeceu sede, mas exclamou: se alguém tem sede, venha a mim e beba; e também prometeu fazer manar, para aqueles que têm fé, fontes de água viva.
Experimentou o cansaço, mas Se fez repouso daqueles que estão cansados e oprimidos.
Sentiu-Se extenuado pelo sono, porém caminha ligeiro sobre o mar, repreende aos ventos e salva Pedro que estava a ponto de ser submergido pelas ondas.
Paga os impostos com um peixe, porém é rei dos arrecadadores. É chamado samaritano e possuído pelo demônio, mas leva a salvação àquele que, descendo de Jerusalém, foi assaltado por alguns ladrões.
É reconhecido pelos demônios, porém expulsa aos demônios e impele as legiões de espíritos malignos para precipitarem-se ao mar, e vê ao príncipe dos demônios, quase como um relâmpago, precipitar-se do céu.
É agredido com pedras, mas não é preso. Suplica, porém acolhe aos demais que pedem. Chora, mas enxuga as lágrimas.
Pergunta onde foi sepultado Lázaro, pois realmente era homem, mas ressuscita Lázaro da morte à vida, porque de fato era Deus.
É vendido e por pouco preço: por trinta moedas de prata, mas, entretanto, redimia ao mundo a grande preço: com o Seu Sangue.
É conduzido à morte como uma ovelha, mas Ele apascenta a Israel e agora também ao mundo inteiro.
Está mudo como um cordeiro, mas Ele é o próprio Verbo, anunciado no deserto pela voz daquele que clamava.
Foi abatido e ferido pela angústia, mas vence toda enfermidade e sofrimento.
É tirado do lenho onde foi suspenso, mas nos restituiu a vida com o lenho, e concede a Salvação também ao ladrão – que pende do lenho –, e ignora-se tudo o que se revela.
É-lhe dado a beber vinagre, e Se nutre com fel, mas para quem? Para Aquele que transformou a água em vinho. Saboreou aquele gosto amargo, Aquele que era o próprio deleite e todo apetecível.
Confia a Deus a Sua alma, porém conserva a faculdade de tomá-la novamente.
O véu se rasga – e as potências superiores se manifestam -, e as pedras se despedaçam, porém os mortos ressuscitam.
Ele morre, porém devolve a vida e derrota a morte com Sua morte.
É honrado com a sepultura, mas ressuscita do sepulcro.
Desce aos infernos, mas acompanha as almas ao alto e sobe ao céu, e virá para julgar os vivos e os mortos, e para examinar as palavras dos homens.” (1)
A pergunta de Jesus continua sendo dirigida a todos nós, e é imprescindível a nossa resposta: cremos em Jesus, Verdadeiramente Homem, Verdadeiramente Deus.
Professamos nossa fé em Jesus, que Se fez Carne e habitou entre nós, tão igual a nós, exceto no pecado, para nos redimir e nos conceder vida plena e eterna.
A profissão de fé, assim feita, torna impossível a concepção de uma religião alienante, sem verdadeiros e sagrados compromissos com a vida da humanidade, como tão sabiamente expressou a Igreja na introdução da “Gaudium Et Spes”:
“As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo; e não há realidade alguma verdadeiramente humana que não encontre eco no seu coração.
Porque a sua comunidade é formada por homens, que, reunidos em Cristo, são guiados pelo Espírito Santo na sua peregrinação em demanda do Reino do Pai, e receberam a mensagem da salvação para a comunicar a todos. Por este motivo, a Igreja sente-se real e intimamente ligada ao gênero humano e à sua história.” (n.1)
Celebremos esta Solenidade com alegria transbordante, e elevemos a Deus orações pelo Papa Leão XIV, para que continue conduzindo a Igreja em sua missão de anunciar e testemunhar a Boa Nova de Jesus a todos os povos.
Que o Espírito do Senhor repouse sobre ele para que a sua missão de manter a unidade e a catolicidade da Igreja seja realizada com coragem e fecundidade.
Por fim, renovemos em nós o ardor necessário para a graça de viver e testemunhar o nosso Batismo, seduzidos por amor incondicional ao Senhor Jesus, na fidelidade ao Deus Pai com a luz e o sopro do Espírito Santo.
(1) Lecionário Patrístico Dominical - Editora Vozes -2013 - pp. 202-204.
Luzes para um discipulado fecundo
Luzes
para um discipulado fecundo
Ao celebrarmos São Pedro e São Paulo, colunas da
Igreja, reflitamos
sobre a atividade de Pedro, à luz dos Atos dos Apóstolos: At 20,17-27 e At 20,
28-38.
Trata-se
do discurso de Paulo dirigido aos responsáveis da Igreja de Éfeso, um “discurso
de adeus”: Assim como Jesus, o Divino Mestre, quando da iminência da
Sua partida, reúne os discípulos, recorda o que fez e disse, confia aos Seus o
cuidado da comunidade e o prolongamento da Sua missão, adverte-os dos perigos
que os ameaçam, convidando-os a vigiar e perseverar.
A
densidade das passagens revela a incansável e intensa atividade missionária de
Paulo, traduzida em serviço e dom da própria vida, numa total pertença a Deus,
entrega incondicional da existência, por amor do Senhor.
O
adeus de Paulo aos presbíteros e responsáveis pela Igreja, que ele gerou para a
fé, é como seu testamento espiritual e pastoral, cheio de ternura e
recomendações, de esperanças e temor:
“Começa
a etapa final da terceira viagem de Paulo. Como as anteriores, também esta se
fecha com discurso. Na primeira viagem, o discurso foi aos judeus ( Atos 13,
16-41).
Na
segunda, aos pagãos (Atos 17, 23-31). Nesta terceira, o discurso se dirige às
lideranças, aqui representadas pelos anciãos da Igreja de Éfeso. É uma
despedida, que faz memória e apresenta um testemunho de vida.
O
Apóstolo olha o momento presente, afirmando que não sabe o que espera por ele
em Jerusalém. Por fim, prepara sua substituição. Dá as últimas instruções e
relembra aos anciãos que ‘eles foram colocados pelo Espírito Santo como
guardiães do rebanho’.
Entre
as recomendações, destaca-se não cobiçar nada de ninguém, dar testemunho
verdadeiro e ajudar os fracos. Lucas relembra aos líderes cristãos das
comunidades de sua época que eles são os sucessores de Paulo, e devem levar
adiante a missão dos Apóstolos” (1)
Com o
Apóstolo, aprendemos que servir ao Senhor exige doação total, exclusiva,
incondicional e contínua, em fidelidade constante, por isto é uma fonte de
liberdade.
A
atividade deste revela que sua missão não foi sua opção, mas fruto de uma
eleição da comunidade, uma confiança que vem do próprio Senhor, como ele mesmo
afirma – “a missão que recebi do Senhor” (v.24).
Realizando
a missão com total gratuidade, pôde exortar aos anciãos, que devem evangelizar
com total desinteresse material, como ele mesmo o fez, para que, assim, sejam
livres para anunciar o Evangelho e serem solidários com os pobres (vv. 34-35):
– “A
fidelidade ao Evangelho e o desinteresse escrupuloso são a melhor defesa dos
Pastores da Igreja contra todas as intrigas dos que os perturbam” (vv.
29-31). (2)
Vejamos
os traços que devem estar presentes na vida dos discípulos missionários do
Senhor:
-
Enfrentar com coragem as provações e tribulações, assim como Jesus (cf. Jo 13,
18-27);
- O
ministério apostólico não tem êxito garantido, no sentido que não está imune ao
sacrifício e até mesmo do martírio;
-
Ter consciência de que é possível que haja desertores e quem o renegue, assim
como o próprio Senhor teve em Seu grupo um que O traiu e alguns que desertaram,
em fuga, no momento crucial, no momento da prova, do flagelo e da morte na
Cruz;
-
Ter humilde confiança de que por mais que tenhamos feito é ainda nunca bastante
pelo que Deus fez e faz, por Amor, em favor de todos nós; confiando plenamente
no justo Julgamento que será feito por Jesus;
- A
missão que Deus nos confia tem uma motivação Trinitária: a missão vem do
Espírito e diz respeito à Igreja, que Deus Pai conquistou pelo Sangue do Seu
Filho;
-
Relação profunda de comunhão, amor e ternura com a comunidade que lhe foi
confiada:
“Em
tudo lhes mostrei que, trabalhando assim, é preciso ajudar os fracos,
recordando as Palavras do Senhor Jesus que disse: ‘Há mais felicidade em dar do
que em receber’. Tendo dito isto, Paulo ajoelhou-se com todos eles e rezou.
Todos então começaram a chorar muito. E, lançando-se ao pescoço de Paulo, o
beijavam. Estavam muito tristes, sobretudo porque lhes havia dito que nunca
mais veriam a sua face. E o acompanharam até o navio.” (vv. 35 -38)
-
Vigilância para não se fragilizar diante das dificuldades, coragem para
suportar os momentos e acontecimentos adversos, ventos contrários, e confiança
na Palavra de Deus, precisam estar sempre presentes, inseparavelmente, na vida
dos discípulos missionários.
Não
fosse o Espírito Santo que nos foi enviado, não suportaríamos provações,
incompreensões e dificuldades na evangelização, como o Apóstolo Paulo, e tantos
outros, por amor ao Senhor, empenhados na construção do Reino de Deus.
Concluo
com esta Oração, que deve nos acompanhar em todas as nossas atividades
pastorais, e em todas as decisões que tenhamos que tomar:
“Vinde
Espírito Santo, enchei o coração dos Vossos fiéis, e acendei neles o fogo do
Vosso Amor...”
(1)
Nova Bíblia Pastoral – Editora Paulus – 2013 – nota p.1353.
(2)
Lecionário Comentado - p.631
“O apostolado nasce do amor e exerce-se no amor”
“O apostolado nasce do amor e exerce-se no amor”
Na Solenidade dos Apóstolos Pedro e Paulo, refletimos sobre o exemplo de fidelidade a Jesus e o corajoso testemunho do Projeto Libertador de Deus que os impulsionou.
Consumiram a própria vida por Cristo, consumaram pelo martírio, tamanho amor vivido, tiveram o coração por Cristo plenamente conquistado.
A passagem da primeira Leitura (At 12, 1-11) nos revela o Amor zeloso de Deus àqueles a quem chama, ama e envia, bem como o carinho, a Oração e a solidariedade da comunidade pelos líderes da Igreja e por toda a Igreja.
Numa bela catequese, Lucas retrata o cuidado que Deus tem para com a Sua Igreja. Não foram fáceis os primeiros momentos da Igreja nascente: perseguição, incompreensão e martírio.
Os Apóstolos, como Tiago, beberam do mesmo cálice, como o Senhor anunciara (Mc 10,38). Estes continuam a missão de Jesus que, por Sua presença, agindo e libertando, é o selo da autenticidade da missão realizada.
Assim acontecerá com toda comunidade que viver a fidelidade e a radicalidade do Evangelho, em todo lugar e em qualquer tempo.
A passagem da segunda Leitura (2Tm 4,6-8.17-18) é um texto comovente e questionador, pois reflete sobre a pessoa, a missão e o caminho feito por Paulo, marcado pelo entusiasmo, entrega, fidelidade e radicalidade no seguimento do Senhor. Paulo é dom total da sua vida, para que a Salvação chegue a todos os povos.
O Apóstolo Paulo tem a preocupação de que a comunidade não se desvie pelas falsas doutrinas, mas fique firme no Evangelho por ele anunciado.
Neste sentido, exorta para que Timóteo reavive a chama da fé, renovando o entusiasmo na fidelidade ao Senhor. Paulo sabe que percorreu um caminho difícil e que vale a pena; um caminho que conduz, necessariamente, à vida plena.
Por tudo isto, se apresenta como modelo de testemunho, e inspirador para todo aquele que quiser o Senhor seguir, anunciar, testemunhar; pois combateu o bom combate da fé.
Se nos deixarmos conquistar totalmente pelo Amor de Cristo, também cumpriremos atos de heroísmo, como estas duas colunas da Igreja.
Jamais nos falte a graça deste amor, para que superemos e afastemos toda e qualquer forma de presunção, acolhendo a força de Deus em nossa fragilidade.
A passagem do Evangelho (Mt 16,13-19), apresenta na primeira parte, uma instigante pergunta – “quem é Jesus para nós?”. A resposta de Pedro é a mais bela possível: “ Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”; e, na segunda, nos apresenta a missão da Igreja na pessoa de Pedro.
Jesus não quis averiguar Seu “índice de popularidade”, mas desejava que os discípulos tivessem a verdadeira compreensão de Sua identidade: quem é Jesus e qual é a Sua missão, considerando que, na passagem proclamada, Ele tem no Seu horizonte o destino da Cruz.
As respostas superficiais levam ao seguimento na mesma medida, e até mesmo ao abandono. É preciso captar a profundidade do Mistério de Jesus: unidade e intimidade com o Pai para realizar o Projeto Salvador com a força do Santo Espírito.
Por isto, edifica a Igreja sobre a fé de Pedro para continuar a Sua missão. Jesus confia a Pedro as chaves para ligar e desligar, acolher ou excluir, porque não há admissão à comunidade sem a adesão às Suas propostas.
Assim como a tríplice negação de Pedro foi acompanhada de um triplo ato e profissão de amor, também nós o façamos, para não recuarmos em nossa missão e fidelidade ao Projeto que Deus tem para cada um de nós realizar.
Do amor que nos consome por sermos conquistado por Cristo, nasce o serviço que devemos cumprir, amando a Igreja com suas sombras e luzes, pecado e graça, alegrias e tristezas...
Nesta Solenidade, não sejamos econômicos em rezar por toda a Igreja, e de modo especial pelo Papa, que continua a missão de Pedro, confiada por Jesus.
O amor à Igreja e ao Papa devem caminhar sempre juntos em nosso Apostolado, haja vista que:
“O que vale para Pedro, vale para cada Papa e para cristão. Exercemos já talvez atividades na Paróquia; façamos com que sejam feitas com amor. Ou então, poderíamos cumpri-las, mas ainda não nos decidimos: esforcemo-nos para que isso aconteça o mais depressa possível, preparemo-nos, atuemos por amor.
O apostolado nasce do amor e exerce-se no amor. É o que nos dizem, na sua atividade concreta, os dois Santos que festejamos. [...] A Solenidade dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo quer despertar em nós o compromisso pelo apostolado no amor.” (1)
Reflitamos:
- Qual é o lugar que Jesus ocupa em minha existência?
- Quem é Jesus Cristo para mim?
- Por que sou e estou na Igreja?
- Sinto-me membro vivo de uma comunidade estruturada para amar e servir na fidelidade ao Divino Mestre?
- O que a fé testemunhada de Pedro e Paulo me inspira, questiona, para melhor seguir o Senhor e viver mais plenamente o Evangelho?
- Sinto meu apostolado nascer do amor e por amor a Jesus?
- Quanto e quando rezo pela Igreja e pelo Papa?
Pai Nosso que estais nos céus...
"E vós, quem dizeis que Eu Sou?"
"E vós, quem dizeis que Eu Sou?"
Uma pergunta que Jesus fez aos discípulos e que ressoa, permanentemente, em nosso coração: “E vós, quem dizeis que Eu Sou?” (Lc 9,20).
Pedro deu sua resposta, contando com a revelação divina, como o próprio Senhor o disse: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo”.
O Apóstolo Paulo também deu a Cristo incontáveis nomes, como nos falou o Bispo São Gregório de Nissa, no século IV:
- Virtude de Deus
- Sabedoria de Deus
- Paz
- Luz inacessível onde Deus habita
- Expiação
- Redenção
- Máximo Sacerdote e Páscoa
- Propiciação pelas almas
- Esplendor da glória
- Figura de sua substância
- Criador dos séculos
- Alimento e Bebidas espirituais
- Pedra
- Água
- Fundamento da fé
- Pedra angular
- Imagem do Deus invisível
- Grande Deus
- Cabeça do Corpo da Igreja
- Primogênito da nova criação
- Primícias dos que adormeceram
- Primogênito entre os mortos
- Primogênito entre muitos irmãos
- Mediador entre Deus e os homens
- Filho Unigênito coroado de glória e de honra
- Senhor da glória
- Princípio das coisas
- Rei da Justiça
- Rei da Paz
- Rei de tudo
- Possuidor do domínio sobre o Reino que não tem limite. (1)
O Papa São Paulo VI, em memorável Homilia em Manila (1970), também nos presenteou com estas palavras: “Jesus é o centro da história e do universo.Ele nos conhece e ama, é o companheiro e o amigo em nossa vida, o homem das dores e da esperança.
Ele é quem de novo virá, para ser o nosso juiz, mas também – como confiamos – a eterna plenitude da vida e nossa felicidade.
Jamais cessarei de falar sobre Ele.
Jamais cessarei de falar sobre Ele.
Ele é a luz, é a verdade, mais ainda, é o Caminho, a Verdade e a Vida. É o Pão e a Fonte de água viva, saciando a nossa fome e a sede. É o Pastor, o guia, o modelo, a nossa força, o nosso irmão.
Assim como nós, mais até do que nós, Ele foi pequenino, pobre, humilhado, trabalhador, oprimido, sofredor.
Em nosso favor, falou, fez milagres, fundou Novo Reino onde os pobres são felizes, onde a paz é a origem da vida em comum, onde são exaltados e consolados os de coração puro e os que choram, onde são saciados os que têm fome de justiça, onde podem os pecadores encontrar perdão e onde todos se reconhecem como irmãos (…)
Cristo Jesus é o princípio e o fim, o alfa e o ômega, o Rei do mundo novo, a misteriosa e suprema razão da história humana e de nosso destino. É Ele o mediador e como que a ponte entre a terra e o céu.
É Ele, o Filho do Homem, maior e mais perfeito do que todos por ser o eterno, o infinito, Filho de Deus e Filho de Maria, bendita entre as mulheres, Sua mãe segundo a carne, nossa mãe pela comunhão com o Espírito do Corpo Místico.
Jesus Cristo, não vos esqueçais, é a nossa inalterável pregação.
Queremos ouvir Seu nome até os confins da terra e por todos os séculos dos séculos!” (2)
Procuremos a resposta que nos fale ao coração. Porém, mais do que respostas que possam ser acrescentadas, urge que cristãos o sejamos, de fato!
Urge conhecer Seu Nome e, muito mais do que isto, amar profundamente Sua Pessoa, assumir Seu projeto de vida, a nós apresentada com a Boa Notícia do Reino por Ele inaugurado.
(1) Liturgia das Horas - vol. III - pp. 351-352
(2) Liturgia das Horas - Vol. III – pp. 376-377
Em poucas palavras...
“A escolha
dos Doze...”
“O Senhor Jesus dotou a sua comunidade duma
estrutura que permanecerá até ao pleno acabamento do Reino. Temos, antes de
mais, a escolha dos Doze, com Pedro como chefe (Mc 3,14-15).
Representando as doze tribos de Israel (Mt
19,28; Lc 22,30), são as pedras do alicerce da nova Jerusalém (Ap 21,12-14).
Os Doze (Mc 6,7) e os outros discípulos (Lc
10,1-2) participam da missão de Cristo, do seu poder, mas também da sua sorte (Mt
10,25; Jo 15,20). Com todos estes atos, Cristo prepara e constrói a sua Igreja.”
(1)
(1)
Catecismo da Igreja Católica – parágrafo n. 765
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